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quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

FACÃO E CACETE


O Movimento que surgiu no ano de 1934, conhecido como "Pau de Colher" foi um fenômeno messiânico e milenarista ocorrido na Bahia, na primeira metade do século XX, e que culminou com o massacre de seus participantes (chamados pela imprensa e populares de "fanáticos" ou "caceteiros") por forças policiais militares de Pernambuco.

A Comunidade de Pau de Colher se encontra ao lado esquerdo da BA 152 (direção Paramirim Livramento). Uma Igreja e um campo de futebol fazem parte do cenário local. Uma particularidade do lugar é uma igrejinha no alto da serra. - http://www.focadoemvoce.com/paramirim/pau-de-colher/index.php

Iniciado em 1934 e com término em 1938, teve por principal figura o beato José Senhorinho, seguidor das ideias religiosas do beato paraibano Severino Tavares, por sua vez ligado ao movimento religioso do beato José Lourenço, líder do movimento cearense do Caldeirão e que, junto a outros muitos sertanejos, se instalaram no lugar de nome Pau de Colher no município de Casa Nova, nas divisas baianas com o Piauí e Pernambuco.

No movimento Pau-de-Colher as mulheres lutaram desesperadamente. Saíam das trincheiras, seguidas dos filhos, em direção aos soldados, com cacete na mão. Eram facilmente cortadas ao meio pelos tiros de metralhadoras. Um grupo delas avançou sobre um destacamento que tinha tomado uma cacimba, e todas foram metralhadas. 

Major Optato Gueiros caçador de cangaceiros

Conforme relato de Optado Gueiros, Tenente que comandou o ataque, de acordo com a imprensa baiana, os corpos apodreciam no chão. Foram vários dias de luta. 

O chão estava tomado de sangue e pedaços de órgãos humanos em toda parte. Eram mais de 400 corpos. Os soldados evitavam a luta corporal e venciam facilmente a batalha com o uso do fogo das metralhadoras.

O COMBATE AOS "FANÁTICOS"

No dia 10 de janeiro de 1938 o pequeno grupamento policial de Casa Nova, composto pelo sargento Geraldo Bispo dos Santos, um cabo e quatro policiais procede a um ataque a Pau de Colher. Reagindo, os religiosos cercam os soldados e os matam a pancadas.

Já o governo federal programara uma reação, através do Destacamento do Vale do São Francisco, e se passou a estudar um ataque ao reduto que, informara-se, era de seguidores do comunismo. Tropas também são mobilizadas em Salvador e, no deslocamento, apreendem pessoas que informam tratar-se de um fenômeno de psicose coletiva, que acometia aos que ouviam Senhorinho.

Quando chegam ao lugar, contudo, este já fora atacado pelo destacamento da polícia militar de Pernambuco, sob o comando do capitão Optato Gueiros. Este cercara Pau de Colher com seus homens, procedendo ao morticínio dos que lá estavam. Em telegrama, dado o elevado número de mortos, Gueiros informava seu "êxito": "Impossibilitado sepultamento determinei incineração. (...) Fiz vasculhamento circunvizinhança encontrando apenas crianças e mulheres indefesas”

Relatos do massacre

O cerco da polícia pernambucana, tropa composta por 97 homens, durou 3 dias: de 19 a 21 de janeiro de 1938. Dentre os homens que acompanharam os agentes do estado estava um pistoleiro, Norberto Pereira, que num certo momento retirou uma criança que estava no colo da mãe, assassinada pelo intenso tiroteio; mulheres se atiravam na frente dos fuzis, tentando salvar seus filhos, pois ninguém escava às balas contra os religiosos.

Em seu relatório, o Capitão Optato registrou 157 mortos no povoado de Pau de Colher, e ainda 40 por uma patrulha piauiense.
Consequências

O interventor Landulfo Alves, ao tomar ciência a incursão de agentes do estado vizinho em território baiano, reagiu mandando um ofício a Agamenon Magalhães, seu congênere em Pernambuco. Este respondeu com uma defesa veemente, na qual demonstrava que assim agira por conta de um convênio celebrado ainda nos tempos de Juracy Magalhães, que assegurava o livre trânsito das tropas sob seu comando sem se importar com fronteiras.

As crianças órfãs ou cujos pais foram presos, eram levadas para as "carroças da salvação" e enviadas para a capital baiana onde seriam usadas para o trabalho doméstico, em regime de escravidão.

Episódio ainda obscuro na história nordestina, no final do século XX pesquisadores procuraram registrar depoimentos dos seus remanescentes. Num claro exemplo de que o episódio deixara marcas indeléveis em seus protagonistas, o sobrevivente José Camilo declarou, na sua fala simples, que "Não há interesse, eu não conto porque pra eu contar, invés de eu aliverá minha situação, vai me servir de perseguição".

Sobre as vítimas, na historiografia de Dias Tavares, apenas o registro de que "resultou elevado número de mortos".

https://pt.wikipedia.org/wiki/Movimento_de_Pau_de_Colher

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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