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quarta-feira, 24 de junho de 2020

FOTOS ORIGINAIS DOS TEMPOS DO CANGAÇO E DE LAMPIÃO RESTAURADAS E COLORIDAS.


1 - Neném do ouro, Maria bonita e Lampião 1936


2 - Corisco 1936


3 - Ponto fino ll e Jurity 1936

4 - Lampião na fazenda Jaramataia 1928

5 - Barreira e a cabeça de atividade 1937


6 - Bando de Zé sereno 1936


7- Maria Bonita 1936


8 - Cabeças de Serra Branca, Eleonora e Ameaça


9 - Tenente Manuel neto e Pedro da Luz


10 - Tenente Manuel Neto


11- Corisco 1936


12- Cirilo de Engracia


13- Corisco 1936


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FLORO NOVAIS HERÓI OU BANDIDO?


Por José Mendes Pereira

Este livro eu o tenho e é muito bem narrado e gostoso de ler. Recebi  gratuitamente das mãos do professor e pesquisador do cangaço Francisco Pereira Lima,  

Se você estiver interessado adquiri-lo entre em contato com o professor Pereira através deste e-mail: 

franpelima@bol.conm.br

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VÍDEO RARO DA CONSTRUÇÃO DE PAULO AFONSO



Hidro Elétrica de Paulo Afonso - Nada se Cria, Nada se Perde.

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ALAGOAS, 200 ANOS DE HISTÓRIA - DELMIRO GOUVEIA (EP. 01)



Primeira parte do documentário sobre os 200 anos de Alagoas. Serão oito episódios com duração de 15 minutos cada, abordando diversos aspectos do Estado, como economia, política e etc.
Música neste vídeo
Música
Artista
Fernando Melo
Álbum
Alagoas Em Trilogia: Da Lagoa Pro Mar do Mar Pra Lagoa
Licenciado para o YouTube por
The Orchard Music (em nome de Tratore) e 1 associações de direitos musicais.

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ABRINDO O LIVRO DA HISTÓRIA

Clerisvaldo B. Chagas, 24 de junho de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.331

Alvino consertava sombrinha; Zé Preto e Joaquim vendiam mangalhos na feira; Tributino consertava tarrafas; Dona Antônia era lavadeira; Zefinha, engomadeira; Maria Lula vasculhava casas; Mário Nambu, caçador; Alípio bebia cachaça; Seu Tô retelhava  residências; Caçador, cantava; Genésio era sapateiro; Otávio, marchante; Lourdes, macumbeira; Tina, rapariga; Zé Alma Dadinho e pai, sapateiros; tudo era gente da beira do rio, braço extensivo da cidade, entre as Ruas São Paulo e a de Zé Quirino. Uma página virada na história santanense, cheia de pobreza e vida. Anos 50-60, marcha lenta para a Santana rumo Século XXI. Esfarelando o geral da apresentação:
Zé Preto construiu um oratório na Pedra do Sapo, a pedra grande em forma de sapo que demarcava as cheias no Ipanema. Os vândalos destruíram o oratório, deixando só a escadaria. Mário Nambu, grande atirador no voo, caçava por encomenda. Maria Lula, abastecia sua pobre residência transportando água do rio em pote de barro com rodilha, carregado à cabeça. Sempre contratada para vasculhar as casas com vassoura da palha e vara comprida. Galega tipo alemã, ficava muito vermelha quando ingeria “pinga”. Seu Tô, moreno, calmo, era o retelhador número um de Santana. Chapéu único, tipo polícia montada do Canadá, ainda hoje faz falta em tempo de inverno. Alípio era beberrão. Diziam que ele fora jogador do time Ipanema, quebrara uma perna e se dedicara ao vício da embriaguez.
Esses personagens fazem o santanense voltar a bater na mesma tecla: MEMORIAL DO RIO IPANEMA. Temos abrigo ficando ocioso, escola fechada, ao abandono, matadouro desativado, qualquer um desses imóveis poderia abrigar o MEMORIAL. Está faltando a disposição de uma entidade, de intelectuais, de um grupo disposto de quatro ou cinco pessoas que tomem à frente do empreendimento. Ali você encontraria réplica das canoas do Juá, tarrafas, Jequis, muito artesanato ribeirinho, fotografias e mil outras peças que fariam bastante sucesso entre os seus visitantes. Os acomodados ficam apenas aguardando uma iniciativa da prefeitura. Não movem uma palha, em favor do resgate do maior acidente geográfico do sertão e pai de Santana. E olhe que temos vários cursos superiores na cidade. Dizer mais o quê? Até São João sem festejo pede o MEMORIAL DO RIO IPANEMA.


