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quinta-feira, 20 de março de 2025

JOÃO TORQUATO X CORISCO ENCONTRO DE GIGANTES.

 Por: Alcino Alves Costa

Outrora, Poço Redondo era um arruado pertencente ao vasto município de Porto da Folha. Com sua emancipação em 25 de novembro de 1953 quase todas as fazendas nascidas nos escondidos daquelas brenhas caatingueiras passaram a pertencer ao novo município. Dentre elas uma fazenda chamada Pia Nova. Nos idos do cangaço o proprietário da Pia Nova era um caboclo de “boa cepa”, “raiz de braúna”, verdadeira “madeira de lei”, “homem atutanado”, sertanejo de “peso e medida”, chamado Torquato José dos Santos.

João Torquato

Já caindo para a idade seu Torquato cuidava com esmerado carinho e zelo de sua terrinha, de sua família, especialmente de sua numerosa filharada. No meio dela um rapazinho saindo da puberdade, chamado João. Este jovem caboclo carregava orgulhosamente o nome de seu pai junto ao seu nome de batismo. Vindo, com o passar dos anos, a se tornar no célebre João Torquato, o homem que derrotou Corisco, o “Diabo Louro”, na famosa medição de força acontecida na fazenda Queimada de Luís.

O sofrimento, dores e provações de João Torquato começaram acontecer naquele entardecer do triste dia 02 de maio de 1937, quando chegou a sua casa um bando de malvados cangaceiros comandados por Zé Sereno e Mané Moreno.Numa atitude injusta e perversa, os cruéis cangaceiros assassinam o velho Torquato e seu genro Firmino. Medonha tragédia que destroçou a vida de João e todos da família.

Desatinado com tamanha injustiça, João Torquato só pensava em vingar a morte do papai amado e de seu cunhado Firmino. Só lhe restava uma alternativa. Mesmo sabendo que sua mãe iria acrescentar ainda mais as suas dores e sofrimentos se decidiu por procurar uma das “forças do governo” que combatiam Lampião e nela se engajar. Só assim teria oportunidade de caçar e se vingar dos monstros que tiraram a vida de seu pai.

Foi o que fez. Procurou a volante comandada pelo famoso Zé Rufino e nela deu início a uma nova e inesperada etapa de sua vida; a vida de caçar cangaceiro. Pouco se demora sob o comando de Zé Rufino. O seu destino é a volante do temido Antônio Recruta, onde perseguiu cangaceiro por longo tempo. Nesta volante, João Torquato participou de vários confrontos com os cangaceiros.

Um deles, no entanto, se tornou célebre. Aquele em que sozinho enfrentou a cabroeira de Corisco, baleando-o e tirando a vida dos cangaceiros Guerreiro e Roxinho.

Como se sabe Corisco, após a morte de Lampião, ficou “atuleimado” e “atarantado” da cabeça, sem tino e sem razão. Ensandecido, cometeu diversas atrocidades, dentre elas as monstruosas execuções e degolamento de Domingos Ventura e mais cinco pessoas da família do vaqueiro da fazenda Patos, nas Alagoas, e como requinte final, após cortar as cabeças de suas desventuradas vítimas, as enviou para a cidade de Piranhas, aonde foram entregues ao prefeito João Correia Britto. O mesmo acontecendo, já em Sergipe, na fazenda Chafardona, em Monte Alegre de Sergipe, quando em mais um ato brutal assassinou Sinhozinho de Néu Militão, cortou a sua cabeça colocando-a em uma gamela e a enviando para o então povoado de Monte Alegre, por um rapaz chamado Santo e entregá-la ao cabo Nicolau que ali destacava.

Foi logo após esse crime que Corisco se deslocou até as caatingas da linha divisória entre Sergipe e Bahia. Existem duas versões sobre o local em que aconteceu o extraordinário combate travado por João Torquato e Corisco.

