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terça-feira, 30 de setembro de 2014

Bilhete do cangaceiro Corisco ao tenente João Bezerra da Silva, o matador de Lampião

O cangaceiro Corisco

Após a morte de Lampião, o cangaceiro CORISCO, como forma de vingança, foi com seu grupo à Fazenda Patos, e, lá, degolou o vaqueiro DOMINGO VENTURA e, mais 5 membros de sua família, por achar (erroneamente), que o mesmo fora o traidor que denunciou o esconderijo de Lampião à polícia, causando-lhe a morte.

Local onde Corisco praticou a chacina - foto: acervo Geraldo Júnior

Após as degolas, o cangaceiro enviou UM BILHETE ao Tenente João Bezerra, nos termos abaixo:

"- As cabeças são prô tenente (João) Bezerra fazer uma fritada. As mulheres foram mortas para vingar" “Maria” e “Enedina”. 
Na falta dele (Tenente João Bezerra), entregue (as cabeças) ao prefeito João Brito (Cidade de Piranhas, no Estado de Alagoas. 

Adendo - http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Maria Bonita a rainha do cangaço

Maria e Enedina que Corisco se referia no bilhete era Maria Gomes de Oliveira, a Maria Bonita, a rainha do rei Lampião, que também fora morta na madrugada de 28 de Julho de 1938, na Grota de Angico no Estado de Sergipe,

A cangaceira Enedina - Esta foto pertence ao acervo do escritor Alcino Alves Costa

e a cangaceira Enedina que no cangaço era a companheira do cangaceiro Zé de Julião, ou simplesmente Cajazeiras.


Segundo o poeta, compositor, pesquisador do cangaço e escritor Alcino Alves Costa o cangaceiro Zé de Julião ou Cajazeiras era filho natural da cidade de Poço Redondo, no Estado de Sergipe.

Fonte: facebook.

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UM FANTASMA CHAMADO LAMPIÃO


Ao juntar e confrontar tudo que já li sobre este tal Lampião, em livros, revistas, jornais, internet, cordéis, somado ao que já vi no cinema, em vídeo, na televisão, sem mencionar o rádio e a música, bem como a poesia dos menestréis, sem contar que todo velho que eu encontro nas veredas do sertão, me diz que um dia viu e esteve com Lampião, observei que o maior dos cangaceiros, num só tempo, estava aqui, ali, lá e acolá, em tudo que era lugar no sertão. Coisa não fácil de acreditar, mas foi o que vi... 


Com um detalhe: o cabra sempre no traje de cangaceiro, armado e municiado, de revolver, faca, fuzil, facão, punhal. Isso tudo, todo dia, toda hora, todo mês, em vinte anos de dias e noites.

Não teve lugar que este famanaz não tenha estado, foi o que eu vi... Não povoado, lugarejo, vila, cidade, deste território esquecido, terras secas brasileiras, que este bandoleiro não tenha passado com a sua cabroeira. O que me deixa quase forçado a admitir que este Lampião em sete estados esteve quase num único dia.

Pois bem, do confronto que fiz destas inúmeras, fascinantes e tenebrosas histórias, de sequestros, estupros, roubos, assassinatos; de batalhas, de fugas, de cabeças cortadas, de grandes porfias; de estadias, de esconderijos, de amores, de festas e rezas, concluí que Lampião, tal qual o criador, Deus Nosso Senhor, para explicar essa coisa de se estar em vários lugares num só tempo, era possuidor, além de saber como ninguém espalhar o terror, da faculdade da ubiquidade.

Fonte: facebook

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Mossoró e sua data - 30 de Setembro de 2014

Por Geraldo Maia do Nascimento

Toda cidade tem sua data, e essa data é festejada sonora e festivamente. Mossoró escolheu como data magna o 30 de setembro, dia em que oficialmente libertou os seus escravos, cinco anos antes da famosa \"Lei Áurea\". Podia ter escolhido outra data qualquer mas não quis; podia ter escolhido o 5 de agosto, em que a provisão para a ereção da Capela de Santa Luzia marca historicamente o início do Arraial; podia ter escolhido, igualmente, o 24 de janeiro, data da instalação da sua primeira Câmara Municipal, o que determina o nascimento da unidade dentro da Província; da mesma forma podia ter escolhido o 15 de março, data da sua emancipação política ou o 9 de novembro, data em que a vila fora elevada ao predicamento de Cidade, título máximo do crescimento político da época; mas não quis. Preferiu escolher sua data entre aquelas que representavam uma vitória humana contra o egoísmo materialista. O 30 de setembro simboliza uma luta do povo, festejada não por imposição política, mas por instinto fraterno. Uma luta em que o povo de Mossoró pode dizer, como disse São Paulo: \"combati o bom combate\".
         
