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sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

AS TÊMPORAS DE SANTA LUZIA - 13 DE DEZEMBRO DE 2015

Por Geraldo Maia do Nascimento

Têmporas, para o rito católico, significa dias de preces e jejuns. No sentido aqui exposto, têmporas significa experiências com as chamadas “Pedras de Sal de Santa Luzia”.
               
Os longos períodos de estiagem no sertão nordestino e a fé característica de seu povo fizeram surgir experiências que se tornaram crenças populares. Através de uma delas, a sabedoria popular diz que é possível saber se o ano que se aproxima será chuvoso ou de seca. Para estas experiências o dia de Santa Luzia (13 de dezembro) é muito importante, porque é nesse dia que é feito o teste com as pedras de sal. No entanto, essa experiência não teve origem no Sertão nordestino, como muitos pensam. A tradição nos veio de Portugal, conhecida por todo o país. O povo do Minho acredita que, no fim do mês de dezembro, se pode fazer um prognóstico do estado do tempo no futuro ano. As Sortes ou Têmporas de Santa Luzia tiram-se deste modo: Entre a noite do dia 12 e a madrugada do dia 13 de dezembro, usa-se um pedaço de giz para marcar em uma tábua os seis primeiros meses do ano. Em seguida, coloca-se uma pedra de sal em cima de cada marca. A tábua com as pedras é colocada no sereno e, antes do nascer do sol, retorna-se para verificar o resultado. Aquelas que estiverem umedecidas indicam inverno, mais ou menos intenso, segundo o estado de umidade da pedrinha, no mês que representa. Se houver alguma derretida, indica invernão, inundações, no mês correspondente... Se as pedrinhas apresentarem-se secas, enxutas, conte com a seca.
               
Felipe Guerra e Teófilo Guerra, no livro “Secas contra a seca”. P.9, Rio de Janeiro, 1909, informa que as experiências de Santa Luzia ainda estendem-se pelos dias seguintes: o dia 13 de dezembro apresentou sinais de chuva? Janeiro será chuvoso. Nada houve, nem relâmpago se viu? Janeiro será seco. E assim por diante; 14 representa fevereiro; 15 março, 16 abril, etc.\\\"
               
Essa segunda experiência, que vai do dia 13 ao 25 de dezembro, onde cada dia corresponde a um mês do ano seguinte, pode estar relacionada com o Alcorão. No livro “Tradições populares de Entre-Douro-e-Minho,”p.73-74, Barcelos, 1938, lemos a seguinte observação: “Não terá esta crença popular origem muçulmana? Na noite de 23 para 24 de Ramadam ficará determinado tudo quanto há de acontecer no ano seguinte (Alcorão, XLIV, 2, 3, p.73-74, nota-5; XCVII, 1-5 e nota-4) foi nessa noite, chamada de Alkadr, que o Alcorão foi revelado a Maomé. Na noite de Alkadr, os anjos e o Espírito (Gabriel) descem ao mundo com permissão de Deus, a fim de regular todas as coisas. Reina a paz nesta noite até romper da aurora\\\". Mas por se tratar de experiências populares, não podemos afirmar esse relacionamento.
               
Essa mesma experiência de Santa Luzia, tal qual conhecemos no Nordeste do Brasil, também foi registrada nos arredores do Porto, em Portugal, com uma pequena variação: ao invés das pedras de sal, usam cascas de cebolas com pitadas de sal. E a data também é diferente: \\\"Em cima de uma mesa colocam-se, na noite de 31 de dezembro para o dia primeiro de janeiro, doze cascos (escamas) de cebola com a concavidade voltada para cima, e dentro de cada um dos cascos deita-se uma pitada de sal de cozinha. Cada um dos cascos representa um mês do ano: - janeiro, fevereiro, março, etc. No dia seguinte vê-se quais são as escamas onde o sal se liquefez. Estas representam os meses de chuva do ano. As escamas que se mantiveram com o sal cristalizado dizem respeito aos meses secos\\\".
               