O notável historiador Antônio Amaury, em seu livro “Gente de Lampião: Dadá e Corisco”, no capítulo “Agonia do cangaço”, páginas 113, 114 e 115, seguindo as acreditáveis informações de Dadá, diz que este confronto entre Corisco e João Torquato, aconteceu na fazenda “Lagoa da Serra”, residência do coiteiro Geraldo. Ocorre que João Torquato afirmava convicto que o seu embate com Corisco se deu em uma fazendinha abandonada chamada “Queimada de Luís”. Está em muitos livros a história deste confronto. Como se sabe o cangaceiro Guerreiro foi morto pelas balas do fuzil de João Torquato quando caminhava ao lado de Dadá e Roxinho pela malhada da fazendinha.

Imaginando que Guerreiro fosse Corisco, João Torquato faz pontaria em seu corpanzil e dispara a sua mortífera arma. O bandido tomba gravemente ferido. Não é Corisco é o cangaceiro Guerreiro. Corisco e os que lhe acompanhavam pensaram ser uma volante. A cabroeira corre e se ampara no paredão de um tanque. Prepara-se para enfrentar os agressores. Assim pensando, Corisco grita raivoso:
“- Macacos covardes! Venham! Vamo brigar. Vocês tão pegados é com Corisco” 
Jamais poderia imaginar que estava sendo atacado apenas por um soldado. João se surpreendeu ao ouvir aquela possante voz. Pensava que o bandido que havia derrubado na malhada da fazenda fosse justamente Corisco, mas estava enganado. Os cangaceiros estão amparados no paredão do tanque. No outro lado do paredão está João Torquato que os enfrenta como desmedida coragem. Troca tiros com os bandidos. De repente divisa um cangaceiro que como se fosse uma cobra – e cobra ele era – se arrasta cautelosamente a sua procura. Sem perda de tempo o “contratado” dispara seu fuzil e o assecla despenca, rolando em sua direção. O “cabra” é muito jovem. Mais parece um menino. É Roxinho, o mesmo que estava ao lado de Guerreiro e Dadá na malhada da fazenda.

Grupo de Zé Rufino, primeiro a esquerda.

O menino é valente. Tenta pegar a sua arma que havia escapado de suas mãos. Não consegue. João Torquato com o coice de seu fuzil esbagaça a sua cabeça.Temendo o cerco da volante, assim imaginava Corisco, o mesmo e sua Dadá deixam o paredão do tanque e procuram a proteção da caatinga. João Torquato grita para o “Diabo Louro”:
- Tá correndo covarde? Num diz que é valente, cabra frouxo. Num corra! Vamo brigar”.  
O famoso alagoano escuta as palavras desafiadoras do soldado. É um valente. Vira-se para enfrentar a volante. Surpreso se depara apenas com um inimigo. Cadê os outros? Fica a se indagar por segundos. É a sua perdição. João Torquato aproveita aquela momentânea indecisão e dispara a sua arma. Naquele dia o filho de seu Torquato estava totalmente protegido pela sorte. Uma bala atingiu justamente os dois braços de Corisco deixando-o fora de combate.

O balaço fez com que o fuzil do companheiro de Dadá caísse por terra. Sem forças para segurá-lo o cangaceiro se desespera e procura se proteger na mataria. Percebendo a situação do famoso bandoleiro, João Torquato grita desafiador:
“- Não corra covarde. Espere pra morrer”.
Mesmo com os braços destroçados Corisco pára. Mostra o quanto é valente. Sabe que irá morrer, mas morrerá como um verdadeiro homem. João Torquato aponta-lhe a sua mortífera arma. Será o fim de um dos mais famosos companheiros de Lampião.

Dadá e Corisco

É neste instante tão decisivo que entra em cena a figura de Dadá. Sem temer o inimigo o enfrenta com inusitada coragem. Nele atira, fazendo-o desviar a sua atenção em Corisco e ter que trocar tiros com ela. Dadá não pára de atirar. Atira no feroz inimigo e empurra Corisco na direção de uma baixada protetora ali nas proximidades. As balas de sua arma se acabam. Eis que numa atitude gigantesca e inesperada, a companheira de Corisco o defende jogando pedras em João Torquato, o homem dos olhos grandes e “abotecados” como ela dizia.

