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terça-feira, 3 de dezembro de 2024

NO XAXADO COM LAMPIÃO.

 Por Denize Guedes

A octogenária Alzira Marques recorda os bailes animados, organizados pelo rei do cangaço.

Noite de sábado para domingo, fim de setembro de 1936. Faltava só passar o pó no rosto, espalhar o perfume atrás da orelha e calçar as alpercatas. Cabelos negros e encaracolados na altura da cintura, dentro do seu melhor vestido, a menina de 12 anos, que, se os pais se descuidassem, trocava o estudo pela dança, estava pronta para o seu primeiro baile no alto sertão sergipano com o bando do cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião.

Não havia escolha, só mesmo confiar na bênção da tia de criação antes de sair de casa engolindo o medo.

“Eles mandavam apanhar a gente. Vinha aquela ordem e tinha de cumprir. Se não, causava prejuízo depois”, conta Alzira Marques, que completa 86 anos em agosto. Ela lembra detalhes das incontáveis festas cangaceiras a que foi em fazendas que já não existem mais e que deram lugar à planejada Canindé de São Francisco, com o início da construção da hidrelétrica do Xingó, em 1987. Canindé Velho, como a sertaneja chama o local onde nasceu, à beira do Velho Chico, foi demolida por conta da usina, hoje fonte de renda para a cidade – atrai quase 200 mil turistas por ano com o Cânion do Xingó.

O auge de Lampião em Sergipe vai de 1934 a 1938, quando o cangaceiro foi morto ao lado de Maria Bonita e outros nove do bando, em 28 de julho, na Grota do Angico, município de Poço Redondo. “Este é o estado onde ele encontrava mais proteção, aliando-se aos poderosos locais, como o coronel Hercílio Porfírio de Britto, que dominava Canindé como se fosse um feudo”, explica Jairo Luiz Oliveira, da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço. “São os chamados coiteiros (quem dava proteção ao cangaço), políticos de Lampião. Melhor ser seu amigo que inimigo.”

Foi nas terras de Porfírio de Britto que Alzira mais arrastou as sandálias. “Na primeira vez, encontrei Dulce, que foi criada comigo em Canindé Velho e tinha virado mulher do cangaceiro Criança. Eles também eram de muito respeito e nunca buliram com gente minha. Pronto, não tive mais medo”, relembra. Temporada de baile era fim de mês, quando as volantes da Bahia e Pernambuco – as polícias mais algozes no rastro de Lampião – voltavam a seus estados para receber o soldo. “Aí os cangaceiros viam o Sertão mais livre para fazer festa”, diz.

Dia de dança, Alzira tinha de sair e voltar à noite para não levantar a suspeita dos vizinhos. Às 22 horas, punha-se a andar 2 quilômetros até o local onde um coiteiro escondia os cavalos. Outras meninas iam junto. Montavam e seguiam morro acima por uns 15 minutos. “Quando a gente chegava, ia direto dançar o xaxado, forró, o que fosse, até 4 horas da manhã.” Mesmo caminho de volta, chegava com um agrado do rei do cangaço: uma nota de 20 mil réis. “Era tanto do dinheiro, mais de 300 reais na época de hoje. Dava tudo para minha tia.”

Apesar de festeiro, não era sempre que o líder do bando dava o ar da graça. Quando ia, porém, não se fazia de rogado: no mato à luz de candeeiro, onde o arrasta-pé comia solto, brilhantina no cabelo, dançava com as moças do baile sem sair da linha. Média de 20 homens para 15 mulheres. “Ninguém era besta de mexer com a gente. Eles nos respeitavam demais. Lampião era o que mais recomendava: ‘Olha o respeito!’” Maria Bonita – que para Alzira “não era lá essa boniteza, Maria de Pancada era mais bonita” – não tinha ciúme.

O cangaceiro mais conhecido do Brasil gostava de cantar e levava jeito para compor. Quem não se embalou ao som de Olé, mulher rendeira / Olé, mulhé rendá? Ou de Acorda, Maria Bonita / Levanta, vai fazer o café? Alzira conta que era comum ele pedir ao sanfoneiro Né Pereira – outro intimado do povoado – para tocar essas canções, enquanto ele mesmo cantava. “Letra e música dele, além de ser um exímio tocador de sanfona”, confirma Oliveira.

Os bailes eram como banquetes. “Tinha comida e bebida de toda qualidade. Peixe, galinha, porco, carneiro, coalhada, bolo, cachaça limpa”, diz Alzira. Outro ponto que se notava era o aroma: os cangaceiros, que podiam passar até 20 dias sem tomar banho, gostavam de se perfumar. O coronel Audálio Tenório, de Águas Belas (PE), chegou a dar caixas de Fleurs d’Amour, da marca francesa Roger & Gallet, para Lampião. “Era perfume do bom, mas misturado com suor. Subia um cheiro afetado. A gente dançava porque era bom”, afirma a senhora, que se entrosava mais com Santa Cruz e Cruzeiro.

