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quinta-feira, 25 de agosto de 2016

PELA VIDA

*Rangel Alves da Costa

Não se trata de um esboço biográfico, mas tão somente algumas citações sobre o que fui e o que sou, bem como das esperanças que ainda me restam pela estrada. Apenas partes, logicamente, pois já aos 53 anos eu bem que poderia preencher muitos cadernos e diários com as primaveras e os outonos da existência. De tudo ainda recordo, como se estivesse na meninice ou adolescência, mas nada muito diferente dessas fases na vida em todo mundo. Somente a partir da mocidade, quando os livros e outras lições requerem aprendizagem, é que delimitamos a existência perante os demais. Daí que mais importa, no momento, conhecer alguns capítulos essenciais dessa minha história.

PRÓLOGO - Nasci em Poço Redondo, no sertão sergipano do São Francisco, numa região onde a seca e as estiagens são constantes, a pobreza econômica pontua nas povoações e por todo lugar, e onde ainda é possível encontrar um mundo singelo e sublime, mesmo que grande parte já tenha sido tomada pelos modismos e todas as mazelas do mundo contemporâneo. Nasci num mundo assim, onde ainda é possível compartilhar os instantes com pessoas humildes de beira de estrada, onde os caminhos são ladeados por mandacarus e xiquexiques, e onde, de vez em quando, ainda possível sentir o cheiro de café torrado no fogão de lenha e a galinha de capoeira fervilha na panela de barro. Mas tive de me afastar um pouco de lá aos onze anos, pois não havia outra saída senão dar continuidade aos estudos na capital. Então fiquei dividido, deixando lá o meu coração e levando comigo a força de luta e a esperança de boas realizações pela vida.

UMA PARTE DE MIM - Sou advogado inscrito na OAB/SE desde abril de 2003. Mas meus pequenos orgulhos agora foram acrescidos com o meu registro como jornalista e também como membro da Associação Sergipana de Imprensa. Brevemente irei concluir minha graduação em História, pois saí do curso na UFS - por que havia passado no vestibular pra Direito - faltando apenas um período para a conclusão. E depois tenciono fazer Filosofia. Mas bem antes disso tomarei posse, dia 20 de setembro, na Academia de Letras de Aracaju. Mas não para por aí não. Depois de tudo, ah depois de tudo: Poço Redondo, uma casinha no mato, um sol na janela e uma lua no meu olhar. E a vida, e viver, e viver, na terra onde nasci e que um dia beijará minha face.


OUTRA PARTE DE MIM - Enquanto escritor, eu já tenho cerca de vinte livros publicados e mais quatro ou cinco prontos para publicação. Já desde uns cinco anos que colaboro com textos para o Jornal do Dia, assinando artigos na página 03 aos domingos e também durante a semana. Diversos outros jornais reproduzem textos de minha autoria, bem como sites informativos e de literatura. O Nenotícias também publica assiduamente meus escritos. Para uma ideia melhor de como meus textos estão espalhados por aí, só no Recanto das Letras (site voltado à literatura) consta, até o dia de hoje, 24/08, 6965 textos publicados, com um total de167374 leituras. Repito: 6965 textos publicados de minha autoria, dentre artigos, crônicas, contos, poesias. Vivo, assim, a cada dia, em obediência à máxima latina: nulla dies sine linea. Ou seja, nenhum dia sem uma linha. Ou ainda, nenhum dia sem escrever ao menos uma linha.

PARTES DAS PARTES DE MIM - Solteiro, mesmo já tendo experimentado o amor de muitas mulheres “de todas idades e todas e todas as cores”, verdade é que hoje reconheço ser impossível conviver conjugalmente com alguém. Mulher alguma suportaria o meio jeito solitário de ser, o meu afastamento das badalações da cidade, a minha preferência pelo silêncio e pelo afastamento do mundo lá fora. Vivo praticamente entre quatro paredes, saindo apenas para o exercício profissional, e depois retornar ao que mais gosto de fazer: escrever. E esperar que a sexta-feira chegue para retornar a Poço Redondo, cuidar de um Memorial que lá mantenho, rever os amigos, caminhar pelos seus caminhos, viver o mundo sertanejo no que de melhor ainda lhe resta.

EPÍLOGO - Semeio, cultivo sempre. Não desejo experimentar a dor do menino Zezé quando lhe foi tirado seu pé de janela lima. Sofro demais por cada folha que cai. Quero tudo sempre como algo imorredouro, eterno. Mesmo a vida com seu início e fim.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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