Continua empurrando o companheiro. Escorrega e cai. O vingador da morte do pai sorriu. Apontou-lhe o seu fuzil. Iria matá-la sem piedade. Errou o alvo. Com raiva se prepara para o segundo tiro. Percebe então que a sua arma estava sem munição. Enfia uma das mãos no bornal. Tem que recarregar rapidamente o seu fuzil. Ao retirar a mão do bornal com as balas o nunca esperado aconteceu. Seus companheiros vinham chegando e sem medir as consequências atiraram justamente em João Torquato ferindo-o na mão que ele segurava as balas. Os pedidos que naquela agonia Dadá rogava a Nossa Senhora foram atendidos. Na confusão que reinou no meio dos da volante, Corisco e sua valente companheira conseguiram se salvar.

Como se sabe, Corisco deixou esse mundo no dia 25 de maio de 1940, assassinado pelas armas de Zé Rufino. Baleada, Dadá teve a sua perna amputada.


João Torquato deixou à volante e retornou a sua amada Pia Nova, onde viveu até o final de seus dias. Em 1958 vamos encontrá-lo ao lado de Zé de Julião. (Foto à direita) Havia se tornado um de seus fiéis aliados, naquela famosa disputa política entre o antigo cangaceiro Cajazeira e o seu oponente Artur Moreira de Sá, quando os dois eram candidatos a prefeito de Poço Redondo.

Desesperado com a monstruosa perseguição que lhe movia o governador do Estado, Zé de Julião roubou a urna no dia da eleição, ou seja, em 03 de outubro de 1958, e João Torquato ali estava de arma em punho, pronto para matar ou morrer defendendo um dos antigos “cabras” de Lampião, cangaceiros que ele tanto odiava.

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Para conhecer mais detalhes sobre essa história de sofrimento do povo sertanejo de Poço Redondo, em especial da família Torquato, leia-se os capítulos “Combate da Arara – morte de Zepelim”, página 249; “Os cangaceiros se vingam e matam Torquato e Firmino”, página 259; “A traição se consuma”, página 261; “Um milagre salva a volante”, página 265; e “A vingança de João Torquato, o filho de Torquato e o tiroteio com Corisco”, página 273, da terceira edição do livro “Lampião além da versão – Mentiras e mistérios de Angico”, que se encontra a venda com professor Pereira, em Cajazeira, na Paraíba. através do E-mail fplima1956@gmail.com
Ou pelos tels. (83) 99911 8286 (TIM) - 98706 2819 (OI)


Alcino Alves Costa
Caipira de Poço Redondo
Sócio da SBEC, Conselheiro Cariri Cangaço














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RANGEL ALVES NO RASTRO DO CANGAÇO...

 ... Despedida

O tema Cangaço é instigante de qualquer jeito, seja em roda de conversa, em palestras e seminários, em leituras e até nas imaginações mais irreais ou ilusórias. Contudo, nada igual ao conhecimento de perto dos cenários e paisagens daquela brutal e perversa realidade. Não para engrandecer ou glorificar os feitos cangaceiros, mas pelo conhecimento, pelo confrontamento do que se imagina com a realidade das caatingas, dos coitos, dos locais de combate, com suas causas e consequências. 

Uma cruz esquecida no meio do tempo, um tronco de velha árvore ainda marcada por disparos, uma casinha de oração, uma sepultura já quase desfeita pela voracidade do tempo, uma casinha com seu barro caído e cheio de escritos da história. Tudo isso precisa ser conhecido, de modo a juntar o que se sabe e o que se imagina, com o que resta daqueles medonhos cotidianos nos sertões nordestinos. Após cada contato com o que restou do cangaço, então dizer: Meninos, eu vi! E talvez o visitante ou pesquisador diga que o encontrado e o avistado são mais importantes do que todos os livros já lidos sobre a saga cangaceira.

