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sábado, 14 de janeiro de 2017

“PAJEÚ EM CHAMAS: O CANGAÇO E OS PEREIRAS”


Recebi hoje do Francisco Pereira Lima (Professor Pereira) lá da cidade de Cajazeiras no Estado da Paraíba uma excelente obra com o título "PAJEÚ EM CHAMAS O CANGAÇO E OS PEREIRAS - Conversando com o Sinhô Pereira" de autoria do escritor Helvécio Neves Feitosa. Obrigado grande professor Pereira, estarei sempre a sua disposição.


O livro de sua autoria “Pajeú em Chamas: o Cangaço e os Pereiras”. A solenidade de lançamento aconteceu no Auditório da Escola Estadual de Educação profissional Joaquim Filomeno Noronha e contou com a participação de centenas de pessoas que ao final do evento adquiriram a publicação autografada. Na mesma ocasião, também foi lançado o livro “Sertões do Nordeste I”, obra de autoria do cratense Heitor Feitosa Macêdo, que é familiar de Helvécio Neves e tem profundas raízes com a família Feitosa de Parambu.

PAJEÚ EM CHAMAS 

Com 608 páginas, o trabalho literário conta a saga da família Pereira, cita importantes episódios da história do cangaço nordestino, desde as suas origens mais remotas, desvendando a vida de um mito deste mesmo cangaço, Sinhô Pereira e faz a genealogia de sua família a partir do seu avô, Crispim Pereira de Araújo ou Ioiô Maroto, primo e amigo do temível Sinhô Pereira.

A partir de uma encrenca surgida entre os Pereiras com uma outra família, os Carvalhos, foi então que o Pajeú entrou em chamas. Gerações sucessivas das duas famílias foram crescendo e pegando em armas.

Pajeú em Chamas: O Cangaço e os Pereiras põe a roda da história social do Nordeste brasileiro em movimento sobre homens rudes e valentes em meio às asperezas da caatinga, impondo uma justiça a seus modos, nos séculos XIX e XX.

Helvécio Neves Feitosa, autor dessa grande obra, nascido nos Inhamuns no Ceará, é médico, professor universitário e Doutor em Bioética pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (Portugal), além de poeta, escritor e folclorista. É bisneto de Antônio Cassiano Pereira da Silva, prefeito de São José do Belmonte em 1893 e dono da fazenda Baixio.

Sertões do Nordeste I

É o primeiro volume de uma série que trata dos Sertões do Nordeste. Procura analisar fatos relacionados à sociedade alocada no espaço em que se desenvolveu o ciclo econômico do gado, a partir de novas fontes, na maioria, inéditas.

Não se trata da monumentalização da história de matutos e sertanejos, mas da utilização de uma ótica sustentada em elementos esclarecedores capaz de descontrair algumas das versões oficiais acerca de determinados episódios perpassados nos rincões nordestinos.
Tentando se afastar do maniqueísmo e do preconceito para com o regional, o autor inicia seus estudos a partir de dois desses sertões, os Inhmauns e os Cariris Novos, no estado do Ceará, sendo que, ao longo de nove artigos, reunidos à feição de uma miscelânea, desenvolve importantes temas, tentando esclarecer alguns pontos intrincados da história dessa gente interiorana.

É ressaltado a importância da visão do sertão pelo sertanejo, sem a superficialidade e generalidade com que esta parte do território vem sendo freqüentemente interpretada pelos olhares alheios, tanto de suas próprias capitais quanto dos grandes centros econômicos do País.

Após a apresentação das obras literárias, a palavra foi facultada aos presentes, em seguida, houve a sessão de autógrafos dos autores.

Quem interessar adquirir esta obra é só entrar em contato com o professor Pereira através deste e-mail: franpelima@bol.com.br
Tudo é muito rápido, e ele entregará em qualquer parte do Brasil.

