Seguidores

domingo, 5 de agosto de 2012

Enquanto não vem cangaço - Fransquinho Vasconcelos

Por José Mendes Pereira
Fransquinho Vasconcelos

Era um homem de  admirável simplicidade. Educado, calmo, que atendia as pessoas com um simples gesto de boas vindas. Filho de uma grande personalidade de Apodi, mas radicado em Mossoró, o escritor, poeta e jornalista José Martins de Vasconcelos. Não posso afirmar que seu Fransquinho foi o primeiro proprietário de Livraria em Mossoró, mas com certeza, o segundo.

Fransquinho Vasconcelos (43), dona Terezinha (29),
Vasconcelos Neto (4), Silvia (3) - 1956 - http://azougue.org

Lembro-me bem onde funcionava a sua primeira Livraria e Tipografia. Próximo ao antigo Cine Cid, na Rua Coronel Vicente Sabóia. Nunca foi homem de luxo, apenas organizava o seu comércio; um birol feito de pereiro, envernizado, pequeninho onde guardava todos os seus documentos, notas fiscais, talões... Posteriormente na mesma rua, construiu um prédio, e lá se estabeleceu até os seus últimos dias de vida. 

Nos anos sessenta e setenta eu era tipógrafo na Editora Comercial S/A., e através de contatos gráficos, fiz amizade a ele. Deixando a vida gráfica, as nossas amizades cresceram mais ainda, quando fui prestar os meus serviços públicos ao Estado-RN, numa escola, cujo patrono é o seu pai, José Martins de Vasconcelos.

Jornalista José Maritns de Vasconcelos

Ele querendo que o nome do seu velho pai fosse zelado e seguisse mais adiante, fazia panfletos para serem entregues na escola, todos levados e distribuídos aos alunos por mim.

A história que segue não foi ele que me contou, mas, segundo os gráficos mais antigos, já falavam o que havia ocorrido na sua tipografia.

Fransquinho Vasconcelos tinha um dos seus empregados que muito o paparicava. Por mais que existissem homens honestos, não serviam para lavar os pés do seu grande e honesto profissional. 

Nos finais de semana, principalmente aos sábados à tarde, era do costume o empregado fazer bicos (horas extras) em sua tipografia. Enquanto Fransquinho  Vasconcelos organizava os seus documentos de trabalho, o operário permanecia lá dentro da oficina, fazendo as suas impressões tipográficas, isto no sentido de adiantar os pedidos  para a semana entrante.

Mas geralmente aos sábados desaparecia dinheiro da sua gaveta, e, como tendo total confiança no seu empregado,  jamais imaginou que poderia ser ele que o roubava. E os desaparecimentos de dinheiro continuavam sem ter a certeza quem seria o larápio.

Já cansado de ser assaltado, idealizou uma simples e bem pensada ideia, para descobrir quem seria o ladrão que o roubava. Comprou um chocalho, não tão grande, mas médio, e montou-o sob a gaveta onde ele guardava os seus valores. 

Nessa tarde, depois de pronta a armadilha, foi lá dentro da oficina e disse ao empregado que iria dar um dedinho de conversa com os amigos, lá na praça da Catedral. Geralmente lá estavam: Jorge Pinto, proprietário do Cine Pax, Seu Medeiros, da Casa Medeiros, Seu Ferreira, da Casa Ferreira, Odílio Pinto, seu contador, e outros e outros comerciantes se divertiam por lá.

Mas Fransquinho Vasconcelos em vez de ir à  viagem, escondeu-se por trás de um monte de caixas com livros que iria ser colocado nas prateleiras, e lá ficou observando quem iria lhe roubar.

 

Como o empregado não imaginava tal desconfiança do velho patrão, parou a máquina impressora, foi até a sala, em seguida dirigiu-se até a porta que saía para rua, para ter certeza que  Fransquinho Vasconcelos tinha ido a dita viagem; e vendo que o patrão havia ido mesmo, voltou, abriu a gaveta, assustando-se com o trim-trim do chocalho.

Desconfiado,  em vez de retornar à oficina, e sentindo vergonha da sua própria fraqueza, e não imaginava que o patrão se escondia por trás das caixas, foi tentar disfarçar o seu erro entre elas. Mas se enganara! Quando tentava se ocultar por ali, viu o patrão banhado de tristeza, por saber que quem o roubava era o seu homem de confiança.

Ao vê-lo ali escondido, disse-lhe:

- Que vergonha seu Fransquinho! Que vergonha!

