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sábado, 12 de janeiro de 2019

CURRALINHO, OU O QUE AINDA LHE RESTA

*Rangel Alves da Costa

Se poeta eu fosse, um verso para Curralinho eu teceria em caneta dourada: Donde vejo a carranca vejo a curva do rio. Vejo a canoa e o canoeiro no seu desafio. Na mansidão das águas um viver eu recrio, um molhado caminho que fez nascer Curralinho...
Primeiro porto de Poço Redondo, entrada para os sertões através do caminho das águas, outrora pujante no comércio de chegada e saída de produtos, com moradias refletindo suntuosidade arquitetônica para a época, Curralinho ganhou esse nome em virtude dos pequenos currais que eram levantados às margens do Velho Chico quando da chegada dos viajantes com suas posses e animais, tentando vida nova nos então inóspitos sertões.
Como a mata fechada ao redor era perigosa e desconhecida, e para que o pequeno rebanho não se perdesse entre as serras e labirintos catingueiros, então aqueles primeiros desbravadores construíam pequenos currais e nelas colocavam em segurança suas crias, até que adentrassem os sertões para um novo viver. Mas muitos foram ficando por ali, nas beiradas do rio, e fizeram surgir a povoação curralinheira.
Estes se fizeram canoeiros, pescadores, comboeiros, comerciantes, lavradores, viventes daquele belo mundo de grandeza das águas e de beleza sem fim. Desde as curvas das montanhas, serras e montes ao redor, até o caudaloso leito passando, bem como com as velas adormecidas nos beirais das águas ou singrando os caminhos molhados, tudo de beleza sem fim. E depois surgindo as construções imponentes, belas, cheias de fé e de devoção. Dentre estas, a Igreja de Nossa Senhora da Conceição (em grande parte erguida por Antônio Conselheiro e seus seguidores, pelos idos de 1874), e Igreja de Santo Antônio, defronte ao rio. A rua da frente, de calçadas altas como proteção às cheias dos rios, e outras ruas interiores.
No passado, o São Francisco curralinheiro era tão imponente e tão caudaloso que as águas chegavam a vencer a proteção das altas calçadas e iam se despejar pelos quintais. Verdadeiros arrozais iam surgindo. Aquele arroz de quintal, depois batido em pilão também de quintal, era servido com o peixe fresco ali pescado em abundância. Bastava lançar a rede, a tarrafa ou adornar em canoas, e de repente a comida já estava garantida. Águas também de surubins e tubaranas.
Curralinho de Dona Perpétua, de Dona Salvelina, de Chico Bilato, de Seu Neguinho, dos irmãos Ciano e Valter, de Seu Aloísio, de João de Virgílio, de Luzinete, de Tutula, Maria e tantas outras e outros. Curralinho tão rico de outrora e tão carente agora, numa passagem de tempo que fez definhar a existência e deixar somente nostalgia de um passado de glória e imponência. Mas o rio continua, mais magro e entristecido, mas sempre belo no seu caminhar.
Naqueles idos, ao entardecer, das altas calçadas as velhas senhoras iam tecendo suas vidas entre bordados e meditações perante tão bela paisagem. Aqui fico imaginando aqueles olhares maravilhados perante as embarcações que chegavam e saíam, perante as carrancas que despontavam na curva do rio, perante a chegada e passagem dos grandes vapores. Que maravilha!
Casas na grandeza das próprias famílias, sem serem imensas, aos moldes dos casarões coloniais, mas de beleza arquitetônica indescritível. Paredes adornadas cuidadosamente, ladrilhos importados, acabamentos irretocáveis. Hoje só restam alguns exemplares daquele primor arquitetônico. Infelizmente, casarios antigos são derrubados num desrespeito histórico que faz doer. Louvável a atitude daqueles que adquirem antigas moradias e procuram preservar sua fachada e suas formas. Mas fato raro.
O temor maior é que o tempo mesmo vá cuidando do desfazimento de toda aquela beleza. Sem preservação, sem qualquer tipo de manutenção preventiva, primeiro cai um tijolo, depois uma parte da parede, e depois a casa inteira. Ainda restam algumas, é bom que se diga. Mas urge a necessidade de preservar, de manter viva e em pé aqueles retalhos arquitetônicos da história de Curralinho. Pela ausência de órgãos de preservação do patrimônio histórico, resta somente a seus moradores e ao povo a tomada de consciência sobre aquela situação. E agir.
Acima de tudo agir, buscando meios de conservação e continuidade daquela pujança de vida ribeirinha.

