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sábado, 24 de dezembro de 2011

Segunda Visita de Lampião à Dores

Por: José Lima Santana
Matriz de Nossa Senhora das Dores - SE

De Capela, o bando de Lampião seguiu para Aquidabã. Em Dores fez uma boa "arrecadação". Fala-se que a extorsão rendera uma considerável quantia, que, segundo os mais diversos depoimentos, varia entre 3:000$000 (três contos de réis) e 25:000$000 (vinte e cinco contos de réis), como já foi dito. São dizeres dos populares, sem comprovação.
José Anderson Nascimento, por exemplo, que muito conversou com um dorense, Rivadávia Brito Bonfim (08.02.1920-18.09.1991), que, à época, era uma criança de 9 anos de idade e, como outras crianças, estivera no cenário da "visita" de Lampião, e, mais ainda, era filho do Intendente Manoel Leônidas, diz que a "coleta" rendera "dois contos, cento e oitenta e hum mil réis" (1996, p. 205). Vera Ferreira, neta legítima de Lampião, e Antônio Amaury afirmam, sem, contudo, citarem fontes, que a extorsão em Dores rendera "quatro contos e quinhentos mil réis, num procedimento que alguém chamou de "saque elegante"" (1999, p. 174). Como visto, há quem fale em dois, três, quatro, cinco, dez contos de réis e por aí à fora. Os valores citados são os mais díspares possíveis. Quem irá saber?
No depoimento anteriormente referido, Afonso Rodrigues Vieira, que fora, durante muitas décadas, um dos mais prósperos e probos comerciantes dorenses, no ramo de tecidos, e, em 1929, contava com 26 anos de idade, prestou, ao autor deste artigo, o seguinte depoimento: "Cada um dos cinco homens chamados por Lampião teve de dar-lhe três contos de réis, enquanto o Padre Marinho e o Intendente, de posse de uma lista, arrecadaram outros dez contos de réis". A coleta foi confirmada por Pedro Vieira Teles, que, contudo, não mencionou quantias. Tomando a versão de Afonso, teriam sido coletados, então, vinte e cinco contos de réis. Parece uma quantia por demais vultuosa para ser extorquida numa cidade como Dores, naquela época, embora fosse uma cidade próspera, com muitas usinas de beneficiar algodão, além de ser um dos municípios que produziam o melhor algodão de Sergipe, como atestam os mais diversos escritos, em livros e jornais, desde o fim do século XIX até a década de 1940, quando o algodão definharia para dar lugar ao gado bovino, que voltaria a ser a base da economia dorense, até os dias de hoje. Acima de tudo, era dia de feira e estava-se no meio da tarde, o que teria facilitado a extorsão.
Entretanto, o que deve ser analisado, de antemão, é o seguinte: considerando que Lampião surrupiou três contos de réis, como disse o Cel. Figueiredo, sendo esta a menor quantia de que ainda hoje se fala em Dores (ressalvada a citada por NASCIMENTO), ele roubou do povo dorense, no mínimo, o equivalente a quase 10% (dez por cento) da receita orçamentária da Intendência Municipal de Nossa Senhora das Dores daquele ano, estimada em pouco mais de 30:000$000 (trinta contos de réis). Era, de qualquer forma, muito dinheiro, até mesmo para uma cidade que possuía uma dezena de usinas de beneficiar algodão. E era famosa pelo algodão de boa qualidade que plantava e colhia.
Em Capela, segundo Ranulfo Prata (Ob. cit. p. 87) Lampião, ao fazer um pagamento, deixara à mostra "várias notas de 500$000 (quinhentos mil réis), gabando-se que com ele levava três coisas: coragem, dinheiro e bala. Mas também na "Princesa dos Tabuleiros" o bandoleiro exigira a sua "bolsa", inicialmente estipulada em 20 contos de réis, mas "contentando-se depois com o que foi conseguido, 5 contos e pouco" (PRATA, Ob. cit., p. 86). Fala-se também em seis contos de réis.
Um dos crimes recorrentes de Lampião era exatamente o saque. Ranulfo Prata afirma que o bandoleiro costumava carregar o produto dos saques numa mochila "papo de ema", onde só guardava "dinheiro em cédulas de números graúdos, bem acamadas, cabedal que atinge, nos tempos de boas colheitas, 70 a 80 contos" (s/d, p. 29). Passada a "visita" de Lampião, a Intendência Municipal de Nossa Senhora das Dores (Prefeitura, de hoje) contratou homens armados para fazerem a defesa da cidade, que se postavam nas principais entradas. Eram as "trincheiras", assim chamadas. Uma delas ficava na esquina da Rua Edézio Vieira de Melo com a Rua Benjamin Constant, comandada por um tal Batista. E o chefe de outra delas era José Raimundo, pai de Elpídio sobre quem se falará adiante.
Há, inclusive, registros de folhas de pagamento de algumas dessas pessoas, embora datadas de 1932, quando já era Intendente Municipal Raul Silveira. Numa dessas folhas (de 8 de agosto daquele ano) constam os nomes de Enock Menezes Campos, Pedro Francisco Dantas, Antônio Pedro Santos, Brasilino Vieira, Ludugero, João Andrade e Arnaldo Gomes, como "pessoal no serviço de defesa da cidade, em repressão ao banditismo nesta semana finda". Cada um ganhava diária de 1$500 (mil e quinhentos réis), exceto Ludugero, que recebia diária de 3$000 (três mil réis), devendo ser, à época, o chefe. Noutra folha, de 14 de novembro de 1932, consta apenas o nome de Zeca de Bem Dona, como "pessoal da patrulha em auxílio à força aqui aquartelada nesta semana finda". Pelo teor do escrito na folha, é de supor que havia outros nomes, pois se faz menção "ao pessoal da patrulha". Claro, não seria apenas uma pessoa a formar a patrulha aludida. Outras folhas de pagamento não foram encontradas, lamentavelmente. Todavia, registra-se, em 10 de agosto de 1932, a autorização de pagamento da quantia de 188$000 (cento e oitenta e oito mil réis), referente a "passagens desta cidade a de Capela para a Força Pública do Estado e para o 28 BC". Estariam essas forças militares dando caça aos cangaceiros? Nessa época, entrementes, não se tem notícia de Lampião por estas bandas.
