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terça-feira, 22 de abril de 2014

ANTÔNIA PEREIRA DA SILVA


Antônia foi casada com o temível cangaceiro Gato e ambos eram índios descendentes da tribo dos Pankararés.

Tempos após ter se casado, Gato "carrega" a índia Inacinha que era prima de Antônia e propõe ficar com as duas, o que não é aceito por Antônia que é espancada violentamente por não concordar com a proposta indecente de seu companheiro.

Diante do ocorrido Antônia procura o chefe maior do cangaço que promete resolver o impasse, porém ela não espera e resolve fugir do coito em que estavam durante a noite enquanto todos dormiam, indo buscar refúgio na casa de um tio que era capitão reformado da polícia, que residia na margem do Rio São Francisco, pelo lado baiano, e com ele permaneceu até o término do cangaço.

Como todos sabem a TRAIÇÃO não era aceita dentro do Cangaço, porém neste caso, quebrando as regras impostas, prevaleceu a vontade do homem.

Fonte: facebook
Página: Geraldo Júnior

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Moacir Franco em Mossoró - Trambique desconhecido

Por José Mendes Pereira
Moacir Franco

ATENÇÃO MOSSORÓ!

"Um dos mais famosos cantores da juventude estará se apresentando no Cine Pax, na noite de sábado, dia..."

Este era o anúncio feito pelas publicidades volantes e pelas três emissoras de rádio: Difusora, Tapuyo e Rural de Mossoró.

Foi na década de 70, não me recordo o ano, Mossoró ainda era como uma mocinha que aos 13, 14 anos começa a sua formação, e aos poucos seu corpo vai tomando forma..., puberdade e..., assim, Mossoró dava um passo de desenvolvimento.

Era uma noite de sábado. Os comentários sobre o artista estavam na boca da população. A juventude  agitada, não agitada, agitadíssima, e já se encontrava dentro do cinema, esperando o jovem artista Moacir Franco. As horas foram se passando e o cantor nada de aparecer no palco. Mas de momento a momento, o empresário do artista nos dava satisfação, informando que Moacir já se encontrava  em Mossoró, e logo chegaria ao cinema. 

Lá pras tantas, não mais apareceu o   empresário e nem tão pouco o artista subiu ao palco. A juventude perdeu a paciência e pôs-se a exigir que o artista subisse ao palco do cinema.  Mas o mais engraçado e irritante, foi que depois que o cinema lotou, o suposto empresário, apoderou-se do monte de dinheiro que rendera na bilheteria e deu no pé.


Agora era necessário que os organizadores dessem explicações ao público, já que não teria outra solução. E, de imediato, alguns encarregados do show resolveram enfrentar os pagantes, informando-lhes que o empresário do artista havia se mandado com o dinheiro da bilheteria. 

A juventude aumentou o vandalismo, e a partir daí, ao esvaziar o cinema, cadeiras voaram ao ar, e  poucas restaram intactas. 

 
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Esquina com o Cine Pax, existe até hoje, um posto de táxi, e a comissão do espetáculo foi informada que um senhor com pinta de artista, pasta "007",  havia apanhado um táxi, e o destino teria sido São Sebastião, nos dias de hoje, Governador Dix-Sept Rosado, cidade próxima à Mossoró, cuja, fora invadida pelo bando de Lampião no dia 12 de junho de 1927.

 
 Bando de Lampião em Limoeiro do Norte

Polícia acionada, Honda feita. Mas não foi tão difícil. O jovem trambiqueiro se perdeu em procurar uma cidade tão pequena quanto era São Sebastião. Em uma das pensões, como eram chamadas nos tempos de outrora, encontraram o suposto empresário do cantor Moacir Franco. No momento fazia o seu jantar, acompanhado de bebidas, e mais outros ingredientes necessários a um inexperiente ladrão.

Feita a prisão, dissera que era paulista, e estava no Rio Grande do Norte a mais de seis meses. Como não tinha condições para retornar a sua terra natal, havia adquirido uns cartazes do cantor, e a solução foi tentar ludibriar Mossoró, com uma possível apresentação do artista. Preso e condenado, foi transferido para a Colônia Penal em Natal.

Minhas Simples Histórias

Se você não gostou da minha historinha não diga a ninguém, deixe-me pegar outro.

