Manoel de
Souza Neto nasceu no dia 01 de novembro de 1901, num lugar denominado Ema no
município de Floresta dos Navios. Não tendo estudado no período de infância em
virtude da falta de professores no Sertão, dedicou-se ao trabalho agrícola. Era
destemido, demonstrando desde cedo tendências para a vida militar. Apreciava
com muita curiosidade o movimento de tropas e cangaceiros na região,
transformando-se mais tarde num justiceiro, que combatia impiedosamente os
cangaceiros que assolavam os sertões nordestinos.
Durante toda a
adolescência conservou-se um rapaz igual aos outros sertanejos, cuidando da
agricultura, do gado e comovendo-se com a paisagem e o pôr-do-sol. Um dia, no
entanto após uma caminhada a pé pelo município de Rio Branco, consegui uma
passagem para vir ao Recife, onde com a ajuda de Antônio Boiadeiro, ingressou
na Força Pública.
Inicialmente
foi destacado para servir em Santo Amaro, bairro conhecido na época, pelos
altos índices de criminalidade e onde prestou relevantes serviços.
No dia 24 de
janeiro de 1925 foi mandado para Vila Bela atualmente Serra Talhada/PE, a fim
de participar da Força Volante naquele município para dar combate ao cangaço.
OS PRIMEIROS
COMBATES
Dias após ter
chegado à Vila Bela o então Soldado Manoel Neto comandado pelo Pedro Cavalcanti
foi a cidade de Triunfo/PE, onde Lampião e seu bando havia cercado a Fazenda de
Clementino de Sá. Destacando-se no combate. Manoel Neto foi elogiado por seu
superior e considerado o Soldado mais corajoso da Volante. Nessa batalha
Lampião foi obrigado a fugir, sendo perseguido até a fronteira da Paraíba, de
onde a Volante teve de regressar, pois o governo paraibano não permitiu que os
Soldados pernambucanos entrassem em seu território, o fato que contribuía para
Lampião se reorganizasse e voltasse a atacar.
Em 10 de
novembro de 1925 na localidade Cachoeira, distrito de São Caetano, ocorreu outro
combate contra Lampião. Na ocasião morreram ou fugiram da luta o Sargento José
Leal e o seu auxiliar direto José Terto. Manoel Neto assumiu então o comando da
Volante, conseguindo uma vitória surpreendente contra Lampião que passou a se
interessar pela valentia do “macaco” que conseguira lhe infligir tão grande
derrota. Em função da façanha, Manoel Neto foi promovido ao posto de Anspeçada,
isto é, intermediário entre Soldado e Cabo.
OUTRAS
BRAVURAS
A partir desse
episódio, Manoel Neto passou a ser o terrível perseguidor de Lampião, sempre
lhe mandando recados, desafiando-o para que lutassem de homem para homem numa
batalha para por fim aos crimes no Sertão.
No tiroteio da
Fazenda Favela, localizada no município de Floresta, Manoel Neto foi emboscado
pelo bando de Lampião, ficando gravemente ferido, com duas pernas quebradas.
Segundo contam, sempre ia a frente de seus comandados, alegando que como
comandante cabia a ele receber ou disparar o primeiro tiro.
Certa ocasião,
foi chamado pelo Tenente João Bezerra da Policia Militar de Alagoas, para
arquitetarem o plano da morte de Lampião por envenenamento. (Fato que carece de
maiores esclarecimentos)
Manoel Neto
mostrou-se imediatamente contrário àquele tipo de assassinato. Dizendo para o
Tenente:
- Lampião é
meu inimigo pessoal e ele também me considera assim. Se eu puder pegá-lo no
ponto do meu Mosquetão, acabarei com ele. Porém não o matarei envenenando a
água que beba, pois Lampião sabe que o rastejo e nunca envenenou a água que eu
bebo, mesmo lhe perseguindo.
Certa vez no
município de Triunfo, vários bandoleiros que habitavam uma serra, resistiram a
ação da Policia Militar. Sem condições de subirem a montanha, os Soldados eram
duramente repelidos à tiros de rifles. Ao tomar conhecimento do fato, o Capitão
Manoel Neto, fazendo acompanhar de oito Soldados subiu a serra e aproveitando o
silêncio da noite, foi invadindo casa por casa. Ao amanhecer todos estavam
amarrados e desmoralizados.
Texto: Marco
Túlio
Transcrito
por: Geraldo Antônio de Souza Júnior (Administrador)
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