Hoje é o dia de Santa Luzia. Para o homem do campo, é o marco inicial para uma série de \\\"experiências\\\" e perspectivas de inverno para o ano seguinte. Essas \\\"experiências\\\" representam muito mais que exercícios de possíveis previsões de chuva. São, antes de tudo, um traço cultural do povo do Nordeste que tem no bom inverno a redenção de sua miséria com a fartura de sua lavoura.
               
No entanto, essas \\\"experiências vem perdendo força ao longo dos anos e está, perigosamente, fadada ao esquecimento. Essas tradições não são mais praticadas pelos agricultores mais jovens e tendem a se perderem no tempo. Cabe aqui fazer o nosso resgate dos costumes e tradições nordestinas. 

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Autor:
Jornalista Geraldo Maia do Nascimento

Fontes:

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

POÇO REDONDO E O CANGAÇO NA TERRA DO SOL MAIOR

Por Rangel Alves da Costa*

Há um quadro na parede da história que outra moldura não possui senão a da madeira velha e embrutecida, tingida num misto de sangue e sol, em cujo fundo se avista um mundo de dor e sofrimento, de perseguições e injustiças, de homens valentes e outros apenas vítimas, lançados na luta contra a própria sina.

Tal moldura envolve um quadro que bem poderia se chamar Nordeste, sertão ou mesmo fim de mundo. Ou somente Poço Redondo. Neste quadro, pincelado na força da vida e da morte, do grito e do silêncio forjado, toda a memória de um povo e de um chão, que embora hoje reconhecido e valorizado, no passado apenas visto como uma toca peçonhenta e perigosa.

Ainda sobrevive um pouco desse estigma de brutalidade e covardia. Contudo, é a incompreensão do momento histórico em si, das forças que se digladiavam debaixo da terra do sol, que infelizmente ainda permite interpretações confusas e até preconceituosas da saga nordestina na sua vertente cangaço. Um olhar mais aprofundado logo traz uma realidade muito diferente.

Nada ao acaso, tudo com sua devida motivação. A miséria, as injustiças dos coronéis donos do mundo, a fome e as secas produziram no semiárido nordestino um cenário favorável à formação de grupos armados conhecidos como cangaceiros, que muitas vezes praticavam crimes assaltando fazendas e matando pessoas. E logo a reação ainda mais brutal de seus perseguidores: a volante.

Tal fenômeno institucionalizou-se nas distâncias sertanejas e recebeu o nome de cangaço. E cangaço originário de canga, e este termo tanto para designar jugo ou opressão. Porque assim diziam que os humildes sertanejos viviam sob a canga dos poderosos, dos latifundiários, do coronelismo.

Os pesquisadores, contudo, divergem sobre seus propósitos e fundamentos do cangaço. Para alguns, ele foi uma forma pura e simples de banditismo e criminalidade. Para outros, uma forma de banditismo social, isto é, de revolta conhecida como legítima pelas pessoas que viviam oprimidas.

De qualquer modo, temos que o cangaço foi um fenômeno social ocorrido no Nordeste brasileiro, de fins do séc. XIX até 1940, sob os resquícios de Corisco, o Diabo Louro, vez que o grupo de Lampião, o mais famoso de todos, foi desarticulado na chacina do Angico, nas entranhas do riacho Tamanduá, na famosa Gruta do Angico, lá pelos idos de 28 de Julho de 1938.


É consenso, contudo, que o cangaço foi motivado pelas condições político-sociais peculiares da região, tais como a estrutura feudal da propriedade agrária e o atraso econômico. Caracterizou-se pelo aparecimento de grupos de bandoleiros errantes, que percorriam o sertão saqueando fazendas e cidades, fazendo justiça com as próprias mãos e lutando contra bandos rivais e a polícia. Entre os mais importantes bandos de cangaceiros destacaram-se o de Antônio Silvino e o de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião.