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LIVRO SÃO JOSÉ DE PIRANHAS


É benfazeja a afinidade que a cidade de Cajazeiras mantém com os municípios vizinhos. Na minha infância, conhecia alguns desses lugares com outros nomes. Assim é que Cachoeira dos Índios se chamava Catingueira; São João do Rio do Peixe passou a se chamar Antenor Navarro, voltando depois ao nome original; São José de Piranhas, durante um certo tempo, era chamado de Jatobá, nome oriundo de um antigo sítio – foi proclamado cidade pelo Interventor da Paraíba, Argemiro Figueiredo, em 1º de janeiro de 1939 – tendo somente voltado ao nome anterior em 14 de novembro de 1952, obedecendo a um Projeto de Lei do Deputado Estadual Humberto Lucena (in memoriam).

Essas estão entre as cidades irmãs e vizinhas que continuam mantendo com Cajazeiras os mais civilizados relacionamentos nos vários setores de atividades, sejam industriais, comerciais, culturais, sociais… Que assim permaneça sempre!

Mas essas considerações vêm a propósito de tentativa que estamos fazendo de diversificar o enfoque desta Coluna. Tanto é assim que hoje apresentamos aos leitores fatos inusitados ocorridos na vizinha cidade. Assim como já havia ocorrido com Cajazeiras, em 28 de setembro de 1926, quando Sabino das Abóboras fez uma tentativa de invasão de nossa cidade, assim também os nossos vizinhos piranhenses também estiveram na mira do cangaço.

Em 25 de outubro de 1925, Lampião, que já era por demais conhecido no mundo do cangaço, junto com os seus “cabras”, fez uma incursão no sítio Catolé, quando um dos seus sequazes assassinou covardemente um popular de nome João Pelonha, que seria seu desafeto. Embora Lampião, não tivesse aprovado o crime, prendeu o senhor Antônio Gonçalves, que passou a servir-lhe de guia, rumando até o sítio Cachoeirinha.

Dessa incursão, ainda existem sinais dos destroços praticados pelo bando, mormente nas proximidades da antiga ponte do Riacho da Corda, localizada no sentido São José de Piranhas para Galante. Aí ocorreram as estripulias do bando, que, em busca de dinheiro, chegou a fazer ameaças ao fazendeiro Firmino Faustino.

Todas as redondezas sofreram as ameaças dos cangaceiros que passaram ainda pelo então sítio Cabrais, por Santa Fé, pela serra do Capim, pelo sítio Queimadas… Daí, após provocarem todo um rebuliço, Lampião com o seu bando dirigiram-se para Bonito de Santa Fé, então distrito de São José de Piranhas, de onde rumaram para as bandas do Ceará.

(Se os leitores desejarem saber detalhes aventureiros da passagem do famoso bando de Lampião por essas paragens sertanejas, estão convidados a buscar e ler a obra São José de Piranhas – Um Pouco de sua História – de autoria do professor e historiador Messias Ferreira de Lima, cuja leitura certamente lhes proporcionará momentos de conhecimento imprescindíveis para quem cultiva o hábito de uma boa leitura.)

http://coisasdecajazeiras.com.br/francelino-soares-jatoba-e-o-cangaco/

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QUEM IDENTIFICARÁ?

Por Franci Mary Carvalho Oliveira



https://www.facebook.com/groups/545584095605711/?fref=ts

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MARIA BONITA - BELA, RECATADA E 'NÃO DO LAR'

Por Raul Meneleu Mascarenhas

A polêmica frase "Bela, recatada e 'do lar' nos diz que "... são palavras muito específicas e que objetificam as mulheres."

 Maria Bonita

A autora (1) dessa frase faz comentários e diz que BELA, simbolicamente, toda mulher tem de ser bonita. Esse valor é algo muito forte tanto na sociedade ocidental quanto na oriental. Não importa o que aconteça, mesmo que a mulher tenha acabado de ter um filho, tem de estar com a barriga sarada duas semanas depois. 

O recatada e o 'do lar' vêm de encontro ao 'bela' para formar a imagem de mulher perfeita, que sabe se colocar no lugar dela e é submissa ao marido. É aquela velha história de que atrás de um grande homem sempre há uma mulher. Essa escolha de palavras segundo ela, foi muito infeliz. "Não me espanta a repercussão negativa que o perfil teve, embora no Brasil, ainda exista aquela imagem de que uma mulher foi estuprada porque estava de roupa curta", arremata.

