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segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Luiz Pedro - leal até na morte

Por: Capitão Alfredo Bonessi

Luiz  Pedro  - leal até na morte
Apelidado de Catitu  por Maria Bonita, que apelidava  todos os  componentes  do  Grupo de Cangaceiros,
Neném do Ouro, Luiz Pedro e Maria Bonita
Luis Pedro ficou comprometido  em morrer ao lado de Lampião após o acidente de tiro que vitimou Antonio Ferreira, irmão desse.
Lampião e Antonio Ferreira
Era estimado e respeitado  por todos os cangaceiros e tido como um homem de coragem.  
A cangaceira Sila
Segundo Sila, a sua mulher Nenê morrera logo após apanhá-la e ao pular uma cerca foi alvejada, sendo escudado o baque do seu corpo de encontro ao solo por aqueles que iam a sua frente. Luis Pedro foge da luta,  mas depois tenta resgatar o corpo dela, sendo impedido a força pelos demais companheiros. Segundo registros,  a policia pôs um cachorro para violentar o cadáver de Nene. Talvez essa morte tenha sido o maior golpe da vida desse cangaceiro. Depois disso não temos registros dos seus feitos na vida cangaceira, mas episódios apenas, como daquela vez que após as brigas dos cachorros, de sua propriedade com o do Lampião, o chefe puxa a pistola para atirar no cachorro vencedor  de  Luis Pedro e esse arma o fuzil para atirar no chefe. Um  lance para ser questionado: a vida do leal amigo por um cão? – que amizade é essa?
O cangaceiro Volta Seca
Outro que disse que puxou arma para Lampião foi Volta Seca – o que Sila contesta: se alguém fizesse isso Lampião matava  na hora!.   Outro que disse que também engatilhou arma para Lampião foi Labareda e se cuidava dele quando estava  “danado da vida”.
O cangaceiro Labareda
Já falamos que o grupo de Lampião não era comandado de uma maneira militar, com rigidez e disciplina como eram as volantes do Exército e da Policia. Havia respeito  e consideração pelo chefe, que possuía uma intuição privilegiada, sabia mais,  mas não na base do  temor em relação a ele. Todos se respeitavam e seguiam   Lampião como um líder carismático. Ele mesmo se cuidava de sua segurança interna, pois tinha sempre um homem   de confiança   a sua retaguarda, ora
O cangaceiro Juriti
Juriti, ora Amoroso, ora Quinta-Feira, ora  Luis Pedro. A noite, ao dormir, armava a sua rede, depois pegava as suas cobertas e ia dormir em outro lugar, no chão a maioria das vezes e durante a madrugada se  acordava várias vezes,  espreitava   ao redor e depois voltava a dormir novamente.
Não se pode negar que Luis Pedro era íntimo de Lampião e de Maria Bonita, muito próximo a eles, a ponto de dar uma palmada nas  nádegas de Maria Bonita e os três, após isso, darem sonoras gargalhadas. Pergunto: você possui um amigo tão sincero assim  e de confiança a ponto de poder dar uma palmada na traseira de sua mulher  e você achar graça?
O fato que quando nos lembramos de Luis Pedro  construímos    uma imagem de homem leal, de amigo, de homem bom-  predicados impróprios para  foras da lei -  e mesmo para soldados volantes daqueles tempos, muitos deles mais criminosos que os próprios cangaceiros. A grande diferença era que os  militares  estavam a serviço da Lei e os cangaceiros eram  perseguidos em nome da Lei.   
Não temos notícias que o viúvo Luis Pedro, em dois anos restantes da sua vida cangaceira, tenha se aproximado de outra mulher dentro do bando ou fora do bando. Uma mulher acusou-o de tê-lo visto   aos amassos   com Maria Bonita dentro de uma canoa – coisa que não acreditamos – Maria era uma mulher de vergonha e de  caráter  - não iria  macular a união fruto de um amor sincero com o homem que amou até na hora da morte, além do mais essas coisas quando acontecem na vida das pessoas, se espalham mais que fogo em macega seca – mais hoje, mais amanhã,  ele saberia e o mundo viraria de cabeça para abaixo.