Meu pai Alcino vivia no rastro dessa história, vivia rastejando cada passo cangaceiro nos sertões de Poço Redondo e mais além. Ouviu testemunhos dos personagens da saga, duvidou do que o livro dizia perante o que encontrou, e, pela própria percepção e sabedoria matuta, foi construindo suas próprias histórias, e tão reais que ainda é possível avistar em meio às caatingas o que ele escreveu. Eu não tenho essa maestria do meu pai, não tenho o dom de traduzir em letras o que meu pai tão bem descreveu, ainda que tivesse apenas o estudo primário. 

Mas eu, filho de Alcino, já fiz o que podia. Já visitei coitos, marcos históricos, locais de combates. Já visitei muitas cruzes, muitas casinhas de oração, locais de ex-votos pelos inocentes mortos pelos cangaceiros, locais onde o sangue espargiu pela violência dos bandoleiros e volantes. Na minha imaginação, eu vi Lídia amarrada ao umbuzeiro, e sabendo que logo seria morta por Zé Baiano. Eu vi Zé Bonitinho ser degolado e o sangue se espalhar pelo batente. Eu vi Adelaide dando seus suspiros finais embaixo do umbuzeiroEu vi o menino Galdino e seu avô Monteiro sendo covardemente mortos pela sanha assassina de GatoEu vi o ex-cangaceiro Juriti morrendo ateado em fogo. Eu vi Clemente, Doroteu e João transformados apernas em túmulos e em cruzes da memória. E vi muito, muito mais. Meninos, eu vi!

Mesmo num misto de dor, de prazer pelo conhecimento absorvido, e de revolta ante aquele mundo sem lei e sem dono, tudo isso eu vi e registrei. Hoje conto apenas o que sei pelo que conheci. Mas não mais farei isso. A Expedição Rota do Cangaço Poço Redondo 2025, comandada pelo amigo Aderbal Nogueira e marcada para acontecer dia 21 de julho nos sertões de Poço Redondo, será a última que acompanharei os visitantes e estudiosos do tema Cangaço. Em nenhum outro evento estarei presente, nem como acompanhante nem como palestrante ou mesmo mero participante. 

Sei o que sei. Sei o que já aprendi. E já tá bom demais. Nem no Memorial nem na Casa de Pedra receberei turistas ou interessados em informações sobre o Cangaço ou sobre o mundo sertanejo. Não queria que fosse assim, mas sou forçado a me recolher de toda a vida cultural, histórica e turística de Poço Redondo.

At.te Rangel Alves da Costa

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VOLANTES VALDEMAR RAMOS DA CRUZ

 Pesquisa de Guilherme Velame Wenzinger

Valdemar Ramos da Cruz, nascido em Chorrochó(BA) em 17 de agosto de 1917, era irmão do famosos cabo Bem-Te-Vi e integrava, junto com ele, a força comandada pelo tenente Zé Rufino. 

Ingressou nas fileiras da volante ainda muito jovem. Valdemar faleceu de causas naturais aos 68 anos, em 1985.

Abaixo, vemos uma foto de Valdemar em tempos de guerra, durante a perseguição aos cangaceiros, além de dois documentos de identificação (um deles da PM) e um registro já em idade avançada.




Fotos gentilmente cedidas por seu sobrinho Joel.

FOI ONTEM

 Clerisvaldo B. Chagas, 20 de março de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.211

Não fosse as previsões da ciência, dos profetas das chuvas – agricultores nordestinos que observam a natureza e seus sinais – poderíamos ficar ainda numa dúvida feroz que costuma angustiar o homem do campo. E dizem os experimentados homens da roça que se não chegar a chuva no Sertão até o dia de São José, o ano será seco e difícil. Pelo que sempre observamos, não seria apenas a chuva no dia exato de São José que seria um ano bom de inverno, mas sim até o dia do santo Pai de Jesus. Neste caso, as previsões foram ótimas para o Sertão de Alagoas em 2025. É que choveu várias vezes no mês de fevereiro, além das previsões otimistas dos Profetas das Chuvas, reunidos em Santana do Ipanema. Todos afirmaram sobre o inverno com otimismo.