Fonte:
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A Pedra de Delmiro

Fabrica da Pedra

Construída por Delmiro Augusto da Cruz Gouveia, A Cia. Agro Fabril Mercantil começou a funcionar em 05 de junho de 1914, no dia em que comemorava mais um aniversário do seu fundador, na distante Vila da Pedra, hoje município de Delmiro Gouveia. Com a implantação desta fábrica,o lugarejo inabitado da Pedra, prosperou, ganhou escolas, rinque de patinação, posto telegráfico, estradas e os primeiros automóveis. No primeiro ano de funcionamento a fábrica empregava mais de 800 operários (homens e mulheres) produzindo diariamente mais de dois mil carretéis de linhas para costura, rendas e bordados. Em 1916 a fábrica intensificou a sua produção passando a exportar para a Argentina, Chile Peru e outros da América do Sul.

Mas, em outubro de 1917, Delmiro Gouveia foi covardemente assassinado Com sua morte o controle da Cia Agro Fabril Industrial passou aos irmãos Menezes, liderada durante anos pelo empresário, Antônio Carlos de Menezes, até que, no final dos anos 80, após sucessivas crises financeiras foi adquirida pelo Grupo Cataguases, passando a chamar-se Multifabril NordesteS/A.Essas crises voltaram a se repetir periodicamente levando a fábrica a ter a sua produção radicalmente reduzida, como risco de ter as suas portas fechadas. Em 1992 o Grupo Carlos Lyra,tradicional grupo empresarial no segmento da agro-indústria, de açúcar, álcool e de fertilizantes, com forte participação na economia nacional, aceitou o desafio de não deixar parar a única e tradicional industria da região.



Tendo assumido o controle da empresa, deu-lhe o nome da FÁBRICA DA PEDRA S/A Fiação e Tecelagem, nome este uma homenagem do Dr Carlos Lyra a cidade onde Delmiro Gouveia fez história, a antiga Vila da Pedra.Atualmente a Fábrica Da Pedra é considerada uma grande empresa para a região, gerando riquezas e capacitando grandes profissionais para o mercado da produção têxtil e econômica do país.


Por sua vez, também está ligada ao turismo pelo valor histórico, preservação de algumas de suas fachadas, bem como de uma história rica em fatos que comprovam todo o processo de empreendedorismo encravado por Delmiro Augusto da Cruz Gouveia.A Fábrica da Pedra está aberta para visitações acompanhadas por guias treinados pela própria empresa, cabendo ao visitante entrar em contato direto com a área de Recursos Humanos da empresa ou através das operadoras e agências de viagens que atuam no município.


Gilmar Teixeira.

Fotos: Acervo de Gilmar Teixeira
https://www.facebook.com/coroneldelmiro.gouveia

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Memória Professor Vilela escreve sobre Dominguinhos


“Dominguinhos – O Neném de Garanhuns”. Este é o mais novo livro do professor, pesquisador e escritor Antônio Vilela. A obra  faz um retrospecto da vida do sanfoneiro, cantor e compositor José Domingos de Moraes, natural da Terra das Sete Colinas, e que ao longo de mais de 70 anos de vida conseguiu prestígio nacional e internacional como músico.

Vilela revela que o título original do livro seria “Dominguinhos. O Menino de Garanhuns” e que a mudança do título foi sugerida por Maria Auxiliadora, irmã do artista. “Quando criança ele era só era conhecido por Neném, principalmente entre os familiares”, revelou Maria ao escritor garanhuense.

No livro o autor traz documentos históricos, fotografias e depoimentos de jornalistas, historiadores e artistas, como Luiz Gonzaga, Fagner, Jorge de Altinho, Djavan, Nando Cordel, Genival Lacerda, Elba Ramalho, além de Guadalupe a Anastácia, que foram casadas com Dominguinhos.

O escritor pesquisou desde a infância e adolescência do músico em Garanhuns, onde ele começou tocando na frente do Hotel Tavares Correia e nas feiras. Focou sua ida para o Rio de Janeiro, a amizade com Gonzagão, até chegar ao Dominguinhos doente, sua morte e a luta para que seus restos mortais ficassem em Garanhuns.

É um trabalho de apaixonado pelo que faz, de um escritor voltado para os valores do Nordeste e de sua cidade.

“Dominguinhos – O Neném de Garanhuns” com orelha de Mourinha do Forró e prefácio de Zezinho de Garanhuns já pode ser encontrado nas livrarias e bancas de revista da cidade.