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VOLTA SECA, O CANGACEIRO DE LAMPIÃO

Por Nataly Mendonça (Estudante de Direito)
Uma análise sobre a nova obra

“Vou guardar, no dia que eu saí daqui desse xilindró vô atráis desse tar iscritô mintiroso e vô fazê ele inguli todin, tô com a pinimpa no côro agora.” (Volta Seca ao descobrir que Jorge Amado usou sua identidade para criar um personagem.)

Escritor Jorge Amado

Nos meus tempos de Ensino Médio, ao ler Capitães da Areia, senti certa empatia em relação ao personagem da trama cujo padrinho era Lampião. Ao término da leitura, acabei esquecendo o assunto. Tempos depois, lá para meados de 2015, descubro que o menino cangaceiro realmente existiu e que ainda por cima tinha sangue sergipano. 

Robério Santas

Foi o suficiente para atiçar minha curiosidade. Na época, o autor Robério Santos (ele quem me apresentou ao Volta Seca real) me contou superficialmente a história do cangaceirinho e disse que em breve lançaria um livro sobre ele. Desde então, vinha aguardando ansiosamente para ter este tal livro em mãos, que, apesar de ter guardada uma cópia em PDF, esperei para poder folheá-lo e sentir aquele cheirinho típico de livro novo.

As quatro vidas de Volta Seca é uma leitura extremamente deliciosa. Sua narrativa é diferenciada, montada de forma “romanceada”, incluindo falas e descrições de cenários, as quais possibilitam que o leitor imagine toda a situação. Se não fosse a árdua pesquisa por trás da construção desta biografia, o livro poderia facilmente ser considerado uma obra de ficção. No entanto, cada fato narrado ali aconteceu e, enquanto lia, ficava imaginando o minucioso trabalho de coletar, filtrar, selecionar e organizar todas as informações sobre Antônio dos Santos, o menino cangaceiro. Um verdadeiro quebra cabeças. Vale ressaltar que o livro possui uma iconografia superinteressante, que ajuda a ilustrar a trama e enriquece ainda mais a experiência de leitura.

O livro está dividido em quatro “encarnações”; a primeira, narrando sua infância, que não foi muito diferente das demais crianças nordestinas que viveram no sertão. Particularmente, foi minha parte preferida do livro, talvez por reconhecer nas narrativas situações que meus avós e pais vivenciaram em certo momento da vida. É emocionante, além de ser uma boa fonte antropológica. A segunda encarnação se dá início quando Antônio dos Santos entra para o bando de Lampião e se transforma em Volta Seca. Vemos, nessa parte, como era o dia-a-dia nômade da vida dos cangaceiros e alguns dos eventos mais chocantes envolvendo estes, como a chacina em Queimadas, na Bahia, em 1929. A fase do cangaço é a mais chocante, nela vemos uma criança que, ao ser exposta ao determinismo do meio, perde sua inocência e se vê fazendo parte do banditismo.


A terceira parte do livro enfoca a longa passagem de Volta Seca pela cadeia, o qual foi preso aos treze anos de idade e condenado injustamente a 145 anos de prisão. Nesta encarnação vemos o menino amadurecer físico e mentalmente atrás das grades, suas fugas e também a exploração midiática intensa sofrida por ele enquanto preso. Um detalhe enriquecedor do livro nesta parte são as entrevistas de diversos jornais que foram incluídas. Nelas, fica bem claro o quanto a mídia distorcia, aumentava fatos e inventava mentiras, as quais, na maioria das vezes, denegriam a imagem do menino cangaceiro. A quarta e última parte narra a vida de Volta Seca a partir de quando ele consegue sua tão sonhada liberdade, após cumprir vinte anos de cárcere e ter sua pena reduzida. Ele abandona seu apelido de cangaceiro e volta a ser Antônio dos Santos, um homem que compôs música, se envolveu com cinema, teve muitos filhos, trabalhou honestamente e terminou sua vida de forma simples e pacata.