Escritor
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AINDA SOBRE O LIVRO DE ADRIANA NEGREIROS


Por Junior Almeida

Muito já foi falado do livro da jornalista Adriana Negreiros, MARIA BONITA; SEXO, VIOLÊNCIA E MULHERES NO CANGAÇO, lançado oficialmente em setembro do ano passado. Na internet, os grupos que debatem o tema, matérias, comentários e mais comentários foram postados, alguns nada simpáticos à obra. Poucos dias antes, baseados na sinopse do livro e em algumas reportagens, escrevemos sobre o título e algumas outras polêmicas obras e a suas repercussões em meio aos pesquisadores do tema CANGAÇO.

Por exemplo, citamos o livro do “Lampião de Buritis”, como ficou conhecido a obra do fotografo mineiro José Geraldo Aguiar, o incendiário “Lampião e o Mata Sete”, do juiz aposentado Pedro Morais, que diz que Virgulino Ferreira além de ser gay, mantinha um romance a três: ele, Maria Bonita e Luiz Pedro. Os dois primeiros livros por nós citados na matéria já tinham caído em total descrédito diante do público cada vez mais exigente e criterioso por novas informações. Um ou outo leigo talvez acredite no que diz tais obras, mas a maioria das pessoas repudia livros assim. No final do nosso texto, jogamos a pergunta: “Seria o livro de Adriana uma obra a mudar o que se sabia de cangaço, ou mais um a cair no descrédito”?

Para melhor opinar, resolvemos ler “Maria Bonita; Sexo, Violência e Mulheres no Cangaço”, do qual destacamos alguns pontos que achamos importantes. Salientamos que não queremos atirar pedras na obra ninguém, até mesmo por que somos também vidraça, mas não poderíamos nos refutar de comentar sobre tão falada obra. Vamos lá:

O livro é colocado pelo seu marketing como PRIMEIRA biografia da rainha do cangaço, desprezando assim tudo que já foi escrito anteriormente sobre Maria Bonita. João de Sousa Lima, por exemplo, há mais de 15 já tinha discorrido sobre a célebre paulo afonsina.

Como principiante no meio, Adriana Negreiros, na página 35 do seu livro, cita Virgulino Ferreira como sendo em seu início de carreira chefiado apenas por Sinhô Pereira, não se referindo em momento algum aos MATILDES e PORCINOS, bandos que Lampião fez parte antes do de Sinhô. Na mesma página ela relata que Antônio Silvino “permitiu” que seus cabras matassem uma menina de 13 anos em Pernambuco, e a história não é bem assim. O Rifle de Ouro diria anos depois em entrevista, que a morte da menina Feliciana, no Engenho Santa Filonila, em Glória do Goitá, Pernambuco, tinha sido o único crime que ele teria se arrependido na sua extensa lista, pois a menina teria sido vítima de uma bala perdida, então Silvino não permitiu, como diz ela, que seus comandados matassem a menina.

Na página 86 do livro, talvez a informação mais polêmica de todas, a de que Maria Bonita tocava bandolim, com Lampião acompanhando como cantor, e que o Rei do Cangaço “lubrificava” a goela com pastilhas Valda. A fonte citada pela escritora é o jornal “A Noite”, do Rio de Janeiro, do dia 11 de maio de 1931. Ora! Se os jornais nordestinos, supostamente próximos da área da guerra cangaceira cometiam erros grotescos, o que esperar de um noticiário do Sudeste do país, ainda mais em tempos de comunicações tão precárias? Como Geraldo Aguiar, acreditamos que Adriana foi crédula, inocente, vítima de uma “fake news” de quase 90 anos.

NENHUM autor, dos mais antigos aos mais novos, nunca falou de tal fato, portanto, a informação não se sustenta.

