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quarta-feira, 22 de maio de 2019

NASCIMENTO, INFÂNCIA E JUVENTUDE DE VIRGOLINO NA RIBEIRA DO SÃO DOMINGOS


Se você quiser conhecer Virgolino Ferreira da Silva o futuro Lampião quando ainda na sua infância e juventude adquira o livro "Lampião a Raposa das Caatingas", escrito por José Bezerra Lima Irmão que nele você irá saber tudo na sua infância e adolescência, a partir da página 66 até a página 72


Aqui está o e-mail de Francisco Pereira Lima o professor Pereira lá da cidade de Cajazeiras no Estado da Paraíba, para você fazer a solicitação do livro "Lampião a Raposa das Caatingas" e que chegar de imediato. 

franpelima@bol.com.br

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CÂMARA MUNICIPAL OUTORGA TÍTULO DE CIDADÃO HONORÁRIO DE QUIXERAMOBIM A MANOEL SEVERO BARBOSA


Manoel Severo ao lado de Bruno Paulino e diante da escola em homenagem a seu pai, José Mario Barbosa, no bairro Jaime Lopes em Quixeramobim
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A Câmara Municipal de Quixeramobim em sessão ordinária no último dia 06 de Maio de 2019, aprovou por unanimidade a concessão do Título de Cidadão Honorário de Quixeramobim ao curador do Cariri Cangaço, Manoel Severo Barbosa. A proposição do Projeto de Decreto do Legislativo municipal, com o número 017/2019 foi apresentado pelo vereador José Wilson Paulino e depois de aprovado por unanimidade foi promulgado pela presidência da casa através do vereador Francisco Hidelbrando Rocha Ferreira.

Para o Manoel Severo Barbosa, curador do Cariri Cangaço: "Trata-se de uma honra sem tamanho. Receber o Título de Cidadão de Quixeramobim me enche de alegria e gratidão. Aqui é o berço de meus ancestrais , os Barbosa lá dos lados da fazenda Cipó, indo ali pelos lados da Fazenda Canafístula; cresci ouvindo histórias e mais histórias de meus avós paternos. Depois quando já tinha entre 5 e 10 anos de idade vinha a Quixeramobim diversas e diversas vezes acompanhando meu pai que na época era deputado estadual e representava a cidade na Assembléia Legislativa, lembro muito bem das festas do padroeiro, das quermesse, dos leilões, lembranças muito fortes de quase dez anos de convivência muita estreita e hoje o Cariri Cangaço me permite reaproximar da terra de meus antepassados, um presente que se guarda dentro do coração para toda uma vida, espero com humildade corresponder à grande honraria".
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"Estamos ha exatamente um ano construindo o Cariri Cangaço Quixeramobim, foram inúmeras visitas, encontros e reuniões de trabalho e nesse tempo todo as afinidades afloram e se consolidam para numa iniciativa generosa do vereador José Wilson recebermos essa grande honraria" confirma Manoel Severo.

A solenidade de entrega do Título de Cidadão de Quixeramobim a Manoel Severo Barbosa acontece por ocasião de Sessão Solene Extraordinária da Câmara Municipal de Quixeramobim no próximo dia 24 de maio, sexta-feira, às 17 horas no Memorial Antonio Conselheiro por ocasião da abertura oficial do Cariri Cangaço Quixeramobim.

SERVIÇO
Sessão Solene Extraordinária
Câmara Municipal de Quixeramobim
Dia 24 de Maio de 2019 - 17 Horas
Memorial Antônio Conselheiro
Quixeramobim, Ceará


