A comunidade
acadêmica, professores e pesquisadores da área de Geografia, através de sua
Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Geografia (ANPEGE), vem
externar a defesa de uma análise crítica séria e democrática sobre a Reforma do
Ensino Médio, ora em tramitação, e o papel secundário dado à Geografia como
campo de conhecimento, imprescindível na abordagem dos principais problemas
contemporâneos, especialmente aqueles que envolvem a leitura integrada dos
processos de globalização e fragmentação, a dinâmica geopolítica e as relações
sociedade-natureza.
Neste sentido,
questionamos:
A forma
apressada com que foi promovida a Reforma do Ensino Médio que, ao contrário de
outros países, onde envolveu vários anos de amplo debate, desconsiderou muitos
dos agentes e/ou áreas envolvidos.
O caráter
prioritariamente técnico-profissionalizante da Reforma, restringindo a formação
humanista, em especial, para aqueles que optarem por formações mais
tecnológicas, já que as disciplinas estão contempladas em itinerários
formativos: Linguagens e suas Tecnologias; Matemáticas e suas tecnologias;
Ciência da Natureza e suas Tecnologias; Ciências da Natureza e suas
Tecnologias; Ciências Humanas e Sociais Aplicadas e Formação Técnica
Profissional, podendo ser oferecido, assustadoramente, apenas um desses eixos.
A ausência da
Geografia como disciplina obrigatória: apesar da obrigatoriedade da Geografia
no que tange ao Ensino Fundamental, no que se refere à Reforma do Ensino Médio
a temática é nebulosa, tornando incerta a presença da disciplina na formação
dos estudantes. Tal disciplina poderá ser contemplada no eixo de Ciências
Humanas que não está claro
A viabilidade
da louvável extensão da carga horária e a educação em tempo integral, diante
das condições de precariedade e a contenção de verbas vividas em nível
nacional.
A contratação
de profissionais com “notório saber”, que abre margem para profundas
discrepâncias na qualidade do ensino e a desvalorização de profissionais com
formação específica em suas áreas.
Em síntese,
uma reforma nessas bases peca pela ausência do debate crítico no diálogo com
aqueles que efetivamente deveriam ser seus protagonistas, os professores e
alunos e, ao não reconhecer a obrigatoriedade de uma disciplina como a
Geografia, cada vez mais valorizada diante das problemáticas contemporâneas,
vai contra o propósito básico da educação, a construção e o fortalecimento de
uma cidadania plena.
Diretoria da
ANPEGE
Porto Alegre,
17 de fevereiro de 2017.
Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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