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sexta-feira, 3 de julho de 2020

LAMPIÃO A RAPOSA DAS CAATINGAS


Fazer o quê? Não é vaidade, O Edson, mas não tenho como me conter diante de um elogio como este. Eis o que escreveu em sua página no Facebook um cidadão de Floresta, Pernambuco, a respeito do meu livro:

“O livro Lampião - a Raposa das Caatingas, do escritor José Bezerra Lima Irmão, nos leva à verdadeira essência do Cangaço no Nordeste Brasileiro, de linguagem fácil e compreensão, em sua pesquisa séria, e quando você começa a ler esse magnífico livro não quer mais para. Um livro desse é escrito a cada 100 anos, uma verdadeira obra-prima, para historiadores pesquisadores amantes do Cangaço. Eu recomendo essa grande obra do meu amigo José Bezerra Lima Irmão”.

A mensagem é de Giovane Macário Gomes de Sá. Conhecemo-nos em Floresta, no recente encontro em Floresta, organizado pelo incansável Manoel Severo Barbosa.

Peça-o através deste e-mail:

franpelima@bol.com.br

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MORRE O ATOR LEONARDO VILLAR QUE INTERPRETOU LAMPIÃO NO FILME "LAMPIÃO - O REI DO CANGAÇO" DE 1964.

Direção de Carlos Coimbra.

Clique no link para você ler todo conteúdo e ver as fotos.


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A MORTE DE EZEQUIEL FERREIRA

Por João de Sousa Lima

Dia 11 de julho de 2018, eu, Sandro Lee e Nilton Negrito estivemos traçando um dos Roteiros do Cangaço em Paulo Afonso e demarcamos um dos mais famosos  pontos da história  em nossa região.Na Lagoa do Mel colocamos uma cruz marcando o local da morte de Ezequiel e onde também morreram 16 soldados.Essa ação faz parte do movimento Rota do Cangaço que eu e Sandro Lee estamos lutando há anos para tornar realidade em nossa cidade. Já pontuamos vários espaços onde houve histórias sobre o tema. Ainda falta alguns locais a serem delimitados para podermos finalizar esse projeto, que esperamos encerrar ainda em 2018.

PARA ENTENDER UM POUCO MAIS DA HISTÓRIA SOBRE  O LOCAL ONDE ESTIVEMOS E ONDE MORREU EZEQUIEL, IRMÃO DE LAMPIÃO...

Um dos mais ferrenhos combates de Lampião na Bahia aconteceu em Paulo Afonso, no povoado Baixa do Boi. Nesse confronto morreu, a principio,  16 soldados  e posteriormente, em fuga e perdidos, morreram mais 3 policiais.

O cangaço era movido por tiroteios, mortes e ferimentos. Lampião foi grande estrategista e astucioso, com uma grande capacidade de pressentir o perigo que constantemente o rondava. O famoso cangaceiro vivia dividido entre os inúmeros combates e mesmo tendo desenvolvido uma quase perfeita estratégia de segurança, contando com o apoio dos numerosos coiteiros, tinha sempre a morte rondando seus dias e sofreu consideráveis baixas em seu contingente. Entre seus maiores dissabores ele sofreu trágicas perdas e ver alguns irmãos sucumbirem em combates sobre sua proteção, foi doloroso. No campo de luta ele viu três irmãos morrerem. O primeiro morto em combate foi o Livino ferreira da Silva, no ano de 1925, em um tiroteio acontecido na fazenda baixa do Juá, próximo a cidade de Flores, Pernambuco, com volantes paraibanas comandadas pelos sargentos José Guedes e Cícero de Oliveira. Livino faleceu oito dias após esse tiroteio, com 29 anos de idade.