O dia exto de São José, foi seco, tempo abafado com muito calor. Céu azul com algumas nuvens não comprometidas com chuvas imediatas. Apesar do encontro dos profetas das chuvas ter sido no Bairro Monumento, defronte a Secretaria de Agricultura, como já está ficando tradicional, os moradores do nosso Bairro São José, também participam do evento. Entretanto, se as profecias fossem transferidas para a frente da sua Igreja, seria muito mais justo. Chegando gente de todos os lugares para o encontro dos homens sabidos, marca-se uma atração a mais para o Turismo do interior, para estudiosos e pesquisadores do tema. Além dos profetas, outras apresentações fazem parte como aboios e repentistas.

A tendência do encontro dos Profetas das Chuvas, será sua ampliação com novos atrativos incorporados. Sim, tem gente que não gosta, mas numa região dominada pela lavoura e pelo gado, o sangue rural fala muito mais alto nessas aglomerações programadas. E assim, com encontro ou sem encontros, o prestígio do Pai de Jesus, continua em alta, principalmente em solos nordestinos e sertanejos. Homem, honesto, humilde, pacato e carpinteiro, o esposo de Maria semeia constantemente seu nome nos filhos que virão ao mundo pelo Nordeste brasileiro. E tantas solenidades realizadas em nome de quem viveu santamente, muito mais abrilhantam os festejos e fortalecem a confiança dos que se chamam José e dos que não têm este privilégio.



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CANGAÇO EM POÇO REDONDO – ADQUIRAM DOIS LIVROS ESSENCIAIS.

Por Rangel Alves da Costa

Os livros abaixo são essenciais para o conhecimento do Cangaço em Poço Redondo, sertão sergipano. “Zé de Julião – a saga de um ex-cangaceiro de Lampião” (206 págs.), relata toda a história do cangaceiro Cajazeira, o Zé de Julião, desde seus tempos de rapazote interiora até o seu trágico fim. Esposo da também cangaceira Enedina (morta no Fogo do Angico em 38), foi cangaceiro, empresário, político, candidato a prefeito, além de se envolver nas hostes coronelistas. Uma história tão fascinante como entristecedora. Já o “Roteiro Histórico e Anotações do Cangaço em Poço Redondo” (98 págs.) relata grande parte dos Marcos Históricos do Cangaço no município, como locais de mortes e de combates na guerra sangrenta do cangaço, dentre outras importantes informações. Através do livro, o leitor vai conhecer o Combate do Maranduba, o Coito de Morte da Cangaceira Lídia (Pia das Panelas), o Coito do Cururipe onde foi morto Canário, as Cruzas dos Soldados, dentre tantos outros. Os dois livros custam 100 reais, com frete incluso. Contato com o autor Rangel Alves da Costa pelo Cel./Whats. (79) 99830-5644.

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MANOEL OLIVEIRA RODRIGUES BELLAS.

Por Adelson Mota

Manoel Oliveira Rodrigues Bellas, Fazenda Saracura, Serrolandia Bahia

Estive dia 13 de Março 2025 no distrito de, Itapeipu Jacobina, foi me passado as cordenadas que, era sepultado em, Itapeipu, Manoel Oliveira Rodrigues Bellas, da fazenda Saracura, Atual povoado da Saracura, Serrolandia, ele foi sequestrado pelo bando de Cangaceiros de Azulão, em 03/10/1933 em sua fazenda Saracura, e foi extorquido em, 1.700 contos de Reis, uma descoberta maravilhosa, ao que devemos ao depoimento desta senhora ao nosso, colaborador incansável, Jaime Bispo Ramos, Semente Gool, Clodoaldo semente, estaremos a divulgar novas informações é o nome da nobre senhora, Silveria Ferreira Alves, D, Mocinha de Napoleão, que conheceu e esteve no sepultamento do Sr. Manoel Oliveira Rodrigues Bellas, mais uma vez Serrolandia e entrelaçada na rota do Cangaço, Adelso Mota, Memorialista contador de histórias do cangaço na Bahia é na nossa região.

