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terça-feira, 25 de agosto de 2020

A CITAÇÃO DE LAMPIÃO E A CERTIDÃO DO MEIRINHO.



“Certifico que, em cumprimento do mandado retro, fui ao Sítio Assenço, deste termo e, nesta cidade, intimei todas as testemunhas constantes do mesmo mandado. Ficaram todas bem cientes, deixando de intimar o denunciado de folhas, Virgulino Ferreira, conhecido por Lampião, por não ter, graças à Deus, visitado esta cidade aquela indesejável fera. O referido é verdade, do que dou fé.”

Certidão do Oficial de Justiça Januário Bispo de Menezes da Comarca de Capela/SE em 26 de dezembro1931, no Processo Criminal do assassinato de José Elpídio dos Santos por Lampião, na cidade de Nossa Senhora das Dores/SE.

(João Filho de Paula Pessoa, Fortaleza/Ce.) 13/11/2019


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ANTES DO MENINO-CANGACEIRO ANTONIO DOS SANTOS

Por Antônio Corrêa Sobrinho

ANTES do menino-cangaceiro, o sergipano de Itabaiana Grande Antonio dos Santos, vulgo “Volta Seca”, um dos mais temíveis e famosos asseclas de Virgulino Ferreira, o “Lampião”, em 1932 ser aprisionado e condenado a cumprir pena na penitenciaria de Salvador, e começar a proferir seus sensacionais depoimentos e bombásticas declarações a jornalistas dos quatro cantos do país - o SERGIPE JORNAL, no dia 12 de janeiro de 1931, noticiou suposta prisão do famoso Volta Seca, numa feira de Aracaju.

Surpreendeu-me o fato de que os aracajuanos, um ano antes da real sua captura, experimentaram a sensação de o terem aprisionado, bem como, a particularidade trazida pelo jornal, sobre Volta Seca quando este morou na capital sergipana antes de entrar para o bando de Lampião, qual seja, de que era público que Volta Seca morou por "bom tempo com um cabo do batalhão de nome Honorato e que também fora ordenança do capitão José Rodrigues", dado não mencionado por Volta Seca nas suas entrevistas.

“VOLTA SECA” EM ARACAJU

Ontem pela manhã a cidade foi agitada por uma notícia sensacional: fora capturado em plena feira, junto do Mercado Municipal, um rapazote que diziam ser “Volta Seca” o célebre e cruel diabrete pertencente ao sinistro bando de Lampião – o terror deste Nordeste descurado, que sofre os rigores das longas estiadas ao mesmo tempo que carpe as aflições decorrentes do contínuo trajetear de facínoras, entes sem fé nem lei, tendo por fito o saque e como gozo a tortura de velhos e moços, crianças e mulheres, delícia terrificante que enche de assombro e revolta quantos estejam sob o abrigo dos bons costumes, cumprindo as naturais condições orientadoras da espécie.

“Volta Seca” fora capturado. Era o clamor público. Comentários surgiam de todo jaez. Uns acreditavam e rendiam graças pela prisão de tão sanguinário e perversa criatura. Outros porém abalavam a cabeça, descrentes.

Em meio a tudo isto, resolvemos chegar até a Chefatura de Polícia, onde, por deferência do Dr. João Trindade, esforçado e distinto delegado da Capital, podemos olhar dentro de um cubículo para um rapazote de cor morena, bastante queimado pelo sol, cabelos pretos e vivos, estatura abaixo do normal, corpo franzino porém bem provido de músculos, trajando calça brim e paletó jaquetão da mesma fazenda já bastante sujos e arruinados.

Interpelado pelo tenente João Lins, o rapazote disse que acompanhara a força sergipana que esteve em Jeremoabo, estado da Bahia, que residiu aqui algum tempo com um cabo do batalhão de nome Honorato e que também fora ordenança do capitão José Rodrigues, ora reformado.

Diversas outras coisas falou em resposta ao referido oficial, entre elas que já exercera o mister de engraxate na pensão do Sr. Pedro Barros e trabalhara no Hotel Brasil.

Segundo é do domínio público “Volta Seca” fora empregado nesta capital e morou largo tempo com o cabo Honorato, do Batalhão Policial, que atualmente está destacando no interior.

