Por Marcos
Pinto
Os registros
dos cartórios e as publicações históricas mostram que o povoamento português no
Oeste Potiguar tem sua origem nas históricas cidades de Martins (1742),
Portalegre (1740) e Apody (1703), O intercâmbio dos vários núcleos sociais
entre estas comunas proporcionaram as penetrações no interior dos nossos
sertões.
Os primeiros
povoadores disseminavam seus currais onde encontrassem água para dessedentar
homens e animais, fosse um rio, em geral não perene, uma lagoa ou simples
“olho-d’água”.
Enfrentando a
indiada hostil, as caatingas inóspitas e a escassez da água, passaram a ocupar
terras devolutas, as sobras de terras entre as “Datas”, quando então requeriam
às autoridades competentes a concessão da “Carta de Sesmaria”, sujeita a
confirmação do Rei, sob a alegação de já se encontrarem na posse mansa e
pacificamente da área pretendida e nela haverem realizado gastos.
Área que a
Carta Régia de 07.12.1697, reformada pela Provisão de 19.05.1729, limitou as
três léguas de comprido por uma de largura, ou três de largura por uma de
comprimento, ou finalmente uma légua em quadro.
Justificando
suas pretensões, os vetustos e rijos povoadores alegavam serviços ao Rei de
Portugal, com riscos de vida e gastos de sua fazenda. Riscos no combate ao
índio bravio e sua “pacificação” (muitas vezes mortandades deliberadas caso de
carnificina de Viçosa, onde fuzilaram muitos índios ao pé da serra, quando
estes ajoelhavam-se para rezar o ofício de Nossa Senhora), ou sua
“domesticação” (na verdade capitulação, posto que a indiada se rendia à força
bélica do homem branco).
A reminiscente
cidade do Martins recebeu essa denominação por ter sido fundada pelo português
Francisco Martins Roriz, que em 1742 fixou na “Serra da Conceição”, depois
designada Serra do Martins, tendo este patriarca falecido em 1786. Uma filha
desse fundador, D. Maria Gomes D`Oliveira Martins, casou-se com o português
Mathias Fernandes Ribeiro. Desses patriarcas descendem as famílias Fernandes
Ribeiro, Viriato Fernandes, Cipriano (da cidade de Tenente Ananias). Martins
Ribeiro, Almeida (de Luiz Gomes-RN), Xavier (do Ceará), Silvestre, Bessa, Lopes
Cardoso, Martins Sampaio, Lopes Fernandes, etc. Desse tronco tivemos em Mossoró
o prefeito Rodolfo Fernandes de Oliveira Martins e o industrial Pedro Fernandes
Ribeiro (genitor do advogado Paulo Fernandes).
Ainda em
Martins, tivemos os patriarcas portugueses José Pinto de Queiroz, casado com D.
Anna Martins de Lacerda, tronco dos Lopes e Chaves, Fernandes de Queiroz (com
ramificação em Pau dos Ferros), Castro, Queiroz e Sá. Outro português que se
erradicou em Martins foi o Capitão Manoel dos Santos Rosa, natural da cidade do
Porto, que chegando a Martins casou-se com Dona Maria José de Lacerda (filha de
José Pinto de Queiroz), de quem Santos Rosa, Santos Pinto (entrelaçamento com a
família Pinto do Apody), Fernandes Chaves, Fernandes Sampaio etc.
A gênese do
povoamento português naqueles rincões serranos (Martins) enumera ainda a
presença do Capitão-Mor José Martins de oliveira (falecido em 1781) casado que
foi com D. Catharina Gomes D`Amorim, irmã do fundador de Portalegre, Sr.
Clemente Gomes de D`Amorim, tronco das famílias Silveira, Freire da Silveira,
Freire de Oliveira, Gondim, Gomes D`Amorim. Gomes Pinto, Barreto, que tem como
tronco referencial Domingos Velho Barreto, casado com D. Joana Gomes, filha do
Capitão Manoel Inácio D`Oliveira Gondim e D. Maria de Jesus, que por sua vez
era filha de José Martins e Catharina.
Em 1749 os
irmãos (Português) Clemente Gomes D`Amorim e Carlos Vidal Borromeu, naturais de
Coimbra, receberam concessão de Sesmaria na “Data Dormentes”, foram os
primeiros fundadores de Portalegre-RN, Clemente casou-se com Inácia Carneiro de
Freitas e D. Joana Filgueira de Jesus, aí o tronco dos Gomes de Amorim, Amorim
Martins, Souza Martins, Azevedo Amorim (vide Expedito Azevedo Amorim), Freitas.
Carlos Vidal
Borromeu casou-se com a índia alagoana D. Isabel de Araújo. É o tronco da
família Mota de toda zona oeste.
Acompanhando
marcha do povoamento da região, deparamos com Apody, onde em 1703 verificou-se
a primeira questão de terra, promovida por Antônio da Rocha Pita (sesmeiro
baiano), contra os Nogueiras, tendo sido decidida em 03.03.1705, em favor dos
Nogueiras, e havendo uma apelação para as cortes de Lisboa, que terminou por
confirmar a sentença em favor do Nogueiras.
Os patriarcas
apodyenses são os portugueses Antônio da Mota Ribeiro, da cidade de Braga,
nascido a 13.06.1706, tendo casado com D. Josepha Ferreira de Araújo, filha de
Carlos Vidal Borromeu e Isabel Araújo. O capitão João Barbosa Correia, natural
da cidade de Ponta de Lima (Portugal) casou-se com D. Rosa Maria de Jesus
(Pernambucana). O capitão Barbosa Correia faleceu a 16.11.1787, aos 98 anos de
idade. Tronco das famílias Barbosa de Amorim, Nunes, Souza Soares, Soares de
Souza, Barbosa de Lucena, Noronha, Pinto etc.
Há que
ressaltar que os principais fatores que proporcionaram a ocupação destes
territórios oestanos foram: a existência de pastagens naturais, o clima sadio,
favorável à criação extensiva dos rebanhos em campos abertos (não havia
cercas), terras agricultáveis, sobretudo na chã das serras.
Transmitidas
de geração a geração, mantém-se assim, ainda hoje, em posse destas antigas
famílias. Inté.
Marcos Pinto é
advogado e escritor
* FONTE
DE PESQUISA: Marcos A. Filgueira “in” “Velhos Inventários do Oeste Potiguar”,
João Bosco Fernandes, “Memorial de Família”.
FONTE: http://blogdocarlossantos.com.br/132726/
Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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