Voltemos, agora, a 1930, ou seja, à segunda passagem de Lampião por Dores, quando ele matou José Elpídio dos Santos, daí resultando o único processo criminal aberto contra Lampião em Sergipe.
Era 15 de outubro. Desta feita, Lampião fizera o caminho inverso: Aquidabã, Capela e Dores. A segunda passagem do bando de facínoras não foi mais pacífica. Batido por populares em Capela, após várias atrocidades cometidas em terras de Aquidabã e propriedades encontradas pelo caminho, incluindo-se alguns assassinatos, como relata Ranulfo Prata (Ob. cit., p. 94-95), Lampião tomara o rumo de Dores, onde as trincheiras o aguardavam. Precisa deve ter sido a mensagem do telégrafo enviada por Capela, relatando os sucessos daquele dia. Disso ele sabia muito bem, pois tinha uma eficiente rede de informações. E tanto assim era que, chegando ao subúrbio Cruzeiro das Moças, por volta das oito horas da noite, e temendo reação idêntica à de Capela, dirigiu-se à casa de Elpídio, perguntando-lhe: "Você não é Elpídio, filho de José Raimundo das trincheiras? Vamos já, me mostre onde ele está e quanta gente tem nas trincheiras". É de notar que Lampião fora direto para a casa do filho de um dos chefes dos guardiões da cidade, José Raimundo, também conhecido por "Zé Fateiro", pois vendia fato de boi fresco na feira da cidade, conforme depoimento de Pedro Vieira Teles.
Como Lampião soubera que ali residia quem lhe interessava? Por isso foi dito que a rede de informações de que ele dispunha era eficiente. A conversa de Lampião acima transcrita consta do depoimento prestado pela viúva de Elpídio, Maria da Conceição, também conhecida por Clemência, nos autos do processo mencionado. Pelo que consta do citado processo, o bando de Lampião, desta vez, dobrara, em relação ao que estivera em Dores no ano anterior: eram 18 cangaceiros. A partir daquele momento, os fatos que se seguiriam foram, em resumo, os seguintes:
1. Seqüestrou Elpídio, amarrando-o em um dos cavalos que serviam de montaria ao bando.
2 Adiante, rumando pelas cercanias da cidade, seqüestrou Antônio da Silva Leite, que encontraram no caminho, temendo, claro, que ele delatasse o bando. Antônio escapou das garras dos bandidos na bodega de Santo.
3 Saqueou a bodega de Manoel Martins Xavier (Santo Bodegueiro), que não se encontrava em casa, e seqüestrou sua mulher, Sergina Maria de Jesus, também conhecida por Constância, deixando os seus filhos pequenos sozinhos, sem os cuidados maternos.
4 Seqüestrou Pompílio da Silva, que se dirigia à cidade para comprar querosene, mas que conseguiu fugir, na fazenda Candeal, enquanto o bando ali dormia.
5 Dormiu com a mulher de Santo (o braço dela amarrado na perna dele). Lampião e Sergina dormiram no mandiocal, enquanto os cabras dormiram na beira da estrada, segundo depoimento dela, nos autos do processo.
6 Na madrugada de 16 de outubro, matou Elpídio e mandou Sergina voltar para casa. No laudo de corpo cadavérico, consta que o corpo da vítima estava perfurado a balas, e havia, ainda, um "rendilhado" de punhal. Os dedos das mãos, sob as unhas, estavam perfurados e a barba estava queimada. Ou seja, Lampião e seu bando torturaram Elpídio, antes de matá-lo, com requintes da maior crueldade e covardia. A vítima morreu, mas não delatou seu pai e os que se encontravam com ele, na defesa da cidade. Um homem de coragem.
Coragem que Lampião não demonstrou, pois não teve tutano para entrar na cidade, preferindo, assim, assassinar o pobre Elpídio, num ato típico dos covardes.
Aliás, no depoimento prestado por Pompílio da Silva, nos autos do processo, foi dito que "a vítima deste processo ia na frente do grupo sinistro, sendo que a vítima ia amarrada pelo pescoço do cavalo em que ia montado um dos cabras" e que "ia calado, nu da cintura para cima, com a cabeça descoberta, parecendo com um mártir".
7 Seqüestrou o vaqueiro Jason Teixeira de Vasconcelos, na fazenda Candeal, para mostrar ao bando a casa de um tal Janjão, no caminho para o povoado Taboca. Jason foi solto logo depois, a pedido. E Janjão conduziu o bando ao povoado.
8 Saqueou, na Taboca, as bodegas de José Gomes e da viúva do finado Cezário, espancando-a, pois esta não tinha dinheiro para lhe dar.
9 Matou um pobre rapaz, que era alienado mental, na saída da Taboca. Dito rapaz teria mexido com o cavalo de Lampião, segundo dizem. No processo, há menção a essa morte, mas não se abriu inquérito por conta desse outro bárbaro assassinato. Por que? Por tratar-se de um pobre alienado mental, morador de um pequeno povoado?
10 Castrou Pedro José dos Santos, vulgo Pedro Batatinha, que vinha da Malhada dos Negros, a fim de arrancar um dente, em Dores, que não lhe deixava trabalhar há dias. Chegando no povoado Tabocas, Batatinha ouvira dois disparos. Era o assassinato do alienado mental.
Ranulfo Prata relata o ocorrido, segundo depoimento que lhe prestara o próprio Pedro Batatinha: Prosseguindo, encontrou o bando de Lampião cercando o cadáver de um homem que acabava de ser assassinado naquela horinha. Foi logo cercado e revistado, tomando-lhe a quantia de 20$000, único dinheiro que trazia. Obrigaram-no, em seguida, a voltar com eles, e ao chegarem ao povoado "Cachoeira do Tambory" [na verdade, Lagoa dos Tamboris], apearam-se todos dispersando-se pelas casas da povoação e ficando ele, Batatinha, preso entre dois do bando, no terreiro da casa de Sinhosinho, casado com uma sua prima, onde fora Lampião sentar-se em um tamborete, na saleta da frente, à espera de um café que mandara fazer. Os dois bandidos começaram, então a surrá-lo a chicote de três pernas, ambos ao mesmo tempo, sem motivo, sem quê nem pr"a quê. Empolgou-se de tamanho terror que não sentiu dores.
Após a sova, eis que chega um terceiro, de apelido "Cordão de Ouro". Ordena-lhe que descesse as calças e, segurando-lhe os dois testículos, cortou-os de um só golpe, atirando-os fora, debaixo das gargalhadas e chacotas dos companheiros. Disse-lhe o facínora:
