por: (R) RUBENIO MARCELO
Era manhã, chão molhado,
Era 21 o dia;
Era domingo, e nascia
Um vate predestinado;
Menestrel equilibrado
E de qualidades tantas!...
Quisera ter mil gargantas
Pra reforçar meu louvor
A esse jogral-doutor,
O JOSÉ DE SOUSA DANTAS!
No ano 54,
No décimo primeiro mês,
Nascia, com altivez,
Este nobre literato;
No São João, sítio pacato,
Na casinha esverdeada,
Numa encosta situada
Bem de frente pro nascente.
Ali, com a sua gente,
Principiou a jornada...
Crescido lá no São João,
Município de Pombal,
Depois foi pra capital,
Com fé e dedicação;
Cumprir a sua missão,
Estudar Engenharia.
Fez tudo com primazia
E jamais ele esqueceu
Do dom que Jesus lhe deu:
A Popular Poesia!
Num Livro espetacular
De mil plectros diversos,
Em belos contos e versos,
Zé Dantas pôde contar
História do Seu Lugar,
Sua gente nordestina,
Sua casa na colina,
Seu torrão, sua querência,
Sua ilustre descendência
E sua essência-agrestina.
Falou do Sítio São João,
Da sua mãe, do seu pai;
Falou da chuva que cai
Alegrando a região;
Cantou Pombal – seu torrão,
A sua lida e o engenho;
Cantou também, com empenho,
O casarão da família;
(Traçou tão bem a mobília
Que vislumbrei o desenho).
As festanças de São João
No sertanejo reduto,
O casamento matuto,
Xote, xaxado e baião;
O dia da eleição,
Conforme Lucy contou:
Chico Pereira falou
Pra Severino Mascena,
Mas este não era ARENA...
Tudo, Dantas relatou...
Lembrou a casa rural
Lá da Rua João Carneiro
(Do seu avô conselheiro
Da cidade de Pombal),
Por traz da Matriz central
Singela, qual um dossel...
A morada de Joel
Que exibe, qual um buquê,
As letras S.M.D.,
Marca indelével fiel.
No seu estro-relicário,
José Dantas faz menções
Aos negros dos Espontões
Da Procissão do Rosário;
Traça todo calendário
Do sertão paraibano;
Relembra o cotidiano,
Ilustra tudo e atesta
Que O Rosário é a festa
De mais gente todo ano.
José Dantas concatena
No Pombal todo seu ninho;
Manoel Braz e Raimundinho
E também Chico Mascena;
Traz ainda para a cena
Severino com Maria,
A Rita, a Hilda e a Luzia,
Zé Mascena e Valdecy;
O Alcindo e a Lucy,
Todos, Dantas agracia.
Zé Dantas, com maestria,
Ensina para a galera;
E em versos enumera
Os tipos de Cantoria:
O Coqueiro da Bahia,
Quadra, sextilha e mourão;
O Dez de Adivinhação
E Martelo Alagoano;
O Rojão Pernambucano,
O galope e o quadrão.
Em tino peculiar
E grã legitimação,
Mostra a classificação
Da poiesis popular;
Ensina como louvar
Ou tecer a narrativa,
A mista e a descritiva,
A picante e a satírica,
A trava-língua e a lírica
E inda a contemplativa.
O Dantas tem mente altiva,
Por isto que nunca erra,
Lembra os talentos da terra
Em produção afetiva:
Traz o Severino Silva,
Leandro e o bardo Ugolino;
Traz Moacir Laurentino
E Severino de Sousa;
Destaca cousa por cousa
Desse Parnaso divino...
Inácio da Catingueira
E Belarmino de França;
De todos, com liderança,
Dantas desfralda Bandeira.
Traz o Cazuza Ferreira,
Relembra seu repertório...
Realça o Silvestre Honório,
Chico Leandro e Geraldo;
Exibe todo o legado
Desse vasto território.
Pra deleitar seus leitores,
Zé Dantas mostra diversos
Compêndios e belos versos
De outros bons cantadores;
Poetas e trovadores
Do celeiro nordestino:
Donzílio, Zé Laurentino
e Raimundo Santa Helena;
Mostra a família Mascena
Com seu cantar genuíno.
Com os dotes altruístas
Que naturalmente herdou,
Zé Dantas organizou
Festivais de Repentistas;
Reuniu grandes artistas
Em noites transcendentais...
Elaborou os Anais,
Perenizou os clichês
Em Livros e em CDs
De valores divinais!
Num coração-poesia
O sangue lateja e ferve;
Na majestática verve
O vate passeia, cria...
Desvendando a estesia
Em harmonia leal,
Minerva já deu aval
Ao cantador altaneiro...
Dantas, da arte é parceiro,
E grande irmão fraternal!
Dantas tem arte no olhar,
Escreve, pensa e levita;
Gosta da escrita erudita
E também da popular;
Espalha o seu poetar
Nesse uni-verso geral;
Honra sua terra natal,
Canta o torrão brasileiro;
Dantas, da arte é parceiro
E grande irmão fraternal!
Encerro aqui meu papel
(Esta singela homenagem),
Relembrando altiva imagem
Do cantador-menestrel.
Ah companheiro fiel
De virtudes sacrossantas!...
Quisera ter mil gargantas
Pra reforçar meu louvor:
Parabéns, jogral-doutor,
Poetíssimo ZÉ DANTAS!
Copyright ® by Rubenio Marcelo
Campo Grande/MS
A você, caro amigo e companheiro Dantas, neste dia do seu aniversário, novamente
esta minha singela homenagem (obra que já circula editada).
Abração,
RM
Enviado pelo professor, escritor pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso.
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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