- Muito mais vergonha sinto eu - dizia Fransquinho Vasconcelos, trêmulo e sentindo piedade do miserável,  pois jamais eu imaginei que você fosse capaz disso. Mas não vou te demitir. Você vai continuar trabalhando nesta gráfica. Se eu te demitir, aqueles teus filhos irão todos morrerem de fome, e eles não têm culpa da sua fraqueza. Leve sempre para sua casa coisas adquiridas através do teu suor, para ensinar a teus filhos o caminho da vida sem decepções. Se você continuar assim, estará ensinando aos  teus próprios filhos a serem desonestos. E o fim será cadeia  e mais nada.

Até onde eu sei, o homem não quis ficar mais trabalhando,  abalando-se de Mossoró com toda sua família. Nunca mais foi visto nesta cidade. 

Minhas simples histórias

Lampião


Virgulino Ferreira da Silva, conhecido popularmente pelo apelido de Lampião, foi o principal e mais conhecido cangaceiro brasileiro. Nasceu na cidade de Serra Talhada (PE) em 7 de julho de 1898 e faleceu em Poço Redondo (SE) em 28 de julho de 1938. Ficou conhecido como o "rei do Cangaço".

Biografia:

Nasceu numa família de classe média baixa. Trabalhou com o pai, na infância e parte da adolescência, cuidando de gado. Trabalhou também com transporte de mercadorias em longa distância, utilizando burros como meio de transporte de carga. Envolveu-se em brigas familiares na juventude e entrou para um bando de cangaceiros para vingar a morte do pai. Em 1922, passou a comandar um bando de cangaceiros. Em 1923, seu bando efetuou assalto a casa da baronesa de Água Branca (AL). Em junho de 1927, Lampião comandou seus homens na fracassada tentativa de tomar a cidade de Mossoró (RN). Chegaram nesta ocasião a sequestrar o coronel Antônio Gurgel. Na década de 1930, Lampião e seu bando passou a ser procurado por policiais de vários estados do Nordeste. O bando passou a viver de saques a fazendas e doações forçadas de comerciantes. 


Em 1930, conheceu Maria Déia (Maria Bonita) que ingressou no bando, tornando-se mulher de Lampião. Em 1932 nasceu a filha do casal, Expedita. Em 27 de julho de 1938, Lampião e vários cangaceiros do bando estavam na fazenda Angicos, sertão de Sergipe, quando foram mortos por policiais da volante do tenente João Bezerra.

Fonte: suapesquisa

No ideário popular, Virgulino conquistou o apelido de Lampião num de seus embates com a polícia militar, quando gabava-se que - no decorrer de uma luta - sua espingarda não deixara de ter clarão, "tal qual um lampião". Lira [LIRA, João Gomes de. Lampião: Memórias de um soldado de volante. Floresta (PE): PMF/SECD, 1997. vol. 1] admite quatro hipóteses para a alcunha famosa, como se segue:

A primeira delas surgiu após a retirada dos Ferreira para Alagoas onde fixaram residência no lugar Santa Cruz do Deserto, município de Mata Grande. Com eles foram muitos amigos e agregados, como: Pergentino Belxó, Luiz Gameleira, Manoel Tubino, e Cajazeira (estes dois últimos, já cangaceiros afamados). Por último, juntaram-se a eles os irmãos Benedito (José, Olímpio e Manoel). Foi exatamente na afirmação de Olímpio Benedito que no intervalo da marcha "ao meio dia, no descanso na Lagoa dos Soares, quando palestravam e brincavam, surgiu naquele descanso, naquela palestra, o vulgo de Lampião para Virgulino Ferreira." (1997 p.43)

A segunda deu-se, durante forte perseguição exercida pelo tenente Lucena (antes mencionado como sargento) sobre os Ferreira, quando do ingresso dos mesmos no bando de Antônio Porcino. Que, nas Alagoas, sob forte fogo cerrado em Pariconha; Virgolino "com o seu rifle peado, formando na boca do mesmo um grande e luminoso farol, dando a impressão de um lampião, surgiu o nome de guerra do famoso cangaceiro." (1997 p. 57)

A terceira foi em condições semelhantes à segunda, travada nas trevas de uma noite sem luar e, Virgolino salientando-se mais que os demais e "com toda a escuridão, entravam em feroz fuzilaria. Os bandidos jogavam balas como chuva em cima da polícia que, destemidamente, avançava contra os inimigos. A luta foi seriamente arrochada, apesar do número inferior de bandidos (doze homens), isto sem haver recuo, mas devido ao forte avanço do tenente Lucena os cangaceiros deram costas, deixando morto o cangaceiro Gafanhaque." (1997 p. 59)