Em suma, as quatro vidas de Volta Seca é um livro que desperta o interesse de vários públicos. Um adolescente terá uma boa história para ler, um historiador, uma bela fonte sobre o fenômeno do cangaço, um antropólogo com certeza poderá fazer uma análise da vida nordestina, um jurista terá em mãos um caso em que o direito foi mal aplicado, um sociólogo analisará o determinismo. Enfim, uma obra de qualidade, perfeita para presentear inúmeros públicos, que, após terminarem a leitura, provavelmente ficarão tão encantados pelo tema quanto eu.


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ANTONIO DOS SANTOS O CANGACEIRO VOLTA SECA

Por Geraldo Júnior
Na fotografia acima, à direita, está o Jornalista Berliet Júnior (Jornal Diário da Noite), é o ex-cangaceiro Volta Seca (Antônio dos Santos) à direita.

Já faz um bom tempo que não apresento matérias relacionadas ao polêmico cangaceiro "Volta Seca" e, revirando o meu baú, deparei-me com essa imagem que para muitos (as) é desconhecida, e por isso resolvi publicá-la, para o conhecimento geral e "alegria" da confraria cangaceira.

https://www.youtube.com/watch?v=yxjWPUJmVvA

Preso no ano de 1932, o antigo cabra de Lampião usou e abusou do "direito" de criar histórias e falar inverdades àqueles (as) que o entrevistaram. No ano de 1957, com o apoio da gravadora "Todamérica" lançou um LP com músicas relacionadas ao cangaço, canções como "Acorda Maria Bonita", "Mulher Rendeira", entre outras.

https://www.youtube.com/watch?v=7v3kEN8XDho

Foto: Diário da Noite
Geraldo Antônio de Souza Júnior (Administrador do Grupo)


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DESTINOS DIFERENTES - A FAMÍLIA DE LAMPIÃO EM JUAZEIRO DO NORTE, CE


Por: Leandro Cardoso

Muita gente não sabe, mas a família de Lampião viveu em Juazeiro do período de 1923 a 1927, com a permissão do Padre Cícero. Na segunda década do século passado, por duas vezes, a família Ferreira teve que se mudar em razão dos entreveros com o vizinho José Alves de Barros, o Zé de Saturnino. Na primeira vez, obedecendo a um pacto de acomodação arbitrado pelo Coronel Cornélio Soares de Vila Bela, mudaram-se para a Vila de Nazaré (hoje Carqueja–PE).

Na segunda vez, demandaram à cidade alagoana de Mata Grande, ocasião em que morreram os genitores de Lampião, José Ferreira (vítima da volante de José Lucena Maranhão) e Dona Maria (vítima de um ataque cardíaco).

Em 1922, o jovem cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva, já definitivamente com o pé fincado no cangaço, assume a chefia do bando do célebre Sinhô Pereira, que deixava o Nordeste em fuga para Goiás.

A família Ferreira, sem possibilidade de retornar para Vila Bela, procura abrigo em Juazeiro do Norte. Com a morte dos pais, João Ferreira (o único dos irmãos que não entrou para o cangaço), assume a chefia da família. Após conversa com o Padre Cícero, recebe permissão para se estabelecer em Juazeiro com as irmãs, cunhados, primos (os Paulo) e sobrinhos.


Lampião e familiares em Juazeiro do Norte

Na passagem de Lampião por Juazeiro do Norte, em 1926, foram tiradas várias fotografias da família. Na célebre foto da família reunida (que é vista acima), vemos na extrema esquerda sentado, Antônio Ferreira e na extrema direita, Lampião; a segunda sentada da direita para a esquerda é Dona Mocinha (tendo seu marido, Pedro Queiroz, atrás de si); ao lado direito de Pedro está João Ferreira; do lado esquerdo de João está Ezequiel (que depois entraria para o cangaço com o vulgo de Pente Fino); e, finalmente, o segundo da direita para a esquerda, em pé, é Virgínio (seria o futuro cangaceiro Moderno, chefe de grupo), casado com uma irmã de Lampião, que logo morreria de parto em Juazeiro.