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RELÍQUIAS DE UM SERTÃO

*Rangel Alves da Costa

O sertão já foi muito diferente do que é agora. O sertão já foi sertão num que não existe mais. Tudo passa, tudo se transforma, tudo toma outra feição, e com o sertão não foi diferente. Certamente que existem ainda resquícios daquele passado sertanejo, mas tão raramente encontrados que hoje são vistos como relíquias.
Ninguém imaginaria que os novos tempos ainda resguardassem a inteireza do passado sertanejo. Para uma ideia, casebres de barro hoje em dia são pouco encontrados. Aquelas casinhas de barro, cipó e ripa, somente num canto ou outro são avistadas. Igualmente aquele jeito humilde e singelo de ser de sua população.
Muito já não existe. Ou quando existe se assemelha a objeto de recordação e nostalgia. Pote de barro em cima de trempe, moringa refrescando a água na janela, fogão de lenha cavado no quintal, purrão pra juntar água de chuva, arupemba, ralador de milho para cuscuz, queijo de quintal, manteiga de garrafa também feita em quintal coalhada de leite gordo, panelada de doce de bola, bolo e pão de forno de lenha, pilão pra pisar café e arroz, café fervilhando em chaleira, remédio de planta de canto de quintal.
O menino não brinca mais de ponta de vaca. A menina não brinca mais de boneca de pano. O garotinho não sai mais puxando seu carrinho de madeira. Não há mais boi e cavalo de barro. Não há mais brincadeira de bola de gude nem de cavalo de pau. A meninada não brinca de ciranda de roda em noites de lua grande, cheia, bonita. O vaga-lume já não passeia na escuridão dos arredores. Não há mais candeeiro para ser aceso à boca da noite nem lamparina a gás. O tamborete de madeira também quase não existe mais. O radinho de pilha já não tem a serventia para espantar a solidão como antigamente.


No sertão tudo mudou. O passado agora é relíquia. Daí a necessidade de se preservar os objetos e mobiliários antigos, como as mesas de madeira de lei, os oratórios, as cristaleiras e os guarda-comidas. O mesmo se diga com relação às memórias familiares, os marcos de gerações que não devem ser totalmente perdidas ou apagadas. Os retratos antigos, em preto e branco ou já amarelados, ainda assim se tornam como um importante e fundamental reencontro com as antigas raízes, as gerações passadas e as primeiras.
Para que servem os retratos? Para que servem as velhas e amareladas fotografias? Tudo, menos para o abandono, o esquecimento e o tanto faz de sua existência. Que se tenha em mente um velho retrato. Um retrato de família reunida ou mesmo de pessoas nos seus ofícios antigos. Basta uma ligeira passada no olhar para sentir quanta significação. Num sertão do passado, amigos reunidos em local qualquer.
Pessoas que já partiram e também de viva presença. Numa só moldura, num só instantâneo de vida e para a posteridade, nada menos que um mundo sertanejo de renome e galhardia: Dona Filó em família, Titonho usando calça de boca de sino, Marieta usando um chalé antigo, meninos correndo atrás de bola de meia. Cada um com sua glória e sua história. Cada um de tanta importância no mundo sertanejo. E todos, um dia, sob o solo sagrado de algum sertão.
E por isso mesmo tais retratos se eternizam na parede da memória e da história, envernizado pelo prazer do avistamento e pelas lágrimas da saudade, exposto eternamente perante os olhares que valorizam e reconhecem a pujança daqueles que engradeceram o nome de sua comunidade e do mundo-sertão, que fizeram os seus passos, a cada passo. Beraldo com aquela feição amigueira que lhe era tão peculiar. Coriolano despojado de suas vestes de vaqueiro e de carreiro, parecendo até arrumado demais para uma festança. Chiquinha da Cocada toda cheia de vestido de chita.
Também um retrato de uma rua empoeirada que mais parece uma estrada. Quem diria que hoje a mais importante avenida do lugar. E assim com a calçada de Luzia, que não existe mais e o umbuzeiro na malhada de Tinoquinho. Hoje não existe mais, mas o retrato comprova que sim.

Escritor
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MEMÓRIA DO CANGAÇO EM ADUSTINA, BA


Zé Pequeno Caçador... coiteiro de Cangaceiros

Por kiko Monteiro

Com mais uma preciosa informação colhida pelo amigo professor Salomão o Cariri Cangaço foi levemente esticado para mim e para o confrade Narciso Dias, presidente do Grupo Paraibano de estudos do Cangaço – (GPEC).

No último dia 2 de agosto rumamos novamente para Adustina, logo alí no sertão baiano fronteiriço com Sergipe para conhecer mais uma das testemunhas oculares da saga 'lampiônica' naquela área que era considerada na época um “corredor de cangaceiro”.

Em breve reunião com nosso anfitrião resolvemos de supetão esticar até o município vizinho de Coronel João Sá, pra visitar as cruzes dos cangaceiros Mariquinha, Sofrê e Pé-de-Peba, mas por conta da distância que restava e horário incompatível com compromissos dele concordamos em adiar para uma próxima “incursão”.

No caminho da volta paramos no terreiro do seu José Dantas de Oliveira, exímio atirador que ficou conhecido como “Zé Pequeno Caçador”. 