No feminismo, o que se prega é que cada mulher pode fazer o que quiser. Se quer parar de trabalhar para cuidar dos filhos? Ok. Se quer casar com um homem mais velho? Ok. 

"Ela tem direito de ser quem quiser, mas não se pode criar uma simbologia de que a mulher perfeita deve seguir esses parâmetros."

Em uma sociedade escravagista como a nossa sempre foi perfil da mulher ser uma senhora de engenho, bonita, escolhida para casar, recatada, pois era preciso ser do lar, pois era onde as mulheres ficavam limitadas nessa época.

Colorida por Rubens Antonio

O livro Bonita Maria do Capitão (2) conta a história de mais uma mulher que se viu coagida por uma sociedade impositiva que fazia as mulheres serem "Belas, recatadas e preparadas para lar." - Maria Bonita preferiu sair do lar imposto pela sociedade, para fazer de seu lar, o mundo encantado do sertão.

Maria Bonita, mesmo sendo uma mulher pobre, não muito culta, e como quase todas as mulheres sertanejas daquela época, estava sendo preparada por seus pais para serem recatadas donas de casa, cuidar do marido e dos filhos. Mas algo aconteceu em sua vida que a retirou desse marasmo imposto por uma sociedade que olhava para as mulheres serem exclusivamente 'do lar'.

Colorida por Rubens Antonio

Mas essa Maria não se deixou dominar por isso e sem saber que passaria a ser famosa, "...abandona o anonimato para pertencer à história do mundo."

"No caso de Maria Bonita é diferente. Essa "Maria fez de si a própria entrega para a história. Ela deixa de ser uma promessa e concretiza-se em senhora de seu destino ao tomar a decisão de abandonar sua família para viver ao lado do mítico cangaceiro Lampião. Essa Maria é a do Capitão."

Não sei por que Joaquim Góis, ex-volante em seu livro intitulado Lampião: O último cangaceiro, que teve a oportunidade de conhecer Maria Bonita em sua casa, onde morava com seu primeiro marido, resolveu descrever a aparência física dela antes dela ser a companheira de Lampião! 

Lógico que devemos entender que aqui se aplica o velho ditado que diz que “não existe gente feia” pois a beleza ou feiura estão nos “olhos” daquele que ver.

Mas segundo ele, ao entrar na tenda do sapateiro Zé de Nenê, com o propósito de fazer algumas encomendas, notou uma mulher acabrunhada e sem beleza e escreveu que "... ao seu lado uma cabocla apagada, rosto de linhas inseguras, olhar vago e fugidio, corpo solto no desalinho e no mau gosto de um vestido barato, de chita ordinária, marcado de cores berrantes, costurado à moda de como costuram as mulheres de fim de rua das cidades pequenas. Pés grandes, esparramados dentro de duas sandálias grosseiras, e rosto comprido, moles, desbotadas; mãos de unhas sujas, mãos pequenas, descuidadas; duas argolas vermelhas de ouro duvidoso caíam-lhe das orelhas; cabelo de um castanho fosco, penteados em um volumoso cocó, bem aprumado, um pouco acima da nuca; pescoço curto, queixo atrevido, boca carnuda escondendo desejos; lábios corados como uma fruta entreaberta, pedindo caricias; seios bambos, caídos; quadris batidos; pernas fortes, semblante sem a beleza de um sorriso meigo, quase duro na sua expressão [...]. De mulheres vulgares como Maria de Déa, está cheio este sertãozão de meu Deus" 
(GÓES, 1966, p. 212). 

O que fez Góes mostrar uma pessoa que todos tinham como sendo uma bela mulher, dessa forma?

Lembremo-nos que “não existe gente feia” e que talvez naquele momento em que Góis entrou no recinto, Maria estivesse abatida talvez por uma situação de constrangimento e cansada pela vivência com o sapateiro, em constantes discussões, tivesse relaxado na indumentária e no semblante.

