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segunda-feira, 26 de novembro de 2012

100 anos do Rei do Baião

Por: José Nobre de Medeiros


Local: Museu Fonográfico Luiz Gonzaga
Av. Presidente Costa e Silva nº 1304 - Bairro Cruzeiro
Campina Grande - PB
Data: 13 de dezembro de 2012
19h - Missa campal
20:30 - Programação especial: shows com artistas regionais
Entrada - 1 kg de alimentos não perecíveis, que serão doados à Paróquia Nossa Senhora de Fátima.

Agradecemos a divulgação,
José Nobre de Medeiros
Diretor fundador       
Campina Grande, 
22 de novembro de 2012 

Enviado pelo poeta, escritor e pesquisador do cangaço: 
Kydelmir Dantas

http://blogdomendesemendes.blogspot.com 

Ficção - A paixão de Lampião

Por: Francisco Carlos Jorge de Oliveira
Virgulino Ferreira da Silva - o Lampião

Estado do Rio Grande do norte, Mossoró 27 de junho de 1927. A cidade está em estado de sítio, a população agitada num clima de guerra procura entrincheirar-se; todo o policiamento e os cidadãos hábeis no manuseio de uma arma de fogo encontram-se a postos, e até mesmo aqueles que não possuem tal traquejo mostram seu valor e coragem abrigados em algum lugar seguro, com boa visibilidade para disparar e abater sem piedade, todos aqueles que infringidos a lei, tentarem invadir suas casas para roubar seus bens e molestar suas famílias. Uma linda jovem passeia por uma rua vicinal, sem saber o perigo que está por vir, mesmo assim caminha elegante com seus trajes estranhos aos daquela época, e também nem imagina que o homem a qual sorriu em saudação, era o cangaceiro mais temido do nordeste.

Luzia Paiva Fernandes

Naquele instante, seu olho sadio, Luzia mais que o sol cálido que castiga as caatingas, enquanto o doente; apenas lacrimeja, é amor á primeira vista, o que sente o rei do cangaço.

Então, logo após a derrota, Lampião e seus cabras arribam-se humilhados e feridos para outras bandas, e além da derrota, ele leva como bagagem no seu coração, a dor de uma tórrida paixão, que como a flor do mandacaru que desabrocha entre os espinhos, ficou protegida na terra do povo mais intrépido do que ele, e seu fuzil já confrontou. Tranqüilo na segurança de seu coito á algumas léguas de Jeremoabo.

Lampião chama Pó Corante e Arvoredo, os cangaceiros violeiros, e após contar-lhes a causa de sua paixão, ordena que nas rimas de um cordel, o acompanhem nos acordes de seus instrumentos. Assim foi:
Se vocês não me conhecem./agora vou me apresentar./sou Virgulino "Lampião"/e hoje vim pra prosear./o porque sou foragido./nas caatingas a vagar./brigando com as volantes./hoje vou-lhes explicar.*me tornei um cangaceiro./ porque resolvi vingar./quem matou covardemente./meu pai para-lhe roubar.*suas roças, nossas terras./onde nós ia plantar./milho,arroz e feijão./pra na feira negociar.*os tribunais da cidade./só ajudam quem pagar./mas nos fóruns dos sertões./a justiça faz pagar.*os ladrões e assassinos./num veredito exemplar./no punhal e na peixeira./fiz seus sangue derramar./*sou cangaceiro e poeta./que nos versos vou contar./ da semente da paixão./que em meu peito foi brotar.*conheci uma linda moça./a onde eu vou falar./seus encantos sacudiram./meu coração de jaguar.*no correio da cidade./seu nome ouvi falar./Luzia Paiva Fernandes./numa carta pra postar.*era linda igual lagoa./numa noite de luar./mais bonita que Maria./que mais eu fazia par.*era mais bela que as flores./dos vasos pra enfeitar./a Santa Virgem Maria./La no alto do altar.
Se ela a mim propusesse./de comigo se ajuntar./deixaria o cangaço./ pra com ela ir morar.*em uma estância no sul./e nos pampas se instalar/criando gado de corte./para a carne charquear.*mas sentido que Luzia./iria me recusar./então decidi de vez./ a cidade atacar.*e sequestrar aquela jovem./e a força lhe levar./pro meu castelo no sertão./e a meu lado reinar.*brigamos de todo jeito./fiquei surdo de atirar./perdi dois cabras da peste./na refrega de lascar.*vi Colchete e Jararaca./que tombaram no lugar./Ponto Fino e Catingueira./não paravam de sangrar.*foi tiros pra todo lado./as balas cortavam o ar./e as que mais acertavam./vinham Lá da "Catedral". Não tinha um canto seguro./para os cabras se amoitar./parecia que até os santos./queriam nos alvejar.*foi por Luzia que eu./dei ordem pra recuar./pois temia que um projétil./nela fosse acertar.*seria um desperdício./que nem gosto de pensar./de ver tanta formosura./num repente se findar.*sô macho, mas tive cisma./daquele povo lutar./reuni a cabrueira./e resolvemos parar.*neste dia senti./a morte me rodear./jurei então não pisar./mais em terras potiguar.*meu Deus! Quanta vontade./de pra Mossoró voltar./e procurar por Luzia./ pra poder desabafar.*falar de tudo que sinto./e de como vou lhe amar./lhe tratando como Deusa./num paraíso sem-par.*hoje aqui em Pernambuco./no meu coito a lastimar./ás vezes fico tão triste./que da vontade de chorar.*a urutau aboia a lua./vendo ela despontar./mas a dor que surge em meu peito./só Luzia faz sarar.*Maria me acaricia./tentando me animar./mas ela não faz ideia./em que estou a pensar.*se ela soubesse do amor./que está a me machucar./me machucaria também./ na ponta do seu "punhar".*eu quero esquecer Luzia./mas nem adianta tentar./meu esforço só consegue./fazer a dor aumentar.*foi Deus quem fez o amor./por isto é gostoso amar./o diabo criou a paixão./como dói se apaixonar.*Corisco meu velho amigo./venha cá me consolar./se eu não resolver este caso./sou capaz de me matar.*se eu não encontrar um jeito./deste martírio acabar./lá pro Rio Grande do Norte./pretendo me arribar.*me encontrando com Luzia./vou com ela conversar./e explicar a razão./de minha vida arriscar.*enfrento até o exercito./e a polícia militar./encaro até mil canhões./só pra um cheiro lhe dar.*se eu não a convencer./e ela me ignorar./a vida pra mim então./sem sentido vai ficar.*serei mais um infeliz./nestes sertões a vagar./até que uma volante./venha a´me localizar.*dai então farei questão./de peito aberto brigar./até que os malditos macacos./de balas iram me arrendar.*mas se Luzia por ventura./minha proposta aceitar./vai haver muitas festanças./sete dias sem parar./e na igrejinha da serra./nos iremos se casar./e meu santo "Padim Ciço"./a missa vai celebrar.***

Desculpa-me a brincadeira, Luzia. Não leve a mal este paranaense que tanto admira o povo nordestino e principalmente os potiguares; e você Mendes; aguarde-me, amigo.

Enviado pelo autor: 
Cabo Francisco Carlos Jorge de Oliveira, do Estado do Paraná

http://blogdomendesemendes.blogspot.com