104 anos de idade, espanta tanto pela aparência quanto pelo ritmo e disposição, só se queixa de uma "dor nas juntas". Apesar do seu documento indicar Paripiranga ele afirma ter nascido no Arraial da Mãe D’Água de Cipó, (hoje Cipó), também no sertão Baiano. Mudou-se  para o Bonfim do Coité, atual Adustina, quando ficou órfão de pai e mãe ainda menino e foi morar com parentes no sítio Algodão que já tinha este mesmo nome desde a época do cangaço.



Seu Zé, de memória ainda acesa nos relatou que assim como Seu Atanásio ele também foi coiteiro ou faz-tudo dos cabras de Lampião naquelas bandas. 

Essa história ele mesmo conta.


“Conheci Corisco, Boa Vista, Balão, “Anjo” Roque, o Saracura que era daqui e sabendo que eu atirava bem o próprio Virgolino pelejou que eu entrasse no meio deles.

Eu disse – “não, capitão, no que eu puder servir eu sirvo, trago caça, peixe, aponto caminhos, mas virar cangaceiro, quero não”.

Também fui amigos dos ‘macacos’, arrumei muita caça para Odilon “Fulô”, comandante da volante que perseguia os cabras por aqui. Mas eles jamais souberam que eu era amigo dos cangaceiros, nem Lampião soube que eu me dava com os soldados.

"Deus o líve”, os soldados faziam muita malvadeza quando pegava um coiteiro que soubesse o rancho dos cabras e não entregasse pra eles.

Seu Zé ainda contou que chegou a ficar por quinze dias acoitado com os cangaceiros. Ele diz que não presenciou nenhum fogo, ou morte isolada. Mas viu os cangaceiros Mariquinha, Sofrê e Pé-de–Peba, mortos no Curral do Saco pela Volante de Odilon.


Um dos fatos mais interessantes narrados por ele foi o de quando encontrou a cangaceira 'Doninha'*, companheira do cangaceiro Boa Vista, perdida na mata. Ele não lembrou se ela estava tentando fugir do coito como outras assim tentaram.

O certo é que seu Zé pequeno cuidou da moça durante três meses, até que um dia estava caçando, topou com os cabras e perguntou se Boa Vista ainda era vivo, com resposta positiva pediu para informar a ele o paradeiro da companheira e precavido rogou:

“Diga a Boa Vista que a muié dele ta lá em minha casa, mas que fique certo que o que eu devo a ela eu devo a minha mãe, apesar de ser jovem e solteiro".

Na linguagem sertaneja ele não se relacionou com a moça.

De acordo com a literatura, Doninha voltou para o convívio com Boa Vista e permaneceu com ele até o período das entregas. 

Antes de nos despedirmos perguntei a seu Zé, o que foi confirmado pela sua esposa, que essa foi a primeira visita de pesquisadores do cangaço que ele recebeu durante todos estes anos. Tanto eu quanto Narciso não identificamos nenhuma afirmação que destoasse da historiografia fiel do cangaço naquela região. Até onde sua memória lhe permitiu não citou nome de nenhum cabra fora do território de atuação de seu subgrupo na época em questão, nem fantasiou combates ou eventos que não tenha presenciado.

A convivência de seu Zé Pequeno com os cangaceiros só foi citada em 1980 no livro ‘A Serra dos dois meninos’ de autoria de Aristides Fraga Lima (1923-1996) que narra em um dos capítulos quando ele ajudou a encontrar os garotos que se perderam nas famosas matas de Paripiranga.

*A Doninha em questão era a "cabrocha" alagoana Laura Alves que a primeira vista chegou a escolher como companheiro o cabra Moita Brava, que a recusou. Ela findou se juntando com o Boa Vista. Consulta: ARAÚJO, Antônio Amaury Corrêa de. Lampião: as Mulheres e o Cangaço, Editora Traço 2ª Edição, 2012. Pág. 279


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O Estado de Sergipe, 25 de Maio de 1934 UMA EXCURSÃO À ANÁPOLIS

Uma entrevista bizarra com o célebre sargento José Rufino, comandante da volante que exterminou o grupo de 'Azulão'.


 Transcrição de Antônio Corrêa Sobrinho 

Afazeres profissionais nos levaram sábado último à linda cidade sertaneja de Anápolis.