Ezequiel Ferreira e Virgínio

O segundo irmão a deixar o mundo dos vivos foi Antonio Ferreira, nascido em 1896 e morto em janeiro de 1927, na fazenda poço do ferro, Tacaratu, Pernambuco, propriedade do coronel Ângelo da Jia, em decorrência de um acidente ocasionado por Luiz Pedro, que disparou sua arma acidentalmente atingindo o próprio amigo. O terceiro morto em combate foi Ezequiel Ferreira da Silva, o mais jovem irmão, nascido em 1908. Ezequiel passou a acompanhar Lampião em 1927, junto com o cunhado Virgínio. Ele tinha o apelido de Ponto Fino, alcunha adquirida pela justeza do seu tiro. Sua morte aconteceu em Paulo Afonso, Bahia, no povoado Baixa do Boi, terras pertencentes na época a santo Antonio da Glória do curral dos Bois.

O tenente Arsênio Alves de Souza chegou ás imediações do povoado Riacho com uma volante composta por aproximadamente 20 soldados e tendo como guia os dois irmãos Aurélio e Joví, que eram fugitivos da cadeia de Glória, preso pelo inspetor de quarteirão, o senhor Pedro Gomes de Sá, pai da cangaceira Durvinha. A volante chegou ao povoado riacho no dia 23 de abril de 1931, trazendo entre seu aparato bélico uma metralhadora Hotchkiss. O primeiro contato do tenente no lugar foi com Zé Pretinho e o jovem foi forçado a seguir com os policiais. Cruzaram o terreiro de dona generosa Gomes de Sá, coiteira de Lampião e foram armar acampamento na Lagoa do Mel, um tanque construído por Antonio Chiquinho.

Tenente Arsenio

Sargento Leomelino Rocha

Enquanto a policia se preparava para passar a noite na lagoa do Mel, outras fontes confiáveis de informações de Lampião se dirigiam para o povoado Arrasta-pé para avisar ao Rei do Cangaço sobre a presença dos militares nas proximidades. Lampião mandou avisar Corisco e Ângelo Roque, que estavam arranchados bem próximos e junto com eles combinaram um ataque aos soldados.

Ainda com o escuro da noite, próximo ao amanhecer, Lampião recolheu alguns chocalhos com Pedro Gomes e seguiu as veredas que davam a cesso a lagoa do mel.No coito da policia, prestes a amanhecer, o Zé Pretinho saiu com o intuito de pegar um bode para fazer parte do desjejum de todos ali. Com a escuridão se transformando em luz, os soldados ouviram o tilintar de chocalhos e imaginaram que seriam os bodes se aproximando para beber água (um dos sobreviventes desse combate, o soldado José Sabino, ordenança do tenente, relatou, anos depois, que realmente confundiram os chocalhos, achando que eram alguns caprinos se aproximando para beber água na lagoa). Na verdade eram os cangaceiros cercando o coito.

Despreocupados, os policiais sofreram um forte e inesperado ataque, uma verdadeira chuva de balas caiu sobre eles. Vários corpos caíram atingidos por balas mortais e certeiras. A dificuldade encontrada pelos soldados foi que eles cometeram um grande vacilo. A lagoa do Mel era rodeada por uma cerca de varas e eles haviam dormido dentro do cercado. Quando eles tentavam transpor as madeiras se transformavam em alvo fácil e caiam mortalmente feridos. Um exemplo dessas mortes trágicas foi a do sargento Leomelino Rocha que morreu e ficou de pé pendurado nas madeiras. Em um dos bolsos desse sargento lampião encontrou um bilhete do coronel Petro indicando alguns locais onde ele se escondia.



O tenente Arsênio diante o desespero do momento, conseguiu efetuar uma rajada de metralhadora e acabou acertando a barriga de Ezequiel Ferreira. A arma depois emperrou e o tenente conseguiu retirar o percussor (ferrolho) da arma e fugiu levando a peça que deixaria a arma inutilizável. Nesse dia Lampião chorou amargamente a morte do irmão caçula e teve que enterrá-lo, com a ajuda de Antonio Chiquinho, próximo a Lagoa do Mel.Era a vida dos que viviam pelo poder das armas, que tombavam no dia a dia, pelo aço lacerante do pipocar das artilharias dos diversos grupos que traçaram as páginas do cangaço no nordeste brasileiro.