Na ocasião da foto, Dona Mocinha (Maria Ferreira de Queiroz) estava recém-casada com Pedro e, nas várias ocasiões em que a entrevistei, ela sempre externou a enorme benevolência do Padre Cícero, e que todos da família se sentiam seguros em Juazeiro. Dona Mocinha, hoje com 96 anos, única remanescente viva dos irmãos e irmãs de Lampião, mora em São Paulo e foi diversas vezes entrevistada por mim. Contou-me que aprendeu a dançar com Virgulino tocando “harmônica” no terreiro da fazenda “Passagem das Pedras”, em Vila Bela, e que o irmão vivia na casa da avó, Dona Jacosa Lopes. Refere-se aos irmãos sempre com muito carinho, dizendo que o mais fechado era Antônio e o mais brincalhão era Livino Ferreira. E, em todas as vezes que conversamos, sempre externou a excelente acolhida que a família teve em Juazeiro, e gratidão de todos ao Padre Cícero. Tanto é que seu primogênito é afilhado do Padre Cícero.

Rememora com muita satisfação dos familiares de João Mendes de Oliveira, de quem se tornaram amigos. Dona Mocinha casou em Juazeiro com Pedro Queiroz e só deixou a Meca nordestina quando a polícia pernambucana intimou seu marido em Vila Bela, e o prendeu arbitrariamente. Então, Dona Mocinha (e parte da família), teve que deixar Juazeiro em 1927 para residir em Serra Talhada.

Para finalizar, deixo minhas homenagens à Dona Mocinha, que hoje, quase centenária e lúcida, é um repositório vivo da história recente do Brasil e de Juazeiro do Norte, uma vez que foi expectadora de camarote de um dos períodos mais interessantes e polêmicos da nossa história recente, além de ser testemunha inconteste do desprendimento e da bondade incondicionais do Padre Cícero Romão Batista.

 O autor com Dona Mocinha

O autor é médico, cordelista, escritor, residente em Teresina, PI – Foto


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MENTOR DE LAMPIÃO - QUEM FOI SEBASTIÃO PEREIRA E SILVA

Nesta edição, o Nossa Folha prossegue com a série de reportagens sobre a vida de líderes de movimentos culturais, sociais e políticos. Última biografia sobre líderes de movimentos culturais, sociais e políticos do Brasil publicada pelo jornal Nossa Folha foi a de Manoel Antônio dos Santos Dias.

Nesta edição, é a vez de Sebastião Pereira e Silva "Sinhô Pereira", nascido em 20 de janeiro de 1896, em Vila Bela, atual Serra Talhada, em Pernambuco, em meio a uma áspera guerra entre as famílias Pereira (a sua) e Carvalho.

 Sinhô e o irmão Luís Padre

Ocupou posição de destaque na grande saga do cangaço nordestino, tendo sido um dos comandantes. Era neto de Andrelino Pereira, o Barão do Pajeú. Em suas andanças pelo sertão, na vida bandoleira, Sinhô Pereira se comportou como homem honesto e nobre, tendo como meta a vingança de dois parentes, vítimas da violenta luta entre as famílias Pereira e Carvalho, que encharcou de sangue e ódio o vale do Pajeú, desde o ano de 1848.

Era alfabetizado e trabalhava no campo, o que o diferia culturalmente dos outros bandoleiros. Ocorre que motivos familiares levaram-no a ingressar no cangaço, tendo recebido a insígnia de comandante de tropa. Segundo ele, a impunidade em Vila Bela teve seu auge em sua juventude, como no assassinato do seu irmão Né Pereira (Né Dadu), que nem inquérito policial houve.

 Né Dadu
(Acervo Lampião Aceso)


Pressionado politicamente e perseguido por forças policiais, viajou para Goiás e Minas Gerais, onde obteve o título de cidadão mineiro. Foi o único comandante de Virgulino Ferreira da Silva (Lampião) e recebeu dos populares o apelido de Demônio do Sertão, por ser rei nas estratégias de guerrilhas pela caatinga. Por várias vezes, foi cercado pela polícia e conseguiu escapar. Segundo históricos, era homem do bem, embora justiceiro popular.

Abandonou o cangaço por duas vezes. A primeira, em 1918, quando Lampião ainda não integrava seu bando. Sinhô Pereira não se sentia à vontade sendo fora da lei, como acontecia com muitos cangaceiros. Ele contava que tinha nascido para ser cidadão, casar e constituir família.