- Quem lhe fez isto foi "Cordão de Ouro", é a lei que manda e tenho feito em muitos.
Lampião, calado, assistiu à cena, perguntando, depois, ao castrador:
- Corto tudo?
- Não, respondeu-lhe este. Deixei o resto porque o rapaz é novo (Ob. cit., p. 97-98). Encurtando a história, que é longa, os bandidos ainda deram pontapés e pranchadas de punhal em Batatinha. Lampião ao montar, aproximou-se dele, sacou do punhal e cortou-lhe um pedaço da orelha esquerda, acrescentando:
- É um garoto que precisa sê marcado, p"ra eu conhecê quando encontrá.
E voltando-se para as pessoas presentes, preveniu-lhes:
- Vocês trate do rapais senão quando eu passá aqui arrazo cum vocêis todo (PRATA, Ob. cit., p. 98). Batatinha, enfim, fora socorrido pelo Dr. Belmiro Leite, em Aracaju. Escapou e, segundo informações colhidas, morreu, na década de 1990, em São Paulo. Além de Ranulfo Prata, alguns autores que escreveram sobre Lampião registraram o fato da capação de Batatinha. O autor fecha o episódio narrado em seu livro da seguinte maneira; Ao lado de todas estas tragédias, a nota burlesca: Depois de ouvirmos o pobre Pedro e fotografá-lo, conversamos também com um dos seus irmãos, que nos informou na sua linguagem pitoresca de tabaréu malicioso:
- Pedro casou, ta gordinho que nem "bicho de dicuri", e sem bigode. Penso que ele não dá conta do matrimonho; regula duas muié numa cama... (Ob. cit., p. 98).
Foi apenas isso que Lampião praticou em Dores, entre 15 e 16 de outubro de 1930. Ou seja, pouquinha coisa... Quase nada... Pensando bem: "nadica de nada!". Sujeito bom, Lampião. De finíssimo trato!
Com relação ao processo, o mesmo foi resultado do inquérito policial instaurado pela Portaria de 16 de outubro de 1930, pelo Delegado Antônio Paes de Araújo Costa. Funcionou como escrivão Petronilho Menezes Cotias (pai de Paulo Bonfim e avô de Jorge Américo); como Promotor Adjunto, atuou Artur Dias de Andrade, genitor de José Barreto de Andrade, antigo e conceituado comerciante em Aracaju, tendo aquele apresentado a respectiva Denúncia em 19 de dezembro de 1931; como Juiz Municipal do Termo de Nossa Senhora das Dores, funcionou Nicanor Oliveira Leal, que seria, tempos depois, Desembargador, e que tinha larga parentela em Dores, sendo primo, por exemplo, de Maria Lídia de Afonso. Mais tarde, funcionaria no processo, como Promotor Público, o Dr. Joel Macieira Aguiar, que também se tornaria Desembargador, e que às fls. 37 dos autos deixou esta mensagem: "Seja-me, pois, permitido, como Promotor Público da 6ª Comarca, com sede em Capela, deixar nestes autos os meus aplausos à justiça do termo de Dores por ter instaurado processo contra o grande bandido Virgulino Ferreira". Não será custoso lembrar que, pela organização judiciária de Sergipe, na década de 1930 Dores estava ligada à Comarca de Capela. Formidável, sem dúvida, é a certidão passada pelo Oficial de Justiça Januário Bispo de Menezes, pai da saudosa funcionária pública municipal, Maria Nicolina de Menezes, a popular Nicola, em 26 de dezembro de 1931, que diz:
Certifico que, em cumprimento do mandado retro, fui ao Sítio Assenço, deste termo e, nesta cidade, intimei todas as testemunhas constantes do mesmo mandado. Ficaram todas bem cientes, deixando de intimar o denunciado de folhas, Virgulino Ferreira, conhecido por Lampião, por não ter, graças a Deus, visitado esta cidade aquela indesejável fera. O referido é verdade, do que dou fé.
Enquanto, em Nossa Senhora das Dores, a população amanhecia estarrecida com a morte brutal de Elpídio, na manhã daquele dia 16 de outubro de 1930, a situação política fervia em Aracaju. Ariosvaldo Figueiredo relata: "Às 6 horas da manhã de 16/10/1930 avião sobrevoa Aracaju, deixa cair Manifesto de Juarez Távora, intitulado "Aos briosos camaradas do 28 BC e ao heróico povo da nobre terra de Tobias Barreto"" (Ob. cit., p. 205).
Ibarê Dantas registra: "Depois que um avião, na manhã do dia 16.10.30, distribuiu em Aracaju manifestos dando conta do avanço das forças revolucionárias, provenientes do Norte, em direção à capital, o Presidente do Estado fugiu e o capitão Aristides Prado, de acordo com Juarez Távora, empossava o tenente-médico Eronides de Carvalho como Governador Provisório do Estado de Sergipe" (1983, p. 46).
Nossa Senhora das Dores perderia a oportunidade de ter um dos seus filhos, Chico Porto, governando os destinos de Sergipe. E ficaria, naquele fatídico 16 de outubro, de enterrar outros dois dos seus filhos, José Elpídio dos Santos e o rapaz da Taboca, cujo nome não se registra, barbaramente assassinados pelo "Capitão" Virgulino Ferreira da Silva, vulgo Lampião, o decantado "Rei do Cangaço", e seu bando sinistro. Mas, capitão ou rei, cangaceiro é cangaceiro, bandido é sempre bandido. É uma pena que não se tenha dado a uma rua do, hoje, bairro Cruzeiro das Moças, o nome de Elpídio, que morreu sem trair a sua cidade. Há pessoa mais digna do que ele para ser lembrado para sempre pelos dorenses? Mas, é bem verdade que Elpídio não era doutor, nem um homem ilustrado ou rico. Não era da Praça da Matriz, nem do Calçadão da Getúlio Vargas, etc. Alguém o conhecia? Era apenas um homem simples do povo.
E um homem simples do povo, na visão caolha das chamadas "elites dominantes" (?), não deve merecer ter o seu nome gravado numa rua. A hipocrisia das pessoas é uma estupidez sem tamanho! Espero que, agora, algum dos nossos vereadores possa lembrar de José Elpídio dos Santos. Ele foi, sem nenhum favor, um ilustre filho de Nossa Senhora das Dores, que, diante do tenebroso Lampião, não se acovardou, não traiu a sua cidade e os seus. Quantos mais fariam isso? Assim, viva Elpídio!
José Lima Santana
Web site:
Autor:   José Lima Santana - cariricangaco.blogspot.com
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Jerônimo Dix-sept Rosado Maia - 25 de Março de 2011

