Vila da Pedra
em 1929 com a igreja de 1920
O documento
mais antigo sobre as terras onde hoje se encontra o município de Delmiro
Gouveia remonta a 1769 e registra o leilão de diversas sesmarias realizado
naquele ano em Recife. A sesmaria original envolvia ainda as terras que
pertencem hoje a Mata Grande, Piranhas e Água Branca.
Companhia Agro Fabril Mercantil, produtora da linha Estrela, na Pedra
Foi o capitão Faustino
Vieira Sandes quem arrematou as terras e nelas instalou uma fazenda de
gado que deu origem aos primeiros núcleos de povoamento. A família Viera
Sandes, com seus três irmãos, foram os primeiros habitantes das terras a terem
seus bens registrados na Prefeitura Municipal.
O primeiro
nome dado à cidade de Delmiro Gouveia foi Pedra e o povoado se
constituiu a partir de uma estação da estrada de ferro da então Great-Western.
A denominação Pedra veio de grandes rochas que existiam junto da estação.
Cachoeira de
Paulo Afonso em 1875
Em 1871, o
livro Geografia Alagoana de Tomaz do Bomfim Espíndolanão faz
nenhuma referência a existência do povoado Pedra. Em 1897, no Almanaque
Administrativo do Estado Alagoas, o local já aparece como um povoado do
município de Água Branca.
Considerada
uma povoação “muito florescente” em 1902, Pedra é apontada como “ponto da via
férrea e estação para Água Branca e Cachoeira de Paulo Afonso” pelo Indicador
Geral do Estado de Alagoas.
Moreno Brandão,
em um artigo escrito para a Agência Brasileira e publicado no jornal Correio
Paulistano em 2 de maio de 1930, noticia o falecimento em Maceió do Coronel
Manuel Francisco Corrêa Telles, então com 85 anos, e informa ter sido ele quem
fundou a localidade chamada Pedra.
Coronel Delmiro Gouveia
Em 1903 chegou
à região, vindo de Recife (PE), o cearense Delmiro Augusto da Cruz Gouveia,
que se estabeleceu vendendo couros de bovinos e peles de caprinos. Segundo
Félix Lima Júnior o empresário “encontrou apenas a estação da estrada de ferro
e oito ou dez casas”.
Usina Angiquinho
Em 1913,
começou a funcionar a usina denominada Angiquinho, fornecendo energia
elétrica para todo o vilarejo. No ano seguinte ele instalou uma fábrica de
linha com o nome de Companhia Agro Fabril Mercantil, atraindo para a
região muitos moradores e trazendo o desenvolvimento. Em 1921, Delmiro Gouveia
conseguiu dotar o lugar também de água canalizada, vinda da cachoeira de
Paulo Afonso. A vila operária passou a ser conhecida como a “Pedra de Delmiro”.
Vila Operária
da Pedra. Acervo Museu Delmiro
A fábrica
proporcionou grande geração de empregos. A vila dispunha ainda de telégrafo,
telefone, tipografia, capela, cinema, lavanderias, fábrica de gelo,
grandes armazéns de depósitos e escola para crianças e adultos.
Os habitantes não
pagavam pela água e pela luz consumidas, mas não podiam portar armas nem
consumir bebidas alcoólicas. Quem jogasse lixo nas ruas recebia multa para
preservar a limpeza pública. As casas dos moradores, com quatro cômodos, tinham
um alpendre largo na frente.
Após o assassinato de
Delmiro Gouveia, em 1917, os herdeiros não conseguiram manter a empresa por
muito tempo. Em 1927, a firma pernambucana Menezes Irmãos e Cia. comprou as
ações dos proprietários. Os novos empresários, sem o apoio necessário do
governo, não conseguiram superar a crise financeira e restabelecer o
funcionamento da fábrica. Enfim, em 1929, sem perspectivas de viabilidade, a fábrica
e todos os acessórios foram vendidos à Machine Cottons, empresa britânica.
Delmiro
Gouveia nos anos 60
O
desenvolvimento o povoado da Pedra era tal que em 1922, o livro Terra das
Alagoas registra que das 12 escolas de instrução primária instaladas
no município de Água Branca, quatro ficavam na sede e seis na Pedra.
Neste mesmo
período, o jornal de maior circulação na região era o Correio da Pedra,
que foi criado em 1918 por uma associação local e era avaliado como “material e
intelectualmente muito bem feito”.
A história
registra como fato importante a visita do Imperador D. Pedro II à
cachoeira, datada de 20 de outubro de 1859 e assinalada por um marco de pedra,
erguido no local.
Dom Pedro II ao centro
Em 1938 foi
criado o distrito com o nome de Pedra. Em 1945 foi mudada a denominação da vila
para Delmiro Gouveia. O município, porém, só foi definitivamente desmembrado de
Água Branca em 1952.
A principal
atração do município é sua própria história, que pode ser pesquisada no Museu
Delmiro Gouveia. Como beleza natural, a cidade ostenta parte do cânion do São
Francisco.
Formação
Administrativa
Igreja Matriz
Nossa Senhora do Rosário em Delmiro Gouveia em 1983
Distrito
criado com a denominação de Pedra pelo Decreto Estadual n.º 2.435, de 30 de
novembro de 1938, subordinado ao município de Água Branca.
No quadro fixado
para vigorar no período de 1939 a 1943, o distrito de Pedra figura no município
de Água Branca.
Pelo
Decreto-lei Estadual n.º 2.909, de 30 de dezembro de 1943, o distrito de Pedra
passou a denominar-se Delmiro.
Em divisão
territorial datada de 1º de julho de 1950 o distrito de Delmiro figura no
município de Água Branca.
Elevado à
categoria de município com a denominação de Delmiro Gouveia pela Lei Estadual
n.º 1.628, de 16 de junho de 1952, sendo desmembrado de Água Branca. Sede no
atual distrito de Delmiro Gouveia. Constituído do distrito sede. Instalado em
14 de fevereiro de 1954.
Em divisão
territorial datada de 1º de julho de 1960 o município é constituído do distrito
sede. Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2014.
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