      
Mossoró foi a primeira cidade do Rio Grande do Norte a fazer campanhas sistemáticas para libertação dos seus escravos. Não foi uma luta de poucos; foi uma luta que envolveu, de uma maneira ou de outra, toda a cidade de Mossoró. E por ter sido uma luta coletiva, pacífica e pioneira no Estado, é comemorada ainda hoje como sendo a maior festa cívica da cidade.
               
O Rio Grande do Norte não chegou a ser um Estado que dependesse da mão de obra escrava para o seu desenvolvimento. A 1º de setembro de 1848, Casimiro José de Morais Sarmento, deputado geral pelo Rio Grande do Norte, falava na sessão daquele dia:
               
\"Concorda em que o trabalho do escravo não é necessário. No Rio Grande do Norte há poucos escravos, e quase toda a agricultura é feita por braços livres. Conhece muitos senhores de engenho que não têm senão quatro ou cinco escravos, entretanto que têm 20, 25 e 40 trabalhadores livres, e se não os têm em maior número, é pelo pequeno salário que lhes pagão. Disto se convenceu o orador quando ali foi presidente, porque em conseqüência de elevar o salário a 400 reis por dia, nunca lhe faltarão operários livres para trabalharem na estrada que teve de fazer\".
               
Mossoró, particularmente, nunca foi uma cidade escravocrata. Possuía apenas 153 escravos em 1862, para uma população livre de 2.493 indivíduos. Estatisticamente o percentual era insignificante. A cidade não tinha engenhos; cuidava do gado e para isso não precisava de muitos braços. Mas se o número de cativos era tão baixo, o que justificou o movimento abolicionista em Mossoró?
               
1877 foi um ano terrível para os sertões nordestinos. A terra era devastada por uma aterrorizante seca que se estendeu até 1879. A população faminta abandonava seus lares em busca do litoral. Mossoró, Macau e Areia Branca, no Rio Grande do Norte, Aracati e Fortaleza, no Ceará, abrigaram grupos numerosos de flagelados. Mas não eram só os pobres que sofriam com a seca não. Os ricos fazendeiros, donos de escravos também sofriam. E para amenizar os prejuízos, esses fazendeiros mandavam para as cidades litorâneas seus escravos para serem vendidos, e Mossoró por ser uma das cidades onde o comércio mais florescia, recebia muitos escravos para esse fim. Desse modo era estabelecido na cidade o comércio dos escravos. Várias casas comerciais se especializaram nesse tipo de mercadoria, entre elas a Mossoró&Cia. de propriedade do Barão de Ibiapaba. Os escravos comprados em Mossoró eram remetidos para Fortaleza e, dali, para as províncias do sul. Talvez tenha sido esse tipo de comércio que tenha despertado o sentimento de piedade pelos cativos. A idéia de libertação começou no Ceará em 1881.
               
Em Mossoró, a idéia surgiu por ocasião de uma homenagem prestada na Loja Maçônica 24 de junho ao casal Romualdo Lopes Galvão, líder da política e do comércio. Presente à homenagem se encontrava o Venerável da Loja Maçônica 24 de junho, Frederico Antônio de Carvalho, a quem coube a idéia da fundação de uma sociedade cuja finalidade fosse a liberação dos cativos.
               
Em 6 de janeiro de 1883 é criada \"A Sociedade Libertadora Mossoroense\", cuja presidência provisória fica a cargo de Romualdo Lopes Galvão. Adere ao movimento os melhores elementos da terra. A diretoria definitiva fica formada por Joaquim Bezerra da Costa Mendes como presidente, Romualdo Lopes Galvão como vice-presidente, Frederico de Carvalho como primeiro secretário, o Dr. Paulo Leitão Loureiro de Albuquerque como orador. Nessa época, Mossoró contava apenas com 86 escravos. A 10 de junho alforria 40 desses escravos. A Sociedade Libertadora tinha um Código, com um único artigo e sem parágrafos, onde estava determinado que \"todos os meios são lícitos a fim de que Mossoró liberte os seus escravos\".
               
A idéia empolgava a toda população, de modo que nenhum fez questão alguma de liberar seus escravos, independente de indenização.
               