Três páginas adiante Adriana diz que as mulheres dos cangaceiros andavam pela caatinga usando armas de brinquedo. Sua fonte é o “Jornal do Commércio” de 2 de janeiro de 1931. Outra “barriga”. Onde já se viu? Maria Bonita, Dadá, Durvinha, dentre outras, usando armas de brinquedo? Seriam esses simulacros de madeira, barro, ou “plástico”?

Outra informação curiosa está na página 95. Diz que Lampião andava tão equipado ao ponto de nem poder encostar os braços ao corpo e por isso era conhecido em todo Nordeste como ESPANTALHO. Que coisa! Nunca vi isso em lugar nenhum. Involuntariamente lembrei daquela piada de Zé Lezim, da mulher que não fazia sentido. Segundo o humorista paraibano Nairon Barreto, a mulher era tão gorda que não juntava os braços ao corpo, “não fazia sentido” (termo da ordem unida militar).

Duas páginas à frente outra informação que deu muito o que falar nos grupos de debates foi a de que Lampião “preparava passarinho ao vinho”, dando a falsa impressão (aos leigos) que o cangaço era só glamour. A suposta fonte apontada pela autora, segundo ela, está na página 10 do livro “Dadá”, do escritor José Umberto Dias. Novamente acho que faltou um confronto de informações por parte de Adriana Negreiros. Por falar em fontes, na página 105, a jornalista narra que Virgulino quis matar sua filha Expedita quando essa tinha poucos dias de vida. Sua fonte é um cordel do cearense Abrahão Batista. Na página 121 e 190 a autora discorre sobre Maria Bonita arrancando brincos de mulheres da família Bezerra com orelha e tudo. Essa cena ficou famosa na minissérie da Globo, onde Nelson Xavier vivia Lampião e Tânia Alves a sua Maria Bonita. A fonte de Adriana para essa informação é seu esposo Lira Neto.

Nas páginas 148 e 149 a escritora se refere ao cangaceiro que corneou Zé Baiano como sendo Besouro, mas nas notas ela diz que há outra versão de que o amante de Lídia teria sido o cabra “Coqueiro”. Diz também na página 164 que segundo Otília de Mariano, Maria Bonita era chamada por alguns componentes do bando de “Basé”. Para nós, também uma informação nova.

No curto relato sobre o fogo de Serrinha do Catimbau, no Agreste de Pernambuco, nas páginas 166 e 167, Adriana Negreiros diz que a mulher de Lampião “depois de baleada nas costas, foi socorrida a Riacho do Saco, perto da Lagoa do Serrote”. Hã?! Onde é isso? Maria Bonita foi baleada na bunda e na “pá” a 4 léguas de onde moro, Serrinha do Catimbau, hoje Paranatama, com um pouquinho de exagero, isso é quase no meu terreiro. O local que primeiramente a súcia fugiu foi depois da desastrosa invasão foi a Serra do Tará, exatos 13 quilômetros da minha casa.

Na obra a escritora descreve Maria Bonita como uma mulher vulgar em certos momentos, dona de “uma gargalhada de rapariga” e, segundo ela dá a entender, é verdadeira a versão de um escoteiro venezuelano sequestrado pelo bando, que estava amarrado nu a uma árvore, e teria visto quando a mulher do cangaceiro mor olhar desejosa para ele e ainda teria soltado um gracejo. Adriana diz também que a rainha do cangaço teria “dado” a um coronel coiteiro, mesmo já vivendo com Lampião.

Na página 197 e 226, errinhos simples: primeiro, ao narrar a morte de Nenen de Luiz Pedro, a autora se refere ao comandante da volante como “sargento Luz”, quando na verdade é “Deluz”, o célebre carrasco de Canidé, e cita o DISTRITO de Piranhas, Entremontes, como uma cidade vizinha à Lapinha do Sertão.

O livro tem umas comparações interessantes de valores da época. Por exemplo, diz que os 50 contos de réis de recompensa ofertados pelo Governo da Bahia pela captura de Lampião, daria para comprar um bom terreno na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. Na minha modesta opinião, acho que Adriana Negreiros tem potencial para escrever cangaço. Seu livro é fácil de ler, e os erros são naturais em quem está começando em um novo campo.

