Por Luiz Serra
Com alegria,
por intermédio de seu filho José Lacerda, obtivemos a graça de entrevistar, em
prosa agradável, a Sra. Antônia Luzia, que (aos 99 anos de idade) nos revelou
fatos intrigantes da história sertaneja nordestina. Íntegra no livro O Sertão
Anárquico de Lampião.
TRECHOS DO LIVRO:
(ELA
RECORDOU-SE DA PASSAGEM DA COLUNA PRESTES – MAIS DE MIL CAVALEIROS ARMADOS
ROÇANDO OS CASEBRES DO SERTÃO DE SANTANA DOS GARROTES, FAZENDO OS SERTANEJOS
FUGIREM PARA OS MATOS - 1926)
Da narrativa
da Sra. Antônia Luzia, a travessia da Coluna de revoltosos pelo sertão de
Piancó, tendo Prestes desviado a tropa por dentro da Vila de Santana dos
Garrotes, para evitar confrontos com os troços de jagunços armados do poderoso
coronel José Pereira, do algodão.
(VIVA
LEMBRANÇA DE CENAS DA TERRÍVEL GUERRA DO SERTÃO PARAIBANO, QUANDO ELA RECORDOU-SE
DO CÉLEBRE CORONEL JOSÉ PEREIRA, QUE FEZ UMA REVOLUÇÃO ARMADA NO SERTÃO
PARAIBANO, EM 1930).
Em meio à
frutífera e deliciosa conversa de reminiscências com dona Antônia ditou-nos
intrigantes particularidades, com fácil memória, sobre alguns episódios da
guerra cruenta ocorrida próximo de Tavares entre as tropas do Governo e as do
coronel José Pereira de Lima.
Disse do
enterro dos infelizes soldados em valas comuns, abertas à margem dos caminhos
sertanejos de Juru e Tavares.
E a principal
novidade do livro: a presença de avião “em atitude militar, ou seja, no calor
dos combates”, como avistado em ação próximo da Serra Grande de Tavares, em
meio às operações na Guerra entre tropas do governo João Pessoa contra o
coronel Zé Pereira.
Era início do ano revolucionário brasileiro de 1930… No sertão irrompia acirrado conflito crescente na região entre Barra e o povoado de Tavares, no serrote de Lajedo, sul paraibano.
Escombros
de uma guerra ao sopé de um serrote no sertão paraibano
“ERA MUITO
ARIBU ”
EXCERTO: “ …
morria tanta gente, e não se dava conta de enterrar, “Era muito aribu”, reparou
dona Antônia. Disse que depois se abriam enormes covas (ao pé dos serrotes)
para sepultamento coletivo dos milicianos e jagunços.
(MENÇÃO AOS
CANGACEIROS DE LAMPIÃO EM 1924 OU 1925 – NO SERTÃO DE OLHOS D’ÁGUA, PARAÍBA)
Caminhos
dos sertões de Olhos D'Água, triscados por cangaceiros e revoltosos de Prestes.
É claro que
eles já tinham visto a burra vistosa a zurrar livre. Fim de tarde, mais um dia
de estio; em meio a gritos das crianças, a menina Antônia, uma delas, a imagem
de dezenas de cangaceiros em suas montarias no alto da rua.
Nenhum
cangaceiro apeou; um deles, moreno, atarracado, de óculos escuros, adentrou o
terreiro, o cavalo estancou frente ao alpendre, espertando os bodes, com
alarido, do bocadinho de repasto de milho, para trás do terreno. Gritou com voz
fina e zangada que estava ali para levar a burra saltitante, mas que agora ela
se aquietava junto da cerca.
As crianças no
terreiro sabiam que a jumenta pertencia à tia de dona Antônia. A paga em
cédulas jogadas ao chão, foi recolhida pela prima mais velha, e o cangaceiro
ainda revelou que ‘o capitão iria gostar’, dando a entender que o chefe
cangaceiro estava por perto dali, em Santana.
Fonte: facebook
Página: Luiz Serra
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