Vemos e podemos assimilar, que essas palavras, talvez até um pouco desconfortáveis, foi a visão momentânea do autor. Tudo bem que as sertanejas se arrumavam bem melhor aos domingos de Missa ou festinhas de largo ou algum outro evento. Mas se me permitem eu digo que foi uma maldade muito grande de Góes, retratar Maria Déa dessa forma.

Em reportagem do Correio da Manhã, do Rio de Janeiro, edição de 8 de abril de 1967 o jornalista Luis Carlos Rollemberg Dantas em reportagem sobre o livro de Góis, diz que além de "liquidar com as intenções de determinadas publicações que procuram mostrar Lampião como herói" também mostra "... Maria Bonita, figura transfigurada pela lenda, e restabelecida convincentemente na realidade" como se Góis retratasse Maria Bonita convincentemente como feia e desengonçada, e isso fosse a realidade.

Restaurada por Gabriel Ferreira - Serrinha-BA.

Para contrapor essa ideia vejam essa foto tirada enquanto Maria estava "no lar" - antes de entrar no cangaço.

Uma bonita sertaneja com penteado simples e vestido comum, mas que realçava a beleza dessa mulher. Uma beleza que talvez não aparecesse em instantes de desconforto com a vida sem atrativos que levava.

Segundo as autoras do livro Bonita Maria do Capitão, o "... que se pode crer é que ela apresentava uma aparência comum, sem atrativos físicos que a colocassem em algum patamar de beleza."

Maria Bonita em traje cangaceira

Agora vejam essa foto feita no cangaço, mostrando o seu eu interior, livre e liberta dos dogmas criados pela falsa e puritana sociedade. Maria do Capitão em seu sorriso de alegria, cativou não só a Lampião, como a outros cangaceiros, que testemunharam sua índole. Essa morena realmente era uma Rainha de seu Rei. Ela era "Bela e Recatada" e seu Lar, a Caatinga do Sertão Nordestino! Seu "crime" foi querer viver livremente e podemos afirmar que ela encontrou a liberdade que almejava, nos braços de "uma fera perigosa" - mulher nova bonita e carinhosa... faz o homem gemer sem sentir dor!

NOTAS:

1 - Helena Jacob, coordenadora do curso de jornalismo da Faculdade Cásper Líbero e doutora em comunicação e semiótica pela PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo

2 - Autoras: Vera Ferreira e Germana Gonçalves - Parte 1 Vida e Modos de Maria

Todas as frases em aspas estão nos livros e citações jornalísticas.

http://meneleu.blogspot.com.br/2017/01/maria-bonita-bela-recatada-e-nao-do-lar.html

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CASA HISTÓRICA NA CIDADE DE ANTONIO MARTINS NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE.

Por Rostand Medeiros

Casa histórica na cidade de Antonio Martins no Estado do Rio Grande do Norte. 


Em 1927 esse local foi atacado pelos cangaceiros do bando de Virgolino Ferreira da Silva o Lampião, e um ano depois, ali, pernoitaram Luís da Câmara Cascudo e Mário de Andrade durante sua viagem pelo sertão.

Fonte: facebook
Página: Rostand Medeiros
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10212209209172301&set=a.10209976797283399.1073741900.1439308014&type=3&theater

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JOVENS SÃO PREMIADOS POR MATAREM CANGACEIROS


Flagrante da entrega do prêmio de 4 contos de réis aos dois jovens baianos que mataram o cangaceiro Arvoredo. O cangaceiro foi morto no dia 22 de maio de 1934,na fazenda Mulungu, Jaguarary/BA,por João Martins da silva(conhecido por João Biano) e Cícero Ferreira.

E para provar, o jornal por inteiro de onde fiz o excerto, Geziel Moura.

A foto foi colhida em Bonfim/BA, quando da entrega da recompensa, estando presentes entre outras autoridades, o capitão Filadelfo Neves, delegado, e o prefeito da cidade.

E para quem não lembra, Arvoredo sentado na extrema direita, na fazenda Jaramataia, Gararu/SE, fazenda de Eronildes de Carvalho, 1929. Do livro Estrelas de Couro, Frederico Pernambucano de Mello.