O rapazote detido, em alguns pontos, dá motivos para inspirar suspeitas. Como porém provar-se ser ele o famigerado “cabra” do desalmado “Lampião”?

À Chefatura tem comparecido diversas pessoas que assistiram a invasão da horda sinistra em Capela e Aquidabã.

Reina a maior confusão – pois enquanto umas dizem ser aquele o monstro de tão pouca idade, outras discordam alegando puerilidades como esta: “Se ele estivesse de chapéu de couro”...

Por sua vez, o rapazote protesta, mas, por pavor ou indecisão, não o faz de modo veemente.

Hoje deverá ficar mais ou menos esclarecida a identidade do referido, que, se for “Volta Seca”, sofrerá os rigores da lei, e em caso contrário, voltará à liberdade que perdeu temporariamente por um singular capricho do destino.

Sergipe-Jornal – 12.01.1931


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LIVRO “O SERTÃO ANÁRQUICO DE LAMPIÃO”, DE LUIZ SERRA


Sobre o escritor

Licenciado em Letras e Literatura Brasileira pela Universidade de Brasília (UnB), pós-graduado em Linguagem Psicopedagógica na Educação pela Cândido Mendes do Rio de Janeiro, professor do Instituto de Português Aplicado do Distrito Federal e assessor de revisão de textos em órgão da Força Aérea Brasileira (Cenipa), do Ministério da Defesa, Luiz Serra é militar da reserva. Como colaborador, escreveu artigos para o jornal Correio Braziliense.

Serviço – “O Sertão Anárquico de Lampião” de Luiz Serra, Outubro Edições, 385 páginas, Brasil, 2016.

O livro está sendo comercializado em diversos pontos de Brasília, e na Paraíba, com professor Francisco Pereira Lima.

franpelima@bol.com.br

Já os envios para outros Estados, está sendo coordenado por Manoela e Janaína,pelo e-mail: 

anarquicolampiao@gmail.com

Coordenação literária: Assessoria de imprensa: Leidiane Silveira – (61) 98212-9563

leidisilveira@gmail.com

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80 ANOS ANGICO PARTE 10

Por Aderbal Nogueira Cangaço


Não foi traição. Décima parte do vídeo documentário dos 80 anos da morte de Lampião - Combate de Angico.

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HOMENAGEM A MANIÇOBA/BEBEDOURO

Clerisvaldo B. Chagas, 25 de agosto de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.371

        Quando os fundadores de Santana chegaram à Ribeira do Panema, 1771, um deles comprou a fazenda “Picada” de João Carlos de Melo que depois foi morar em terras da atual Poço das Trincheiras. A fazenda Picada ia do Lajeiro Grande, Pedra do Barco, até o riacho Mocambo, passando antes pelo riacho da Tapera do Jorge e Lagoa do Mijo. O documento de venda é datado do lugar Maniçoba, onde talvez morasse João Carlos de Melo. A fazenda Picada nada tem a ver com a fundação de Santana. A fazenda que deu origem a Santana foi a de Martinho Rodrigues Gaia e ninguém nunca soube se tinha nome. Ribeira do Panema era a região de todo o rio Ipanema, e não nome de fazenda, Ribeira quer dizer rio. (foi publicado alguma coisa equivocada).
                             (Foto/crédito: sertão na hora).