O livro tem 144 páginas. Custa R$ 35,00 ( Trinta e cinco reais) com frete incluso. 
Você pode adquirir o seu hoje mesmo entrando em contato com o autor através do email:
ou pelos fones:
 (87) 3763 - 5947 / 9944-8888 (Tim)




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Lampião, o rei do cangaço tinha seus protetores

Por Governador do Sertão Virgulino 

Também na região do agreste pernambucano, o Rei do Cangaço; Virgulino Ferreira, encontrava abrigo e acolhida à sua epopeia nômade cangaceira. Fazendas nas vastas terras entre municípios como Bom Conselho, Águas Belas e Itaiba, traziam oportunamente momentos de descanso e ajuste de negócios entre o líder cangaceiro e seus protetores. 


Em uma dessas paragens junto ao poderoso coronel Zezé Abílio, lider político e maioral de Bom Conselho, Lampião esteve nesse povoado por nome de Serrinha de Catimbau, no município de Garanhuns-PE. Dessas casas saíram os tiros dos moradores, onde Maria Bonita saiu baleada, em Julho de 1935.

Fonte: facebook
Página: Governador do Sertão Virgulino

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Um fato interessante!

Por Governador do Sertão Virgulino

Um fato interessante aconteceu logo aqui, próximo ao Estado da Bahia, do outro lado do Rio São Francisco,  Bahia, bem próxima das pequenas cidades, Rodelas, Abaré, Glória, Macururé Chorrochó). 


Provavelmente isto aconteceu entre os anos de 1931, ou 1932, em data ignorada. Lampião, Corisco e outros cabras chegaram à fazenda Mandacaru, município de Chorrochó.

A dona da casa tinha saído para fazer umas costuras em outra casa próxima, e deixou o marido com as crianças. Lampião chegou e logo pegou o fazendeiro, amarrou-o, por saber que o ele passava informações para as volantes. Quando iam saindo da casa, a mulher foi chegando das costuras, e pediu implorando que Lampião não matasse o marido e nem o maltratasse, que aquela informação era mentirosa. Era fuxico do povo da região.

Lampião disse que ela não se preocupasse, pois ninguém iria maltratar o seu marido. A mulher por ficar insistindo, o cangaceiro Corisco pegou um grande facão e deu umas três lapadas nas suas costas, com o lado do facão. 

O cangaceiro Corisco

E assim que Corisco castigou a mulher, os cangaceiros seguiram viagem, e logo um pouco distante, soltaram o fazendeiro, sem lhe dar nenuma pisa. Este acontecido foi relatado a mim pela filha da mulher, uma senhora (mãe de um vereador que é meu amigo, e reside aqui. Com medo de Lampião, vieram embora para cá. A senhora está com 85 anos de idade.

Fonte: facebook
Página: Governador do Sertão Virgulino

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Cangaceiro Esperança: Sua Prisão e Sua Herança.

Por João de Sousa Lima 

A fazenda Quirino, no povoado São Francisco, Macururé, Bahia, era um  dos coitos do bando de Lampião e principalmente reduto dos cangaceiros nascidos entre Macururé, Brejo do Burgo, Santo Antonio da Glória  e Chorrochó. Entre eles Gavião, Azulão, Esperança, Cocada, Zé Sereno, Zé Baiano e Gato.  No povoado São Francisco a mãe de Esperança, dona Andressa, tinha terras por lá, porém ela residia na Várzea da Ema. O comandante de volante que destacava na Várzea da Ema era Antonio Justiniano e dois dos soldados que ele comandava eram irmãos de Esperança: Vicente, apelidado de Medalha e Ananias.


A fazenda Quirino pertencia a Ludugero, tio do cangaceiro Esperança.

Esperança, Cocada, Pancada e Gavião, encontravam-se acoitados próximo ao sítio Quirino. Dentro de um cercado os cangaceiros catavam imbu quando chegou o dono do terreno e Cocada o prendeu e depois o soltou. O sertanejo correu e foi avisar a polícia do encontro que teve com os cangaceiros.

Izidoro, João Lima e José Pororô. Sobrinhos de Esperança abraçando o escritor João de Sousa Lima.

Dona Andressa sempre que precisava ir ver suas criações no São Francisco tinha que pedir autorização ao comandante do destacamento e foi em uma dessas viagens que ela travou diálogo com o contratado Reginaldo que lhe sugeriu pedir para que Esperança se entregasse que nada lhe aconteceria, de preferência que ele trouxesse a cabeça de um companheiro que sua vida tava garantida. Andressa levou o recado ao filho que mesmo relutante acabou cedendo aos apelos da querida mãe. Reginaldo mandou roupas novas de mescla azul para Esperança. O cangaceiro ainda relutante disse a mãe que não tinha coragem de se entregar e a mãe saiu triste.