João de Sousa Lima
Paulo Afonso 12 de julho de 2018
https://joaodesousalima.blogspot.com/2018/07/a-morte-de-ezequiel-ferreira-as-cruzes.html
Membro da SBEC- Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço
Membro da Academia de Letras de Paulo Afonso – cadeira 06


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TEOFILO PIRES DO NASCIMENTO, UM BRAVO SOLDADO DA VOLANTE - JOÃO DE SOUSA LIMA

http://joaodesousalima.blogspot.com/2020/06/teofilo-pires-do-nacimento-um-bravo.html
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LAMPIÃO E O CÓDIGO DO CANGAÇO


Osvaldo Abreu (Abreu)
Alto da Compadecida, 3 de julho de 2020

Lampião não era falaz,
Homem de raro riso,
Candeeiro falava demais,
Abri a boca era seu vício.
Devemos ficar com a orelha atrás
Ao ouvir aquilo ou isso.

É difícil estabelecer
O que é história ou estória do cangaço?
A vaidade do homem sempre vai ter,
O mentiroso sempre cai no laço.
Havia um código cangaceiro; “Nada a dizer.”
No silêncio é difícil de cair em embaraço.

Alguns ex-cangaceiros falaram demais,
A maioria fugiu e prefiro o silêncio.
Volta Seca tinha a fantasia do pequeno rapaz.
O cemitério guarda segredo imenso.
Descobrir o silêncio quem é capaz?
Para o bom viver; calar e não ser extenso.

Os fiéis ex-cangaceiros correram dos jornais
Tiveram medo e receio da imprensa,
A discriminação era demais.
Não valia a pena dizer o que se pensa.
O Massacre de Angico, em 38, não se desfaz,
11 cangaceiros mortos no sertão de crença.

Os sobreviventes foram mais do que o dobro,
Fuzil não enfrenta metralhadora,
Correr, correr foi o melhor sopro.
Balas pra lá e pra cá não são acolhedoras,
Corrida entre espinhos e muitos topos.

Volante e cangaceiros eram gente sofredora.
A verdadeira história cangaceira
Foi levada no caixão,
A resposta está em cada caveira
Que foi fiel ao capitão.
Não se pode acreditar em gente faladeira,
Boca calada tinha Lampião.

No meio, Lampião cumprimentando o fotógrafo Benjamin Abraão, Maria Bonita e Cangaceiros - 1936.


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MANCHETES HISTÓRICAS A MORTE DO MATADOR DE "LAMPIÃO"

Lampião e mais 10 cangaceiros foram assassinados no dia 28 de julho de 1938, na grota do Angico/SE. Participaram do evento as volantes comandadas pelo ten. João Bezerra, pelo aspirante Ferreira de Melo e pelo sgtº Aniceto.
Com relação ao soldado, que deu o primeiro tiro mortal no rei do cangaço, a maioria dos pesquisadores do tema, é uníssona no sentido de que foi o soldado Antonio Honorato, o autor do disparo, mas há quem pense de modo contrário.

O famoso jornalista “Melchiades da Rocha”, em sua brilhante obra " bandoleiros das caatingas " , narra em detalhes, todos os aspectos da morte de Lampião, inclusive salienta as entrevistas que fez com o soldado Honorato e demais membros das volantes, na época do famoso evento.

A revista Edição Extra, ano I, nº 13 de 09/09/1962, traz o seguinte título:
“Assassinado o matador de Lampeão”, e, como subtítulo " Quem com ferro fere, com ferro será ferido " , valeu para o terceiro sargento aposentado da volante".

 Aos 56 anos de idade residindo na capital Alagoana o veternao da PM foi assassinado pelo sobrinho de sua esposa, um jovem de 18 anos.

Vejamos, logo abaixo, as fotos e o texto dessa importante matéria. Clique para ampliar

 Honorato e jornalista Melchiades da Rocha,
examinando o fuzil que abateu Lampião.




   

Obs.:

A maioria dos pesquisadores/escritores do cangaço discorda que o soldado Honorato tenha ferido "Maria Bonita". Tal feito é "mais" atribuído ao soldado “Panta de Godoy”.
Créditos: Ivanildo Alves Silveira


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HISTORIZANDO A FOTO


Clerisvaldo B. Chagas, 3 de julho de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
“Crônica”: 2.338

Analisando didaticamente a foto abaixo de Santana do Ipanema 1920. Raridade.