Maniçoba e Bebedouro cresceram emendados numa rua comprida e algumas rebarbas laterais, mas haviam parado no tempo.  Maniçoba, arvoreta que produz o látex da borracha. Bebedouro por ser lugar de bebida para o gado. Maniçoba e Bebedouro formaram-se ao longo do rio Ipanema a cerca de 2 km do centro da cidade e já foi estrada para Maceió. Também já foi palco de festas religiosas e folclóricas do município. Lutando com unhas e dentes por melhoria, sempre foram desprezados por inúmeras gestões seguidas de intendentes e prefeitos. Pobreza intensa. Somente nas duas últimas décadas começou a receber melhoras significativas, uma longe da outra. Assim chegou o calçamento para a rua principal, a água e a luz elétrica. Ficaram lhes devendo ligação com a cidade através do Bairro São Pedro, o mais perto de lá em cerca de apenas 1 km.
Esse subúrbio cresceu, ampliou uma estrada de aveloz que saía na BR-316, e foi sendo povoado de fora para dentro na região da nova estrada que sai por trás da UNEAL, perto do Batalhão de Polícia. Toda aquela área atualmente progrediu e está irreconhecível para quem a conheceu há dez anos atrás. Finalmente agora, quase no fim do mundo, vai ganhar a ligação Maniçoba – Bairro São Pedro (1km) milhares de vezes negadas. O asfalto chegará até o calçamento da rua principal, marcando de vez o resultado do esforço e da luta de mais de cem anos. Mas a prefeita deveria aproveitar e puxar o asfalto do Largo Lulu Félix, que antecede aquele calçamento, também pela estrada bifurcada que sai na BR-316. Não dá 2 km, ajudaria na mobilidade urbana quando teríamos uma nova alternativa de saída para a capital, sem passar pelo centro, descongestionando o trânsito e ganhando tempo.  
A priori, Maniçoba e Bebedouro já movimentaram vários curtumes que alimentaram de couro e sola toda a nossa região. Sumiram por falta de incentivo das autoridades. Parabéns a este subúrbio pelo asfalto, coroa das batalhas infindáveis dos seus moradores. Pena a líder comunitária e ambientalista da AGRIPA, Dona Joaninha, moradora do Bebedouro não ter tido mais um pouco de vida para contemplar a vitória. Parabéns à prefeita Christiane Bulhões pela visão acertada em favor de um lugar que já existia há 249 anos e traduz o primeiro documento conhecido de Santana do Ipanema. Dona Joaninha poderia ser nome do nome do novo trecho que está sendo asfaltado.


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Por José Mendes Pereira

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80 ANOS ANGICO PARTE 9

Por Aderbal Nogueira

- Quantos dias estiveram em Angico - As cabeças e o espólio - A recompensa das volantes Nona parte do vídeo documentário dos 80 anos da morte de Lampião - Combate de Angico.

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A MORTE DE LAMPIÃO

Por José Bezerra Lima Irmão

Puxe o tamborete e vamos conversar.

Me perguntaram se houve festejos por ocasião da morte de Lampião.

Fiz um levantamento dos episódios relatados pelos cronistas sobre esse aspecto e apurei o seguinte:


Dona Cyra de Brito mulher do tenente João Bezerra, contou à revista Manchete e depois a Antônio Amaury que estava em casa em seu quarto, de resguardo (ela havia dado à luz naqueles dias), quando escutou um fuzuê lá fora – o barulho aumentava, subindo do rio, muitos gritos, uma confusão medonha, e ela notou aflita que a coisa estava entrando e sua casa: a porta do quarto abriu-se e João Bezerra entrou com os soldados segurando as cabeças ensanguentadas. Dona Cyra, apavorada, debruçou-se sobre o berço da filhinha recém-nascida, enquanto os soldados dançavam e cantavam “Mulher Rendeira”.

Aquele 28 de julho foi um dia de horror em Piranhas. Cada componente da volante tinha uma versão dos fatos. Como as promoções anunciadas dependiam do grau de participação na luta, estabeleceu-se uma disputa verbal entre eles, cada um invocando para si a glória de ser o autor da morte de Lampião. O aspirante Francisco Ferreira dizia que tinha sido ele quem matou Lampião com uma rajada de metralhadora. Porém o soldado Noratinho assegurava ter sido ele quem atirou na cabeça de Lampião. Por sua vez, o cabo Antônio Bertoldo jurava que quem atirou em Lampião foi ele.

Outra controvérsia foi travada pelos que se vangloriavam de ter decapitado Lampião e Maria Bonita. Porfiavam pela autoria da decapitação de Lampião o sargento Aniceto e os soldados José Panta de Godoy e Santo (Sebastião Vieira Sandes); e pela de Maria Bonita, o cabo Bertoldo e os soldados Cecílio, José Panta de Godoy, Noratinho e Antônio Jacó.

A autoria da morte de Luís Pedro era disputada entre o aspirante Francisco Ferreira e o soldado Antônio Jacó. Teve até briga por isso, e por pouco Antônio Jacó não foi assassinado na mesma semana em Piranhas, na casa do prefeito Correinha.

