Por Junior
Almeida
Pio Giannotti
nasceu em Bolzano na Itália em 5 de novembro de 1898 se ordenado como religioso
em 25 de agosto de 1923, adotando o nome de Frei Damião. No início da década de
1930 veio para o Nordeste do Brasil, onde passou a ser conhecido acrescentando
no nome seu lugar de origem. Por essas terras seu nome era “Frei Damião de
Bolzano”. Sua primeira celebração foi na localidade Riacho do Mel, município de
Gravatá em Pernambuco. O frade da ordem dos capuchinhos viria a fazer história
no Brasil, principalmente no Nordeste, onde sempre pregou para multidões, nas
chamadas santas missões.
*Fotos do Google.
Atualmente
(2016) o frei tem seu nome em processo de beatificação pelo Vaticano para ser
declarado santo da Igreja Católica. Frei Damião que já tinha seu nome venerado
quando ainda era vivo, e mesmo antes da declaração oficial da Igreja já é hoje
considerado um santo pelos seus fiéis. O frade só não mais venerado do que
outro religioso, esse legitimamente nordestino, o cearense Padre Cícero Romão
Batista, nascido na cidade do Crato em 24 de março de 1844 e falecido em 20 de
julho de 1934 na cidade de Juazeiro, lugar que ele fez nascer de alguns
casebres de palha e que atualmente é a segunda mais importante do Ceará.
Mesmo com essa
distância em seus nascimentos e mais de meio século de diferença de datas, tem
gente que jura que os dois são a mesma pessoa ou que Frei Damião por ser mais
novo, é a reencarnação de Padre Cícero, mesmo essa tese batendo de frente com a
doutrina católica, que não reconhece preceitos da fé espírita. Não é difícil de
encontrar em alguns lares nordestinos folhinhas de calendários com as imagens
dos dois religiosos postas lado a lado ou calendários com a imagem do Coração
de Jesus ou Coração de Maria ao centro, com os dois ao lado.
Um dos casos
que se conta para que essa suposta tese ganhe força é que o “Patriarca do
Juazeiro” deu a um de seus fies ajudantes um livro para que esse guardasse e só
entregasse a ele próprio, a nenhum outro portador. Segundo o relato passado de
geração para geração, e de conhecimento dos romeiros da “Meca Nordestina”, é
que o dito homem guardou a encomenda e nem de longe pensou em desobedecer ao
padrinho. O tempo passou e Padre Cícero faleceu em julho de 1934, sem que
tivesse ido antes apanhar o livro na casa do homem que lhe confiou à posse.
Muito zeloso o sujeito guardou aquela relíquia, que lhe fora confiada, segundo
acreditava, por um santo vivo.
Algum tempo
depois o homem que guardava o livro, ouviu um bater de palmas em sua porta. Foi
atender e se surpreendeu ao ver que quem chamava era Frei Damião. Lisonjeado
com a ilustre visita, imediatamente o dono da casa pediu benção ao frade e o
convidou para entrar em sua humilde casa. Frei Damião entrou e sentou-se.
Depois de pedir um copo d’água disse a que veio. Tinha vindo apanhar a encomenda
que tinha deixado.
- Que
encomenda, o que se referia o sacerdote, se essa seria a primeira vez que viera
ao seu “rancho”? Pensava o confuso homem.
- O livro que
deixei aos seus cuidados tempos atrás. Teria dito Frei Damião.
Mais confuso
ainda o homem foi buscar o livro, que estava cuidadosamente guardado no fundo
de um baú em seu quarto e entregou ao frade capuchinho, que afirmou ser aquele
mesmo o livro que entregara aos cuidados do romeiro. Esse fato, segundo as
histórias e lendas de Juazeiro, seria uma das “provas” que Padre Cícero e Frei
Damião são a mesma pessoa, ou que o segundo é a reencarnação do primeiro.
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