Por: Geraldo Maia do Nascimento

Em 25 de março de 1911 nascia em Mossoró Jerônimo Dix-sept Rosado Maia.

Mais um filho da já “numerosa e numerada” família do farmacêutico


Jerônimo Rosado, um paraibano de Pombal que chegou a Mossoró em 1890, a convite do Dr. Almeida Castro, para instalar uma farmácia aqui na cidade. No Primeiro Cartório Judiciário de Mossoró, livro nº 05, folha 28v, sob o nº 19, foi a criança registrada, tendo como declarante Jerônimo Rosado, sendo o ato testemunhado por Júlio Coriolano Dias e José Cândido da Rocha. 

A infância do menino Dix-sept foi normal, em nada diferenciando da dos demais irmãos. O escritor Hélio Galvão, o seu biógrafo, registra: “O menino Jerônimo, Dix-sept na ordem do nascimento, ia crescendo, sem incidente de saúde e sem destaque de nota entre os irmãos. Brincava como os outros, aqueles brinquedos rudes dos anos do primeiro decênio do século, em que nem se pensava na explosão dos plásticos sem graça e sem imaginação, feitos em massa pela sociedade de consumo”. 

Já adolescente, passou a trabalhar na indústria de extração e comercialização de gesso fundada por seu pai, tornando-se, alguns anos depois, sob a razão social de S.A Mineração Rosado, acionista e principal dirigente. 

Revelou desde cedo interesse pelo funcionamento de motores e máquinas, principalmente pelo desmonte e reparo de automóveis, atividade que passou a dominar, orgulhando-se por conhecer o estado do motor pelo seus movimentos, pelas vibrações ou pelo ruído, paixão que o acompanhou por muitos anos. 

Não se contentando apenas com suas atividades empresariais, ingressou, em 1938, na firma Mossoró Comercial Ltda., gerenciando-a por quase 10 anos. Soube, no entanto, conciliar as suas atividades, tanto assim que expandiu a Mineração Jerônimo Rosado, criando no Rio de Janeiro a Gesso Mossoró Ltda., para comercialização do gesso de São Sebastião. E outras empresas foram surgindo no itinerário do minério: frotas de caminhão, para transportar o produto até o Rio Mossoró e barcaças para levar até o porto de Areia Branca. 

Não era um homem culto; era um homem trabalhador. Contava no seu currículo escolar apenas com o curso ginasial, concluído por muita insistência da família. Mas era um empreendedor e excelente administrador. E um homem com tamanho talento para negócios, nascido e criado numa cidade como Mossoró, não podia escapar da política e foi esse o seu destino. Em 21 de março de 1948 foi eleito como terceiro prefeito constitucional de Mossoró, tomando posse do cargo no dia 31 do mesmo mês e ano. Com o seu dinamismo, revolucionou todos os setores da vida pública e até mesmo privada do município, implantando uma administração arrojada. Não concluiu, no entanto, o seu mandato, que deveria terminar em 1951. Alçou vôos mais altos, sendo eleito governador do Estado do Rio Grande do Norte a 6 de junho de 1950, quando já se encontrava licenciado, assumindo o governo em 31 de janeiro de 1951. Era a coroação de uma carreira política brilhante e meteórica, para orgulho do povo mossoroense e para o desenvolvimento do Estado. 

Como Governador, formou um secretariado competente, escolhendo auxiliares técnicos da maior evidência no cenário político-administrativo do Estado. E impôs seu estilo de governo dinâmico e progressista, com muito trabalho e visão do futuro. Mas decorrido apenas dois meses de sua administração, foi surpreendido com a notícia da morte de maneira trágica, num desastre de automóvel em Tacima, no Estado da Paraíba, de Mário Negócio, um de seus mais diletos auxiliares. Não sabia ele que a tragédia ditaria o rumo do seu governo, pois em 12 de junho de 1951, nas proximidades do campo de pouso de Aracaju, em Sergipe, cinco meses após a sua posse, morria Dix-sept Rosado Maia, em pleno exercício de suas atividades governamentais. 