Dezesseis horas, aboletados no estreito banco de uma “marinete” rumamos aos solavancos, numa “prize” desabalada, estrada afora, em busca de Itaporanga, etapa que foi vencida numa bela “performance”, por uma bela estrada de esteira empiçarrada e ampla, que se nos abria, interminável, o horizonte à frente.

Salgado às 18 horas, Lagarto às 19 e às 20, afinal, avistávamos as primeiras luzes da “cidade sorriso”.

O domingo em Anápolis, surgiu preguiçoso e friorento, no marasmo amolecido das cidades sertanejas.

Um café confortante e saímos a prosear com amigos do comércio que, a despeito dos raros transeuntes, trazem, àquela hora, abertas as suas portas.

O assunto é sempre o mesmo: - falta de chuvas, política, e... Lampião. A cidade acabava de passar por mais um susto pregado por Lampião. Ao apelo de seus habitantes, ameaçados pelo bandido, o governo de Sergipe havia mandado estacionar na cidade uma volante da nossa polícia que fazia, nas imediações, a caça ao bandido. Soldados baianos da célebre volante do sargento José Rufino que desciam na pista do grupo sinistro, vagavam pela cidade na sua indumentária típica. A dez do corrente haviam tiroteado Lampião na fazenda Jitaí, no sertão baiano e refaziam-se, no momento, das grandes caminhadas.

O sargento José Rufino celebrizara-se no encontro com o grupo de Azulão a 14 de outubro próximo passado, aonde morreu o chefe Azulão e mais três comparsas.

José Rufino

Era o assunto forçado nas palestras aos poucos, talvez pela falta de outros, íamos nos interessando pelos seus detalhes, quando um sertanejo agigantado, abeirando-se do balcão em passadas largas e pesadas, pede ao caixeiro um par de sapatos número 44 que, infelizmente, não é encontrado.
Ombros largos, pescoço hercúleo, bronzeado, cartucheira ampla, pendida ao peso das balas alinhadas, o olhar frio, inexpressivo, traços fisionômicos fortes, o sertanejo dá de ombros e vai sair quando alguém lhe perguntou, quebrando o silêncio feito no momento:
- O senhor pertence à volante José Rufino?
- Sou eu o próprio José Rufino, respondeu com ênfase o sertanejo.
Uma entrevista

Zé Rufino é o primeiro em pé à esquerda.
(A foto não compõe a matéria original)

Assaltou-nos a ideia de uma entrevista com o chefe da volante mais afamada de quantos andam, neste momento, na pista dos bandidos. Notando o meu interesse o homem iluminou o olhar duro, se avizinhando da minha cadeira.
- Há quanto tempo anda o senhor na caça de bandidos?Perguntamos.
- Há três anos que entrei como “Provisório” na força baiana. Estive no encontro da Maranduba onde perdi um primo meu e um irmão do meu companheiro de agora, sargento Vicente Marques. Depois do fogo de 14 de outubro aonde acabei com o grupo de Azulão fui efetivado no posto de sargento.
 Meteu vagarosamente a mão no bolso do casaco, sacou de lá a fotografia sinistra de quatro cabeças decepadas e nos foi fazendo com o indicador, a apresentação mais estranha que temos tido:
- Aqui é Azulão. Este é Canjica, aqui é Maria e este o caboclo Zabelê. Deus me ajudou (em itálico). Foi uma boa caçada. A fotografia não está boa porque foi tirada em Monte Alegre (sertão baiano) depois de termos viajado um dia inteiro com as cabeças deles dentro de um surrão...
 Tudo isto nos ia sendo relatado com uma serenidade impressionante e trágica.
- Quantos homens perdeu neste combate?
- Dois só. Um ligeiramente ferido por três balas de raspão no rosto. Era meu rastejador. Quando se abaixava para examinar um rastro, recebeu uma descarga na cara. Já está bom.
- A sua tropa tem montadas?
- Soldado meu nunca montou. Soldado montado faz muito barulho e só anda na estrada. Na estrada, bandido não anda. Soldado meu não fuma de noite nem fala hora nenhuma. A gente faz tudo por sinal. O tenente Santinho é o que mais me recomenda: - longe de rua e de estrada se quiser encontrar com os bandidos.
- Quantos encontros já teve?
- Oito, contando com o do dia dez, na fazenda Jitaí.
- Por que não teve resultados neste último encontro?
- E eu sei?... Foi a sorte deles.
Nós demos na pista no dia 9 e saímos rastejando. De noitinha, o rastro baralhou-se num intrincado de macambira que a gente perdia de vista. Do fundo, aonde a macambira era mais alta, ouvimos vozes. Lá estava a caça. Meu pessoal se arrepiou e eu cochichei com o sargento Vicente Marques: - se avançarmos mais eles ouvem o barulho e se danam no mundo. Vamos dormir aqui. O sargento Vicente Marques que é um bicho certo no ponto (boa pontaria), esperou um tempão vendo se aparecia alguma cabeça para ele vazar. Mas, nada... De manhãzinha distribuí meu pessoal e lá vai bala. Eles gritaram de lá: - aqui também tem homem, macaco!... Gritaram assim nos xingando, mas arribaram no mundo que nós, sem podermos correr no intrincado da macambira, não encontramos mais ninguém quando chegamos no coito. Vimos lá muito sangue. Parece que ferimos algum dos 22 que estavam acoitados. Deixaram lá muita coisa que carreguei para Coité. Como vê vosmicê, é uma questão de sorte.
- E para onde deram os bandidos?
- Eles estão pra ir pra serra do Capitão.
- Estarão em Sergipe?
- Não creio. Quase que lhe posso garantir que Lampião não está em Sergipe.
"Sanharó"

