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quarta-feira, 16 de agosto de 2017

PATRIARCAS DO OESTE POTIGUAR

Por Marcos Pinto

Os registros dos cartórios e as publicações históricas mostram que o povoamento português no Oeste Potiguar tem sua origem nas históricas cidades de Martins (1742), Portalegre (1740) e Apody (1703), O intercâmbio dos vários núcleos sociais entre estas comunas proporcionaram as penetrações no interior dos nossos sertões.

Os primeiros povoadores disseminavam seus currais onde encontrassem água para dessedentar homens e animais, fosse um rio, em geral não perene, uma lagoa ou simples “olho-d’água”.

Enfrentando a indiada hostil, as caatingas inóspitas e a escassez da água, passaram a ocupar terras devolutas, as sobras de terras entre as “Datas”, quando então requeriam às autoridades competentes a concessão da “Carta de Sesmaria”, sujeita a confirmação do Rei, sob a alegação de já se encontrarem na posse mansa e pacificamente da área pretendida e nela haverem realizado gastos.

Área que a Carta Régia de 07.12.1697, reformada pela Provisão de 19.05.1729, limitou as três léguas de comprido por uma de largura, ou três de largura por uma de comprimento, ou finalmente uma légua em quadro.

Justificando suas pretensões, os vetustos e rijos povoadores alegavam serviços ao Rei de Portugal, com riscos de vida e gastos de sua fazenda. Riscos no combate ao índio bravio e sua “pacificação” (muitas vezes mortandades deliberadas caso de carnificina de Viçosa, onde fuzilaram muitos índios ao pé da serra, quando estes ajoelhavam-se para rezar o ofício de Nossa Senhora), ou sua “domesticação” (na verdade capitulação, posto que a indiada se rendia à força bélica do homem branco).

A reminiscente cidade do Martins recebeu essa denominação por ter sido fundada pelo português Francisco Martins Roriz, que em 1742 fixou na “Serra da Conceição”, depois designada Serra do Martins, tendo este patriarca falecido em 1786. Uma filha desse fundador, D. Maria Gomes D`Oliveira Martins, casou-se com o português Mathias Fernandes Ribeiro. Desses patriarcas descendem as famílias Fernandes Ribeiro, Viriato Fernandes, Cipriano (da cidade de Tenente Ananias). Martins Ribeiro, Almeida (de Luiz Gomes-RN), Xavier (do Ceará), Silvestre, Bessa, Lopes Cardoso, Martins Sampaio, Lopes Fernandes, etc. Desse tronco tivemos em Mossoró o prefeito Rodolfo Fernandes de Oliveira Martins e o industrial Pedro Fernandes Ribeiro (genitor do advogado Paulo Fernandes).

Ainda em Martins, tivemos os patriarcas portugueses José Pinto de Queiroz, casado com D. Anna Martins de Lacerda, tronco dos Lopes e Chaves, Fernandes de Queiroz (com ramificação em Pau dos Ferros), Castro, Queiroz e Sá. Outro português que se erradicou em Martins foi o Capitão Manoel dos Santos Rosa, natural da cidade do Porto, que chegando a Martins casou-se com Dona Maria José de Lacerda (filha de José Pinto de Queiroz), de quem Santos Rosa, Santos Pinto (entrelaçamento com a família Pinto do Apody), Fernandes Chaves, Fernandes Sampaio etc.

A gênese do povoamento português naqueles rincões serranos (Martins) enumera ainda a presença do Capitão-Mor José Martins de oliveira (falecido em 1781) casado que foi com D. Catharina Gomes D`Amorim, irmã do fundador de Portalegre, Sr. Clemente Gomes de D`Amorim, tronco das famílias Silveira, Freire da Silveira, Freire de Oliveira, Gondim, Gomes D`Amorim. Gomes Pinto, Barreto, que tem como tronco referencial Domingos Velho Barreto, casado com D. Joana Gomes, filha do Capitão Manoel Inácio D`Oliveira Gondim e D. Maria de Jesus, que por sua vez era filha de José Martins e Catharina.

Em 1749 os irmãos (Português) Clemente Gomes D`Amorim e Carlos Vidal Borromeu, naturais de Coimbra, receberam concessão de Sesmaria na “Data Dormentes”, foram os primeiros fundadores de Portalegre-RN, Clemente casou-se com Inácia Carneiro de Freitas e D. Joana Filgueira de Jesus, aí o tronco dos Gomes de Amorim, Amorim Martins, Souza Martins, Azevedo Amorim (vide Expedito Azevedo Amorim), Freitas.

Carlos Vidal Borromeu casou-se com a índia alagoana D. Isabel de Araújo. É o tronco da família Mota de toda zona oeste.

Acompanhando marcha do povoamento da região, deparamos com Apody, onde em 1703 verificou-se a primeira questão de terra, promovida por Antônio da Rocha Pita (sesmeiro baiano), contra os Nogueiras, tendo sido decidida em 03.03.1705, em favor dos Nogueiras, e havendo uma apelação para as cortes de Lisboa, que terminou por confirmar a sentença em favor do Nogueiras.

Os patriarcas apodyenses são os portugueses Antônio da Mota Ribeiro, da cidade de Braga, nascido a 13.06.1706, tendo casado com D. Josepha Ferreira de Araújo, filha de Carlos Vidal Borromeu e Isabel Araújo. O capitão João Barbosa Correia, natural da cidade de Ponta de Lima (Portugal) casou-se com D. Rosa Maria de Jesus (Pernambucana). O capitão Barbosa Correia faleceu a 16.11.1787, aos 98 anos de idade. Tronco das famílias Barbosa de Amorim, Nunes, Souza Soares, Soares de Souza, Barbosa de Lucena, Noronha, Pinto etc.

Há que ressaltar que os principais fatores que proporcionaram a ocupação destes territórios oestanos foram: a existência de pastagens naturais, o clima sadio, favorável à criação extensiva dos rebanhos em campos abertos (não havia cercas), terras agricultáveis, sobretudo na chã das serras.

Transmitidas de geração a geração, mantém-se assim, ainda hoje, em posse destas antigas famílias. Inté.

Marcos Pinto é advogado e escritor
* FONTE DE PESQUISA: Marcos A. Filgueira “in” “Velhos Inventários do Oeste Potiguar”, João Bosco Fernandes, “Memorial de Família”.

FONTE: http://blogdocarlossantos.com.br/132726/

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso


http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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