Passou pela política norte-riograndense como um bólido, deixando em seus rastro o brilho da glória e a saudade do povo de Mossoró, que chorou e nunca esqueceu o filho ilustre: Jerônimo Dix-sept Rosado Maia.

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Autor:
Geraldo Maia do Nascimento


"Blog do Mendes e Mendes"

OS HIPOPÓTAMOS DE PABLO ESCOBAR

Por: Roberto Guerra
Foto do traficante colombiano Pablo Escobar, morto em 1993
Foto do traficante colombiano Pablo Escobar, morto em 1993

O cenário: hipopótamos vivendo completamente soltos, fora de seu habitat, e se reproduzindo sem controle. As vítimas: os habitantes das imediações da Fazenda Nápoles (a 320 quilômetros de Bogotá, Colômbia), aterrorizada pelos animais selvagens. O pivô: o traficante Pablo Escobar, que trouxe os animais clandestinamente da África para um zoológico particular na década de 80. O drama: hoje, 20 anos após a sua morte, os hipopótamos somam mais de 40 e viraram motivo de uma batalha entre governo e ambientalistas.
A história surreal é o tema do muito bem realizado documentário. Os Hipopótamos de Pablo Escobar, de Antonio Von Hildebrand, que enfoca com bom humor o legado mais absurdo deixado pelo traficante e, a partir daí, traça um bem documentado retrato do bandido que tanto sofrimento causou à Colômbia.


Quando ainda era o todo-poderoso chefão do tráfico colombiano, Escobar explodiu um voo comercial matando 110 pessoas, assassinou ministros, juízes, políticos, além de civis que foram vítimas de carros-bombas. Apaixonado por animais, em novembro de 1983 trouxe as primeiras espécies exóticas da África para construir um zoológico particular, a Hacienda Napoles. O transporte dos animais foi feito por um avião Hércules que ficou conhecido como “narcoarca”. A bordo viajavam casais de girafas, zebras, cangurus, leões, tigres e hipopótamos.
Pablo Escobar morto - Fonte: http://macupicu.wordpress.com
O zoológico, que chegou a abrigar mais de 2.500 animais, foi sendo abandonado com a decadência do próprio chefão. Quando Escobar morreu, em dezembro de 1992, o zoo particular do traficante foi saqueado e os animais que não morreram foram roubados ou transportados para os zoológicos da Colômbia e de outros países. Não foi o caso dos hipopótamos. O casal original reproduziu-se sem controle e calcula-se que hoje, só no entorno da Hacienda Napoles, ainda vivam cerca de 41 deles.

Os Hipopótamos de Pablo Escobar revela talvez o mais insólito problema da longa lista de absurdos de Escobar em seu país. Responsável por milhares de assassinatos por desencadear uma onda de violência sem igual na Colômbia, o chefão do narcotráfico enxergava-se como um Robin Hood. Construía estádios de futebol, igrejas e distribuía dinheiro para as comunidades carentes de Medellín. “Aquele que morria por Pablo Escobar morria feliz”, revela o chefe dos capangas do traficante, John Jairo Velázquez Vázquez, em depoimento ao documentário.
A produção, cheia de originalidade narrativa e bom humor, revela uma exaustiva investigação permeada por trechos animados nos quais um hipopótamo chamado Pablo narra, para uma de suas muitas crias, sua boa vida de macho-alfa na Colômbia. Ao longo da projeção, o diretor traça um paralelo entre esses animais e o traficante: ambos se defendem atacando, são dados a arroubos, acham que podem tudo e são extremamente violentos quando sentem que seu território foi invadido.

Fonte:

Grande encontro de personalidades em Paulo Afonso.

Por: Guilherme Machado

 Da esquerda para a direita.
Gil Leal, repórter - radialista, Antonio Galdino-jornalista, Guilherme Machado - curador e pesquisador, Chico Pedrosa - poeta, escritor declamador de loas, João de Sousa Lima -escritor e pesquisador, Marlos - coordenador cultural, Rubervanio Rubinho - escritor e pesquisador. Estes amigos abriram o estander do Gonzagão na Vila da Cultura em Paulo Afonso Bahia.
Enviado pelo responsável: Guilherme Machado