Passou neste momento um soldado sergipano que, ao dar com o sargento, abraçou-o efusivamente.
- É o rastejador melhor que há neste sertão. Trabalhou comigo muito tempo. Bicho bom. Explicou José Rufino.
O soldado mirou-o com admiração, aparvalhado. Magricela, alto, pescoço fino e comprido, ligeiramente encurvado pra frente, seu corpo mirrava-se ainda mais, apertado à farda que vestia; rosto encarquilhado e vinculado por mil rugas, era o rastejador, o popular Sanharó, da polícia sergipana.

Outro tipo comum de sertanejo forte. Parece incapaz de uma agilidade. Resiste e age, entretanto, com uma capacidade assombrosa. Ao se abraçarem, pareceu-me um tronco de braúna que abraçasse uma vara de candeia. Braúna e candeia, o gigante e o pigmeu, resistem da mesma sorte às inclemências do meio em que vivem.

Estava satisfeita a nossa curiosidade e José Rufino e Sanharó lá se foram pela rua afora a procura dos sapatos número 44 tão difícil de encontrar como os bandidos que eles dão caça.


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A PISADA NA PARAÍBA PASSAGEM DE VIRGÍNIO EM SÃO SEBASTIÃO DO UMBUZEIRO/PB


O fim da década de 30 é chamado: período de pavor aos cangaceiros. Eles amedrontavam toda a região e atuavam na nossa paróquia, especialmente no ano de 1936. Naquele ano o seu reinado media 300 mil quilômetros quadrados e se estendia sobre sete estados. O medo dos cangaceiros tinha se espalhado em todos os cantos. Sempre corriam boatos de que os cangaceiros tinham passado por aqui e muita gente passava noites no mato, deixando casa e todos os seus haveres, para escaparem de uma morte cruel. 

Certos historiadores apresentam Lampião e seu bando como homens generosos e honestos, lembrando sua amizade com padre Cícero e a sua generosidade com alguns pobres. Esta convicção não é de acordo com o pensamento do nosso povo. Foi nesta época de medo que Nossa Senhora apareceu a duas meninas lá no Sítio Guarda, Vila de Cimbres, no dia 06 de agosto de 1936. Sem dúvida naquela época o nosso povo era mais sensível para coisas divinas.

Uma das visitas mais comentadas dos cangaceiros, foi a visita de Virgínio, cunhado de Lampião, e o seu bando. Entraram na região, passando por Capitão Mor, onde tomaram 10 contos de Malaquias Batista. Depois tomaram 10 contos de Manoel Correia na fazenda Estrela Dalva. No dia 21 de maio de 1936 entraram na rua de São Sebastião do Umbuzeiro depois de terem se encontrado com Ananias Celestino Pereira. 
A ele perguntaram  
"Tem macaco na rua"? 
Ele respondeu que não, e eles mandaram-no acompanhá-los para a rua. Entrando lá, deram um disparo com uma mauser. Eles foram beber no bar de Ananias(Praça Coronel Nilo Feitosa 536) e Virgínio ordenou que ninguém devia toca em Ananias. 
  
