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sábado, 11 de março de 2017

FAZENDO PARTE DA EMPRESA DE CANGACEIROS DO REI LAMPIÃO, MAS SÓ NA IMAGINAÇÃO

Maria Bonita e Lampião foto colorida por Rubens Antonio

Tudo sobre história é além de fantástico, e principalmente estudar “cangaço”, e quando com tempo suficiente para acompanhar esses cangaceiros pelas caatingas do Nordeste do Brasil, observando os seus coitos, as suas invasões, os constantes tiroteios; ver na imaginação, ao longe, o jogo de cartas ao anoitecer nas bancadas improvisadas pelos cangaceiros; lá do alto de uma árvore espiar toda cabroeira rezando o ofício de Nossa Senhora; as covardias de alguns cangaceiros e cangaceiras; as traições das mulheres. Fugir do acampamento quando Zé Baiano se preparou para assassinar a sua linda Lídia. Uma cena que ninguém gostaria de ver. Eu não vi, mesmo na minha imaginação, virei o rosto para um lado, só para não ver aquele sofrimento da Lídia quando estava morrendo.

- Para Zé! Você já satisfez a tua vontade! Eu já paguei o que contigo fiz. 

- Dizia a Lídia ainda com vida e o corpo todo quebrado pela maldade do Zé Baiano.

E o Zé Baiano quis parar, mas continuou batendo na cabocla que um dia foi dele.

- O que me fizeste, o meu ódio me faz terminar tua vida, Lídia!

Presenciar uma bronca de Lampião com um dos seus comandados. Assim como um cão, acompanhar o mensageiro até à fazenda de um latifundiário com um bilhete solicitando valores. Ocultando-se para ver os bailes perfumados que os cangaceiros e cangaceiras faziam nas caatingas. Fugir paralelo quando a polícia não dava trégua.

Testemunhar a grande discussão de Lampião que aconteceu nas caatingas com o seu comandado Volta Seca, causada pela sua desobediência.

Ficar ouvindo os conselhos de Virgínio Fortunado da Silva ex-cunhado de Lampião, dirigido ao cangaceiro Volta Seca, que bem melhor seria ficar calado e obedecer ao seu grande chefe.

Fechar os olhos para não ver Lampião decepando cabeças de policiais pegos pelos cangaceiros. Participar de acampamentos lá no Raso da Catarina. De metido, ao longe fingir que participa dos treinos de guerra do bando.

Conhecer de perto a Central Administrativa da "Empresa de Cangaceiros Lampiônica & Cia" do rei Lampião. Será que é organizada?

Ver de perto e escondido entre as pedras que repousam lá pelo Raso da Catarina, a linda Maria Bonita se banhando, mas com um olho para frente e o outro em direção ao coito, temendo a suçuarana humana perceber. Mas tudo isso na imaginação.

O tema cangaço continua vivo, e como dizia o Alcino Alves, cada um de nós que estuda cangaço é um louco.

Observação: Senhor leitor, não confundir estudar cangaço com maldades. Nós que gostamos do tema cangaço jamais queremos que isso volte a acontecer. Não tem valor para a literatura lampiônica, é apenas no meu pensamento.

http://blogdomendesemendes.blogspot.com


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