Errar é humano, ela não foi a primeira e nem será a última. Célebres escritores de cangaço já escreveram suas inverdades, que o diga o Padre Frederico Bezerra Maciel, mas nem por isso, por um erro aqui, outro ali, podemos descartar todo trabalho. Considero, depois de ler, o livro MARIA BONITA; SEXO, VIOLÊNCIA, E MULHERES NO CANGAÇO, uma obra para iniciantes ou mesmo românticos que procuram a “doçura” do cangaço. Tenho certeza que a autora tem plenas condições de produzir boas obras sobre o tema. Vamos aguardar.

*Nos dois links abaixo textos relacionados à obra:


https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1820178851427279&set=gm.985901598285451&type=3&theater&ifg=1

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MEU PRÓXIMO LIVRO. SERÁ LANÇADO NO CARIRI CANGAÇO. 250 P. ILUSTRADO, TAMANHO 16X23 CM. AGUARDEM.


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PRAÇA EM HOMENAGEM AO CANGACEIRO VIRGULINO FERREIRA DA SILVA, O LAMPIÃO. CIDADE DE POÇO REDONDO, SERGIPE, QUINTA-FEIRA, 10 DE JANEIRO.


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A CANGACEIRA ADELAIDE SOARES E O UMBUZEIRO DA BANDIDA


Por Manoel Belarmino

Adelaide Soares filha de Pureza e Lê Soares, dos Soares do Sítio de Poço Redondo, deixou sua família junto com a sua irmã Rosinha (Maria Rosa Soares), no mesmo dia, para entrarem no Cangaço. Adelaide e Rosinha são primas da valente cangaceira Áurea Soares. Adelaide foi conviver na vida cangaceira com o cangaceiro Criança e Rosinha com Mariano.

Não demorou muito para Adelaide engravidar. Mesmo grávida, as andanças pelas caatingas eram intensas na companhia do cangaceiro Criança no bando. Os nove meses de gravidez já se completavam. O coito nas serras da Serra Negra, entre Poço Redondo e Lagoa da Serra Negra, poderia ser um lugar tranquilo para Adelaide "dar a luz" ao menino.

Todos estão ali tranquilamente acomodados no coito. Os moradores da serra já haviam levado beiju, tapioca, farinha, pé-de-moleque, e outros produtos para o bando no coito. Alguns barracos de palha de licuri já estavam ali armados. O esconderijo é seguro. Mas um tiro inesperadamente é disparado. Um tiro ecoou nas serras. Um cangaceiro, que havia entrado no Cangaço há poucos dias, de nome Serapião, inexperiente, dispara, acidentalmente, o seu rifle. Todos os cangaceiros fogem do coito às pressas. Imaginam ser uma tentativa de cerco das volantes.

As cangaceiras Adelaide e sua irmã Rosinha

Naquele corre-corre e no susto, Adelaide começa a sentir as "dores de menino". Os cangaceiros andam muito pelas caatingas. Passam pelo Boqueirão, Barra de Baixo, Risada, Surrão, Pedra D'água, e chegam na fazenda Planta do Milho onde moram duas parteiras bastante conhecidas dos cangaceiros, Dona Maria e a jovem Afonsina. As parteiras rapidamente recebem Adelaide. Fazem de tudo, rezam, oferecem chás, mas o menino não nasce. "As dores de menino" e o sofrimento da parturiente aumentam. Os cangaceiros desesperados decidem levar Adelaide em uma rede para o povoado Curituba, em Canindé de São Francisco, na tentativa de salvar a mãe e o menino. Antes de chegar no povoado, Adelaide morre. A sombra de um pé de umbuzeiro serviu para o derradeiro gemido de Adelaide.

O cangaceiro Criança acendeu uma vela de cera ali junto do corpo da sua amada, rezou e chorou. Depois os cangaceiros levaram o corpo de Adelaide para o Cemitério de Curituba, onde foi enterrado. O Cemitério de Curituba é aquele mesmo das margens do Riacho Cutituba, pertinho do Quilombo Rua dos Negros.