Depois descobriram uma loja de um homem de Monteiro, no lugar do atual correio. Arrancaram a fechadura, entraram e quebraram muitos jarros de perfume, enchendo a rua com um odor agradável (é conhecido como os cangaceiros gostavam de "extratos de feira", perfumes gostosos). 
  
Espalharam os tecidos da loja até o cruzeiro. Um dos cangaceiros perguntou ao chefe  
"Não vamos deixar uma lembrança aqui?". 
O chefe respondeu  
"Atire no pé de sombrião na frente da igreja!".
Dentro da igreja o povo tinha se reunido com muito medo. Ele atirou duas vezes mas não acertou a árvore: uma bala acertou a calçada e outra a porta da igreja. Depois de terminar as suas brincadeiras, arrumaram um novo guia, chamado Sebastião Tavares. No caminho encontraram o agente fiscal estadual Pedro de Alcântara Filho e seu companheiro Sebastião, que foram avisar Sátiro Feitosa na fazenda Ribeiro Fundo. Os cangaceiros queriam saber de suas andanças e eles mentiram, dizendo que foram comprar queijo na fazenda de Zé Cobra na Balança. 
  
Lá, Zé Cobra, sob ameaça de ser morto, teve que confessar que os dois foram avisar no Ribeiro Fundo, que os cangaceiros estavam se aproximando. Isso foi igual a uma sentença de morte. Sebastião pediu ainda para não matar Pedro porque ele tinha uma família, mas não adiantou. Os dois foram assassinados. Os cangaceiros queriam matar ainda uma velhinha, a sogra, porque ela tinha respondido mal. Jogaram gasolina nela mas não a incendiaram. 
  
No dia 22 de maio chegaram em Ribeiro Fundo. Os donos tinham fugido, mas na casa estava o morador Gedeão Hipólito Neves (avó do ex-prefeito Antenor Campos) e o cozinheiro Zé Lourenço. Estes dois foram mortos na hora, pois eles tinham avisado os seus patrões. O velho Sátiro, que estava escondido no capim por trás da casa, escapou. Deixando a fazenda, se encontraram no caminho com um dos filhos mais novos de Sátiro. 
  
Ele disse que era comprador de gado e eles o soltaram. Subiam para a fazenda Raposa. Lá o grupo se dividiu. Enquanto uns atacaram os proprietários desta fazenda, Bonifácio e Zé Branco, que tiveram que pagar dez contos, outros atacaram a fazenda Angico. Do seu fazendeiro, Fortunato Reinaldo, exigiram também dez contos. Como não os tivesse, levaram-lhe o filho, chamado Anfizio, por garantia do restante, até a Serra da Jurema, quando foi resgatado. 
Pesquei aqui, visse: Fagundes Lima blogspot


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VOLANTES TENENTE POMPEU E A MORTE DO CANGACEIROVIRGÍNIO


Por: Aderbal Nogueira

Segue um trecho importante que gravei com meu amigo Ten. Pompeu Aristides de Moura, em 1996.

Vejam que coisa: Estava eu batendo, literalmente, de porta em porta em um bairro meio antigo de Arcoverde - Pernambuco, tentando encontrar alguém da época do cangaço, quando vi um senhor de aproximadamente 90 anos em um portão e, ao interpelá-lo ele me disse que não era dali, era de São Paulo. Nessa mesma hora uma criança passava correndo na calçada e ouviu a conversa, voltou correndo e disse - " Meu avô brigou com Lampião e ele mora bem ali". Pois bem, era o Ten. Pompeu, uma pessoa maravilhosa, de quem fiquei amigo e admirador.

Nessa época eu não pertencia à SBEC e nem conhecia o monossilábico amigo Paulo Gastão, a quem tempos depois levei para conhecer o Ten.Pompeu. Nesse primeiro contato gravei aproximadamente oito horas com ele e um dos fatos é esse que envio a vocês

"A morte de Virgínio e uma perseguição ao bando em Serrinha do Catimbau".

Quase uma década depois, ciceroneado pelo amigo Vilela; que apesar do tênis VERMELHO e do bornal coloridíssimo; é um cabra arretado de quem eu tenho orgulho de ser amigo, desses que a gente guarda do lado esquerdo do peito, nos guiou por Serrinha do Catimbau onde pude gravar os outros dois depoimentos das senhoras Josefa e Maria do Carmo, que foram testemunhas oculares do ataque de Lampião àquela localidade e na qual o Ten.Pompeu veio em perseguição ao bando.