Quanto ao povo, a impressão era de dúvida, pois já tinha havido várias notícias falsas da morte de Lampião. Os matutos, céticos, comentavam: “Sei não, viu? O tenente João Bezerra matando seu amigo?”

No mesmo dia 28 chegaram a Piranhas levas e levas de moradores de Pedra, Pão de Açúcar, Canindé e Poço Redondo, todos curiosos com o acontecimento.

Não houve reconhecimento dos corpos – o termo de reconhecimento foi assinado pelo tenente-coronel José Lucena, que nunca tinha visto Lampião.

As cabeças ficaram em Piranhas até o dia 30. Começaram a apodrecer. Inchadas. Deformadas.

No transporte das mercadorias para Maceió, o povo, já informado, se apinhava no caminho para se certificar se de fato era verdadeira a notícia. As notícias corriam mais que o caminhão. Estrada péssima. O caminhão parava a todo instante, pois todo mundo queria ver as cabeças. O cortejo lúgubre demorou-se em Olho d’Água do Casado, no Talhado, em Pedra.

As cabeças só chegaram a Santana do Ipanema ao anoitecer. Não consta que os moradores festejassem; consta que as cabeças foram recebidas com dobrados tocados pela banda de música, houve missa e o prefeito Pedro Gaia mandou soltar foguetes.

A viagem só foi retomada no dia 31. Por onde o caminhão passava, ia parando, de povoado em povoado e até em sítios.

Já era noite quando chegaram a Maceió. As pessoas lotavam as calçadas, espremiam-se nas janelas, trepavam nas árvores para ver o espetáculo macabro. O caminhão entrou pelo bairro do Bebedouro, passou pelo Bom Parto e pelo Cambona, desceu pela Avenida Fernandes Lima para a Praça dos Martírios, onde ficava o Palácio do Governo. O interventor federal Osman Loureiro postou-se com outras autoridades na sacada do palácio. Quando a cabeça de Lampião foi suspensa pelos cabelos, para que todos vissem, um soldado gritou: “Viva o guveeerno!”. E a multidão sugestionada por aquele grito, entoou: “Viiivaaa!”

No percurso entre o Palácio e o necrotério da Santa Casa de Misericórdia, passando pela Rua Boa Vista, Praça Montepio dos Artistas e Praça do Quartel do Regimento, calcula-se que 10 mil pessoas se acotovelavam nas ruas e becos.

Até os nazarenos sentiram a morte de Lampião. Segundo João Gomes de Lira, ex-soldado nazareno, Euclides Flor chorou quando soube da morte do inimigo, e Manoel Jurubeba disse, consternado: “Morreu Lampião. Acabou-se a alegria do sertão”.


(Texto adaptado a partir do meu “Lampião – a Raposa das Caatingas” - Quem tiver interesse por este livro, por favor entre em contato comigo (71 9 99851664) ou peça ao Professor Pereira (83 9 9911-8286).


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O AÇUDE DO XIQUE XIQUE EM SERRA TALHADA

Por Sérgio A. Dantas


O açude do Xique Xique, sem Serra Talhada, esconde o sítio de um histórico combate, ocorrido em novembro de 1925, entre Lampião e forças policiais. Os famosos e temidos nazarenos estavam em suas fileiras.


Surpreendidos pelo cerco das volantes, a única saída para os cangaceiros seria fugir pelo lado onde fica a serra (ver fotografia). Na época não havia o açude. As pedras que se veem às suas margens são parte da escarpa que está hoje debaixo de suas águas. Mas era o único lugar que se tinha para tentar escapar da fuzilaria dos policiais.

Quase todos escaparam, graças à cortina de fumaça gerada pelos sucessivos disparos e o cair da noite.

Dois cangaceiros seriam presos depois: Cancão e Zabelê.

Dos nazarenos, morreu Ildefonso de Souza Ferraz, de apenas dezesseis anos.


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80 ANOS ANGICO PARTE 8

Por Aderbal Nogueira - Cangaço


O espólio de guerra, a morte do Soldado Adrião e do cangaceiro Elétrico, a fuga de Durval e a morte de Luís Pedro. Oitava parte do vídeo documentário dos 80 anos da morte de Lampião - Combate de Angico.

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