Jazigo do Sr. MANOEL OLIVEIRA RODRIGUES BELLAS, FAZENDA SARACURA, ATUAL POVOADO DA SARACURA, SERROLANDIA BAHIA.

Eu em visita a Itapeipu.

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NOTA DE FALECIMENTO!

 Por Relembrando Mossoró


Faleceu agora a pouco o empresário mossoroense Christian Noronha Lopes dos Santos, quando foi esfaqueado dentro do seu comércio, na Rua Meira e Sá, Centro de Mossoró! Nossos sentimentos aos familiares e amigos.

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LAMPIÃO E OUTRAS HISTÓRIAS - CANGACEIROS, COITEIROS E VOLANTES.

 Por Doizinho Quental

O coiteiro Mané Félix

O conhecimento mais apurado das origens dos cangaceiros, coiteiros e volantes do tempo do cangaço se fazem necessário, para situarmos melhor os nossos contos e curiosidades.

Nada mais plausível do que recorrermos ao livro "Cangaceiros, coiteiros e volantes" do mestre e escritor José Anderson Nascimento, com a sua prestimosa autorização, para situarmos estes integrantes do cangaço no seu tempo e sabermos suas origens.
  
“A partir da primeira metade do século XIX, a dura realidade do sertão nordestino, onde predominava intensa miséria e injustiça social, criou-se uma manifestação caracterizada pelo banditismo, com a denominação de cangaço”.
  
O termo cangaço já era conhecido desde 1834, e se referia a certos indivíduos que andavam armados, com chapéus de couro, carabinas, cartucheiras e longas facas enterçadas batendo na coxa. Levavam as carabinas passadas pelos ombros, tal como um boi no jugo, na canga. Daí decorreu a significação cangaço e dela derivando o vocábulo cangaceiro, para identificar aquele bandido do sertão nordestino, que andava sempre fortemente armado.
  
A fama de Jesuíno Brilhante, Antônio Silvino, Lampião e mais alguns cangaceiros que se tornaram lendários, ofusca os nomes de outros bandidos rurais tão famosos quanto eles em sua época. Famosos, frios e destemidos, a exemplo de Diogo da Rocha Filgueira, o Dioguinho, que agia no oeste paulista no final do século passado.
  
Mais cruel que Dioguinho só mesmo Lucas da Feira, escravo fugitivo que atacava nas redondezas de Feira de Santana, na Bahia.
  
Tanto Lucas da Feira, como Dioguinho, apesar de agirem em área rural não podem ser considerados "bandidos sociais". O baiano não passava de um salteador de estrada e o paulista, de um bandido bem protegido.
  
O banditismo social nasceu de forma muito diferente. Teve a sua base em fatos de natureza econômica e social.
  
Jagunço, cabra, bandoleiro ou cangaceiro, era o inadaptado à civilização litorânea, o retardatário, o reacionário contra as normas de uma nova sociedade.
  
Surgiram, em grupo, ao aceno de um companheiro mais terrível.
  
Banditismo grupalista, banditismo tribal ou familiar, banditismo social, impulsionados todos por fatores de ordem social ou antropológica.
  
No quadro do banditismo do Nordeste houve uma divisão em dois grandes grupos: o primeiro constituído pelo jagunço ou capanga que sempre figurou como bandido comum, um mercenário ou guarda-costas, também conhecido como pistoleiro, a serviço do poder econômico nas lutas em torno de limites de propriedades entre famílias ou políticas; o segundo formou-se com os cangaceiros que, de certa forma podem ser apresentados como "bandidos sociais", uma vez que eram apoiados pela comunidade, a qual legitimava os seus atos e colaborava no fornecimento de alimentos, esconderijos e informações.
  