Para falarmos mais de Luis Pedro, era dele a ideia de executar as cangaceiras que,  viúvas e sem maridos, optavam para retornar para a casa dos familiares, com a desculpa de se fossem presas poderiam denunciar  a rotina dos cangaceiros. Foi assim com Cristina, que já na estrada rumo ao seio de seus familiares, foi perseguida por Luis Pedro, Juriti e
Candeeiro, e assassinada a punhal por eles, a mando de Lampião e com o consentimento de Maria Bonita, aproximadamente em junho de 1938 - fato esse que originou a desavença  de
Corisco e Dada  para  com Lampião e Maria. Corisco,  ouvindo o gado mugindo triste, quase como um lamento, vaticinou: que é isso, parece que tá tudo se acabano !!!!!! – De fato, um mês depois foi a vez de Lampião e de Maria e dois anos depois, dele mesmo passar por essa experiência derradeira de dizer adeus a vida e dormir para sempre nos braços da morte.
Com relação ao fim da vida de Luis Pedro, testemunhas declararam que,  iniciado o tiroteio, ele já estava fora do cerco quando retornou.
Segundo Balão era  na tentativa, entre muitas já realizadas, para  apanhar o ouro que estava no interior  das latas de óleo, na barraca de Lampião, bem de frente aos fuzis da volante que cuspiam fogo sem cessar. Outros afirmaram que era para cumprir o juramento feito ao chefe, de que morreria no dia que este morreria - não acreditamos nisso.
Foi apanhado em cheio pelo fuzil de Mané Véio, soldado volante do Pelotão do tenente João Bezerra,  que vinha em sentido contrario, descendo rumo a gruta de Angicos  - foi um tiro só e tudo se acabou para aquele cangaceiro rico e tido como boa gente.
Iniciado o tiroteio na madrugada de 28 de julho de 1938, na grota de Angicos,  Maria Bonita leva um tiro  na altura do ombro que saiu na frente, Lampião já está caído e se contorce, com um tiro que levara no lado esquerdo do umbigo. Maria leva um segundo tiro por detrás que lhe rasga o frente, ainda corre e vai cair junto a Lampião.  Cessado o tiroteio, quando a volante invade o reduto, Lampião ainda se mexe e Maria, ainda viva,   balbucia palavras intelegíveis – com certeza assistiu a tudo o que aconteceu naquele buraco. Quando o Tenente João Bezerra chega lá embaixo, Lampião está acabando de morrer e o Aspirante Ferreira de Melo já está com duas cabeças cortadas de cangaceiros dependuradas em ambas as mãos. Mais tarde afirma que Maria não foi degolada viva.  As últimas palavras escritas  nas páginas da História pertencem  sempre aos vencedores,  aos vivos  que restaram para contar as suas versões sobre os fatos. Não há literato que consiga expressar e substituir a visão e a experiência de quem realmente participou daquele cerco, bem sucedido, naquela histórica e  invernosa  manhã  ao lado do Rio São Francisco, quando  o estado-maior do cangaço deixou de existir para sempre.
Não se pode negar que metade da população nordestina comemorou o feito policial de Angicos, outros tantos guardaram silencio não acreditando e não retiraram o rifle detrás da porta por longos anos, como foi o caso de
Zé Saturnino;  outros se lamentaram e ficaram entristecidos porque a alegria do Sertão tinha se acabado com Lampião e os seus leais companheiros.
Alfredo Bonessi – Professor –Pesquisador – Estudante – Membro Fundador do GECC – SBEC – negritojorge@gmail.com

Eniviado pelo autor Capitão Alfredo Bonessi

Um comentário:

  1. Obrigada pela visita ao blog:

    http://soapaixonadosporjesus.blogspot.com/

    Fico sempre feliz com todas estas informações sobre Lampião que acabo conhecendo atráves deste blog... parabéns pela dedicação e empenho de prestar este serviço de boa vontade na internet...

    Aproveito para desejar a você, aos seus familiares, aos seus amigos, aos visitantes deste blog um "2012" realmente maravilhoso, com tudo de bom, com muita paz no coração e muita sabedoria !!!

    Ninguém está aqui nesta terra por acaso, acredito que cada ser humano é uma obra de Deus, e nasceu com uma missão especial a desenvolver, e quanto mais vivermos esta missão mais somos felizes e realizados... afinal estamos fazendo aquela vontade de Deus única e especial que Ele confiou a minha alma !!!

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