Espero que gostem do vídeo.

Aderbal Nogueira 
Documentarista
Fortaleza,CE

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Adendo Lampião Aceso: 
Ten. Pompeu Aristides de Moura faleceu em 21 de Setembro de 2001.

Adendo Ivanildo Silveira:
1º) Não se sabe exatamente, qual o soldado que matou " Virgínio " , cunhado de Lampião, pois eles atiraram simultaneamente no grupo de cangaceiros, conforme relata o Ten. Pompeu.

2º) O Ten. Pompeu informa que em um combate no Estado de Alagoas, as "BALAS " usadas pelo grupo de Lampião, eram do ano de 1932, enquanto que as usadas pela polícia datavam de 1912/13 .

Se nós vermos o depoimento do Ten. Zé Rufino , no documentário de Paulo Gil, " Memória do Cangaço ", o mesmo informa, exatamente, o que o Ten. Pompeu narrou, logo acima, ou seja, as " balas " usadas em combate pelo grupo dos cangaceiros de Lampião, eram sempre " Balas Novas", enquanto a polícia, usava uma munição mais antiga .

3º) O Árabe Benjamin Abrahão, o qual fotografou e filmou Lampião e seu grupo , foi encontrado várias vezes na caatinga á procura do chefe cangaceiro, sem que a polícia o repreendesse, ou tomasse qualquer atitude contra o mesmo.

4º) No combate de Serrinha do Catimbau/PE, Lampião teve sua amada (Maria Bonita) ferida, com uma certa gravidade , além de ter perdido um cachorro, que foi fuzilado pelo grupo de civis, que defenderam aquele arraial do ataque cangaceiro.

5º) Comungo com o pensamento daqueles que entendem, que ainda, falta muita coisa a ser estudada/explorada no ciclo cangaceirístico.

6º) O amigo Aderbal possui as grandes qualidades de preservar a memória do cangaço, além de partilhar com os amigos, as informações e o fatos que detém, em seu acervo, O que não acontece, infelizmente, como muitos estudiosos do cangaço.

É por ai....



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MORRE AOS 70 ANOS O TRICAMPEÃO DE FÓRMULA 1 NIKI LAUDA

Por Jornal Nacional

Piloto que sobreviveu a um grave acidente, voltou às pistas e conseguiu o tricampeonato. Ao lado da família, em Viena, foi vencido por uma complicação renal.

Morreu, na segunda-feira (20), aos 70 anos, o tricampeão mundial de Fórmula 1, Niki Lauda.


Niki Lauda e a Fórmula 1 - uma relação que deixou marcas na pele. O ano era 1976, na pista de Nürburgring, na Alemanha. Durante quase um minuto, ele ficou queimando dentro do carro, respirando fumaça e gases tóxicos. O acidente foi tão grave que um padre foi chamado ao hospital para dar a extrema unção a ele. Mas o austríaco sobreviveu numa época em que a morte fazia parte do esporte tanto quanto vencer.
Quarenta e três dias depois, ainda com as feridas por cicatrizar, lá estava ele de volta num carro de corrida para disputar o título. Na última etapa daquele ano, com muita chuva no Grande Prêmio do Japão, decidiu abandonar a prova pensando na própria segurança. O inglês James Hunt foi campeão com apenas um ponto de diferença.

Uma história tão impressionante virou filme em 2013. “Rush: no limite da emoção” rendeu uma indicação ao Globo de Ouro de melhor ator para Daniel Brühl, que homenageou Lauda nesta terça (21) numa rede social.

"Foi o homem mais corajoso que eu conheci na vida", disse.

Na época do acidente, Niki Lauda já havia conquistado o título de 1975. 

Um ano depois de quase morrer, foi campeão de novo em 1977 e se tornou tricampeão em 1984.

Nas 14 temporadas na Fórmula 1, correu com nossos três campeões: Ayrton Senna, Nelson Piquet e Emerson Fittipaldi.

"Niki Lauda, um grande amigo, supercampeão, supercorajoso, superdeterminado", lembrou Fittipaldi.

Após a aposentadoria das pistas, em 1985, Niki Lauda se dedicou à sua companhia aérea. Voltou à Fórmula 1 nos anos 90 como consultor de equipes como a Ferrari e a Jaguar. Mas foi na Mercedes que ele alcançou o maior sucesso, sendo parte atuante da equipe que domina a Fórmula 1 nos últimos anos.