1.   Foto do comércio de Santana do Ipanema em 1920, ainda Na condição de vila.

Foto livre 230 (Domínio Público)

2.   Primeiro observe o calçamento com pedras grandes. Um privilégio para a vila calçada, obras de arte no piso.

3.   Esse é um dos trechos do comércio. Rua entre o antigo “prédio do meio da rua” (demolido na gestão Ulisses Silva) e a parte fixa do casario à direita da foto.

4.   Vestuário. Homens elegantes na esquina do “prédio do meio da rua” à esquerda. À direita, mais homens elegantes na calçada.

5.   Homem encostado num poste de iluminação à óleo de baleia,
Azeite de mamona ou gás. Poste semelhante na calçada do “prédio do meio da rua”, à esquerda.

6.   Destaque para a casa de primeiro andar, à direita. Construção e residência do Coronel Manoel Rodrigues da Rocha, por algum tempo.

7.   Ao fundo, continuação da Rua do Comércio, para a primeira rua de Santana, após o quadro comercial, chamada Rua do Sebo, como apelido, Cleto Campelo e depois Antônio Tavares.

8.   Tempo chuvoso, pelas nuvens apresentadas e instrumentos nas mãos dos homens que parecem guarda-chuvas, porém, intervalo de estio.

9.   Foto de autor desconhecido. Domínio público. Encontrada em nosso livro “230”.


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CANGACEIRO "ESPERANÇA" SUA MORTE E SUA HERANÇA


Por João De Sousa Lima (na íntegra)

A fazenda Quirino, no povoado São Francisco, Macururé, Bahia, era um  dos coitos do bando de Lampião e principalmente reduto dos cangaceiros nascidos entre Macururé, Brejo do Burgo, Santo Antonio da Glória  e Chorrochó. Entre eles Gavião, Azulão, Esperança, Cocada, Zé Sereno, Zé Baiano e Gato.  No povoado São Francisco a mãe de Esperança, dona Andressa, tinha terras por lá, porém ela residia na Várzea da Ema. O comandante de volante que destacava na Várzea da Ema era Antonio Justiniano e dois dos soldados que ele comandava eram irmãos de Esperança: Vicente, apelidado de Medalha e Ananias.

A fazenda Quirino pertencia a Ludugero, tio do cangaceiro Esperança.
    
Esperança, Cocada, Pancada e Gavião, encontravam-se acoitados próximo ao sítio Quirino. Dentro de um cercado os cangaceiros catavam imbu quando chegou o dono do terreno e Cocada o prendeu e depois o soltou. O sertanejo correu e foi avisar policia do encontro que teve com os cangaceiros.

Cangaceiro Esperança
    
Dona Andressa sempre que precisava ir ver suas criações no São Francisco tinha que pedir autorização ao comandante do destacamento e foi em uma dessas viagens que ela travou diálogo com o contratado Reginaldo que lhe sugeriu pedir para que Esperança se entregasse que nada lhe aconteceria, de preferência que ele trouxesse a cabeça de um companheiro que sua vida tava garantida. Andressa levou o recado ao filho que mesmo relutante acabou cedendo aos apelos da querida mãe. Reginaldo mandou roupas novas de mescla azul para Esperança. O cangaceiro ainda relutante disse a mãe que não tinha coragem de se entregar e a mãe saiu triste.
    
Era março de 1933, no coito encontrava-se Esperança, Cocada, Gavião e Pancada. 

Esperança chamou Cocada para irem pegar água em um caldeirão ali próximo. Os dois seguiram na direção do caldeirão. Diante quando chegaram ao caldeirão sentaram-se e ficaram conversando. Cocada limpou sua arma e depois pediu a arma do amigo para ele limpar e Cocada entregou seu mosquetão. Esperança limpou, colocou uma bala na agulha e detonou. O cangaceiro com o impacto do tiro caiu uns dois metros de distância e sem saber de onde tinha partido o disparo pediu socorro:

- Me acode Esperança, não deixe os “MACACOS” me matar!
    