Foto: Revista A Noite,17/8/1934.

Fonte: facebook
Página: Raimundo Gomes
Link: 
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=923125151158361&set=gm.1708362546142916&type=3&theater

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PALMILHANDO O SERTÃO VELHO DE GUERRA

Por Clerisvaldo B. Chagas, 13 de janeiro de 2017 - Escritor Símbolo do Sertão Alagoano - Crônica 1.618

Verificado o equipamento, após um café madrugador e nordestino, saímos para o Alto Sertão Alagoano em busca de um escorregadio Ponto Extremo Oeste. No roteiro do mapa traçado, fotografamos o rio Capiá, o serrote (inselberg) do Carié, a serra da Caiçara (Maravilha), o rebordo do Maciço de Mata Grande e botamos para cansar os pneus pela BR-423. De Maria Bode, entramos para fotografar Delmiro Gouveia que muito progrediu. Mostra-se bonita, organizada que parece uma pequena capital. É uma das treze cidades atrativas de Alagoas. E assim, furando os municípios de Santana do Ipanema, Poço das Trincheiras, Maravilha, Canapi, Inhapi, Olho d’Água do Casado, Água Branca e Delmiro Gouveia, fomos contemplando o sertão pelado, pedregoso, cinza, onde o gado lambe a terra nua, seca e poeirenta. Uma tristeza sem fim! Todavia, as serras mais perto ou bem distantes apresentavam-se num festival de desenhos criativos disputando desafios e beleza. Apaixonado pelo compartimento Relevo, da Mãe Geografia, babava de vontade de “avionar” por aqueles paredões projetados pessoalmente pelo Grande Arquiteto do Universo.

Motorista Luciano e escritor Marcello Fausto, domam o tigre da Maravilha - Foto: (Clerisvaldo B. Chagas).

Finalmente fomos encontrando trechos do Canal do Sertão, onde o paraíso quer salvar o inferno, até sumir nos braços da BR-110. Chegamos à divisa de Alagoa com Pernambuco no povoado Caixão no represamento do rio Moxotó. Ô região péssima para informações! Meu mapa estava correto e era preciso do Caixão andarmos mais a jusante da barragem, quatro quilômetros para a antiga foz do rio Moxotó, Ponto Extremo Oeste de Alagoas.  Mesmo estando certos, ainda fomos persuadidos a buscar informações em solo pernambucano no povoado Volta do Moxotó, onde o rio represado passa dali e forma um novo desaguadouro. Pense na temperatura, no deserto e na vegetação que só mostrava macambira e jurema secas. Um cabra da Volta do Moxotó nos informou o que eu já sabia, mas para chegar até a antiga foz do rio Moxotó não havia caminho. De canoa saindo do povoado Caixão não era aconselhável. Somente procurando Paulo Afonso para se subir de lancha até a foz afogada do rio Moxotó. Quem, eu? Vai “tu mesmo, vei!”.
Retornamos com o material capturado, deixando o passeio de lancha para depois. A meta agora é o Pontal da Barra, Ponto Extremo Sul de Alagoas em Piaçabuçu, mas aí é outra história ainda dentro deste mês. Todos os pontos extremos do estado terão fotos e considerações para muito mais conhecimentos dos leitores.

A equipe era composta do assistente professor, escritor e historiador Marcello Fausto e o motorista Luciano. Não perdemos uma só foto das 30 que testemunharam o trabalho. Já estão no livro as quinze escolhidas. Depois eu conto mais.



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ADQUIRA O SEU JÁ!

Por Lindomarcos Faustino

Adquira já o livro que retrata um pouco da história de Mossoró, em todas as páginas traz uma foto histórica da cidade e a história, vale apenas ter em sua biblioteca, irá se surpreender com cada história da velha Mossoró. Ao preço de 50,00 reais para qualquer lugar do Brasil. 