GRANDES ESCÂNDALOS DA HISTÓRIA

A MORTE DE VLADMIR HERZOG
O jornalista Vladimir Herzog de 38 anos, casado, pai de dois filhos e diretor de jornalismo da TV Cultura de São Paulo, foi encontrado morto, supostamente enforcado, nas dependências do 2ª Exército, em São Paulo, em 25 de outubro de 1975. No dia seguinte à morte, o comando do Departamento de Operações de Informações e Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI), órgão de repressão do exército brasileiro, divulgou nota oficial informando que Herzog havia cometido suicídio na cela em que estava preso.
A versão oficial da morte foi refutada pelos movimentos sociais de resistência à ditadura militar. Uma semana após a morte do jornalista, cerca de oito mil brasileiros participaram de uma missa ecumênica organizada por
Fonte: editora.cosacnaify.com.br
D. Paulo Evaristo Arns, pelo reverendo James Wright e pelo rabino Henri Sobel.
Três anos depois, no dia 27 de outubro de 1978, o processo movido pela família do jornalista revelou a verdade sobre a morte de Herzog. A União foi responsabilizada pelas torturas e pela morte do jornalista. Foi o primeiro processo vitorioso movido por familiares de uma vítima do regime militar contra o Estado.
No dia 18 de outubro de 2004, o Correio Braziliense divulgou duas fotos que seriam de Herzog em sua cela no DOI-CODI. As imagens seriam inéditas e reforçariam a tese de que o jornalista havia sido torturado antes de ser morto. Na única imagem conhecida até então, Herzog aparecia enforcado. 
Clarice Herzog, viúva do jornalista, teria confirmado ao Correio que as fotos seriam mesmo do marido. 
O Exército brasileiros divulgou uma nota oficial se posicionando sobre a divulgação das supostas fotos inéditas, que foi mal vista e duramente criticada por movimentos sociais e entidades como a Federação Nacional dos Jornais (Fenaj) e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). A nota dos militares é a seguinte:
"Á época, o Exército brasileiro, obedecendo ao clamor popular, integrou, juntamente com as demais Forças Armadas, a Polícia Federal e as polícias militares e civis estaduais, uma força de pacificação que logrou retomar o Brasil à normalidade". Afirma, ainda, "que o movimento de 1964, fruto de clamor popular, criou, sem dúvidas, condições para a construção de um novo Brasil, em ambiente de paz e segurança".
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou uma retratação por parte do Exército e do Ministério da Defesa. Assim, no dia 19 de outubro, após reunião entre Lula, o ministro José Viegas e comando militar, general Francisco Roberto de Albuquerque, comandante do Exército, afirmou que a forma como o assunto foi abordado pela sua assessoria não foi "apropriada e condizente com o momento histórico". A segunda nota oficial dos militares afirma que somente a ausência de discussão interna sobre o assunto pode ter sido responsável pela divulgação da primeira nota oficial. "O Exército também não quer ficar reavivando traumas da sociedade brasileira", garantiu o comandante Albuquerque.
Em entrevista à imprensa, no mesmo dia, o ministro da Defesa classificou a primeira nota do Exército de "inaceitável", e disse que a nova versão da nota oficial encerra o assunto sobre o assassinato do jornalista Vladimir Herzog. "Assunto encerrado. Bem resolvido. A nota esclarece definitivamente as coisas ao agravo do presidente da República e do ministro da Defesa", disse.
No dia 21 de outubro, foi divulgado que as supostas fotos inéditas de Herzog faziam parte do arquivo da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados e teriam sido divulgadas à imprensa em 1997. Na época, ninguém teria relacionado a foto do homem nu a Herzog.
No mesmo dia, o ministro da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Nilmário Miranda, afirmou que a Direção da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), lhe comunicou "que as fotos publicadas na imprensa durante esta semana não correspondem ao jornalista Vladimir Herzog, morto pela repressão em outubro de 1975". As imagens seriam produto de uma investigação ilegal conduzida em 1974 pelo antigo Serviço Nacional de Informações (SNI) e que, por este motivo, o nome do homem fotografado não poderia ser divulgado.
No dia 22 de outubro, o perito Ricardo Molina, do Instituto de Pesquisa do Som, Imagem e Texto, da Universidade de Campinas, contrariou Miranda e a Abin sustentando no jornal O Estado de S. Paulo que pelo menos duas das três fotos que estudou são de Vladimir Herzog. Ao mesmo tempo, a viúva Clarice Herzog voltou a afirmar que ao menos uma das fotos é realmente do marido.
Ainda no dia 22, a Folha de S. Paulo publicou uma entrevista com o homem que seria o personagem das fotos divulgadas pelo Correio. Seria o padre canadense Leopoldo d'Astous, pároco durante 31 anos na Igreja de São José Operário, em Brasília, que foi investigado pelo Serviço Nacional de Informações (SNI) de 1972 a 1974 por envolvimento com grupos de esquerda. Ele teria sido fotografado em 1974, um ano antes da morte de Herzog.
Após reunião com o ministro da Secretaria Especial dos Direitos Humanos (SEDH), Nilmário Miranda, no dia 28 de outubro, a viúva de Herzog, Clarice, voltou atrás em suas afirmações e negou que as fotografias divulgadas fossem de seu marido.
 
FONTES: 

Princesa Isabel: redentora ou santa? --

Por: Dom Antônio Augusto Dias Duarte(*)
Os passos que começaram a ser dados para a abertura do processo de beatificação da princesa Isabel na Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro estão perfeitamente sincronizados com as reais necessidades do nosso país, governado hoje pela segunda mulher brasileira.

Comecei a escrever esse artigo no dia 14 de novembro de 2011, sabendo que há 90 anos falecia, em Paris, a primeira mulher que governou o Brasil, a princesa Isabel Cristina Leopoldina Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança.
Era também uma segunda-feira, e no Castelo d’Eu, na Província da Normandia, em consequência de uma insuficiência cardíaca agravada por congestão pulmonar, a três vezes regente do Império brasileiro pronunciava o seu definitivo “sim” a Deus, aceitando a morte bem longe de sua amada pátria, o Brasil.

