Esta foto é a irmã de Lídia.
No fim do ano
de 1931, o cangaceiro Zé Baiano ficou doente de um tumor grande que impediu o
bandoleiro de andar nas caatingas. Aí Lampião levou Zé Baiano para a casa de um
antigo coiteiro chamado Luiz Pereira na localidade Salgadinho perto de Paulo
Afonso. Ali o cangaceiro ficou 15 dias sendo cuidado por Luiz Pereira e dona
Maria Rosa. Quando ficou curado, o cangaceiro foi embora, levando Lídia, a sua
filha mais nova. Lídia era uma linda menina mocinha de apenas 15 anos de idade
quando deixou seus pais para acompanhar o terrível e cruel cangaceiro Zé
Baiano.
O cangaceiro
Zé Baiano era loucamente apaixonado por Lídia. O cangaceiro mais apaixonado de
todos. E Lídia a mais bela das cangaceiras. Zé Baiano era um dos cangaceiros
mais cruéis do grupo de Lampião e muito carinhoso com a sua amada Lídia.
Dizem os
pesquisadores e coiteiros que Zé Baiano tinha muita riqueza, era agiota,
possuía muito dinheiro emprestado a comerciantes e possuía uma quantidade
grande de jóias valiosas, inclusive escondidas ou enterradas na forma de
botija.
Havia no grupo
de cangaceiros um rapaz da mesma região de Lídia e que já se conheciam desde
antes de os dois entrarem no cangaço. Era Demócrito e que no cangaço tinha o
nome de guerra de Bem-te-vi. Os dois se gostavam e, às escondidas, tinham um
relacionamento. Sempre que Zé Baiano viajava Lídia se encontrava com o
Bem-te-vi.
O cangaceiro
Coqueiro se apaixonou por Lídia. E sempre a seguia e presenciava a cangaceira
mais linda transando sob as moitas de cipó de leite com o seu amado secreto
Bem-te-vi quando das viagens de Zé Baiano.
Naquele mês de
julho de 1934, nas Pias das Panelas, nas proximidades do Riacho do Cartavo,
quando Zé Baiano retornou de uma viagem do Alagadiço que havia feito com
Lampião, o cangaceiro Coqueiro resolveu contar tudo, exatamente na hora da
janta, no coito, no momento em que todos estavam reunidos. Ao ouvir a delação
de Coqueiro, Zé Baiano ficou parado, estarrecido. Olhou para Lampião esperando
alguma ordem. Um silêncio tomou conta do coito. Lampião tirou o chapéu... coçou
o quengo. Levantou-se do cepo. Não quis mais comer. E continuou calado.
Depois de um
tempo em silêncio, Lampião disse que Zé Baiano tomaria as providências de Lídia
e os cangaceiros resolveriam o caso de Bem-te-vi e Coqueiro. Depois da sentença
de Lampião, Zé Baiano mandou que o cangaceiro Demudado amarrasse Lídia num pé
de umburana ali mesmo próximo das Pias onde estava o coito. E Lampião ordenou
que o cangaceiro Gato matasse o cangaceiro traidor Bem-te-vi e o delator
Coqueiro. Rapidamente, Gato puxou a mauser e disparou contra Coqueiro que já
caiu ali estirado, morto. Quando voltou-se para disparar contra o cangaceiro
traidor, viu que este já havia fugido.
Zé Baiano
baiano não conseguiu dormir naquela noite. Deitou-se separado dos outros
cangaceiros, calado. Teria que matar a cangaceira mais linda já vista no mundo
cangaceiro e a mulher que ele amava. Quando o dia amanheceu, antes de o Sol
aparecer, Zé Baiano pegou um cacete de pau d'arco e com várias pauladas matou
Lídia. E sem pedir ajuda a ninguém, ele mesmo cavou a cova e enterrou o corpo
da cangaceira, ali mesmo embaixo do pé de umburana, nas proximidades das Pias
das Panelas, no Riacho do Quartavo.
Uma
observação: a fotografia que postamos junto a este texto não é de Lídia, mas de
sua irmã Francelina. Segundo familiares de Lídia e alguns pesquisadores, esta
foto é a que mais se aproxima dos traços fisionômicos do rosto de Lídia. A
cangaceira Lídia nunca foi fotografada.
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=2156161631072478&set=a.608577935830863&type=3&theater&ifg=1
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