Em 1918, Sinhô Pereira e seu inseparável primo Luís Pereira da Silva Jacobina (Luis Padre) resolveram recomeçar a vida e deixaram o cangaço. Alguns historiadores afirmam que eles haviam atendido a um pedido do padre Cícero Romão Batista que, por meio de carta, pediu que os primos deixassem a região do Pajeú, que vivia em clima de guerra e medo. Ao receber a resposta favorável, o sacerdote cearense enviou outra carta para padre Castro, no município de Pedro II, no Estado do Piauí, pedindo ao vigário que recebesse os dois jovens e encaminhasse-os para o Maranhão, mas os primos escolheram o Estado de Goiás.

A primeira retirada de Sinhô Pereira para o Estado de Goiás ocorreu em dezembro de 1918. De José do Belmonte, em Pernambuco, foram em direção ao Estado do Piauí. Em Simões, já distante do Pajeú, decidiram se separar para despistar possíveis perseguidores, marcando reencontro no Sul do Piauí, em Correntes, próximo à fronteira com Goiás. Dali, seguiriam até a São José do Duro, corruptela de São José d’Ouro, em Goiás, hoje Estado de Tocantins.

Luiz Padre rumou a Uruçuí, no Piauí. Já Sinhô Pereira seguiu para Corrente, também no Piauí, passando por São Raimundo Nonato e Caracol. Próximo destino seria Parnaguá, mas Sinhô Pereira foi surpreendido pela força policial comandada pelo tenente Zeca Rubens e um contingente de 20 soldados em Caracol.

Na ocasião, a casa em que Sinhô Pereira e seus homens dormiam foi cercada pela força policial. As carabinas de Sinhô Pereira estavam desmontadas, mas depois de um tiroteio, o cangaceiro e seu pessoal fugiram carregando Cacheado, gravemente ferido.

Tido por alguns como “arquiduque do sertão” e, por outros, o rei das guerrilhas na caatinga, mesmo com um grupo de cinco pessoas, conseguiu escapar, pois suas táticas de guerrilha funcionavam.

Ao atingir Nova Lapa, município piauiense de Gilbués, Luiz Padre soube que Sinhô Pereira fora cercado pela polícia do Piauí nas proximidades de Caracol. O primo de Sinhô Pereira resolveu prosseguir a viagem pelo cerrado piauiense, rumo ao Estado de Goiás, passando pela cidade piauiense de Santa Filomena, e perdeu o contato com Sinhô Pereira – que ficou por quatro dias na Fazenda Mulungu, com Cacheado muito ferido, até que o tenente Zeca Rubens mandou-lhe dizer que não o perseguiria enquanto ele tivesse tratando do cabra ferido.

Não resistindo aos ferimentos, o cangaceiro Cacheado morreu nos braços de Sinhô Pereira, que reiniciou a viagem, mas em Jurema, em Piauí, encontrou João de Bola, o cabra que feriu Cacheado, morto em combate por um dos seus homens. A partir deste episódio, a perseguição policial recrudesceu com o tenente Zeca Rubens e seus 40 soldados seguiram as pegadas de Sinhô Pereira que, ao longo das fazendas percorridas, ia trocando de animais.

Novamente cercado pela força policial, quando dormia, 40 léguas para além de Caracol, Sinhô Pereira e seus homens conseguiram furar o cerco policial mais uma vez. Em Tocoatiara Paulista, Sinhô Pereira e seu bando perderam os animais e, em Sete Lagoas, tomaram outros novos, que novamente precisaram ser trocados em Barra de São Pedro.

Nessa ocasião, Sinhô Pereira decidiu voltar ao Pajeú e lutar com seus inimigos, já que não o deixaram buscar a paz e o esquecimento em terras distantes, como era seu desejo. Desanimado, retornou a Pernambuco e desistiu da viagem ao Estado de Goiás. Ali, reassumiu o comando junto dos seus cangaceiros. Assim, em oito dias, estava novamente nas barrancas do Pajeú.