No seu testamento feito em Paris, no dia 10 de janeiro de 1920, encontram-se os seus três grandes amores. Assim se lê nesse documento revelador:
“Quero morrer na religião Católica Apostólica Romana, no amor de Deus e no dos meus e de minha pátria”.
Inseparáveis no coração de mulher, de mãe e de regente, esses amores, vividos com fidelidade e heroísmo, constituíram o núcleo mais profundo de seu caráter feminino, sempre presente na presença régia dessa mulher – esposa, mãe, filha, irmã, cidadã – e, sobretudo, na sua função de uma governante incansável na consecução de uma causa que se arrastava lentamente no Império desde 1810: a libertação dos escravos pela via institucional, sem derramamento de sangue.
Conhecendo com mais detalhes a vida dessa regente do Império brasileiro e conversando com várias pessoas sobre a sua possível beatificação e canonização num futuro próximo, fico admirado com suas qualidades humanas e sua atuação política sempre inspirada pelos princípios do catolicismo, e, paralelamente, chama-me atenção o desconhecimento que há no nosso meio cultural e universitário sobre a personalidade dessa princesa brasileira.
Sabemos que sua atuação política, inspirada pelos ensinamentos evangélicos, não foi bem acolhida na corte e na sociedade da sua época, quando a economia brasileira dependia desse sistema escravagista tão indigno do ser humano. Sabemos que sua vida católica profunda e ao mesmo tempo muito prática incomodava, a tal ponto que comentários pejorativos – tal como acontece ainda hoje quando se é autenticamente católico – sobre sua “beatice” eram muito frequentes entre os políticos da sua época. Sabemos que as suas ações beneméritas e de caridade cristã não só a levaram a abraçar essa causa abolicionista, mas também a varrer a Capela Imperial de Glória (a Igreja do Outeiro) com as mulheres escravas e a viver com constância duas das inúmeras preocupações cristãs: rezar pelo Brasil e pela conversão dos ateus.
Ficheiro:GloriaChurch-Rio-CCBY.jpg
O que sobressai nesse saber histórico e nos permite falar e agir no sentido de abrir um processo canônico de beatificação dessa primeira mulher governante do Brasil é a sua fé firme, a sua fervorosa caridade e a sua inabalável esperança cristã, que a conduziram por um caminho muito característico das pessoas que respondem à chamada, presente no sacramento do Batismo, a santidade. O caminho da defesa da dignidade e dos autênticos direitos humanos, tão necessária para a construção de um país onde a justiça social e a paz entre os homens fortalecem as relações entre todas as classes sociais, não é apenas uma atitude política, mas é uma ação própria dos santos de todos os tempos e, principalmente, da nossa época moderna e pós-moderna.
Fonte: monarquia-ja.blogspot.com
A princesa Isabel, como católica, esposa, mãe e governante do Brasil, sabia muito bem que a fé, a esperança e a caridade cristãs não conduzem a um refúgio no interior das consciências ou não são para serem vividas somente entre as quatro paredes de uma igreja, mas comprometem os católicos na busca incansável de soluções para os grandes problemas sociais da época da história na qual vivem.
Foi por isso que a princesa Isabel mereceu a mais suma distinção da Igreja Católica, a Rosa de Ouro, conferida pelo Papa Leão XIII, em 28 de setembro de 1888, um prêmio que é análogo ao atual Prêmio Nobel da Paz, e até hoje foi a única personalidade brasileira a receber essa comenda, guardada no Museu de Arte Sacra do Rio de Janeiro.
Papa Leão XIII - Fonte: pantokrator.org.br
Os passos que começaram a ser dados para a abertura do processo de beatificação da princesa Isabel na Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro estão perfeitamente sincronizados com as reais necessidades do nosso país, governado hoje pela segunda mulher brasileira. Ontem como hoje a promoção da vida dos mais marginalizados no Brasil, a defesa do “ventre livre”, onde as crianças podem desenvolver-se sem a entrada de máquinas aspiradoras e assassinas das suas vidas, a atenção social e econômica mais urgente com os “escravos do álcool, do crack, dos antivalores” que acabam com boa parte da juventude brasileira, a tolerância e o respeito pela pluralidade religiosa e a abertura ao diálogo sincero entre as diversas camadas sociais são prioridades que devem ser atendidas num esforço comum entre católicos, evangélicos, muçulmanos, judeus, seguidores das religiões africanas, enfim, por todos que têm amor pelos seus entes queridos e pelo Brasil à semelhança da princesa Isabel.
Para que no Brasil se respire a verdadeira liberdade e haja realmente unidades pacificadoras no meio das cidades espalhadas, e não em comunidades cariocas dominadas pelo tráfico de drogas, urge ter homens e mulheres, como a princesa Isabel,
Fonte: pelafe.net
o frei Galvão, a irmã Dulce, etc., que com suas vidas exemplares na fé, na esperança e na caridade, sejam testemunhas vivas da santidade, que não passou de moda, pois os santos continuam sendo os grandes conquistadores e construtores do mundo onde a humanidade pode habitar.
Irmã Dulce - Fonte: onordeste.com
Vale a pena considerar com pausa e reflexão essa chamada feita no início do Terceiro Milênio pelo saudoso Papa João Paulo II para a hora em que estamos vivendo na Igreja.
Fonte: ninhodomoringue.blogspot.com
“É hora de propor de novo a todos, com convicção, essa medida alta da vida cristã ordinária: toda a vida da comunidade eclesial e das famílias cristãs deve apontar nessa direção (…). Os caminhos da santidade são variados e apropriados à vocação de cada um” (cf. Carta Apostólica no início do Novo Milênio, beato João Paulo II, n. 31, 6.1.2001).
(*) Dom Antônio Augusto Dias Duarte
Bispo auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro – RJ

Postado por: Armando Rafael

A Missa do Galo em Juazeiro há 140 anos -- por Renato Casimito


No dia de hoje, há exatos 140 anos, o reverendíssimo Pe. Cícero Romão Baptista, recentemente ordenado (Fortaleza: 30.11.1870), atendia o convite do casal
 
Semeão Correia de Macedo (ela, Rosa Amélia de Macedo), segundo professor régio do povoado, para a celebração da missa da vigília natalina.
Naquele ano, a capela do povoado não dispunha de capelão fixo, pois o Pe. Pedro Ferreira de Melo – o quinto capelão do Joaseiro, havia falecido recentemente (fora encontrado morto, sozinho, na casa em que residia no Crato).
O prof. Semeão, então, motivado pelo desejo de que os poucos habitantes do povoado (eram, talvez, umas 30 famílias) comemorassem o Natal daquele ano, foi ao Crato para convidar o novo sacerdote para a celebração. Ele aceitou e assim aconteceu. Como resultado da grande simpatia que passou a existir entre Pe. Cícero e os residentes do povoado, ele foi convidado a voltar outras oportunidades. Até que, definitivamente, passou a residir numa casa cedida pelos habitantes para acomodar a família, a partir de 11 de abril de 1872. E nunca mais o Joaseiro foi o mesmo.