A quarta e última versão tem origem num forte tiroteio onde foi morto o cangaceiro Pitombeira e ferido o bandido Lavandeira. Virgolino surpreendeu seu chefe de então, o famoso Sinhô Pereira, conquistando sua confiança e inspirando-a em todo o grupo. Indagado pelo mesmo, após um boa noite de descanso, sobre os requisitos que o mesmo teria para ser um cangaceiro de verdade e continuar em seu bando, respondeu "apenas que no seu rifle, no tiroteio da noite anterior, jamais faltou clarão. Ao ouvir estas palavras, os célebres cangaceiros Baliza e Cajazeira, gritaram: - Temos agora, um lampião! Temos agora um lampião! Não andaremos mais no escuro!. Daquele dia em diante, Virgulino passou a atender, por Lampião." (1997 p. 61).

Segundo Vassalo Filho [VASSALO FILHO, Miguel. Lampião - o grande cangaceiro]. Lampião fisicamente "tinha cerca de 1,70 de altura, tipo amulatado, compleição rígida e era cego do olho direito. Sua canga era composta, além das armas habituais, de carne assada, charque, bolachas e café, pedaços de queijo e rapadura, misturados com farinha de mandioca. Conduzia ainda algodão, tintura de iodo, casca de juá e aguardente alemã [schnaps]. Papel e lápis, além de muito dinheiro. Todos esses apetrechos de sua "canga" chegavam a pesar mais de 20 quilos, o que demonstrava a resistência de quem os conduziam, em longas caminhadas de léguas e léguas e durante tantos anos."
Siga www.onordeste.com pelo Twitter

Sedição de Juazeiro em noite Cariri Cangaço-GECC

Lançamento da Sedição, durante o Cariri Cangaço 2011

Quem ainda não teve a oportunidade de conhecer uma das mais sensacionais produções da televisão brasileira, Minissérie "Sedição de Juazeiro" de Jonasluis da Silva de Icapuí com direção de Daniel Abreu e co-produção da Laser Vídeo, não pode perder a próxima Noite Cariri Cangaço-GECC , no espaço Raquel de Queiroz da Livraria Saraiva do Shopping Iguatemi.

Sedição de Juazeiro; uma das mais aguardadas produções de nossa televisão, que teve sua pré-estréia na terceira edição do Cariri Cangaço de 2011 e que dentro de poucos dias estará sendo apresentada para todo o público telespectador, terá mais um grande momento na noite Cariri Cangaço-GECC desta próxima segunda-feira, dia 06. Os momentos marcantes, os bastidores, o mainking off e muito mais nesta noite que promete muito.


Noite Cariri Cangaço-GECC
Nesta segunda-feira - Dia 06 de agosto
19horas
Espaço Raquel de Queiroz - Livraria Saraiva
Shopping Iguatemi - Fortaleza-CE

Ângelo Osmiro
Presidente do GECC
Manoel Severo
Curador do Cariri Cangaço
Aderbal Nogueira
Laser Vídeo

Cinema e cangaço na terra do sol

Por: Fernando Monteiro
O encontro de Abrahão com o bando de Virgulino, em foto tirada pelo cangaceiro Juriti. Da esquerda para a direita:  Benjamin Abrahão (à frente), Amoroso, Lampião, Cacheado (ao fundo), e Maria Bonita.

A saga do cineasta amador Benjamin Abrahão, o único a filmar Lampião e seu bando de cangaceiros, antes do massacre de Angicos.

Dentre os jovens libaneses que, durante a Primeira Guerra Mundial, deixaram vilas e cidades até hoje obscuras entre as montanhas de cedros, estava um rapaz de Zahelh (a das tâmaras doces) chamado Benjamin Abrahão. Ele seguiu o impulso de evasão, mas em vez do destino preferencial, a América do Norte, foi para o borrão dos edens do hemisfério sul e suas estranhezas: selvas, sertões e sertanejos parecidos com alguns dos imigrantes da sua terra. Abrahão deu adeus às tâmaras em busca dos frutos tropicais ácidos e barrocos no aspecto, naqueles lugares de sol refulgindo em nomes inesperados como "Pernambuco" - com a sua sugestão de oco do mundo e porto de ventos entre fáceis riquezas. Abrahão chegou, assim, a um Recife ainda sereno, cortado por um rio lento. O rapaz dos jardins orientais viu o Derby elegante, os jogos de times de futebol e regatas, os cinemas Royal e o Glória às vezes exibindo filmes locais, cujos letreiros ajudavam a aprender a língua.