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“SAUDADE DAS DONZELAS LÁ DA CASA DE FARINHA”

Por José Gonçalves do Nascimento*

Não poderia haver título melhor para estas linhas em que nos deteremos sobre as já saudosas casas de farinha. A frase é de um cantador do sertão que ouvi nos meus dias de menino. Ah, as casas de farinhas!


Poderíamos dizer que a vida no sertão começava na quadra da farinhada. Para a casa de farinha se voltavam todas as atenções, transformando-se a mesma num pólo aglutinador de pessoas advindas dos mais diferentes rincões. Famílias inteiras mudavam-se para lá, onde se demoravam por dias e até semanas, o tempo que fosse necessário para dar por pronta a cobiçada iguaria.

A festa começava na roça, na arranca da mandioca. Sim, a festa, porque aquilo não era trabalho. Parecia mais um folguedo, regado a pinga boa e animado por acaloradas cantorias. As arrancas eram disputadíssimas e possuíam caráter de evento social, com agenda previamente estabelecida. Assim se evitava que duas arrancas acontecessem ao mesmo tempo. Era a festa da mandioca.

Acomodadas em caçuás e transportadas no lombo de jumentos, as raízes chegavam à casa de farinha, onde eram aguardas por rapadeiras habilidosas. Em pouco tempo, livre da casca, o produto repousava branquinho, pronto para a “desmancha”.

E a festa prosseguia, cada um com sua incumbência: rapar, ralar, prensar, peneirar, enfornar, ensacar; eis a linha de produção. Recolhida em cochos ou gamelas, a manipueira fornecia a alvíssima tapioca posteriormente transformada nos alvíssimos beijus, que eram utilizados no desjejum, com café quente, da hora. A cada passo, a cada processo, as pessoas iam se revelando mais qualificadas para as tarefas a que eram destinadas. Homens feitos, mulheres e meninos, todos atuando com habilidade extraordinária. Não era pra menos. O ofício é antigo; vem de eras imemoráveis; os nativos já o faziam. O Brasil, aliás, nasceu sob o signo da farinha. Foi ela seu primeiro sustento; um maná dos deuses a forjar uma nação.

A casa de farinha não era só uma casa de farinha. Era uma indústria de saberes, de afetos, de poesia. Vivia ela da solidariedade, da cooperação, da ajuda mútua. Sua lógica era a do mutirão, do trabalho conjunto, que forma fraternidade. Era o jeito bíblico e conselheirista de conceber a vida, de viver em sociedade. Sua produção tinha como fim o consumo familiar, comunitário, sem visar o lucro cego, fruto da ambição mercantilista.

A casa de farinha modelou a cultura sertaneja. Estabeleceu formas de convivência e fixou canais de interação. Era lugar de encontro, de ajuntamento, de confraternização. Por ali circulavam informações, trocavam-se experiências, construíam-se novas amizades. Contavam-se histórias de trancoso, liam-se folhetos de cordel, cantava-se a moda da terra. Vez ou outra, aparecia um sanfoneiro para animar a festa. O ambiente já era uma festa.

À noite, à boca do forno, juntava-se a rapaziada. Era a hora da paquera. Muitos iam à casa de farinha com o intuito de namorar. E namoravam. Não foram poucos os casamentos nascidos ali, ao crepitar das brasas em chama.

Veio a mecanização e afastou o que havia de mais precioso. A casa de farinha já não é mais a mesma. Perdeu o encanto de outros tempos. Despida de poesia e de calor humano, hoje não passa de velha ruína perdida em meio à capoeira, como se fora um fogo morto.

*Poeta e cronista
jotagoncalves_66@yahoo.com.br

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10206929185741844&set=a.2579447499179.2097061.1644163183&type=3&theater

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ENTREVISTA CONCEDIDA PELO CANGACEIRO ANTENOR JOSÉ DE LIMA, "BEIJA-FLOR" AO REPÓRTER GUARACY OLIVEIRA DA REVISTA "O CRUZEIRO", EM 18 DE AGOSTO DE 1962. FOI MANTIDA A GRAFIA DA ÉPOCA.