(Ilustração do Almanaque Brasil
fotos do Arquivo do Portal)

O cel. Izaías Arruda e o Incêndio da ponte do rio Salgado - Parte II

Por José Cícero

O ainda hoje misterioso,  incêndio da ponte sobre o rio Salgado de 1927 foi uma dura resposta do cel. Izaías Arruda (então prefeito de Missão Velha) em retaliação a um imbróglio com os engenheiros da RVC, depois que a ferrovia decidiu romper um acordo verbal relativo a compra (fornecimento) de madeira de lei para a fabricação de dormentes. A referida madeira era retirada da propriedade do temível coronel. A RVC resolveu não mais aceitar o produto de Izaías em face do preço exorbitante, muito além do valor de mercado que era praticado na época. O coronel não aceitou de bom grado o rompimento do contrato. Achou que aquilo era uma desmoralização a sua posição de líder. Indignado com o fim do lucrativo negócio, resolveu se vingar.
Coronel Izaias Arruda

De modo que deu ordem aos seus jagunços para que arrancassem quase um quilometro e meio de dormentes da estrada de ferro e fizessem uma grande coivara sobre a ponte. E foi o que promoveram: uma fogueira gigante. Os trilhos ficaram em alguns trechos, soltos sem a sua base de apoio. Uma grande tragédia estava prestes a ocorrer com o trem da feira que passaria ainda nos escuro da madrugada lotado de gente e mercadoria. Um iminente acidente estaria prestes a acontecer. Um verdadeiro atentado que poderia vitimar um grande número de passageiros inocentes. O coronel não estava nem aí para as conseqüências do seu tenebroso ato.
 Missão Velha e Aurora, unidas no resgate da memória do cariri

As labaredas de fogo podiam ser vistas a quilômetros dali. Disse-nos o tal senhor do Jenipapeiro. A ponte estava literalmente em chamas. Vez que grande parte da sua estrutura metálica, segundo relatos, com o fogo, estava vermelha em brasa viva. Uma fogueira monumental alimentada por madeira de lei do tipo: aroeira, pau d’arco, cedro e massaranduba dentre outras. “O ferro da ponte, como dizia meu pai, ficou em brasa viva”, disse o morador. O calor, segundo ele, era tanto que parte da estrutura metálica chegou ao ponto de alguns peças amolecer. Restos de ferros retorcidos ainda hoje depois de pouco mais de 82 anos daquele inusitado acontecimento ainda foram encontrados sob a areia do leito do rio. "A temperatura era altíssima e o fogo entrou pela noite. Foi uma coisa horrível, nem sei com a ponte não caiu por inteira".

E a tragédia só não foi maior porque um vaqueiro que residia nas proximidades (no Jenipapeiro), às escondidas, montou seu cavalo e rumou célere para à estação de Ingazeiras comunicando o fato ao agente local que de imediato telegrafou para as estações do Crato e Fortaleza. O trem daquele dia ficou pelas bandas de Iguatu ou do Crato mesmo. Por vários dias, quase uma semana o tráfego costumeiro do chamado trem da feira ficou interrompido até que funcionários da Rede Ferroviária Cearenses (RVC) sob segurança reforçada pudessem realizar os necessários serviços de recuperação da linha férrea e da própria ponte sobre o rio Salgado. Os prejuízos foram calculados em cerca de 300 contos de réis; uma verdadeira fortuna naquele tempo.

Mas o mistério ainda permanece até hoje. E algumas perguntas continuam, por assim dizer, inevitáveis. Ou seja, por que será que o coronel Izaías Arruda veio a escolher logo a ponte do Olho d’água a mais de duas léguas da estação de Missão Velha onde inclusive era prefeito? Por que justamente Aurora? Será que queria demonstrar força para os irmãos Paulinos com os quais mantinha uma rixa mortal? Ou quisera com isso, evitar quem sabe, que as volantes que se encontravam na parte baixa do Cariri não pudessem chegar a Aurora para dá cabo de Lampião junto com seu bando? Ou mesmo, queria que o próprio Lampião, fosse responsabilizado pelo incêndio aumentando assim, a ira do governo? Quanto a esta última suposição é notório ressaltar que muitos da época, inclusive alguns jornais da capital, chegaram a noticiar que aquele atentado tinha sido obra dos cabras de Lampião, em retaliação a perseguição das volantes, inclusive como consta equivocadamente na página 339 do livro: ‘A Marcha de Lampião, assalto a Mossoró’ de Raul Fernandes, filho do prefeito potiguar Rodolfo Fernandes, famoso por ter comandado a resistência de 27. Por fim, pelo modus operandi, que relação existiu entre o incêndio da ponte do Salgado e o da antiga estação de Missão Velha?
 José Cícero em visita à ponte sobre o Rio Salgado

Ousado e temível em toda região, o coronel Izaías Arruda era de fato, um inegável fazedor de inimigos. Jogava bem, sobretudo nos bastidores e, como costumam dizer nossos matutos – com dois baralhos. De sorte que, não era tarefa fácil vencê-lo em seus domínios. Tinha, como se sabe ainda hoje, o seu exército particular de jagunços sempre pronto a agir nos mais diferentes ramos.Contudo, adespeito de qualquer outra coisa, é preciso dizer que Izaías Arruda de Figueiredo foi um homem inteligente e de coragem que esteve muito além do seu tempo. A forma como se deu a sua morte foi uma prova inconteste de que pagara caro por tudo isso.

O coronel Izaías Arruda, era filho natutal de Aurora onde foi delegado e, quando ainda prefeito de Missão Velha, foi assassinado na estação de Aurora em 04 de agosto de 1928 pelos irmãos Paulinos, vindo a morrer quatro dias depois.

José Cícero

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SBEC informa



Caros Sócios e Amigos,
Lembrando a todos e todas que está disponível no site
www.iiisrh.com.br
os Anais do II Congresso Nacional do Cangaço e
III Semana Regional de História.
É interessante que todos os sócios tenham acesso ao material para ver o alto nível das discussões e as novs temáticas abordadam em torno da História do Nordeste e do Cangaço.
Abraços,

Lemuel Rodrigues
PRESIDENTE DA SBEC
SOCIEDADE BRASILEIRA DE ESTUDOS DO CANGAÇO
 Cariri Cangaço