Esperança pegou o facão da marca jacaré, partiu na direção do moribundo e o degolou ainda com vida. Pegou os bornais, armas, a cabeça do cangaceiro e foi se entregar a policia. Na Várzea da Ema ele se entregou  as autoridades, contou detalhes da morte que fez, denunciou os coitos dos cangaceiros na região. Com dez dias  depois  foi encaminhado para a cidade de Uauá, onde o capitão Manoel Campos de Menezes que o livrou da prisão e o incorporou na volante policial do tenente Santinho como contratado . Ficou sendo o corneteiro do grupo. Trabalhou em Jeremoabo e faleceu tempos depois na cidade de Juazeiro, Bahia.

AINDA NA PRISÃO EM VÁRZEA DA EMA.

O cangaceiro Esperança quando preso, já atendendo agora por Mamede, seu nome real, encontrou o com o jovem sobrinho José  Gonçalves Varjão, apelidado de Pororô e lhe confidenciou que na frondosa árvore lateral a casa de sua família, enterrado próximo ao seu tronco, tinha um material guardado e que ele tirasse e entregasse a seu pai. Pororô procurou ao redor da árvore mais diante da pouca idade não encontrou forças para continuar a empreitada de escavação no duro chão de cascalhos. O tempo passou, Pororô cresceu e retornando certo dia de uma caçada, quando se aproximava de sua velha residência, viu quando seu cachorro passou acuando um preá, o cachorro parou próximo a antiga e frondosa árvore, Pororô se aproximou e viu o cão rosnando e olhando para um pé de macambira, Pororô tirou a cactácea e avistou uma lajota cobrindo um buraco, tirou a pedra, o preá correu com o cachorro latindo atrás, Pororô puxou um tecido em farrapos que cobriam algumas peças, entre elas: Uma colher de prata, 160 cartuchos de fuzil, um punhal, uma espora e algumas moedas. Era esse o tesouro de Esperança que ele havia pedido para o sobrinho guardar. Pororô vendeu os cartuchos a um dos prefeitos de Macururé. A colher de prata, algumas moedas, o punhal e uma das esporas ele me presenteou. Na colher encontramos as letras: MA. Talvez o cangaceiro tenha tentado escrever seu verdadeiro nome: MAMEDE. No punhal tem um “NA” ou “NH”.

Pororô ainda reside e seu irmão Izidoro ainda residem no São Francisco e os Quirino é herança que ficou com a família. Aquele longínquo pedaço de chão ainda guarda as histórias do cangaço vivido em suas terras, memórias ainda latentes de um tempo que teima em não ser esquecido e nem deve....

SEGUE EM ANEXO A ESSE TEXTO UMA DAS CARTAS DE INTERROGATÓRIOS REALIZADOS PELA POLÍCIA E QUE MOSTRA A IMPORTÂNCIA DESSES LUGARES CITADOS COM A HISTÓRIA DO CANGAÇO E A REFERÊNCIA COM PESSOAS DA LOCALIDADE. A CARTA VAI TRANSCRITA NA INTEGRA COM OS ERROS E INCORREÇÕES:

“Aos três do mês de maio de 1932, no arraial de Várzea da Ema em casa de residência do segundo tenente Antonio Justiniano de Souza, sub delegado de policia, foi interrogado o bandido acima referido que disse:

“Em 1929, estando ele bandido, em seu rancho no lugar denominado São Francisco, foi surpreendido pelo grupo de Lampião que ali chegava a mando do Cel. Petronílio de Alcântara Reis, para que fosse as imediações do Icó e ali receber dinheiro enviado para Lampião, cuja importância era 20:000$000, mas só foram entregues 18:000$000 e que dois restantes Lampião disse que dava por recebido, quando lhe mandasse um cunheito de munição; o que não sabe-se se isso efetuou-se,  mais depois ouviu do bandido ferrugem a declaração de que teve referido Cel. Petronilio havia comprado munição. E que devido a esse encontrão foi ele depoente obrigado a refugiar-se nas Caatingas, pois as forças andavam a sua procura tendo por isso de quando em vez constantes encontros com os cangaceiros, merecendo do mesmo consideração a ponto de lhe ser entregue por “Lampião” um rifle com cem cartuchos, os quais conservou até a data de sua prisão, não tendo, porém feito uso da dita arma para a prática de crime.
    