Por Guaracy Oliveira

"Maria Bonita, casada, vivia com seu marido, um sapateiro que, por sinal, está vivo e mora no Mato Grosso. Se o senhor quiser, êle pode confirmar tudo. Lampião é que gostava muito dela. E Ritinha, a outra mulher de Lampião, sabia de tudo. Um dia, êle me chamou e disse: 

- Pegue o burro e vá buscar Maria Bonita. Diga que fui eu que mandei. 

Quando me aproximei da casa dela percebi que havia uns "macacos" por perto. Mas continuei. Olhei pela janela e ela estava sentada sozinha, na sala. Fiz um sinal, ela veio. De repente, seu marido apareceu e perguntou o que era aquilo. Maria Bonita respondeu: 

- Vou morar com Lampião. Você não é homem pra mim não. Em seguida, montou no burro e fomos embora.

"Quando chegamos de volta" - continua -, "Lampião ficou tão satisfeito que até sorriu. E me deu, como prêmio, quinze contos de réis. Era muito dinheiro. Maria Bonita melhorou a vida da gente. Cinco horas da manhã, estava todo mundo de pé. A gente comia do bom e do melhor".

"Beija-Flor" se entusiasma com Maria Bonita:

- Foi a mulher mais bonita que Deus já botou no mundo. Tinha o pé grande como diabo. Calçava botinas feitas sob medida e tinha mais pontaria que qualquer um de nós. Ninguém se metia com ela, porque sabia que ia morrer. Brigava de faca, de punhal e de fuzil. Não tinha quem pudesse com ela. Nas noites de lua, os bandidos sentavam no chão, bebiam cachaça, Lampião tocava sanfona e Maria Bonita acompanhava no  bandolim. Os cangaceiros cantavam modas. Canções que falavam de sua vida aventurosa e cheia de perigos. Também falavam de amor.

Os últimos dias de Lampião e Maria Bonita são contadas pelo bandoleiro aposentado:

"Foi em Angico. Eram quatro horas da manhã quando a casa foi cercada por mais de mil "macacos: um alvoroço da peste! Maria Bonita correu para a porta e levou uma rajada de tiros na barriga. 

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"O cangaceiro Beija-Flor está totalmente enganado. Foram apenas 48 policiais que fizeram o cerco aos cangaceiros". 

Continua: Gritou: "Acorde, Lampião! Estamos cercados!" Lampião pegou a arma, abriu a janela e, quando meteu a cara, levou um tiro na bôca. 

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"Não se sabe qual janela, porque o ataque foi na Grota do Angico, e lá não existia casas". 

Continua o depoente: - Foi Jacinto Moreira César, seu antigo cangaceiro, quem atirou. Eu vi. Depois, o Tenente Bezerra acabou de matá-lo. Quando vimos que tudo estava perdido, eu, "Corisco", "Cascavel", "Ventania", "Gasolina", "Relâmpago" e outros fugimos pelo oitão. Fui para São Paulo, depois Mato Grosso e há dois anos estou em Brasília.

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"O cangaceiro Beija-Flor mentiu mais uma vez, porque o cangaceiro Corisco não estava na Grota no momento do ataque aos cangaceiros".

Lampião sabia que estava perto de morrer e mata seu próprio filho:

"Lampião sabia que estava perto de morrer" - acrescenta. - "Uma tarde, chamou seus "cabras" de maior confiança e mandou matar seu filhinho de menos de um mês de idade. Não queria deixar nenhum descendente no Mundo - era o que dizia. Fomos todos, um de cada vez ao berço do menino e ninguém teve coragem de matá-lo. O "bichinho" sacudia as pernas e os braços. Cheguei a levantar o punhal, mas, na hora de sangrá-lo, êle sorriu para mim. Lampião irado, ordenou a Maria Bonita que executasse o filho. Ela respondeu: "Você que o fêz, você que o mate!" E Lampião, sem pestanejar, foi  ao berço, jogou o menino para o alto e espetou-o no punhal. Deu o punhal para a gente lamber: "Vejam como é doce..." Ninguém aprovou isso, mas o filho era dêle..."