No melodramático Filho sem mãe, de Edson Chagas, o imigrante veria, pela primeira vez, a figura de um cangaceiro, ao mesmo tempo mítica e pobre, injuriada e condenada a morrer, no futuro imediato, pela chegada do progresso. Nessa altura, Abrahão vendia tecidos, como um mascate entre os muitos que percorriam as ruas de casas com varais coloridos de roupas ao vento. Passado um tempo, as ofertas do libanês se ampliaram também para farinha, fubá de milho, rapadura e carne do sertão. Esta palavra - "sertão" - viria a fazer parte fundamental da sua vida, embalaria seus sonhos e selaria, um dia, o seu destino. Ele era um montanhês, e sentia falta dos espaços mais livres das pontes graciosas sobre o Capibaribe. Um dia, Benjamin comprou dois burros - Assanhado e Buril -, o cavalo Sultão e um segundo estoque de mercadorias. Em seguida, partiu para Juazeiro do Norte (CE), o antigo arraial "inchado" pelos romeiros do padre Cícero Romão Batista. Começava a aventura cinematográfica do mascate vindo dos sertões do Líbano.

No staff do Padim
Estrangeiro jeitoso e falante, Benjamin Abrahão conheceu logo o Padim Padre Ciço dos cangaceiros e coronéis, e se tornou, com o tempo, nada menos que o seu "secretário para assuntos internacionais". Na louca Juazeiro das fanáticas multidões, passava pela cabeça do padre a possibilidade de ter assuntos de "relações exteriores" para tratar. Foi nessa condição que o nosso peregrino da sorte pôde testemunhar, na verdade, as relações conflitadas no próprio sertão, quando, numa clara manhã de março de 1926, o cangaceiro Lampião e mais 49 cabras triunfalmente entraram na cidade das rezas. Dizem que Abrahão já alcançara status suficiente, naquela "corte", para estar presente à reunião na qual o "primeiro-ministro" do padre Cícero - o deputado Floro Bartolomeu - concedeu a patente de "Capitão" ao controverso "afilhado" do religioso, a fim de atraí-lo para a luta contra a Coluna Prestes, inimiga do governo do presidente Artur Bernardes.

Virgulino Ferreira da Silva desde o primeiro momento impressionou o assessor juazeirense para assuntos das "estranjas". Ali estava uma espécie de guerreiro de Saladino, agarrando o seu punhal de 48 centímetros com dedos morenos enfeitados dos anéis de pedras duvidosas. Tinha senso da cena, nas suas chegadas e ataques: vestia-se com uma roupa de campanha atravessada de bandoleiras que lembravam mexicanos revoltosos, sem perder nada do exame de uns óculos de finos aros de ouro a lhe darem certa distinção equívoca, feita de segurança e ameaça. Desfilando pela rua, pisava forte como um príncipe tisnado, e dava entrevistas, era fotografado pelos repórteres (Lauro Cabral e Pedro Maia) convidados do "Dr. Floro".

A Matriz de Santa Luzia de Mossoró - 05 de Agosto de 2012

Por: Geraldo Maia do Nascimento

Encontramos registros em velhos livros amarelados pelo tempo onde se ler que a 5 de agosto de 1772 a Provisão das Dignidades do Cabido de Olinda concede a Antônio de Souza Machado, Sargento-Mor da ribeira do Mossoró e sua mulher Rosa Fernandes, autorização para construir uma capela na fazenda Santa Luzia, de sua propriedade, em cumprimento de promessa feita por sua intercessão. E a capela foi construída com os cruzados do Sargento-Mor e o auxílio dos devotos circunvizinhos, sendo o primeiro ato litúrgico celebrado em 25 de janeiro de 1773, quando foi batizada uma criança do sexo feminino, cerimônia essa oficiado pelo padre José dos Santos da Costa. A criança que havia nascido no dia 15 do mesmo mês, recebeu na pia batismal o nome de Maria, e era filha de Miguel Soares de Lucena e de Páscoa Maria da Encarnação, primeira neta paterna do Alferes Manuel Nogueira de Lucena.


Em 9 de maio de 1773 foi feito o primeiro sepultamento na Capela de Santa Luzia. Era de uma menina de 9 anos de idade, filha de Manuel Bezerra de Jesus e Maria Madalena Teixeira. Dessa data em diante, os mortos de Mossoró passaram a ser sepultados no interior da capela, visto que anteriormente as pessoas que morriam no povoado eram sepultadas na Capela de Mata Fresca, comunidade distante 72,0 Km de Mossoró.