O dia 30 de setembro de 1883 foi a data designada para a liberação total dos escravos; e o objetivo foi alcançado. No dia 29 de setembro, o Presidente da Libertadora Mossoroense dirige a Câmara Municipal de Mossoró o seguinte Ofício:
               
\"Ilustríssimos Senhores Presidente e Vereadores da Câmara Municipal.
               
A Sociedade Libertadora Mossoroense, por seu Presidente abaixo assinado, tem a honra de participar a V. Sªs que, amanhã, 30 de setembro, pela volta do meio-dia, terá lugar a proclamação solene de Liberdade em Mossoró. E, pois, cumpre-me o grato dever de convidar V. Sªs e seus respectivos colegas, representantes do Município, para que se dignem de tomar parte nessa festa patriótica que marcará o dia mais augusto da cidade e do município de Mossoró.
               
A emancipação mossoroense é obra exclusiva dos filhos do povo; a esmola oficial não entrou cá.
               
Sua Majestade, o Imperador, quando lhe comunicamos a próxima libertação do nosso território, foi servido de enviar a dizer-nos pelo Senhor Lafayette, Presidente do Conselho de Ministros, que nos agradecia. A libertação está feita e ninguém apagará da história a notícia do nosso nome. Os mossoroenses são dignos de ser olhados com admiração e respeito hoje e daqui a muito tempo, por cima dos séculos.
               
A Sociedade Libertadora mossoroense se congratula com V.Sªs por tão fautoso acontecimento.
               
Deus guarde a V.Sªs Ilustríssimo Senhor Romualdo Lopes Galvão, digno Presidente da Câmara Municipal desta cidade de Mossoró.
               
O Presidente Joaquim Bezerra da Costa Mendes.
               
Sala das Sessões da Sociedade Libertadora Mossoroense, 29 de setembro de mil oitocentos e oitenta e três\".
               
Foi um dia festivo aquele 30 de setembro. A cidade amanheceu com as ruas todas engalanadas de folhas de carnaubeiras e bandeiras de papel coloridas. A alegria contagiava todos os lares. Ao meio-dia, a Sociedade Libertadora Mossoroense se reunia no 1º andar do prédio da Cadeia Pública, onde funcionava a Câmara Municipal. O Presidente da Sociedade Joaquim Bezerra da Costa Mendes, abre a solene e memorável sessão, lendo em seguida, diversas cartas de alforria dos últimos escravos de Mossoró, e depois de emocionado discurso declara \"livre o município de Mossoró da mancha negra da escravidão\".

Além dos abolicionistas, os salões da Câmara Municipal estavam lotados com familiares e grande massa da população.

Depois da sessão, a festa tomou as ruas da cidade. O Dr. Almino Afonso pronunciou inúmeros discursos, empolgando os auditórios que o aplaudiam delirantemente. E foi também o Dr. Almino Afonso que criou o \"Clube dos Spartacos\" composto, na sua maioria, por ex-escravos, tendo sido eleito presidente o liberto Rafael Mossoroense da Glória. A função desse clube era dar abrigo e amparo aos ex-excravos, que aqui chegavam por mar ou por terra. Era a tropa de choque dos abolicionistas. Como território livre, Mossoró passou a ser procurada por todos os escravos que conseguiam fugir. Sabiam que aqui chegando, encontravam abrigo. O Clube dos Spartacus sempre conseguia evitar que os escravos voltassem com os donos. Alguns eram comprados; outros eram mandados para Fortaleza e nunca mais apareciam. Tudo isso aconteceu cinco anos antes que a Princesa Isabel assinasse a famosa \"Lei Áurea\", que acabava com a escravidão em todo território nacional.

O dia 30 de setembro passou a ser a grande data cívica da cidade. A Lei nº 30, de 13 de setembro de 1913, declara feriado o dia 30 de setembro que até os dias atuais é comemorado com muito entusiasmo pela cidade de Mossoró.
                
Geraldo Maia do Nascimento

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QUANDO PASSO NA SUA PORTA

 Por Rangel Alves da Costa*

Sua porta parece estar no destino de qualquer um. Por mais que rodeios sejam feitos, por mais que outros caminhos sejam escolhidos, mas não tem jeito. As forças conduzem e reconduzem, fazem voltar, dar volteios e passar bem defronte à sua porta.

