Virgulino Ferreira da Silva é uma das figuras mais famosas e polêmicas da História do Brasil
ANDRÉ NOGUEIRA PUBLICADO EM 03/05/2020, ÀS 08H00
Virgulino Ferreira da Silva é um dos maiores símbolos do nordeste brasileiro. Líder do movimento cangaceiro, essa figura é essencialmente polêmica desde sua época, sendo um bandido inescrupuloso para uns e um justiceiro heroico para outros. Nascido em 1898 na cidade pernambucana de Serra Talhada, Lampião morreu numa emboscada policial contra os bandos em 1938, na Gruta dos Angicos (Sergipe).
Conheça 10 curiosidades sobre o Governador do Sertão.
1. O Governador
Com certa arrogância e egocentrismo, Lampião costumava dizer que seu sonho era ser governador de um novo estado sertanejo alternativo formado pelas regiões que tinha mais influência, com porções dos estados da Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe.
2. Fé e alma
Lampião era um homem profundamente religioso e supersticioso, sendo praticante do catolicismo clássico sertanejo, relacionado às forças da natureza. Respeitava inevitavelmente os padres, principalmente Padim Ciço, que considerava seu padroeiro. Todo meio-dia, parava para rezar e praticava jejum de sexta-feira. No centro de sua fé, estava a proposição de que seu corpo estava fechado contra o mal.
3. Parteiro
Com o aumento da frequência de mulheres nos bandos do cangaço, o numero de partos também cresceu. Como não havia médicos prontificados, o próprio Lampião aprendeu e realizava os procedimentos, usando as técnicas que conhecia da época em que cuidava de gado bovino. Porém, tudo isso ocorria em condições bastante insalubres e com tratamento pouco delicado.
4. Princesa do Cangaço
Lampião e Maria Bonita tiveram uma filha em 1932, de nome Expedita. Como de costume no cangaço, foi necessário decidir o destino da criança, e como não se queria que a menina crescesse na bandidagem, ela foi entregue a um aliado do Rei do Cangaço para que ela tivesse como tutor o tio, João Ferreira. Isso tudo ocorreu no sigilo e o caso foi tratado como uma espécie de Segredo de Estado.
5. Fisionomia
Em uma reportagem do jornal O Ceará em 1926, um repórter descreve o Rei do Cangaço em sua passagem por Juazeiro do Norte. Segundo o relato, Lampião era magro de pele escura, com cabelos fartos e pretos, chapéu de feltro e sem enfeites e alpargatas de couro, do tipo vaqueiro. Usava um lenço verde no pescoço, com um anel segurando. Além desse, mais seis anéis pelas mãos, com pedras preciosas, além de um rifle, uma pistola e um punhal.
6. Álcool
Era muito comum no cangaço noites de bebedeira e diversão. Porém, Lampião não era muito afeito ao consumo de álcool, apesar de gostar particularmente do conhaque. Mesmo assim, não bebia muito.
7. Gosto pelas letras
Apear de não ter a melhor leitura do mundo, Lampião gostava de parar para realizar leituras, principalmente jornais que pegava rumando entre cidades. Seu maior gosto era ler reportagens feitas sobre ele mesmo nos periódicos, além de revistas que vinham de São Paulo e Rio de Janeiro. Costumava levar horas lendo ou ouvindo o que alguém lia para ele.
8. Cangaceiro perfumado
Numa situação em que os banhos eram uma raridade, Lampião usava perfumes de boa qualidade e em grandes quantidades. Gostava de roubar perfumes caros e importados nas capitais, que juntava com o cheiro de suor e da brilhantina usada no cabelo, criando uma mistura de cheiros única e que virou uma marca do cangaço. Há relatos de banhos de perfume generalizados, que chegavam até nos animais de tração para melhorar o cheiro do bando.
9. Poderes sobrenaturais
Para muitos volantes e policiais, Lampião genuinamente possuía superpoderes, pois era inconcebível a forma como ele conseguia fugir e deixar nenhum rastro de sua presença. Porém, o segredo do Rei do Cangaço era a estratégia, pois ele comandava o bando em ações geniais em que apagava todas as evidências de sua presença, como apagamento de pegadas e até andar de trás para frente para confundir os perseguidores.
10. Munição desviada
Um motivo de discussões ate hoje é a fonte de munição (que era usada sem muita economia) do bando de Lampião. Para nunca perder a origem das balas, o cangaceiro nunca permitiu que ela fosse descoberta. Porém, é possível afirmar que essa origem tem base nas ligações que Lampião tinha com os poderosos do sertão e do agreste. Associado com fazendeiros, políticos, coronéis e comerciantes, torna-se intuitivo pensar que esses contatos lhe forneciam munição.
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