Esta é a história de "Beija-Flor". Um bandido que, aos setenta anos de idade, ainda não conheceu o arrependimento pelos crimes bárbaros que cometeu. Duas vêzes conseguiu fugir da cadeia. E sorri quando relembra o seu passado de sangue e de maldades.

http://www.anchietagueiros.com/2016/02/cangaceiro-beija-flor-ganhou-15-contos.html

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A CAPA DO LIVRO

*Rangel Alves da Costa

Eu gosto de capas de livros. Uma boa capa tem o dom de impressionar à primeira vista. E capas existem que traduzem com perfeição toda a trama, todo o enredo, todo o conteúdo da história.

Verdade que muitos títulos já sintetizam o livro inteiro, não precisando que o artista gráfico se esforce muito para bem representá-lo através de pintura, desenho ou fotografia. Mas outros se tornam reconhecíveis pela expressividade da capa.

Aqui tenho um menino de engenho olhando para um velho engenho e como se rememorando seu passado. Aqui tenho uma gravura de um tufo de mato com arma cuspindo fogo em emboscada. Aqui tenho um bordel com prostituta à porta. O que mais dizer?

Certa feita, um famoso escritor afirmou ser bastante temeroso pela capa de seus livros. É que o leitor gosta de ler somente a capa e não o livro. O grande desafio do escritor é que o leitor crie sua própria imagem descritiva após uma vagarosa e compreensiva leitura. Não sua imaginação estará a melhor capa que possa haver.

Outro dia encontrei uma capa de livro deveras impressionante. Sem título, sem nome do autor, sequer na contracapa. A bem dizer, a capa era totalmente preta e a contracapa totalmente branca. Somente na terceira página avistava-se o nome do autor e do livro: Solidão.

De início, não compreendi muito bem o motivo de uma capa totalmente preta e de uma contracapa totalmente branca, sem que houvesse sequer o nome do livro ou uma pequena explicação de orelha. Contudo, folheei rapidamente e resolvi adquirir. Mas um dos principais objetivos na aquisição foi decifrar aquele mistério.


Contudo, ainda nas páginas iniciais já estavam justificadas as pretensões com aquela capa e contracapa tão inusitadas. Percebi então que bastaria o título do livro para fazer toda a leitura do livro somente pelas opções gráficas de apresentação.

Quer dizer, todo o discurso do livro poderia ser lido na capa e contracapa. Toda a força e toda a pujança explicativas já estavam ali magistralmente expostas. Depois de avistar o título e ter na capa o preto e na contracapa o branco, bem que poderia não ler mais nada. Tudo já estava entendido e compreendido.

Como afirmado, o título do livro, encontrado somente na terceira página, era Solidão. O que significam, então, o preto e o branco na solidão? Eis a maestria visual. Traduzidas estavam as duas etapas fundamentais desse constante estágio humano: a entrada e a saída.

Ou ainda a permanência na solidão e a sua lenta fuga. Ou ainda as dores e sofrimentos da solidão e as luzes e esperanças quando de sua partida. Ou ainda o negrume da alma e a tristeza do espírito na contundência da solidão, e paz retornada quando a porta e janela começam a se abrir para novos horizontes de paz e convívios.

Assim, a cor totalmente preta da capa representava, pois, a solidão mais solitária, mais profunda, mais angustiante, mais aflitiva. E o branco na contracapa representava a saída daquele quarto e fechado, a fuga daquela tristeza medonha em busca de afetos e afeições. Dois estágios no durante e depois da solidão.

Eis o mistério da capa. E sem mistério algum. Apenas a tradução visual de uma solidão tão conhecida por todos e que, verdadeiramente, possui um quarto na escuridão de breu e uma possibilidade de fuga na brancura da paz interior.

Mas já não sei o que pensar diante de um livro que encontro agora. O livro possui a minha fotografia na capa. Mas por quê? Um livro é muito para minha história. Bastariam umas poucas linhas ou talvez algumas letras em papel comum:

“Um homem sem história. Um homem apenas de fatos. E fatos tão inusitados de vida que nem mesmo a junção de tudo possibilita conhecê-lo”.

Escritor
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