Passa uma estrada defronte à sua casa. Mesmo que após a porta haja um jardim esturricado e mais adiante uma cancela, ao seguir pela estrada e olhar na direção é como se estivesse diante de sua porta. Diante e batendo para ver se você vem abrir a porta. Ou talvez a janela.
Todas as vezes que faço aquele percurso fico imaginando porque só encontro o silêncio ao redor. A porta e a janela sempre estão fechadas, não há cachorro ou gato dando vida ao lugar, não há um semblante escondido por trás das frestas. Ao menos assim imagino.

Mas sei que ali a sua porta e a sua janela e também sei que você está lá. Na verdade, não tenho certeza, pois jamais vi além de uma miragem surgindo dentro do quarto escurecido no único instante em que a janela foi avistada entreaberta.

Por encanto, talvez um interesse que não sei bem explicar, mas já deixei flores no umbral da janela e até joguei um bilhete pela fresta. Não sei se o bilhete foi encontrado e lido, mas as flores não foram mais avistadas assim que fiz o caminho de volta.

Nunca ouvi, mas dizem que após o entardecer, outras vezes já na noite fechada, uma bela voz entoa uma velha canção de amor. Mas de um amor triste, muito triste. Também dizem que quem passa pela estrada dos fundos da casa ouve vozes quase sussurrantes levadas pela ventania.
Já tive vontade de descer do cavalo, ultrapassar a cancela e seguir diretamente até sua porta. E bater e bater, e chamar e chamar. Dizer qualquer coisa, que estou com sede e preciso de um pouco de água, dizer que trago notícias boas, dizer que preciso encontrar quem mora ali.


Mas nunca tive coragem. Quer dizer, coragem não falta, mas realmente não sei o que fazer se alguém responder lá de dentro e vier abrir a porta. Fico imaginando o espanto de encontrar a sua feição, de avistar a sua tez, de sentir a sua presença.

Na verdade, por mais que afirmem com certeza haver vida morando ali, a sua presença talvez seja muito mais fruto de minha imaginação. Apenas imagino uma coisa que pode não ser confirmada, apenas idealizo uma situação que pode não existir. Mas de qualquer forma haverei de confirmar qualquer dia.

Pensando bem, muito estranho que tudo aconteça assim, mas a verdade é que toda vez que passo diante de sua porta e janela me vejo atraído pela sua feição desconhecida. E me vem uma feição bela, encantadora, angelical, como a mais bela em toda face da terra.

Mas como poderia ser assim, se durante todo tempo permanece fechada e sem que o sol aqueça o corpo e permita uma tez de vivacidade ao rosto? Como poderia se conservar tão angelical se não abre a porta para receber o ar da manhã, para caminhar pelos campos, para colher frutas da estação?

Tudo continua um grande mistério, mas sei que está lá, que vive lá dentro, porque ouvi muitas histórias dando conta de sua presença. Dizem que escolheu a solidão do mundo depois de uma grande desilusão, dizem que assim permanece depois que seus pais faleceram e a deixaram como promessa ao silêncio. Mas dizem tanta coisa.

Também não sei sua idade, a cor de seus olhos, o seu jeito de ser. Conheço apenas o seu jeito de viver, que é fechada numa casa velha, triste, abandonada, no silêncio e na solidão dos tempos. E também que talvez aviste o mundo adiante pelas frestas da madeira. Nada mais sei, mas como gostaria de saber.

Juro que tenho medo de passar diante de sua casa e encontrar a porta e a janela abertas. E temo ainda mais não encontrar mais ninguém lá dentro. Não sei por que acontece assim, mas talvez eu tenha aprendido a amar o desconhecido, o mistério, o inacessível.

Melhor que seja assim. Que eu continue passando diante de sua casa, de sua porta e janela fechadas, apenas imaginando que está tão bela lá dentro. Talvez seja esta a razão de um amor desconhecido e tão verdadeiro.
  
Poeta e cronista
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O DEVOTO LAMPIÃO

Por: Antonio Vilela de Souza (Vilela)

Que Lampião mantinha um profundo respeito e consideração pelo Padre Cícero do Juazeiro do Norte-CE, todos nós sabemos. Agora lhes pergunto: E esta história abaixo, alguém já ouviu falar???

SALVA PELO PADRE CÍCERO


Em Mirandela, Lampião fez um fazendeiro ajoelhar-se para confessar o paradeiro da Volante do Tenente Vinicius e seus "macacos". Como o velho fazendeiro não sabia do paradeiro do Tenente. Lampião riscou-lhe as costas com a ponta do punhal.