Vingar a honra da família constituía o portão de entrada do jovem sertanejo para o cangaço. Foi por essa causa que Jesuíno Alves de Melo Calado, o Jesuíno Brilhante, "caiu" no cangaço, no Rio Grande do Norte. Ganhou fama ao ajudar os flagelados da seca de 1877, e morreu lutando com a polícia, na Paraíba.
  
Na mesma época, afora Brilhante, surgiram os bandos dos Viriatos, Quirinos e Calangros.
  
No início da República era famoso o cangaceiro Antônio Silvino, que só foi preso em 1914. Conduzido à cadeia do Recife e condenado a 32 anos de prisão, cumpriu 28 e foi indultado pelo Presidente Getúlio Vargas. Faleceu em 1944, aos 79 anos de idade.
  
“Outro bandido famoso foi Sinhô Pereira, que só aderiu à vida cangaceira para vingar a morte do seu irmão Né Pereira, no sertão pernambucano de Serra Talhada.”
  
Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, o mais famoso cangaceiro do Nordeste,  segundo alguns historiadores, nasceu em 7 de julho de 1897, no sitio Passagem de Pedra  município de Vila Bela ( hoje Serra Talhada); estado de Pernambuco.
  
Outros afirmam categoricamente que este famigerado cangaceiro nasceu em 6 de junho de 1898.
  
Dotado de uma inteligência acima do normal, Virgulino tinha facilidade de trabalhar com qualquer atividade. As funções de vaqueiro, almocreve, soleiro, pedreiro, tocador de sanfona, poeta e cangaceiro, executou  sempre com a mania de perfeição. 
  
Ainda jovem, juntamente com os seus dois irmãos mais idosos, Antônio Ferreira e Livino, meteram-se em encrencas com os vizinhos, Zé Saturnino e João Nogueira, genro e sogro, considerados  homens ambiciosos e maus, terminando por entrarem nas desgraças do cangaço, fazendo justiça com as próprias mãos, já que as autoridades da época, foram partidárias, levianas, e coniventes com  Zé Saturnino e João Nogueira, agricultores mais abastados. Alguém declarou que se não tivesse existido Zé Saturnino, não teria havido Lampião. Entretanto, escritores célebres asseguram que a sua índole perversa e má terminaria aflorando, até mesmo se ele tivesse sido educado em seminário de jesuítas: “o carneiro aprende a dar marrada, nem que seja criado em chiqueiro de cabras".
  
Lampião foi considerado, por muitos entendidos, como um cangaceiro de personalidade múltipla; um esquizofrênico, mau e vingativo. A história mostra que este celerado praticou atos vis, desumanos e de um sadismo que revoltou o mundo. No entanto, vários autores escreveram sobre atos de humanismo, 
  
Em entrevista prestada pelo ex-cangaceiro  Oliveira ou Alagoano, aos autores do livro Lampião e o Estado Maior do Cangaço, de Hilário Lucetti e Magérbio de Lucena - Edição de 1985, declara: - "Durante o tempo que andei com Lampião, quando a gente estava no Ceará, ele dizia logo: - Cuidado que este é um Estado que eu respeito! E ninguém tomava nada de ninguém, não matava ninguém. Lampião não gostava de dar surras. Para pegar um pobre paisano  desarmado e dar-lhe  uma pisa, dizia, não é vantagem para um homem. Vantagem para um homem é falar alto para outro armado! Não se davam bolos. As moças tinham que ser respeitadas. O padre Cícero tinha pedido para ele respeitar moças, senhoras casadas e seus romeiros, dizendo que se fizesse isso, ele morreria de velho em sua cama."
  
Portanto, momentos ensandecidos e rasgos de humanismo, foram perpetrados por essa personalidade controvertida.
  