No local da morte da cangaceira Adelaide Soares sob aquele pé de umbuzeiro, ainda existe uma cruz. E aquele umbuzeiro é conhecido ainda hoje como "Umbuzeiro da Bandida".

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=2178023458886295&set=a.608577935830863&type=3&theater&ifg=1

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O FAMOSO CANGACEIRO LUIZ PADRE.


Acervo do Voltaseca

Luiz Pereira da Silva Jacobina nascido no ano de 1891, nas Ribeiras do Pajeú (São Francisco) Belmonte-PE, de uma família de 5 irmãos, 3 homens e 2 mulheres, filho de Manuel Pereira da Silva Jacobina (Padre Pereira) e Francisca Pereira da Silva (Dona Chiquinha Pereira), neto paterno do Coronel Francisco Pereira da Silva e Ana de Sá, neto materno de Andrelino Pereira da Silva (Barão do Pajeú) e Maria Pereira da Silva. 

fonte: Venício Feitosa Neves.

https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste/?multi_permalinks=986477698227841%2C986872074855070%2C986870238188587%2C986861044856173%2C986459698229641&notif_id=1547166486316642&notif_t=group_activity

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AÇÃO SOLIDÁRIA EM PROL DA ESCRITORA E PEDAGOGA SOCORRO MONTESSORI


O grupo Letras Poéticas, apoiado pela COMFOLC e Fundação Vingt-un Rosado, está lançando uma campanha beneficente em prol da  pedagoga e escritora Socorro Montessori que passa por grandes problemas financeiros e de saúde. 

A campanha, através do depósito no Banco do Brasil na C/C 88301559-5 / agência 036-1, em nome de MARIA DE FÁTIMA FEITOSA OLIVEIRA, se estende também na publicação de um livreto, escrito pela própria Socorro Montessori. As vendas serão revertidas para compra de seus medicamentos e outras necessidades básicas.

Para ajudar na publicação do livreto, a responsável pela iniciativa, Fátima Feitosa, está solicitando doações de resma de papel A4 e o custeio da impressão.


A convocação solidária de Fátima Feitosa não remete somente ao lado humano, mas na gratidão pelo que representou e ainda representa a beneficiária. “Ela, que sempre foi muito estudiosa, educou gerações, terminar assim é muito difícil. Em recente estudo sobre gratidão ficou provado que gratidão não é apenas uma ação do coração. Ela está numa parte do nosso cérebro. Por isso nos sentimos tão bem quando ajudamos o outro. A todos vocês, de bom coração, GRATIDÃO!”

Quem puder ajudar é só ligar para o 98845 1574, ou mesmo acessar as mídias sociais como Facebook no nome de Fátima Feitosa, Eriberto Monteiro, Fundação Vingt-un Rosado e Jean Custo.

Sua ajuda é muito importante.

https://colecaomossoroense.org.br/site/2019/01/12/acao-solidaria-em-prol-da-escritora-e-pedagoga-socorro-montessori/

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A IMPORTÂNCIA DO CONSÓRCIO BOI X ALGODÃO NAS FAZENDAS SERTANEJAS DO PASSADO.

Por Benedito Vasconcelos Mendes

No sertão semiárido nordestino, até a introdução da praga do bicudo do algodoeiro no Brasil, em 1983, quase todas as fazendas sertanejas criavam gado e cultivavam algodão mocó, consorciados. Após a colheita do algodão, no final do ano, o gado era solto dentro do roçado, para consumir a rama (folhas, brotos e restos florais). A rama do algodoal era liberada para o gado quando o estoque de forragens nativas já tinha sido consumido ou estava no seu final. As folhas, ramos e restos de capulho do algodoeiro constituíam um tipo de alimento muito importante, não só pelo seu valor nutritivo, mas, principalmente, por ser a última reserva de forragem ainda disponível na propriedade. 