Queria saber a todo custo o paradeiro da Volante. Uma das filhas do fazendeiro, que usava cabelos curtos e estava sendo maltratada, lá fora, no alpendre da casa grande pelo cangaceiro, deu um grito pavorosa ao ver que ia ser marcada por um ferro em brasa: - valei-me, padim pade Ciço!

Na sala Lampião deu um grande pulo prá trás e correu para o alpendre. Bastava ouvir o nome do padre milagroso do Juazeiro, que era seu padrinho de crisma e de todos os seus irmãos, para deixar suas vítimas em paz, deu ordem a Zé Baiano para largar a moça. Persignou-se e foi em frente.

Texto extraído do Livro O INCRÍVEL MUNDO DO CANGAÇO - VOLUME I

Fonte: facebook
Página: O Cangaço - Geraldo Júnior

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José Saturnino

Por José Mendes Pereira
Fonte da foto: do acervo do pesquisador do cangaço  Virgulino Ferreira DA Silva

Este é o homem que segundo Virgolino Ferreira da Silva, o Lampião, o fez cangaceiro e seus irmãos. Mais ou menos em 1915, Lampião  acusa um empregado do fazendeiro José Saturnino de roubar bodes de sua propriedade. Começa, então, uma rivalidade entre as famílias Nogueira e Ferreira. 

Se o Zé Saturnino tivesse assumido o erro do seu morador, isto é os furtos de criações, quando o próprio Lampião viu peles de seus animais na casa deste, não teria sido necessário ele e seus irmãos viverem com armas sobre as costas, ou fugindo da polícia.

Creio que a grande revolta do Zé Saturnino contra Lampião, foi devido as conversas que saíram pelo sertão afora, sobre peles de animais  dos Ferreira, encontradas na 

Ruínas da casa da Fazenda Pedreira, propriedade de Saturnino Alves de Barros. Foi nas proximidades desta casa histórica que iniciou a questão entre Zé Saturnino com o cangaceiro Lampião. - fonte: http://www.blogdeserratalhada.com.br/iconografia-03/

Fazenda Pedreira (que naquela época, era um grande desrespeito esse tipo de acusações), e que Zé Saturnino estava acoitando ladrão em sua propriedade. E se acoitava, a vizinhança não o perdoava, estava ciente que o Zé Saturnino seria um dos cúmplices com os desaparecimentos de animais dos Ferreira.

A partir da descoberta dos couros dos seus animais na casa do operário de Zé Saturnino,  o gosto de Lampião era denegrir a imagem do fazendeiro, mostrando aos sertanejos, que Zé Saturnino não era o que eles pensavam, e sim "um homem que escondia roubos na sua propriedade". 


Mas não se sabe se os animais eram abatidos com ordem do fazendeiro, ou somente por conta e risco do seu trabalhador. Se o fazendeiro Zé Saturnino não participava destes furtos, lógico que ele não sabia desses animais abatidos pelo trabalhador dentro da sua propriedade. Mas como o bicho já havia sido criado entre Lampião e ele, agora para ele, o certo seria matar o bicho de uma forma qualquer, e a solução foi defender com unhas e dentes o seu empregado, mesmo sabendo que ele era um homem que não merecia tanta confiança.

O certo é que os únicos prejudicados foram os irmãos Ferreira, que mesmo eles achando que tinham razão, perderam os pais, e em poucos anos,  Levino, Antonio e Ezequiel  foram mortos ainda jovens.

Virgolino Ferreira da Silva o rei Lampião, que era o principal cabeça das desavenças com o seu vizinho e fazendeiro Zé Saturnino, teve sorte, ainda conseguiu levar a sua vida até aos 40 anos, só morrendo na madrugada de 28 de Julho de 1938, na Grota de Angico, em terra de Poço Redondo, no Estado de Sergipe, lugar que ele tanto gostava de armar a sua Central Administrativa da Empresa de Cangaceiros Lampiônica & Cia.

Enquanto a família Ferreira caiu em declinação, morrendo dona Maria Sulena da Purificação, e dias depois José Ferreira da Silva, e gradativamente os 4 irmãos, todos nos anos 20 e 30, José Saturnino que segundo Lampião  foi o causador das confusões, viveu além dos 80 anos, apenas magro.

Coronel Zé Lucena - inimigo de Lampião

O grande prazer de Lampião era assassinar Zé Saturnino e o coronel Zé Lucena, mas ele nunca chegou a matar e nem tão pouco ferir um desses, e não viu a morte deles, porque ambos faleceram com idades avançadas. O seu inimigo nº "1" José Alves de Barros, o Zé Saturnino, faleceu  no dia 05 de setembro de 1981, aos 87 anos.

