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domingo, 18 de dezembro de 2011

Celina Guimarães Viana - 09 de Abril de 2009

Por: Geraldo Maia do Nascimento



Em 25 de novembro de 1927, era concedido, pela primeira vez na América do Sul, o direito de voto a uma mulher. A Lei de nº 660, de 25 de outubro de 1927, sancionada pelo Governador
José Augusto Bezerra de Medeiros regulamentando o Serviço Eleitoral no Estado do Rio Grande do Norte, estabelecia não mais haver “distinção de sexo” para o exercício do sufrágio eleitoral e condições de elegibilidade. O projeto que alterava a lei ordinária foi de autoria do deputado mossoroense Adauto Câmara, que o apresentou na Assembléia Legislativa com aprovação unânime. E foi com base nessa Lei que a 25 de novembro do mesmo ano, a professora


Celina Guimarães Viana requereu sua inclusão no alistamento eleitoral. Seu requerimento preencheu todas as exigências da Lei e nesse mesmo dia, verificados os documentos que o acompanhavam, exarou o Juiz Israel Ferreira Nunes, então Juiz Eleitoral de Mossoró, em substituição ao Dr. Eufrásio de Oliveira, seu jurídico despacho, mandando incluir o nome da requerente na lista geral de eleitores deste município. Coube, portanto, a D. Celina Guimarães Viana a condição de primeira eleitora não só deste Estado como do país e de toda América Latina. 

Celina de Amorim Guimarães nasceu em Natal/RN, a 15 de novembro de 1890. Era filha de José Eustáquio de Amorim Guimarães e Eliza de Amorim Guimarães. 

Estudou na Escola Normal de Natal, onde concluiu o curso de formação de professores. E foi nessa mesma Escola que conheceu aquele que seria o seu companheiro por toda vida: Elyseu de Oliveira Viana, um jovem estudante vindo de Pirpirituba/PB, com quem se casou em dezembro de 1911. 

Em janeiro de 1912 foi designada para ensinar a cadeira de Ensino Misto Infantil do Grupo Escolar Tomás Araújo, Em Acari, juntamente com o seu marido, onde permaneceram até 1913. 

E foi assim que a 13 de janeiro de 1914, atendendo convite do Dr. Manuel Dantas, então diretor de Instrução Pública do Estado, foi transferida para Mossoró, onde assumiu a cadeira infantil do Grupo Escolar 30 de setembro. 

Dona Celina era uma mulher muito dinâmica, inteligente e assídua no trabalho. Essas qualidades fizeram com que ela fosse merecedora de elogio individual registrado no relatório elaborado em setembro de 1914 pelo Inspetor de Ensino, professor Anfilóquio Câmara, e inscrito no Livro de Registro Profissional. 

Quanto à questão do primeiro voto feminino, vale salientar que não foi D. Celina a primeira mulher a requerer a sua inclusão no alistamento eleitoral. Quem o fez foi a professora Júlia Alves Barbosa, que era catedrática da Escola Normal de Natal, em 24 de novembro de 1927. “Teve todavia, deferimento retardado pelo Juiz Manuel Xavier da Cunha Montenegro, da 1ª vara da capital, dada a condição de solteira da requerente, somente despachado e publicado pelo Diário Oficial do Estado em data de 1º de dezembro”. Dessa forma, coube a D. Celina o pioneirismo. 

Na foto que ilustra este artigo que foi gentilmente cedida por Maria Lúcia Escóssia, diretora do Museu Histórico “Lauro da Escóssia”, vemos o exato momento em que D. Celina depositava o seu voto na urna eleitoral, numa mesa formada pelos senhores José Ribeiro Dantas, Augusto da Escóssia, Bonifácio Queiroz, assistida pelo Deputado Federal Rafael Fernandes Gurjão e Dr. João Marcelino de Oliveira, delegados de partido. Vemos ainda na foto as senhoras Beatriz Leite Morais e D. Elisa da Rocha Gurgel, que obtiveram também o direito de votar na mesma eleição de 5 de abril de 1928, onde o Dr. José Augusto Bezerra de Medeiros concorria a vaga deixada no Senado por Juvenal Lamartine, que havia sido eleito para o Governo do Estado do Rio Grande do Norte. 

Quando falamos da professora Celina Guimarães, lembramos apenas que ela foi a primeira mulher da América Latina a conquistar o direito de voto. Esquecemos, muitas vezes, de lembrar a grande profissional que ela foi no campo da educação de jovens, qualidade essa que fez com que o seu nome fosse inscrito no Livro de Honra da Instrução Pública, o que significava, na época, o reconhecimento pelos bons serviços prestados ao Estado do Rio Grande do Norte.
          
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Autor:
Geraldo Maia do Nascimento

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