Contratou Lewis Hamilton, que lamentou a morte nas redes sociais.

“Estou sofrendo para acreditar que você se foi. Sentirei falta das nossas conversas, risadas, os grandes abraços após vencermos corridas juntos”, escreveu.

Niki Lauda passou por um transplante de pulmão no ano passado. Desde então, a saúde dele nunca mais foi a mesma. Morreu nesta segunda (20), ao lado da família, em Viena, por complicações renais.

Neste fim de semana, todo o circo da Fórmula 1 estará em Mônaco, o circuito mais charmoso da temporada. E não vão faltar homenagens ao tricampeão.

No Boulevard Albert Premier, em um dia normal, o limite de velocidade é de 50km/h. Se ultrapassar pode levar uma multa de cerca de R$ 400 ou ter a carteira apreendida. Mas isso jamais em um domingo de GP. Os homens que escreveram e escrevem a história da Fórmula 1 passam por mais de 200km/h. Assim como Niki Lauda quando ganhou o Grande Prêmio de Mônaco em 75 e em 76.

No paddock, ele era reverenciado como alguém quase sobrenatural, que venceu a morte por teimosia e força.

“Ele tinha um ar de quando trabalhava, de ser duro, forte, de ter uma voz muito ativa, mas era um cara muito legal e também muito carinhoso”, contou Rubens Barrichello.

Afetuoso com todos à volta dele, mas também frio nas decisões e na determinação. Na Fórmula 1, Niki Lauda vai ser lembrado sempre como o piloto que comprovou o poder milagroso da força de vontade.

'Misturou talento, agressividade e consciência e se tornou uma lenda', diz Reginaldo Leme.

A Fórmula 1 era bem diferente na época de Niki Lauda. As pessoas eram mais dóceis, o ambiente mais amigável e o acesso mais fácil. Eu fui apresentado a ele pelo Emerson Fittipaldi, o que fez com que o nosso relacionamento fosse sempre muito bom.

Foram muitas as oportunidades que tive de entrevistá-lo. Na maioria das vezes, o tom era bem-humorado.

Como profissional era extremamente dedicado e exigente. Imaginem um piloto tendo chance de chegar à Ferrari, o sonho de todos, e, de cara, dizer que o carro era ruim. Isso caiu como uma bomba na Itália toda. Quase uma heresia. Mas foi atendendo o que ele queria que a equipe conseguiu ganhar o campeonato de 75.

No ano seguinte ele caminhava para o bicampeonato, até acontecer o acidente na Alemanha. O sacrifício todo que ele fez lutando para viver o transformou em uma pessoa de decisões ainda mais seguras. Por isso, não pensou duas vezes antes de abandonar a briga pelo título naquela corrida com chuva torrencial no Japão, porque tinha convicção de que havia algo mais importante do que vencer no esporte.

Viver foi sua maior conquista. Uma atitude que a imprensa italiana chamou de fraqueza, mas eu vi como prova de coragem. Tanto quanto aquela de voltar a um carro de corrida, apenas 43 dias depois de um acidente que o deixou entre a vida e a morte.

Niki Lauda representou muito para a Fórmula 1. Dos pilotos que vi em ação, foi o primeiro a misturar talento, agressividade e consciência. Muitos pilotos têm uma ou duas dessas qualidades. Ele somou as três.

Por isso se tornou uma lenda.


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REVISTA NOSSA HISTÓRIA EDIÇÃO DE NOVEMBRO DE 2004 O EUNUCO DO MORRO REDONDO

Por Frederico Pernambucano de Mello






Créditos para: Augusto 
"Comunidade do Orkut Lampião, Grande Rei do Cangaço"


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EVENTO EM SALVADOR, BA LANÇAMENTO DO DOC 'ASSIM ERA DADÁ'

Por Kiko Monteiro

O Centro de Estudos Euclydes da Cunha - CEEC tem o grande prazer de anunciar o lançamento do nosso mais novo filme-documentário do professor e pesquisador Manoel Neto “Assim era Dadá – A vida pós cangaço de Sérgia da Silva Chagas.

O evento terá entrada franca e acontecerá no próximo dia 23 de maio de 2019, ás 19h, na Sala Walter da Silveira, Rua General Labatut, no prédio da Biblioteca Central da Bahia.


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