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As cabeças rolaram por terra - O fim de Lampião - Parte Final

Por Raul Meneleu Mascarenhas

Clique no link para ler a parte I
http://blogdomendesemendes.blogspot.com.br/2014/09/as-cabecas-rolaram-por-terra-o-fim-de_28.html











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segunda-feira, 29 de setembro de 2014

A cidade de Remanso na Bahia viveu em clima de guerra conforme noticiou o jornal

Material do pesquisador Raul Meneleu Mascarenhas


A cidade de Remanso na Bahia viveu em clima de guerra conforme noticiou o jornal - Governo da República arma além de Lampião, os chefes de jagunços. Fac-símile jornal O Globo de 10 de março de 1930.


Fonte:  facebook
Página: Raul Meneleu Mascarenhas

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Um deus qualquer

Por Rangel Alves da Costa*

Muita gente transforma a percepção de Deus num deus qualquer. Os termos são os mesmos, mas os sentidos não. Quando escrito com letra inicial maiúscula, a referência que se faz é a de Deus criador, do princípio supremo,  do ser onipotente, onisciente e onipresente. É o Deus da cristandade, do catolicismo. Diferentemente ocorre se o termo utilizado se inicia por letra minúscula, então a indicação é de um ser sobrenatural, de uma divindade criada por humanos e por eles adorada.

Na Bíblia há uma clara diferenciação dos termos, como em Timóteo  8, 5-6: "No céu e na terra há alguns que se chamam deuses. Todavia para nós há um só Deus, o Pai.". Também consta do livro sagrado acerca da existência de um único Deus verdadeiro. Por consequência, outros deuses considerados como existentes são tidos como ilegítimos. Deuses espúrios, porém acreditados e seguidos por aqueles cuja crença lhes dá validade e sustentação. São, assim, deuses ocasionais e que supostamente atendem às crenças ou necessidades espirituais de grupos, geralmente invocando-os através de rituais.

Os argumentos gramaticais não são mais importantes que a convenção estabelecida pelo povo. Assim, pouco importa se “deus” com inicial maiúscula ou minúscula se o que se tem em mente é o ser supremo. No mesmo sentido, tanto faz a inicial se o que se deseja representar é uma divindade de culto pagão, uma entidade mitológica, um personagem sobrenatural adorado em culto. Neste aspecto a questão se mostra induvidosa, vez que mesmo os ateus e agnósticos sabem muito bem diferenciar a divindade suprema da religiosidade cristã e as entidades pagãs.


Assim, o Deus do catolicismo é único, de caráter monoteísta, não havendo como imaginar a existência de outros deuses supremos. Mas os deuses, divindades, entidades e figuras endeusadas pelos pagãos são muitos, e tantos quantos forem suas crenças. A mitologia grega é clara neste aspecto, ali o reduto de deuses com diversos matizes e feições e atuando perante os mais diversos aspectos da existência, como na guerra, no amor e na agricultura. As religiões, os cultos e as seitas também elegem os deuses que lhes dão sustentação. Sob a denominação de divindades, se expressam até mesmo em animais ou plantas. Os maias, incas e astecas possuíam centenas de divindades. Bem assim no hinduísmo, nas diversas mitologias e nas religiões politeístas.

Não obstante tais distinções, o que se vem observando dentre muitos é a veneração ao Deus criador dentro da mesma perspectiva que alguns povos têm de seus deuses. Ou seja, não se considera a supremacia de Deus enquanto Ser Supremo de tudo e sobre tudo, mas também como um deus ocasional, surgido ao acaso de uma necessidade ou de uma invocação para resolver um problema específico. Neste aspecto, o Deus do catolicismo vem sendo considerado no mesmo patamar que os deuses pagãos.

Exemplos servirão para demonstrar tal assertiva. Em muitas religiões, cultos e seitas, os deuses são geralmente vistos como protetores de elementos específicos. Há o deus da chuva, o deus da peste, o deus do destino dos homens, o deus da guerra, o deus da paz, enfim, uma divindade para cada situação. E no seio da cristandade observa-se também tal politeísmo na medida em que Deus é cada vez mais invocado não como um todo protetor, mas aquele lembrado apenas quando surge, por exemplo, um problema de saúde, uma instabilidade financeira, uma preocupação familiar, um aspecto afligindo especificamente uma situação de vida.