Como sabemos, a formação e a quantidade de forragens no Semiárido nordestino depende do volume de chuvas caídas durante o ano na área. Nos anos chuvosos, temos a formação de muita forragem nativa e nos anos secos, a ocorrência de pouco ou de nenhum alimento autóctone. O gado, praticamente, só cresce e ganha peso no inverno (período chuvoso) e emagrece ou morre de fome por ocasião do período seco (estio anual), que ocorre todos os anos no segundo semestre e durante as secas periódicas. 

Tradicionalmente, a cultura do algodão mocó (Gossypium hirsutum var. Marie-Galante) era uma das principais fontes econômicas do Nordeste brasileiro. O algodão mocó era também conhecido por algodão seridó, por ser nativo da região do Seridó paraibano e norte-rio-grandense. O nome mocó é devido ele possuir sementes nuas, sem linter, pretas, parecidas com as fezes de mocó (roedor nativo da caatinga). É uma planta perene, de porte arbóreo, que produz algodão de fibra longa e de boas características industriais, como finura, resistência e sedosidade da fibra. 

A introdução da praga do bicudo do algodoeiro (Anthonomus grandis) inviabilizou economicamente a cultura de sequeiro desta malvácea no Nordeste brasileiro. Com a impossibilidade de se praticar a cotonicultura, devido a presença deste inseto, as fazendas localizadas na região semiárida nordestina deixaram de ser lucrativas e, como resultado, houve o empobrecimento e o despovoamento regional. Estima-se que em consequência desta praga houve a migração, do campo para as cidades, de cerca de 2 milhões de sertanejos. Hoje, praticamente, não se planta mais algodão no Semiárido, a não ser com irrigação, que, por possibilitar o aumento da produtividade da cultura, passa a compensar os gastos com a compra de inseticidas, para combater a referida praga. 

A pecuária regional, mesmo sendo extensiva, consumindo praticamente o pasto nativo e mesmo usando baixa tecnologia, sem raças selecionadas e com manejo sanitário, reprodutivo e alimentar rudimentares, ainda assim era a base econômica das propriedades rurais. Devido às atrasadas práticas pecuárias da região semiárida, geralmente, o boi da região só atingia a metade do peso, ultrapassava o dobro da idade de abate e consumia o dobro das despesas, quando comparado com o boi criado no Planalto Central ou em outra região pecuária do Brasil. O boi regional, praticamente, só crescia e engordava durante os seis primeiros meses do ano, quando existia disponibilidade de alimentos nativos e perdia peso de julho a dezembro.

 Nas fazendas regionais, o plantio de algodão era feito pelos agregados, no regime de meia, ou seja, metade do algodão em caroço era para o dono da propriedade e metade para o meeiro (operário que plantava). Meu avô não exigia nenhum percentual do algodão colhido, pois sua única exigência era o direito de colocar o gado dentro do roçado, após a colheita dos capulhos. 

As fazendas que produziam muito algodão, geralmente, possuíam uma pequena unidade de beneficiamento, constituída por um rústico descaroçador de rolo e por uma grande prensa de fuso, construída de madeira, dotada de duas almanjarras a tração humana, onde eram feitos os fardos de pluma, de 64 quilos. O algodão em pluma (algodão sem caroço) era transportado em lombos de burros, para ser vendido ao exportador de algodão, já o algodão em caroço (pluma mais sementes) era comercializado nas usinas de beneficiamento de algodão, que descaroçavam e esmagavam o caroço, para produzir óleo e torta para consumo animal. Cada burro transportava 128 quilos (dois fardos de 64 quilos). No passado mais remoto, quando ainda não existiam as usinas de extração de óleo e de produção de torta, as sementes de algodão eram ofertadas diretamente no cocho, para o gado.

 Em virtude do algodão e do gado serem importantes para a manutenção econômica das fazendas, o consórcio boi X algodão era de uso generalizado na região. Era difícil se encontrar uma propriedade rural que não praticasse o consórcio boi X algodão.

 Meu avô cedia aos agregados, que plantavam algodão mocó na Fazenda Aracati, o seu lote de burros de carga, para transportar os fardos de algodão até a cidade de Sobral, para serem vendidos nas diversas usinas de descaroçar algodão existentes, à época, naquela cidade.