João e Jovelina Barbosa,  irmã do cangaceiro Azulão, povoado São Francisco.

Era março de 1933, no coito encontrava-se Esperança, Cocada, Gavião e Pancada.  Esperança chamou Cocada para irem pegar água em um caldeirão ali próximo. Os dois seguiram na direção do caldeirão. Diante quando chegaram ao caldeirão sentaram-se e ficaram conversando. Cocada limpou sua arma e depois pediu a arma do amigo para ele limpar e Cocada entregou seu mosquetão. Esperança limpou, colocou uma bala na agulha e detonou. O cangaceiro com o impacto do tiro caiu uns dois metros de distância e sem saber de onde tinha partido o disparo pediu socorro:

- Me acode Esperança, não deixe os “MACACOS” me matar!
    
Esperança pegou o facão da marca jacaré, partiu na direção do moribundo e o degolou ainda com vida. Pegou os bornais, armas, a cabeça do cangaceiro e foi se entregar a policia. Na Várzea da Ema ele se entregou  as autoridades, contou detalhes da morte que fez, denunciou os coitos dos cangaceiros na região. Com dez dias  depois  foi encaminhado para a cidade de Uauá, onde o capitão Manoel Campos de Menezes que o livrou da prisão e o incorporou na volante policial do tenente Santinho como contratado . Ficou sendo o corneteiro do grupo. Trabalhou em Jeremoabo e faleceu tempos depois na cidade de Juazeiro, Bahia.

AINDA NA PRISÃO EM VÁRZEA DA EMA.

O cangaceiro Esperança quando preso, já atendendo agora por Mamede, seu nome real, encontrou o com o jovem sobrinho José  Gonçalves Varjão, apelidado de Pororô e lhe confidenciou que na frondosa árvore lateral a casa de sua família, enterrado próximo ao seu tronco, tinha um material guardado e que ele tirasse e entregasse a seu pai. Pororô procurou ao redor da árvore mais diante da pouca idade não encontrou forças para continuar a empreitada de escavação no duro chão de cascalhos. O tempo passou, Pororô cresceu e retornando certo dia de uma caçada, quando se aproximava de sua velha residência, viu quando seu cachorro passou acuando um preá, o cachorro parou próximo a antiga e frondosa árvore, Pororô se aproximou e viu o cão rosnando e olhando para um pé de macambira, Pororô tirou a cactácea e avistou uma lajota cobrindo um buraco, tirou a pedra, o preá correu com o cachorro latindo atrás, Pororô puxou um tecido em farrapos que cobriam algumas peças, entre elas: Uma colher de prata, 160 cartuchos de fuzil, um punhal, uma espora e algumas moedas. Era esse o tesouro de Esperança que ele havia pedido para o sobrinho guardar. Pororô vendeu os cartuchos a um dos prefeitos de Macururé. A colher de prata, algumas moedas, o punhal e uma das esporas ele me presenteou. Na colher encontramos as letras: MA. Talvez o cangaceiro tenha tentado escrever seu verdadeiro nome: MAMEDE. No punhal tem um “NA” ou “NH”.

Sargento Otávio Farias, radiotelegrafista da policia baiana, serviu na Várzea da Ema, enviava sempre as mensagens contando os combates dos cangaceiros contra as volantes.

Pororô ainda reside e seu irmão Izidoro ainda residem no São Francisco e os Quirino é herança que ficou com a família. Aquele longínquo pedaço de chão ainda guarda as histórias do cangaço vivido em suas terras, memórias ainda latentes de um tempo que teima em não ser esquecido e nem deve....

SEGUE EM ANEXO A ESSE TEXTO UMA DAS CARTAS DE INTERROGATÓRIOS REALIZADOS PELA POLÍCIA E QUE MOSTRA A IMPORTÂNCIA DESSES LUGARES CITADOS COM A HISTÓRIA DO CANGAÇO E A REFERÊNCIA COM PESSOAS DA LOCALIDADE. A CARTA VAI TRANSCRITA NA INTEGRA COM OS ERROS E INCORREÇÕES:

“Aos três do mês de maio de 1932, no arraial de Várzea da Ema em casa de residência do segundo tenente Antonio Justiniano de Souza, sub delegado de policia, foi interrogado o bandido acima referido que disse:

