Por José Antonio Albuquerque
A cidade de
Cajazeiras completa hoje, dia 23 de novembro 154 anos de sua Independência
Política. Até os dias atuais muitas foram as lutas e os caminhos, as vitórias e
as derrotas e os grandes embates vividos pelo seu povo para transformar aquele
pequeno povoado no que é hoje a nossa querida cidade de Cajazeiras.
Quando chegaram os primeiros povoadores à região do que seria o futuro município de Cajazeiras, em quase todo o Sertão já havia habitantes. Vital de Sousa Rolim e Ana Francisca de Albuquerque (Mãe Aninha), uniram-se em matrimônio. A união destas duas famílias deu origem ao povoamento de Cajazeiras. Começava o núcleo que faria o desenvolvimento da cidade. A Fazenda das Cajazeiras se constituiu através de uma doação de Luís Gomes de Albuquerque quando do casamento de sua filha Ana, com Vital de Sousa Rolim. Em frente à casa da fazenda, Mãe Aninha ergueu um oratório dedicada a Nossa Senhora da Piedade, onde costumava rezar e assistir as celebrações feitas pelo filho Inácio Rolim - o padre virtuoso e santo que soube conduzir a cidade para um grande crescimento, para um futuro promissor.
O Padre Rolim,
em 1825, retornou de Olinda - Pernambuco, ordenado, e a partir de então,
dedicou-se de corpo e alma ao magistério. Fundou o Colégio. As datas da
fundação são divergentes: teria sido em 1837? Ou 1839? Ou ainda em 1843?. O seu
trabalho como educador projeta-se por todo o Nordeste. Após o falecimento do
Padre, o Colégio continuou a viver. E se constitui num dos mais tradicionais e
importantes da cidade. Infelizmente teve suas atividades paralisadas e mais uma
vez foi fechado.
O Oratório de
Nossa Senhora da Piedade, passou a dignidade canônica de Capela e em 29 de
agosto de 1859, através da Lei Provincial n.º 5, foi criada a Paróquia de Nossa
Senhora da Piedade, sancionada pelo Presidente da Província Paraibana Ambrósio
Leitão da Cunha. Instalada a Paróquia, o seu primeiro vigário foi o Padre José
Tomaz de Albuquerque.
Criada a
Paróquia o povo de Cajazeiras começou a ganhar expressão política.
O povoado de
Cajazeiras se desenvolvia. Já tinha o Distrito um representante junto à Câmara
Municipal de Sousa. Foi da iniciativa de Vital Rolim (neto de mãe Aninha e
Vital) instalar a 20 de junho de 1864, o município de Cajazeiras, já criado
através da Lei Provincial de nº 92, de 23 de Novembro de 1863, cuja Câmara
Municipal, instalada no mesmo dia, sob a presidência do Padre José Tomaz de
Albuquerque, que já fora o primeiro vigário.
Cajazeiras
deve a sua independência política ao Deputado Provincial, do partido Liberal,
representante de Piancó, Dr. João Leite Ferreira. Em sessão de 27 de outubro de
1863, apresentou um projeto de lei que recebeu o número 23. Após debates, teve
a sua primeira votação em 10 de novembro de 1863. Em sessão, no dia 13 de
novembro subiu à sanção do Presidente da Província Dr. Francisco de Araújo
Lima. Cajazeiras foi elevada à categoria de Vila e sede do município. Passou 12
anos como Vila. Mas neste pequeno período a vida política do município foi
constrangedora, conturbada e perturbada. Muitos foram os fatos funestos: em
1867, teve duas câmaras municipais (Câmara Nova e Câmara Velha), em 1868,
aconteceu o brutal assassinato do Tabelião José Leandro Soares. A crise
política instalada no município deflagraria num terrível morticínio. Em 1872,
dia de eleição de vereadores e juízes de paz, no patamar da Igreja Matriz, numa
violenta batalha campal, morreu crivado de balas de bacamarte, um membro do
partido liberal, o jovem Tenente João do Couto Cartaxo.
Esse clima de
violência e truculência política era patrocinado, principalmente, pelos membros
do Partido Conservador do Distrito de Santa Fé, liderados pelo Alferes João
Pires. Cajazeiras se liberta e se livra do signo da violência quando adquire o
foro de cidade. Os doze anos de Vila foram de insegurança e incertezas para
todos os seus habitantes.
Com a criação
do município, Cajazeiras passava a ter o seu termo Judiciário, datado de 19 de
janeiro de 1864, agregado ao termo de Sousa. Somente em 2 de janeiro de 1875,
graças ao Decreto Imperial de n.º 5844, Cajazeiras passa a ter o seu juiz
municipal togado e residindo na cidade. Assumiu nessa condição o alagoano Dr.
Bernardo Lindolfo de Mendonça.
0 povoamento,
a fazenda, o colégio, a paróquia, a vila, o município, o termo judiciário e
finalmente a cidade, foram os caminhos percorridos por Cajazeiras para chegar
até os dias de hoje.
Cajazeiras foi
elevada a categoria de cidade no dia 10 de julho de 1876, através da Lei
Provincial 616, sancionada por Dr. Flávio Clementino da Silva (Barão de
Mamanguape). Por que não comemorar esta importante data da história do
município? Por que as mais importantes datas, como o 23 novembro (emancipação
política) estão esquecidas ou simplesmente ignoradas?.
Cajazeiras
comemora o dia da cidade, no dia 22 de agosto, data do nascimento de Padre
Rolim. Infelizmente, os discursos proferidos neste dia, anunciam que o 22 de
agosto é a data da emancipação política. Procedendo assim, estamos ensinando a
história do município completamente errada. É preciso resgatar os valores
maiores da nossa história. Não podemos, nem devemos tão somente incorporar a
História do Padre Rolim como única. Existem outros inúmeros valores e datas
significativas que devemos resgatar e celebrar, a exemplo do dia 23 de
novembro, data correta de nossa emancipação política.
Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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