Assim, a Deus aos poucos vai se imputando a valia de um deus qualquer à medida que a lembrança do seu poder surge apenas em situações pontuais. São as situações de vida, principalmente aquelas onde estão presentes problemas e preocupações, que fazem com que Deus seja lembrado. Como dito, nada muito diferente das seitas politeístas onde se invoca o deus da chuva na época da estiagem, o deus da paz diante da ameaça de guerra, o deus da cura perante um surto de peste. A única diferença é que dentre tais povos cada deus possui uma denominação específica, enquanto o Deus da cristandade é um só.

E o Ser Supremo, parecendo de serventia apenas para determinados instantes da vida, tido como Deus do acaso, acaba transformado num deus qualquer. Assim tornado, sua intercessão é invocada apenas ocasionalmente, não é presença viva e constante no coração e na mente, não é certeza garantidora do guiar-se pelos bons caminhos da vida e força maior norteando as boas ações humanas. E surge apenas quando um fato inesperado que não possa ser suportado e resolvido pelo próprio homem exige sua presença como salvação. Aconteceu algo de errado, logo diz “ai meu Deus”; está precisando de alguma coisa urgente e diz “valha-me Senhor”; quer implorar que façam alguma coisa e diz “pelo amor de Deus”; quer se arriscar em alguma empreitada e diz “e que Deus Pai me proteja”.

Nesta perspectiva de aproximação de Deus apenas diante de circunstâncias, a sua presença na vida do ser humano é tão nula quanto a sua própria fé. Tenho a convicção de que aqueles que reverenciam verdadeiramente o seu Deus têm-no como causa maior da vida e da existência, reconhecem a sua presença graciosa em tudo, e por isso mesmo sentem sua essência no espírito a todo instante. E por isso mesmo não precisam estar por aí pronunciando o seu nome em vão perante a conveniência do próprio homem.

É no silêncio do coração que Ele grita e diz ser necessário porque o ser humano, por mais forte que se ache, não passa de um acaso. O homem sim, este é acaso. Deus é permanência e tudo!

Poeta e cronista
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94 anos do nascimento de Vingt-un Rosado - 26 de Setembro de 2014

Por Geraldo Maia do Nascimento

Em 25 de setembro de 2014, se vivo fosse, o professor Jerônimo Vingt-un Rosado Maia estaria completando 94 anos de nascimento. Conheceu Mossoró como ninguém; escreveu Mossoró como ninguém. Por seus inúmeros trabalhos, poderia ser chamado de jornalista, cronista, ensaísta, historiador, memorialista, folclorista, etnógrafo... Mas prefiro referir-me a ele apenas como professor, pois ensinar foi o que ele fez em toda a sua vida. 

Professor Jerônimo Vingt-un Rosado Maia
              
Em 25 de setembro de 1920, num dia de sábado, nasceu em Mossoró, num velho casarão da rua 30 de Setembro, Jerônimo Vingt-un Rosado Maia, sendo filho do patriarca Jerônimo Rosado e dona Isaura Rosado Maia. Era o vigésimo primeiro filho de uma família numerosa e numerada, como ele mesmo gostava de dizer, já que seu nome vem exatamente da sequência à ordem numérica francesa dos nomes que Jerônimo Rosado dava aos filhos.
               

Teve uma infância normal, de brincadeiras telúricas, embora dando a impressão de ser um pouco contemplativo. Desde cedo se dedicou aos empreendimentos intelectuais, preferindo acompanhar a atividade do irmão mais velho, Tércio, filho do primeiro matrimônio do seu pai, que era um homem culto, poeta, amante dos livros e pioneiro do cooperativismo no Estado. E foi ainda na juventude que Vingt-un começou a cultivar o gosto pelos livros e pela pesquisa histórica. Na adolescência atuou como bibliotecário no Colégio Santa Luzia. E esse gosto pelos livros o acompanharia durante toda a sua vida.
               
Em 1940 partiu para Lavras/MG para estudar agronomia. Lá chegando, o seu envolvimento com os livros, as letras e a pesquisa tornaram-se mais intensos. Concluindo o curso em novembro de 1944, voltou para Mossoró para desenvolver atividades junto à empresa familiar que atuava na área de exploração de gesso e paralelamente começou a desenvolver um trabalho no campo cultural, que culminou com a criação da Coleção Mossoroense.
               