“Em 1929, estando ele bandido, em seu rancho no lugar denominado São Francisco, foi surpreendido pelo grupo de Lampião que ali chegava a mando do Cel. Petronílio de Alcântara Reis, para que fosse as imediações do Icó e ali receber dinheiro enviado para Lampião, cuja importância era 20:000$000, mas só foram entregues 18:000$000 e que dois restantes Lampião disse que dava por recebido, quando lhe mandasse um cunheito de munição; o que não sabe-se se isso efetuou-se,  mais depois ouviu do bandido ferrugem a declaração de que teve referido Cel. Petronilio havia comprado munição. E que devido a esse encontrão foi ele depoente obrigado a refugiar-se nas Caatingas, pois as forças andavam a sua procura tendo por isso de quando em vez constantes encontros com os cangaceiros, merecendo do mesmo consideração a ponto de lhe ser entregue por “Lampião” um rifle com cem cartuchos, os quais conservou até a data de sua prisão, não tendo, porém feito uso da dita arma para a prática de crime.

Cabeça do cangaceiro Cocada, morto por Esperança.

Que sempre foi seduzido por “Lampião”  para fazer parte do seu grupo, mas nunca aceitou, apesar de ter parente no grupo, como sejam: Azulão, Carrasco e Moita Brava. Que esses encontros se efetuavam no lugar denominado Quirino para Lagoa Grande, sendo os sinais convencionados para os referidos encontros, três  pancadas em um pau seco, ou então berrando como boi; que nunca recebeu dinheiro de “Lampião” a não ser algumas roupas dadas pelos cãibras.

Punhal do cangaceiro Esperança

Que nos últimos encontros que “Lampião” teve com as tropas. Ele respondendo notou que alguns companheiros estavam desgostosos por verem os sacrifícios da causa, que nessa data viajaram nos “cascalhos” das aroeiras com direção a Várzea pernoitando a três quilômetros de distância.

Colher de prata de Esperança presenteada ao escritor João de Sousa Lima pelo sobrinho do cangaceiro

Que nessa mesma noite desligou-se do bando a meia noite com Manoel Sinhô de Aquileu, sem que fossem pressentidos pelos outros e vieram pairar nas “Canouas” onde foram informados por Pedro de Aquileu que havia garantia para todos aqueles que tinham ligações com cangaceiros, uma vez que procurassem as autoridades para se entregarem.

Detalhe do cabo do punhal de Esperança.

E baseado nisso em companhia de Pedro veio à procura do Tenente Justiniano em Várzea de Ema onde se acha. Disse mais que “Lampião” depois do combate do touro com o Tenente Arsênio cuja força foi imboscada e morreu quase toda, escapando o referido oficial, pois é um herói que infrentou o grupo que era numeroso, com um fuzil metralhadora dando somente três rajadas conseguiu matar o irmão de Lampião, Ponto Fino e sendo forçado a abandonar a arma deixando-a inutilizada pelos bandidos.

Iniciais MA escrito no cabo da colher de prata. A prata foi muito usada pelos cangaceiros para testarem bebidas e comidas se estavam envenenados.

Que nessa ocasião encontrou Lampião cartas ao Cel. Petronilio acusando Lampião, por isso Lampião resouveu queimar algumas fazendas referido Cel. Petronilio.

Detalhes do punhal e da colher de prata.

Disse mais que ouviu de Lampião dizer que tinha mil tiros de fuzil enterrados em um ponto lá para baixo, não declarado ao certo o lugar e que ia também a Curaçá à procura de outros mil tiros que tinha para lá.

Ludugero, tio de Esperança, dono da fazenda Quirino.

Quanto ao armazenamento sabe que Lampião tem alguns  rifles ensebados em ocos de pau (ensebados, para não darem o bicho próprio de madeira).

Perguntado quais são as pessoas que fornecem armas a Lampião respondeu que não conhece mais sabe que nas fazendas Juá, Várzea, e São José há “coitos” onde lhes prestam bastante serviços em abastecimentos.

E por nada mais dizer nem lhe ser perguntado deus-se por findo estas declarações ao presente auto que vae por todos assignados pelo tenente e testemunhas.

Várzea da Ema, 7 de maio de 1932”
  
Paulo Afonso, Bahia, 16 de fevereiro de 2013

João de Sousa Lima é historiador e escritor, Membro da ALPA - Academia de Letras de Paulo Afonso. Membro do IGH - Instituto Geográfico e Histórico de Paulo Afonso Membro do Grupo de Estudos do Cangaço do Ceará- Fortaleza- CE.

http://www.joaodesousalima.com/2013/02/cangaceiro-esperanca-sua-prisao-e-sua.html

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