Lampião foi proclamado por seus asseclas, como vimos acima, de justo e defensor das mulheres e donzelas, todavia, temos relatos de que nem sempre agiu assim, pois chegou a ferrar senhoras e moças, como se fossem animais.  Em outras ocasiões,  investiu   contra mulheres de bem e pacatas donzelas,  satisfazendo os seus instintos bestiais de sexo, onde todo o seu bando de réprobos o acompanhou, numa sevícia e torpeza inigualáveis, deixando as vítimas em estado de torpor.

Apesar de, em 4 de abril de 1926, na cidade de Juazeiro do Norte, quando entrevistado pelo repórter Otacílio Macedo, ter confessado que agia sempre com justiça, os fatos comprovam seus crimes hediondos, de uma perversidade que extrapolam os limites do irascível.
  
Com toda a sorte de crimes hediondos praticados por ele e pela turba de demônios que o acompanhavam, é de admirar que este celerado ainda seja lembrado como um defensor  do sertão nordestino. A verdade, cremos, é que Lampião, quando defendeu seus interesses, foi amigo do pobre, do miserável e do rico coronel de barranco, se estes fossem os seus provedores. Defendia a ferro e fogo os seus coiteiros, e os trucidava quando era traído pelos mesmos.
 
Virgulino Ferreira da Silva, Lampião, foi fruto da sanha perversa e doentia, de um tempo onde o coronel de barranco era o senhor absoluto de tudo e de todos. Aqueles que "não honravam os dois maracujás que carregavam na forquilha", eram vilipendiados, espezinhados e difamados pelos potentes régulos da época do cangaço. Porém alguns, como o rei do cangaço, não transportavam nas suas veias o sangue do pacífico homem ou do medroso renegado, que suja as calças na hora da luta. De uma impetuosidade sem tamanho, partiu inicialmente com seus dois irmãos, para as vinditas ferrenhas pelas injustiças sofridas.

Como muitos imaginam, ele não entrou no cangaço porque mataram seu pai, José Ferreira;  o seu genitor foi morto covardemente por José Lucena, em consequência de Lampião e seus irmãos já terem abraçado o cangaço.
 
Daí para frente as suas "vinganças tornaram-se malignas".
  
Agora você pergunta: - como pode existir oportunidade para se realizar um trabalho de humor, sobre este ser cruel e vingativo? Matutamos por bastante tempo sobre esta verdade incontestável e ficamos espantados com o resultado das  pesquisas que fizemos; mais uma vez comprovamos que "o que dá pra rir dá pra chorar", como enfatiza a  canção.
  
A nossa  intenção  não  é   contar  a história de Lampião, mas relatar, como já dissemos, fatos, histórias jocosas, curiosidades que grassaram naquela época de trancos e barrancos, onde o trabuco falava mais alto do que os poderes da justiça.
  
Para aqueles que realmente querem saber sobre a vida de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, no final deste livro, fazemos recomendação das principais obras que devem ser consultadas.
  
“Como componentes do cangaço estão os coiteiros e as volantes”.
  
Os coiteiros eram os indivíduos que davam asilo aos bandidos ou os protegiam, em decorrência de parentesco, simpatia, interesse ou medo.
  
As volantes eram tropas ligeiras e contavam com 20 a 60 soldados (macacos) das Forças Públicas dos estados. apoiados por guias, rastejadores e pombeiros (alcaguetes).
  
Algumas usavam metralhadoras Hoctkiss (beijo quente), de 32 tiros. Muitas volantes se notabilizaram na caça aos bandidos, especialmente as de Teófanes Torres, Manuel Neto, Quelé, Zé Lucena, Baltazar, Zé Rufino e a de João Bezerra.
  
A caatinga, tipo de vegetação característica do Nordeste brasileiro, formada por pequenas árvores, comumente espinhosas, que perdem as folhas no curso da longa estação seca, era o habitat natural dos cangaceiros.”

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