Apesar de pertencer à tradicional família de políticos que comanda Mossoró por gerações, preferiu enveredar mesmo pelo caminho da cultura. Na verdade, chegou mesmo a disputar dois cargos eletivos. A primeira vez candidatou-se a prefeito de Mossoró, perdendo por uma margem de 0,4% em 1968. Em 1972 elegeu-se vereador com a maior votação proporcional da história de Mossoró. Mas foi mesmo na área cultural que se destacou, tornando-se ícone da cultura local. Em 1940, com apenas 20 anos, publicou o seu primeiro livro, que recebeu o título de \\\"Mossoró\\\". A esse, seguiram mais de duzentos, que foram da antropologia ao estudo das secas.
               
Vingt-un esteve sempre presente em várias frentes de atividade cultural, tanto no município como no Estado. Foi professor fundador de três faculdades e idealizador da URRN, hoje Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern). Foi fundador e duas vezes diretor da Esam, hoje Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa) e professor Honoris Causa da Uern. Integrou o Conselho Estadual de Cultura, foi membro de quatro Academias em dois estados da Federação, tendo sido criador e ex-presidente de duas delas, a Academia Norte-rio-grandense de Ciências e a Academia Cearense de Farmácia.
               
Jerônimo Vingt-un Rosado morreu no dia 21 de dezembro de 2005, aos 85 anos de idade. Morreu não, encantou-se. Continua vivo na memória do povo da terra que tanto amou, a ponto de idealizar nela um país, o “País de Mossoró.” Nesta sua Pasárgada, ele era amigo do rei, mas era amigo também de qualquer homem do povo. Fez-se General da Cultura e nessa área abraçou várias causas, venceu várias batalhas: a batalha da cultura, a batalha da água, a batalha do petróleo e tantas outras batalhas que estão documentadas na sua grande obra. É nessa obra que deixou como legado que Vingt-un vive, pois esse é o segredo da imortalidade: ressurgir sempre que um livro seu é aberto, que uma frase sua é repetida e que um gesto seu é lembrado. Lembrando Celso Carvalho, \\\"é triste passar pela vida como a sombra pela estrada. Quando passa é percebida... passou não resta mais nada\\\". Por isso Vingt-un fez-se luz. E hoje vive na memória do seu povo.

Geraldo Maia do Nascimento

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VERSOS DE LAMPIÃO


"EU ME CHAMO VIRGOLINO 
POR ALCUNHA LAMPIÃO
SOU CANGACEIRO AFAMADO
 EM TODO ALTO SERTÃO
 NÃO LEVO EM CONTA O INIMIGO
 E NÃO TEMO O PERIGO 
ESTANDO DE ARMA NA MÃO" 

Versos de autoria de Lampião

Fonte: facebook

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Lampião cresceu na crise da República Velha.

Material do acervo do pesquisador Raul Meneleu Mascarenhas

A negação da justiça e a persistência dela traz a revolta para os oprimidos. Isso se deu no passado e se dá hoje no presente. Lá naqueles anos, o país saindo de uma Monarquia e entrando na República surgiram as autoridades dos coronéis.

Na proclamação da República em 1889 em diante foi implantado no Brasil o regime federalista, e este veio a favorecer a uma grande autonomia às províncias, fortalecendo as oligarquias regionais.

O poder dessas oligarquias regionais de coronéis veio a ser mais fortalecida com a política dos governadores iniciada pelo Presidente Campos Sales, o quarto presidente da República. Através da Política dos Estados, obteve o apoio do Congresso através de relações de apoio mútuo e favorecimento político entre o governo central, representado pelos presidentes da república e os estados, representados pelos respectivos governadores, e municípios, representados pelos coronéis. O poder de cada coronel era medido pelo número de aliados que tinha e pelo tamanho de seu exército particular de jagunços.

Nos estados mais pobres, como Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte, Sergipe e Alagoas os coronéis não eram suficientemente ricos e poderosos para impedir a formação de bandos armados independentes. Foi nesse ambiente que nasceu e prosperou o bando de Lampião, nos anos 1920, coincidindo o seu surgimento com a crise da República Velha.

Todos conhecem a história de Lampião. Mas nem todos entendem a política daquela época e o que levou tanto a ele quanto a muitos outros, enveredarem pelo caminho fora da lei.

Abaixo uma matéria do Jornal O Globo de 24 de janeiro de 1930 onde o bando de Lampião era o mais poderoso grupo de cangaceiros no nordeste brasileiro.






http://meneleu.blogspot.com.br/2014/09/lampiao-cresceu-na-crise-da-republica.html

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