Foi durante o reinado de Lampião que Poço Redondo, no sertão sergipano do São Francisco, experimentou a convivência e o medo com as ações cangaceiras. Foi palco de terríveis e sangrentas batalhas, foi aconchego constante para Lampião e seu bando, foi onde o inteligente Capitão das caatingas teceu amizades, foi berço de mais de duas dezenas de cangaceiros e também leito de morte para o maior dos cangaceiros. E o próprio cangaço.

Muitos fatos podem ser relembrados neste sentido. Foi após deixar a vida errante com a morte do seu chefe, que o ex-cangaceiro Cajazeira se transformou no maior mito da história poço-redondense. Ao sair ileso da chacina do Angico - mesmo tendo perdido sua esposa Enedina - Zé de Julião procurou retomar sua vida tendo a política como opção. Duas vezes se candidatou a prefeito e só não saiu vitorioso pelas falcatruas eleitoreiras de então. E por causa disso passou a ser novamente perseguido até ser assassinado covardemente.

Segundo os relatos históricos, Lampião parecia mesmo ter escolhido Poço Redondo como uma segunda casa sua. A primeira era a caatinga, com varanda de xiquexique e assento de mandacaru. Mas a família era grande, era muita, espalhada por todos os sertões nordestinos. E em Poço Redondo mantinha amigos fiéis, tinha acolhida, comida à mesa, tudo o que precisasse. E também a simpatia de tantos jovens que decidiram entrar para o seu bando.

Num misto de temor e reverência, aliado ao fato de que o homem sempre estava por ali desafiando as volantes, verdade é que mais de trinta filhos de Poço Redondo seguiram a trilha do bando de Lampião. Mocinhas muitas novinhas, ainda na adolescência, se encantavam com aqueles “artistas” das caatingas e seguiam seus destinos de amor cangaceiro. Assim foi com Adília, Sila, Enedina, Rosinha e outras. Dentre os meninos de Poço Redondo estavam, por exemplo, Cajazeira, Canário, Elétrico, Mergulho, Novo Tempo e Zabelê.

Os alfarrábios da história assinalam que os seguintes filhos de Poço Redondo seguiram Lampião e seu bando, segundo seus apelidos e nomes:

Homens: Sabiá (João Preto), Canário (Rocha), Diferente (Nascimento), Zabelê (Manoel Marques da Silva), Delicado (João Mulatinho), Demudado (Zé Neco), Coidado (Augusto), Cajazeira (João Francisco do Nascimento – Zé de Julião), Novo Tempo (Du), Mergulhão (Gumercindo), Marinheiro (Antonio), Elétrico, Penedinho (Teodomiro), Bom de Vera (Luis Caibreiro), Beija Flor (Alfredo Quirino), Moeda (João), Alecrim (Zé Rosa), Sabonete (Manoel), Borboleta (João Rosa), Quina-Quina (Jonas), Ponto Fino (José da Guia), Zumbi (Angelino), Cravo Roxo (Serapião), Cajarana (Francisco Inácio dos Santos – Chico Inácio) e Azulão (Luis Maurício da Silva). Um total de 25 cangaceiros.

Mulheres: Sila (mulher de Zé Sereno e irmã de Novo Tempo, Mergulhão e Marinheiro), Adília (mulher de Canário e irmã de Delicado), Enedina (mulher de Cajazeira, o Zé de Julião), Dinda (mulher de Delicado), Rosinha (mulher de Mariano), Áurea (mulher de Mané Moreno) e Adelaide (mulher de Criança, irmã de Rosinha e prima de Áurea). Um total de 7 mulheres.

Como demonstrado - e apenas em alguns fatos -, Poço Redondo teve uma participação singular na vida do cangaço. Foi estrada, casa e leito de morte de Lampião. Foi de onde se arregimentou uma juventude para uma luta inglória. Foi de onde Durval silenciou acerca de tudo o que sabia sobre seu irmão Pedro de Cândido e a suposta traição. E também de onde Alcino Alves Costa tudo contou para o mundo. E como gostaria de ter conhecido o seu tio Zabelê.

