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quinta-feira, 20 de julho de 2017

POÇO REDONDO: GESTÕES E GESTORES

*Rangel Alves da Costa

Desde a primeira eleição até o presente, por Poço Redondo já passaram nada menos que doze prefeitos: Artur Moreira de Sá, Eliezer Joaquim de Santana, Durval Rodrigues Rosa, Cândido Luís de Sá, Alcino Alves Costa, João Rodrigues Sobrinho, Roberto Godoy, Ivan Rodrigues Rosa, Enoque Salvador de Melo, Maria Iziane, Roberto Araújo e Júnior Chagas. Este último ainda em pouco mais da metade do primeiro ano de mandato.
Logicamente que alguns destes foram eleitos mais de uma vez para a gestão municipal, a exemplo de Alcino que saiu vitorioso em três eleições e foi o político com mais tempo de mandato. Enoque Salvador também foi eleito três vezes, porém renunciou quase na metade do terceiro mandato. Durval Rodrigues foi eleito uma segunda vez após ter sido forçado a renunciar em 1964.
Impossível dizer quem trabalhou mais ou trabalhou menos, quem fez mais ou fez menos por Poço Redondo. As paixões e os fanatismos políticos impedem que se faça qualquer consideração a esse respeito. Afirmar que um foi o melhor gestor é o mesmo que puxar briga com alguém ainda apaixonado por outro gestor. Igualmente se diga com relação àquele ou aqueles que não conseguiram atender os anseios da população e, por isso mesmo, passaram ser deixar muitas saudades.
Na verdade, todos deixaram importantes históricos de realizações. Alguns prefeitos ficaram reconhecidos como bons ou excelentes administradores, outros como administradores para si mesmos e seus grupos políticos, e ainda outros como excelentes gestores pessoais, vez que administraram com excelência seus próprios interesses. Há de se considerar também que é muito mais fácil ser prefeito de um município com menos problemas, como no passado, do que a partir de anos mais recentes, quando houve um enorme crescimento populacional e as demandas passaram a ser muito maiores.
Não há prefeito, contudo, que consiga realizar ao menos um terço daquilo que é prometido em eleição. E não realiza por dois motivos: pelo exagero nas promessas e pela impossibilidade mesma de cumprir. Neste sentido, descabido até que a legislação eleitoral exija dos candidatos um plano de governo. Ora, a governabilidade de um município depende de seus recursos, dos meios financeiros que são disponibilizados, e não do que foi colocado em papel antes mesmo da eleição. O que adianta constar de um plano de governo aquilo que é impossível ser realizado?
A verdade é que prefeitos de um passado mais distante e que geriam o município basicamente com o Fundo de Participação dos Municípios - FPM, nem por isso deixavam de realizar grandes obras. Mas parece que tudo foi diminuindo a partir do instante em que os recursos foram sendo maiores, pois provenientes de diversas fontes, e até com destinações específicas, como ocorre com os recursos próprios da saúde e da educação. Além disso, por muito tempo Poço Redondo sequer parecia que recebia qualquer tipo de recurso, pois propagado pelos próprios gestores como o mais pobre do mundo, o mais feio, o mais faminto, o mais esquecido da sorte.
De qualquer forma, a verdade é que, igualmente ao propalado período de trevas da Idade Média, por muito tempo Poço Redondo permaneceu em estado de plena letargia ou sonolência administrava. Contentou-se por muito tempo em mostrar o município e a população como aqueles comendo palma, esfarrapados, numa miséria sem fim. Sim, Poço Redondo sempre foi economicamente desfavorecido, mas não naquela proporção descabida e alardeada por aquelas que deveriam negar os fatos.
Durou, pois, cerca de vinte anos a Idade Média de Poço Redondo. Para uma melhor ideia disso, até 31 de dezembro de 2016, as grandes obras do município ainda continuavam sendo aquelas de mais de vinte anos. Significa dizer que neste período pouco ou quase nada foi feito que permanecesse como exemplos de administrações comprometidas com o bem-estar, a qualidade de vida da população e o desenvolvimento da cidade e das povoações.
Sobre o administrador atual, ou sobre a gestão atual, toda e qualquer referência não passará de mero exercício de precipitação. E nunca é bom especular quando o gestor, ao menos até o presente momento, tem demonstrado que se elegeu não para o continuísmo da inércia ou da omissão. Tem transformado aqui e ali. E seu trabalho ganha ainda maior visibilidade exatamente por estar trazendo alguma luz após aquele período de trevas.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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