Até que, em 1922, Sinhô Pereira conseguiu deixar o Nordeste no seu segundo e definitivo abandono da vida do cangaço. Desta vez, saiu da Fazenda Preá, propriedade do coronel Napoleão Franco da Cruz Neves, casado com Ana Pereira Neves, sua prima e de Luiz Padre. Foi, então, que Sinhô Pereira entregou o comando do bando para Lampião e resolveu ir aonde estava seu primo, Luiz Padre. Para isso, passou a ter o nome de Chico Maranhão. Assim, Sinhô Pereira e seu primo Luiz Padre nunca foram presos.

 O velho cangaceiro no final da jornada.

O justiceiro popular só voltou a beber das águas límpidas do Pajeú em 1971, quando foi visitar a família em Serra Talhada, em Pernambuco.

Sinhô Pereira faleceu aos 83 anos, na manhã de 21 de agosto de 1979, na cidade de Lagoa Grande, no Estado de Minas Gerais, onde residia naquela época.

 Túmulo de Sinhô Pereira
Foto Ferreira Anjos para o Acervo Cangaçologia de Geraldo Jr.

Pescado no Jornal Nossa Folha


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MARIA BONITA: ESPECULAÇÕES QUANTO À DATA DO SEU NASCIMENTO


Por José Bezerra Lima Irmão

Maria Bonita nasceu no dia 8 de março de 1911 – assim afirmam Antônio Amaury Corrêa de Araújo, Alcino Alves Costa, João de Sousa Lima e Frederico Pernambucano de Mello, informação aceita por todos os estudiosos do cangaço na atualidade. 

Antônio Amaury e Alcino Alves

Essa data serviu de referência para as comemorações do centenário do nascimento de Maria Gomes de Oliveira, a Maria Bonita, ocasião em que o mestre Amaury publicou o seu Maria Bonita – a Mulher de Lampião, sob os auspícios da Assembleia Legislativa da Bahia. Na folha de rosto, o autor assinalou os termos inicial e final da vida da personagem objeto de sua obra: “* 08/03/1911 † 28/07/1938”.

Antônio Amaury e João de Sousa Lima

Essa data foi informada a Antônio Amaury por uma irmã de Maria Bonita chamada Antônia, que, sendo apenas três anos mais nova, tendo portanto praticamente a mesma idade, muito contribuiu para esclarecer várias minúcias sobre a vida de sua irmã.

Antonia irmã de Maria Bonita - - Acervo: Fotos Gilmar Teixeira

O problema é que ninguém conseguiu localizar qualquer documento de Maria Bonita para confirmar a informação de Antônia. Foram vãs as buscas nos cartórios e paróquias de Jeremoabo, Glória (antiga Santo Antônio da Glória, em cujo município se situava a fazenda Malhada da Caiçara) e até de Senhor do Bonfim e Juazeiro.

Oleone Coelho Fontes

Oleone Coelho chegou a considerar que se nem o doutor Amaury conseguiu achar certidão de identidade da cangaceira de Santa Brígida isso é sinal de que ninguém mais o fará, pois ninguém para ter como ele paciência e perseverança para rastejar esses pormenores no chão da história.

Mas Amaury fez escola. A busca foi retomada por seu discípulo João de Sousa Lima, sem dúvida um dos mais abnegados pesquisadores dos assuntos do cangaço, especialmente na região de Paulo Afonso, e nesse aspecto ninguém o supera. João de Sousa Lima dedicou-se anos a fio à pesquisa da vida de Maria Bonita, coligindo dados, entrevistando parentes e antigos moradores da Malhada da Caiçara, Sítio do Tará, Rio do Sal, Riacho e Arrastapé. O resultado desse esforço veio a lume em seu livro A Trajetória Guerreira de Maria Bonita, revelando tudo o que importa sobre a vida e a família da famosa cangaceira. Faltava, porém, uma prova que atestasse a data do seu nascimento, já que a data aceita – 8 de março de 1911 – era baseada apenas na memória de sua irmã Antônia.

Luiz Ruben de Alcântara

Luiz Ruben de Alcântara, outro incansável estudioso, depois de quase duas décadas de pesquisas sobre o cangaço, vasculhando documentos oficiais, jornais e boletins policiais, nas bibliotecas, arquivos públicos e institutos históricos de vários Estados, dá conta de sua perplexidade ante as informações sobre Maria Bonita. Luiz Ruben reuniu com o tempo um universo de elementos sobre o cangaço, e, polido e prestimoso, de forma louvável, põe à disposição dos amigos todo esse cabedal. 

