Nascido no dia
02 de Setembro de 1875, em Afogados da Ingazeira-PE, filho de Francisco Batista
de Morais e Balbina Pereira de Morais, Manoel Batista de Morais, mais conhecido
como “Né Batista”, era irmão de Higino, Zeferino e Francisco Batista de Morais.
Foi a partir
da morte do seu pai, conhecido como “Batistão do Pajeú” que, em companhia do
irmão Zeferino, enveredou pelos caminhos do cangaço, no ano de 1896.
Movido pelo
sentimento de vingança, mata Desidério, o assassino do seu pai, adota o nome de
Antonio Silvino e se torna um dos mais temidos cangaceiros que precederam
Lampião, liderando o bando do seu finado tio Silvino Ayres.
No auge da sua
vida como bandoleiro, atuou em cidades do Compartimento da Borborema. Agiu em
cidades como Fagundes, Esperança, Monteiro, Alagoa Grande e, tendo Campina
Grande como centro das suas investidas, haja visto a presença de coiteiros na
região e pela amizade que detinha com fazendeiros locais, dentre ele, o Coronel
Eufrásio Câmara, adversário do prefeito Cristiano Lauritzen.
No ano de
1907, a sociedade de Campina Grande vivia a expectativa da chegada do trem da
Great Western pela primeira vez, em meio a ansiedade gerada com a promessa de
Antonio Silvino de tombar o trem no dia da sua inauguração. Silvino já havia
arrancado trilhos, prendido funcionários e sequestrado engenheiros da compahia
ao longo da implantação do sistema ferroviário no Estado da Paraíba.
Segundo o
‘fac-simile‘ da reportagem da chegada do trem em Campina Grande, publicado no
Diário de Pernambuco em 06 de Outubro de 1907, “[…]No dia da inauguração
da estrada de Campina, Antonio Silvino, esteve no Alto Branco, onde soltou
diversas girândolas, naturalmente festejando aquelle dia. Nesse logar
declarou que o trem de Campina correria sómente três vezes, o numero necessário
para as moças da referida cidade conhecerem-no. Ainda esteve no Geraldo e no
Areial de Alagoa Nova, a 15 kilometros de Campina Grande, roubando, trucidando,
matando animais e comettendo os maiores desatinos. Ante-hontem, à noite,
chegou em Campina Grande uma força federal que anda em perseguição do bandido.”
Na Paraíba teve no Major Joaquim Henriques seu principal perseguidor. Porém, fora preso em Pernambuco no ano de 1914, pelo delegado do município de Taquaritinga, o Alferes Teófanes Ferraz Torres. Nesta época, o governador do vizinho estado era o General Dantas Barreto, ex-Ministro da Guerra do governo Hermes da Fonseca.
Levado para cumprir pena, era o preso 1122, ocupando a cela 35 da antiga Casa de Detenção do Recife.
Dotando-se de comportamento exemplar, após 22 anos de pena, foi libertado em 1937 após receber um indulto do então presidente Getúlio Vargas.
Como homem livre, adota a residência da prima Teodolina Aires Cavalcanti, localizada na esquina da Rua João Pessoa com a Arrojado Lisboa, onde hoje se localiza uma agência de veículos, em frente à Praça Félix Araújo.
Em Campina Grande viveu de 1937 a 1944, quando enterrou sua alcunha, e dividia a vida caseira com a frequência à Igreja Congregacional da Rua 13 de Maio; embaixo do braço, não mais o rifle e, sim, a Bíblia Sagrada.
Manoel Batista de Moraes, ou melhor, Antonio Silvino faleceu por volta das 19:00hs do dia 28 de Julho de 1944, na casinha de taipa que lhe acolheu em Campina Grande, sete anos após sua saída da prisão.
O cangaceiro teve oito filhos gerados com várias mulheres. Sua última esposa lhe deu quatro filhos.
Antônio Silvino (de chapéu), em frente a Casa de Detenção Foto: Antonio Silvino, o cangaceiro o homem o mito/ Reprodução
Foi enterrado no Cemitério do Monte Santo, de onde, dois anos e meio depois, seus restos mortais foram transferidos para outro local desconhecido no campo santo, pelo fato de ninguém nunca ter reclamado os ossos do bandoleiro.
Seu local de sepultamento, hoje, possui um marco com uma placa de cimento, erguido pelo historiador João Dantas que junto ao pesquisador Olavo Rodrigues intentam a implantação de uma placa de bronze em referência ao cangaceiro.
Prof. Mário Vinicius Carneiro ao lado do marco erguido sob o local onde fora sepultado Antônio Silvino o Cemitério do Monte Santo
“Antonio Silvino é um dos principais cangaceiros, morreu e está enterrado em Campina Grande, mas praticamente não existe referência de sua passagem por essa cidade” (pesquisador Olavo Rodrigues para o Diário da Borborema, em matéria do jornalista Severino Lopes)
(Retalhos Históricos de Campina Grande)
Postado por Tião Lucena, 09 de Novembro de 2016 às 08:15
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