Poeta e cronista
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FOTOGRAFIAS DO PROFESSOR JOSÉ ROMERO DE ARAÚJO CARDOSO

Por José Romero de Araújo Cardoso

Fotografias da realização do Mini-Curso ministrado pelo Prof. Ms. José Romero Araújo Cardoso no Simpósio de Geografia da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Abrilhantando o evento, houve a participação do pesquisador Antônio Kydelmir Dantas de Oliveira. O Mini-Curso do Prof. Romero enfatizou a Geo-História da Cultura Nordestina: A importância do estudo das músicas de Luiz Gonzaga. Período de realização: 17 e 18 de dezembro de 2015.





Enviado pelo professor, escritor e pesquisador do cangaço José Romero de Araújo Cardoso

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ENTREVISTA DO FOTÓGRAFO JOSÉ RODRIGUES DA COSTA AO DR. MILTON MARQUES DE MEDEIROS NA TCM


TCM Mossoró de Todos os Tempos - RODRIGUES FOTÓGRAFO (parte 1)

Ontem completaram 4 meses do seu falecimento

Publicado em 21 de junho de 2012

Entrevista José Rodrigues (RODRIGUES FOTÓGRAFO) fazendo uma retrospectiva de como começou na arte de fotografar, falando também sobre turismo (as grandes potencialidades do turismo na Costa Branca do Rio Grande do Norte.

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MAIS UMA DESCOBERTA FANTÁSTICA.


Os filhos dos almocreves que iam à feira de FLORESTA, no dia 28 / 08 / 1926, sábado, e foram aprisionados no Riacho do Arcanjo . CHACINA DA TAPERA. Eram dois irmãos e um primo, todos moradores da FAZENDA MONTE em Belém do São Francisco, propriedade de José Terto. Outros florestanos também estiveram a mercê dos cangaceiros nesse local. 




TODOS OS DETALHES E FOTOS INÉDITAS, CONTADOS EM MAIS DE 60 PÁGINAS. FAZENDA TAPERA - O PRESSÁGIO DE UMA CHACINA. LIVRO - AS CRUZES DO CANGAÇO - OS FATOS E PERSONAGENS DE FLORESTA. Uma parceria com Cristiano Ferraz.

Fonte: facebook

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RELAÇÃO DE LIVROS À VENDA (PROFESSOR PEREIRA - CAJAZEIRAS/PB).


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A GRANDE MARCHA DE LAMPIÃO PARA MOSSORÓ Parada 08 - VISITA À FAZENDA LAGES

Por Geziel Moura

O dia 10 de junho de 1927 foi muito movimentado para o bando de Lampião, devido ao combate de Caiçara, Virgolino começou a perder a vantagem do sigilo, após tal refrega. Contornaram a Vila Vitória e seguiram para a Fazenda Lages.

Fazenda Lages
Fazenda Lages 

Massilon tinha motivação própria, para assaltar esta fazenda, pois já estivera nela no ano anterior, em que foi bem recebido pelo dono, João Fernandes o que não aconteceu com a esposa do fazendeiro. Assim, forçado por D. Liberalina, que não queria "pistoleiro" em sua propriedade, Massilon foi expulso, o que prometeu vingança a mulher.

Marcas de canos de fuzis na janela da Fazenda Lages
Lajedos em que os cabras passaram a noite

Agora chegara a hora da vingança, o cabra dizia a todos, que ia colocar um chocalho na mulher de João Fernandes. Entretanto, o castigo de Massilon, não se realizou, pois a notícia do combate de Caiçara, reverberou em todo canto da circunvizinhança, o que levou o casal trancar a casa e fugiram para Vitória, momentos antes da cabroeira chegar. A pilhagem da propriedade, foi inevitável, com roubo de jóias e objetos valiosos. 

 Córrego João Brandinho

Já estava no fim do dia 10, o bando resolveu acampar em excelentes lajedos, próximo ao córrego João Brandinho, onde pernoitaram.

Fonte: facebook
Página: Geziel Moura

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