Tudo o que se quiser, é só pedir a ele. Não conseguiu, porém, obter a certidão de batismo ou do registro civil da famosa sertaneja.

Outro grande pesquisador, Frederico Pernambucano de Mello, detentor de considerável acervo sobre o cangaço, reunido e catalogado de forma criteriosa e metódica, também não logrou êxito no tocante às certidões da Musa do Cangaço.

Manoel Severo e Frederico pernambucano de Mello

Com o tempo, alguns livros de registros cartorários e paroquiais se deterioraram (por incêndios, goteiras, mofo, cupins, ratos, baratas, traças) ou se extraviaram.

Há ainda a questão da dificuldade de acesso a esses livros. Não se pode ir a um cartório ou arquivo paroquial e dizer que quer ver este ou aquele livro, e de pronto verificar livremente folha por folha o que nele consta. Não é assim. O interessado precisa saber mais ou menos o que quer, em especial o nome da pessoa a ser pesquisada, o período do fato e outros dados, e então a pessoa competente do próprio cartório ou paróquia faz a busca. Muitas vezes é preciso fazer o pagamento antecipado da taxa do serviço. Quase sempre é marcada data para fornecimento do resultado positivo ou negativo da pesquisa. A busca pelo próprio interessado somente é possível à base do “jeitinho” – por amizade, confiança ou outro recurso.

Padre Celso Anunciação

O padre Celso Anunciação, notável teólogo, comunicador social, clérigo erudito, à época em que foi vigário da Paróquia de São Francisco de Assis, em Paulo Afonso, empenhou-se na busca da certidão de nascimento ou de casamento daquela Maria quetinha o mesmo nome da Menina da Galileia, sendo ele também um estudioso daquela Maria sertaneja, como a Judite que não suportava Holofernes – conforme ele mesmo justificaria a motivação da sua busca, tendo inclusive realizado em Paulo Afonso a mostra cultural intitulada “Maria Bonita em Nós”. Valendo-se da facilidade de acesso aos arquivos paroquiais, o padre Celso empreendeu várias viagens para abrir velhos livros de registros de batismos e casamentos em Senhor do Bonfim, Glória e Jeremoabo.

Voldi de Moura Ribeiro

O pesquisador Voldi de Moura Ribeiro, em companhia do padre Celso Anunciação, achou a certidão de batismo de uma Maria (somente Maria, sem sobrenome), nascida a 17 de janeiro de 1910, filha de Maria Joaquina da Conceição. Em virtude do nome “Maria”, e tendo esta como mãe Maria Joaquina da Conceição, havia sobejas razões para se supor que aquele seria o registro do nascimento de Maria Bonita.

Maria Joaquina mãe de Maria Bonita

Ocorre que o próprio Voldi, tendo entrevistado duas sobrinhas de Maria Bonita –Adailde Gomes de Oliveira (filha de Zé de Déia, irmão de Maria Bonita) e Maria Geuza Oliveira dos Santos (filha de Antônia Maria de Oliveira, irmã de Maria Bonita) –, assegura que “ambas foram enfáticas em afirmar que todas as irmãs de Maria Bonita
tinham o nome MARIA” (Voldi de Moura Ribeiro, Lampião e o Nascimento de Maria Bonita, p. 84).

Em sua pesquisa, Voldi constatou que de fato tanto Maria Bonita como suas sete irmãs tinham todas elas “Maria” no nome, sendo na família distinguidas como Benedita Maria (Benedita), Maria Gomes (Maria de Déia), Antônia Maria (Deusinha), Amália Maria (Dondom), Francisca Maria (Chiquinha), Joana Maria (Nanã) e Olindina Maria (Dorzina).

Maria Bonita e Lampião

A certidão atribuída a Maria Bonita é na verdade a certidão de Benedita Maria, a primogênita, que foi batizada simplesmente como “Maria”, identificando-se na vida adulta como Benedita Maria de Oliveira, Benedita Gomes de Oliveira ou Benedita Maria da Conceição (este foi o nome declarado ao se casar com Antônio José de Oliveira).

Benedita irmã de Maria Bonita - acervo Gilmar Teixeira

Voldi é um pesquisador dedicado e perspicaz. Ele obteve e publicou em seu livro a certidão de “Maria”, ou seja, de Benedita Maria (ob. cit., p. 83).