Em 6 de outubro de 1778 é realizado o primeiro casamento na Capela de Santa Luzia, sendo os nubentes Gregório da Rocha Marques Filho e Francisca Nunes de Jesus, tendo como testemunhas o português coronel regente Francisco Ferreira Souto e Antônio Afonso da Silva, o primeiro sendo morador de Mossoró e o outro do Panema. A solenidade realizada pelo carmelita Frei Antônio da Conceição.

Da fazenda Santa Luzia de Mossoró surgiu o povoado e do povoado a cidade, tudo se passando ao redor da Capela. Em 13 de julho de 1801 dona Rosa Fernandes, viúva do Sargento-Mor Antônio de Souza Machado, faz doação do patrimônio da Capela de Santa Luzia.
               
Em 30 de dezembro de 1830 é inaugurada a primeira reforma da Capela, reforma essa para a qual se mandou buscar no Assu o mestre pedreiro Manuel Fernandes que veio com um escravo e um mestre de obras. A imagem de Santa Luzia de Mossoró, pequena e de madeira, foi mandada buscar em Portugal.
               
Em 27 de outubro de 1842, pela resolução número 87, a Capela de Santa Luzia era elevada à categoria de Matriz, desdobrada assim da freguesia do Apodi a que esteve ligada durante setenta anos.
               
Mas a primitiva Capela já não era suficiente para atender as necessidades da população e é assim que em 24 de março de 1858 foi iniciada a reconstrução da Igreja, no mesmo local da anterior, tendo o vigário Antônio Joaquim Rodrigues aproveitado algumas paredes de pedra e cal da primeira construção. Foi uma longa reforma que durou dez anos, sendo utilizados auxílios dos paroquianos e verbas da província. Mesmo assim, as torres não foram concluídas nessa reforma.
               
Em 1910 era vigário da Catedral o Padre Pedro Paulino Duarte da Silva. Esse Padre promoveu na época, uma meritória campanha em prol da conclusão das torres da Igreja. Para isso concitou os fiéis às romarias durante as tardes de Domingo, quando seriam transportados tijolos, pedras, areia e cal para o adro da Matriz, de forma a não pararem os serviços por deficiência de material. O povo atendeu ao chamado do Vigário e as torres foram concluídas.
               
Em 28 de julho de 1934 foi criada a Diocese de Mossoró, com solene missa celebrada na Matriz de Santa Luzia pelo padre Luís da Mota, vigário da paróquia, quando o mesmo dá conhecimento aos fiéis, através da Bula PRO ECCLESIARUM OMMIUN, do Santo Padre Pio XI, criando a Diocese e elevando a Matriz de Mossoró à categoria de Catedral Diocesana. A Matriz se enfeitara toda para esse ato. Dentre os presentes, estavam todas as autoridades municipais, vários sacerdotes e religiosos da região.
               
O primeiro Bispo da Diocese de Mossoró foi dom Jaime de Barros Câmara, que tomou posse em 26 de abril de 1936. O segundo Bispo foi dom João Batista Portocarrero Costa que tomou posse no dia 8 de dezembro de 1943. Dom Eliseu Simões Mendes toma posse em 20 de fevereiro de 1954 como terceiro Bispo da Diocese de Mossoró. O quarto Bispo foi Dom Gentil Diniz Barreto e o quinto e atual Bispo de Mossoró é Dom José Freire de Oliveira Neto, empossado em 01 de abril de 1984.
               
Um fato curioso ocorrido em Mossoró e que envolve a Capela de Santa Luzia é que em 1867 morre em Mossoró Álvaro Marreiro, apelidado de \\\\\\\"Cocão\\\\\\\", que por não querer perdoar a um inimigo, não recebeu confissão e por isso o Padre Antônio Joaquim recusou-lhe a sepultura no sagrado. Enterraram-no por detrás da Igreja, num local que na época era coberto de mato. Acontece que com a reforma da Igreja em 1878, a mesma foi aumentada, ficando a dita sepultura debaixo do altar da mesma Igreja. Por ironia do destino, Álvaro Marreiro a quem foi negado sepultamento no sagrado, acabou tendo-o em local de honra do templo.
               
Santa Luzia foi proclamada padroeira de toda Diocese no dia 18 de novembro de 1984, no cinqüentenário da Diocese, pelo seu quinto Bispo, D. José Freire de Oliveira Neto.
                


Todos os direitos reservados

É permitida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de
comunicação, eletrônico ou impresso, desde que citada a fonte e o autor.

Autor:
Jornalista Geraldo Maia do Nascimento

Fontes: