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terça-feira, 19 de junho de 2012

Antônio Silvino, cangaceiro

Por: Semira Adler Vainsencher(*)


Manoel Batista de Morais nasceu no dia 2 de novembro de 1875, em Afogados da Ingazeira, uma pequena cidade situada às margens do rio Pajeú das Flores, sertão do Estado de Pernambuco. Era filho de Francisco Batista de Morais e de Balbina Pereira de Morais. Na juventude, ficou conhecido como Batistinha (ou Nezinho). Seus dois irmãos eram Zeferino e Francisco.

Batistinha possuía um tio chamado Silvino Aires Cavalcanti de Albuquerque que, após ter brigado com os partidários do General Dantas Barreto (governador de Pernambuco), decidira organizar um bando e, desde então, vivia espalhando o terror pelos sertões adentro.

Desse grupo, faziam parte: Luís Mansidão e o seu irmão, Isidoro, Chico Lima, João Duda, Antônio Piúta e, posteriormente, os seus sobrinhos Zeferino e Manoel Batista de Morais (Batistinha).

Silvino Aires vivia fugindo do cerco da polícia, mas foi preso enquanto dormia, pelo Capitão Abílio Novais, perto de Samambaia, distrito de Custódia, em Pernambuco. Com a prisão do tio e bandoleiro, Batistinha assumiu o comando do cangaço, mudou o seu primeiro nome para Antônio (não se sabe, até hoje, o motivo) e, o segundo, para Silvino, em homenagem ao familiar e ex-chefe que tanto admirava.

A partir daí, passou a ser conhecido com o nome de guerra de Antônio Silvino e apelido de "Rifle de Ouro". Um pouco antes de Lampião, ele representou o mais famoso chefe de cangaço, substituindo cangaceiros célebres tais como Jenuíno Brilhante, Adolfo Meia-Noite, Preto, Moita Brava, o tio - Silvino Aires - e o próprio pai - Francisco Batista de Morais (conhecido como Batistão).

Batistinha havia entrado no cangaço com o seu irmão, Zeferino, para vingar a morte do pai, Batistão do Pajeú, que havia tombado morto em um dos combates com a polícia. Batistão era um homem provocador, um bandoleiro, bastante marcado pela polícia e autor de vários homicídios. Certa vez, ousou entrar em Afogados da Ingazeira, em um dia movimentado de feira. Daí, o chefe político local, coronel Luís Antônio Chaves Campos, contratou um matador profissional (Desidério Ramos, que, como o coronel, também era desafeto de Batistão), e este liquida o cangaceiro com um tiro de bacamarte. O corpo de Batistão permaneceu inerte, em uma rua próxima à feira. Era o ano de 1896.

Desidério, gozando da cobertura do coronel e chefe político da região, permaneceu impune e bem protegido no sertão. Jamais demonstrou possuir o menor temor de Antônio Silvino, a despeito de o cangaceiro amedrontar a todos. Sendo assim, depois de muito chorar a perda do genitor, os filhos de Batistão juraram vingar a sua morte, roubando, assaltando e matando todos aqueles que colaboraram para tal.

Algumas pessoas acreditavam, inclusive, que Antônio Silvino não possuía "maus instintos", que não cometia violências à toa, do tipo assaltar pessoas, estabelecimentos, povoados e cidades sem haver um motivo justo. Os integrantes do seu bando só se vingavam daqueles que lhes armavam emboscadas, dos que os denunciavam à polícia, das volantes que os perseguiam. Quando muito, se não agiam exatamente dentro da lei, isto era justificado, segundo eles, pela necessidade de angariar elementos básicos para a sobrevivência do bando: comida, dinheiro, roupa, armamentos.

Outras pessoas afirmavam, contudo, que Antônio Silvino vivia espalhando o terror nos municípios das Zonas da Mata e Agreste de Pernambuco, e nos sertões deste Estado e da Paraíba. Sobre os feitos e a valentia daquele cangaceiro, o cantador popular Leandro Gomes de Barros escreveu:

Onde eu estou não se rouba
Nem se fala em vida alheia,
Porque na minha justiça
Não vai ninguém pra cadeia:
Paga logo o que tem feito
Com o sangue da própria veia.
(...)

(*) Pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco
Fonte: fundaj

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