O próprio Voldi observa que Benedita ora era chamada Benedita Maria de Oliveira (conforme legenda da foto à p. 69), ora Benedita Maria da Conceição (conforme texto em negrito à p. 97). A “Maria” em apreço, ao se casar com Antônio José de Oliveira, declarou o nome de Benedita Maria da Conceição (p. 97-98).

Voldi encontrou na mesma ocasião o assentamento do matrimônio de Joanna Maria d’Oliveira (Nanã, Nanzinha, p. 96-97) e o registro de “Antônia” (sem sobrenome), que é justamente Antônia Maria da Conceição (Deusinha, p. 98-99), o que corrobora a informação de que todas as irmãs tinham “Maria” no nome, se não no batistério, mas no convívio social.

Era comum na época constar nos batistérios apenas o “nome” da criança, sem sobrenome. Lampião foi batizado simplesmente como “Virgolino”, e mesmo no registro civil foi assim que foi feito o assentamento oficial – apenas Virgolino, sem sobrenome.

Voldi Ribeiro obteve também a certidão do registro de nascimento de Maria Joaquina da Conceição (Dona Déia, mãe de Maria Bonita), e ao comentar esse achado ele deixa patente ter percebido que a “Maria” que consta na certidão atribuída a Maria Bonita é na verdade Benedita Maria. Diz Voldi:

“a. O primeiro aspecto que nos chamou à atenção foi o Registro de Nascimento, além de identificar uma coincidência com o nome exato da Mãe de Maria Bonita, tem o fato dela mesmo ter nascido no ano de 1894 e a data e o ano do seu falecimento ter sido em 16 de junho de 1964, então com 70 anos, o que nos indica que no ano do nascimento de Benedita, a primogênita provavelmente em 1909 ou 1911, a mesma estaria então com 15 anos de idade, no costume do Sertão Nordestino da época, era bastantecomum uma mulher ter os primeiros filhos em torno desta idade” (sic – p. 99-100).

Ou seja, quando Maria Joaquina da Conceição (Dona Déia) deu à luz suaprimogênita, em 1909 ou 1911, tinha mais ou menos 15 anos, e a primogênita foi Benedita, conforme reconhece Voldi Ribeiro. Ora, Benedita nasceu em 1910 (portanto entre 1909 e 1911). Os autores dão realmente 1910 como o ano do nascimento de Benedita. Conforme assinalou o mestre Antônio Amaury, “... em 1910 veio ao mundo uma menina que recebeu o nome de Benedita e tornou-se a irmã mais velha da menina que nasceu no ano seguinte e que é a nossa focalizada” (ob. cit., p. 46).

Sabe-se agora, graças à descoberta de Voldi Ribeiro, que Benedita Maria nasceu no dia 17 de janeiro de 1910.

Em suma, 17 de janeiro de 1910 é a data do nascimento de Benedita Maria de Oliveira ou Benedita Maria da Conceição, nomes adotados por ela na vida adulta, e não a data do nascimento da outra Maria, Maria Gomes de Oliveira, a Maria Bonita.

Ao analisar essa certidão, João de Sousa Lima, embora a considere “prova plausível”, deixou patente seu ceticismo, ponderando que poderia se manifestar de modo mais aprofundado nessa questão “se outra documentação for encontrada trazendo referências mais palpáveis sobre a data de nascimento de Maria Gomes de Oliveira” (Revista Contexto – Educação, ano 3, nº 5, out/nov 2012, da Secretaria de Educação de Petrolina, PE).

É louvável o empenho do abnegado Voldi Ribeiro que com essa pesquisa lançou novas luzes sobre aspectos importantes da família da primeira-dama do cangaço, especialmente ao descobrir o nome da avó materna de Maria Bonita – Francelina Maria da Silva (ob. cit., p. 99/101). Esta descoberta vem em boa hora, pois antes se supunha que sua avó materna se chamava Ana Maria da Conceição, e agora se fica sabendo ser esta a avó paterna, conforme já havia assinalado Antônio Amaury em seu consagrado Maria Bonita – a Mulher de Lampião (p. 45).


Enviado pelo o escritor e pesquisador do cangaço José Bezerra Lima Irmão autor do livro "Lampião a Raposa das Caatingas".

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