 Meu avô gostava de lembrar que o pasto dos roçados de algodão era vital para o gado deixar de emagrecer e se manter sem perder peso até o surgimento de rama na vegetação nativa, no início do período chuvoso. Na realidade, o gado só começava a engordar com o aparecimento da babugem e depois do pasto rasteiro, que era um alimento abundante e mais diversificado.

 Meu avô evitava colocar os touros dentro dos roçados de algodão, pois, segundo ele, o gossipol, que é um alcalóide polifenólico, de cor amarela, presente nas folhas, ramos e sementes do algodoeiro do Gênero Gossypium, provocava esterilidade nos reprodutores. Ele também evitava que os equinos, asininos e muares consumisse a rama de algodão, pois o gossipol é altamente tóxico para animais monogástricos.

 Uma das boas lembranças que tenho sobre algodão na Fazenda Aracati é a do transporte em carro de boi, dos sacos de algodão colhidos no roçado, para o armazém ao lado da casa grande. Dava gosto se ver passar o rústico carro de boi, em sua marcha dolente e com seu gemido inconfundível, carregado de algodão. O eixo das rodas, rangendo sob os mancais (chumaços), originava um som característico e agradável. O carreiro colocava pó de carvão vegetal, misturado com sebo de carneiro, na cantadeira (eixo) para realçar o som característico do carro de boi. A gemedeira típica deste veículo era agradável aos ouvidos. Também chamava a atenção, a bonita e bem tratada parelha de bovinos taurinos da raça Curraleiro Pé-duro (Bos taurus), vermelhos com estrela na testa, tão parecidos um com o outro, que aparentavam serem gêmeos. Os bois “Vermelhinho” e “Encarnado” eram bonitos, mansos e gordos. Eu e meus primos gostávamos de andar montado no boi Vermelhinho, por ser o mais manso e mais obediente. Não usávamos sela, pois montávamos no “pelo”, ou seja, escanchávamos direto no lombo do boi. Seus chifres despigmentados, excessivamente grandes e abertos, exatamente iguais nos dois bois da junta, uniam um boi ao outro através de uma estreita fita de couro cru, que unia os dois bois pelos chifres. As pontas dos chifres eram furadas, para permitir a amarração do chifre direito de um dos bois, no chifre esquerdo do outro boi. Os bois da junta eram unidos um ao outro pela canga de madeira e pelos chifres. Estes animais eram dóceis, adestrados e obedeciam ao comando de voz do carreiro e à cutucada do ferrão (vara de madeira com cerca de três metros de comprimento, com um ferro pontiagudo acoplado na extremidade).

Enviado pelo professor e escritor Benedito Vasconcelos Mendes 

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RUÍNAS DA CASA DE DONA GENEROSA GOMES DE SÁ


Por Wasterland Ferreira
Da esquerda para a direita: Sandro LeeWasterland FerreiraJoão De Sousa Lima, o neto de dona Generosa, "seu" Gervásio (?)e Itamar Da Silva Baracho.

Nas ruínas da casa que pertenceu a fazendeira Generosa Gomes de Sá, principal protetora ou "coiteira" de Lampião nesta região.


Aspecto da casa de Generosa em dezembro de 2011 - http://lampiaoaceso.blogspot.com/2011/11/no-quintal-de-joao-de-sousa.html. Foto: João de Sousa Lima

Sertão da Bahia*
, terça-feira, 8 de janeiro.
*Fico a dever o nome da localidade, o que informarei a posterior.

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NA CASA DE DONA "PÊDA", SIMPATISSÍSSIMA SENHORA QUE É FILHA DO CANGACEIRO ZÉ GATO.


Por Wasterland Ferreira

Aparecem na foto: eu, meu queridíssimo João De Sousa Lima, o esposo de dona Pêda (não recordo o nome) e Itamar Da Silva Baracho, amigo e companheiro de viagem.

Raso da Catarina, Bahia.

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LAMPIÃO NO VALE DO CATIMBAU (BUIQUE/PE)


Por Ruy Lima

Montagem de um foto de Lampião, autoria de Benjamin Abrahão Botto, sobre uma foto do Vale do Catimbau.

Ruy Lima.

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