Que sempre foi seduzido por “Lampião”  para fazer parte do seu grupo, mas nunca aceitou, apesar de ter parente no grupo, como sejam: Azulão, Carrasco e Moita Brava. Que esses encontros se efetuavam no lugar denominado Quirino para Lagoa Grande, sendo os sinais convencionados para os referidos encontros, três  pancadas em um pau seco, ou então berrando como boi; que nunca recebeu dinheiro de “Lampião” a não ser algumas roupas dadas pelos cãibras.
    
Que nos últimos encontros que “Lampião” teve com as tropas. Ele respondendo notou que alguns companheiros estavam desgostosos por verem os sacrifícios da causa, que nessa data viajaram nos “cascalhos” das aroeiras com direção a Várzea pernoitando a três quilômetros de distância.
    
Que nessa mesma noite desligou-se do bando a meia noite com Manoel Sinhô de Aquileu, sem que fossem pressentidos pelos outros e vieram pairar nas “Canouas” onde foram informados por Pedro de Aquileu que havia garantia para todos aqueles que tinham ligações com cangaceiros, uma vez que procurassem as autoridades para se entregarem.
    
E baseado nisso em companhia de Pedro veio à procura do Tenente Justiniano em Várzea de Ema onde se acha. Disse mais que “Lampião” depois do combate do touro com o Tenente Arsênio cuja força foi imboscada e morreu quase toda, escapando o referido oficial, pois é um herói que infrentou o grupo que era numeroso, com um fuzil metralhadora dando somente três rajadas conseguiu matar o irmão de Lampião, Ponto Fino e sendo forçado a abandonar a arma deixando-a inutilizada pelos bandidos.
    
Que nessa ocasião encontrou Lampião cartas ao Cel. Petronilio acusando Lampião, por isso Lampião resouveu queimar algumas fazendas referido Cel. Petronilio.
    
Disse mais que ouviu de Lampião dizer que tinha mil tiros de fuzil enterrados em um ponto lá para baixo, não declarado ao certo o lugar e que ia também a Curaçá a procura de outros mil tiros que tinha para lá.
    
Quanto ao armazenamento sabe que Lampião tem alguns  rifles ensebados em ocos de pau (ensebados, para não darem o bicho próprio de madeira).
    
Perguntado quais são as pessoas que fornecem armas a Lampião respondeu que não conhece mais sabe que nas fazendas Juá, Várzea, e São José há “coitos” onde lhes prestam bastante serviços em abastecimentos.
   
E por nada mais dizer nem lhe ser perguntado deus-se por findo estas declarações ao presente auto que vae por todos assignados pelo tenente e testemunhas.

Várzea da Ema, 7 de maio de 1932”

Paulo Afonso, Bahia, 16 de fevereiro de 2013

João de Sousa Lima,
Historiador e escritor, Membro da ALPA- Academia de Letras de Paulo Afonso.
Membro do IGH- Instituto Geográfico e Histórico de Paulo Afonso
Membro do Grupo de Estudos do Cangaço do Ceará- Fortaleza- CE.

Izidoro, João Lima e José Pororô. Sobrinhos de Esperança abraçando o escritor João de Sousa Lima.                                               







João e Jovelina Barbosa,  irmã do cangaceiro Azulão, povoado São Francisco.







Sargento Otávio Farias, radiotelegrafista da policia baiana, serviu na Várzea da Ema, enviava sempre as mensagens contando os combates dos cangaceiros contra as volantes.








cabeça do Cangaceiro Cocada,morto por Esperança.








Punhal de Esperança.





Colher de prata de Esperança presenteada ao escritor João de Sousa Lima pelo sobrinho do cangaceiro.
detalhe do cabo do punhal de Esperança.







Iniciais MA escrito no cabo da colher de prata. A prata foi muito usada pelos cangaceiros para testarem bebidas e comidas se estavam envenenados.





detalhes do punhal e da colher de prata.








Ludugero, tio de Esperança, dono da fazenda Quirino.











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