Mais de 70 anos depois, Alzira ainda sonha com aquelas noites e sente falta da convivência com os amigos: muitas festas aconteciam em Feliz Deserto, fazenda que Manuel Marques, seu então futuro sogro, tomava conta. Não raro, o brilho da prata e do ouro das correntes, pulseiras e anéis dos cangaceiros visitam sua memória, assim como a imagem de Lampião lendo a Bíblia num canto da festa. “Ele era muito religioso.” No seu pé de ouvido fica o xa-xa-xá das sandálias contra o chão, som que deu nome ao xaxado, segundo Câmara Cascudo, ritmo tipicamente cangaceiro que não se dança em par.

Testemunha de um período importante da história do País, conta que nunca teve vontade de entrar para o cangaço nem considerava Lampião bandido: “Não era ladrão, ele pedia e pagava, fosse por uma criação, por um almoço. Agora, se bulissem com ele, matava mesmo”. Na cidade é conhecida como a Rainha do Xaxado. No último São João, que antecipou as comemorações do centenário de nascimento de Maria Bonita (8/3/1911), foi uma das homenageadas.

Balançando-se na rede na entrada de sua casa, satisfeita com os dez filhos, 40 netos e 37 bisnetos, Alzira aponta para um dos locais onde dançou com Lampião: uns 100 metros adiante, a Rádio Xingó FM. “Continua lugar de música.” Mas e Lampião, dançava bem? “Ah, ele dançava bom.”

(Foto: Cesar de Oliveira)

*A repórter viajou a convite do Ministério do Turismo e da Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa).

Publicado originalmente na coluna Brasilianas, edição nº 604 da essencial revista Carta Capital. 
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"ELE ESTAVA EM ANGICO" SOLDADO OTÁVIO ALVES DA MOTA.

 Por Helton Araújo (Canal Cangaço Eterno)

Hoje falarei sobre mais um personagem que ficou  oculto em meio a história desse fenômeno social que até hoje mexe com nosso imaginário.

Otávio Alves da Mota, nasceu em Itabi-SE, no dia 14 de setembro de 1914 e antes de se aventurar na luta contra os cangaceiros era um simples lavrador, que vivia do suor de seu digno trabalho. Assim como outros tantos, as circunstâncias que os sertanejos da época eram submetidos o fez ter de escolher um lado na guerra entre cangaceiros e volantes.


Os motivos que levaram este homem a decidir encarar um desafio tão árduo não foram poucos. Lampião e seu bando atearam fogo no armazém da família da sua então noiva, além do mais, o bando de Mariano extorquiu o pai de Otávio, o mesmo foi molestado e humilhado pelo bando do feroz cangaceiro, além de seus familiares terem animais mortos pelo bando desse mesmo cangaceiro.

No ano de 1932, Otávio entrou para volante como soldado contratado, além de também ter trabalhado como rastejador. Atuou de início com o Cabo Nicolau (que seria assassinado anos depois), em seguida com o tenente Zé Rufino e por último com o tenente João Bezerra.


Em suas lutas e sofrimentos em perseguição aos cangaceiros, o destino cuidou de colocar em seu caminho um antigo desafeto, o afamado cangaceiro Mariano. Como bem sabemos na região do Cangaleixo em 10 de outubro de 1936, Mariano, Pai Velho e Pavão foram mortos e decapitados pela volante de Zé Rufino, onde em tal ocasião trabalhava o soldado Otávio.

Além desse fato, Otávio esteve presente nas mortes dos cangaceiros Serra Branca, Eleonara e Ameaço. Onde integrava a volante de João Bezerra, ele também aparece na foto das entregas dos cangaceiros, onde se fazem presentes junto com os volantes, Pancada, Maria Jovina, Cobra Verde, Vinte e Cinco, entre outros cangaceiros.


Já o ápice de sua luta contra o cangaceirismo, foi na famosa ação na grota do Angico em 28 de julho de 1938, onde foram mortos Lampião, Maria Bonita e mais 9 cangaceiros, sendo uma testemunha ocular de um dos fatos mais famosos da história do cangaço. Neste mesmo ano de 1938, o soldado Otávio encerrou suas atividades como volante.

Um fato curioso sobre o soldado Otávio é que ele era muito amigo de Antônio de Jacó, o "Mané Véio" e também de Pedro de Cândido, famoso coiteiro de Lampião.


Com o dinheiro que recebeu por seus atos naquele fatídico dia, rumou com sua esposa Eutália Gomes da Mota para o interior de São Paulo onde comprou uma chácara e passou a trabalhar com suínos. Depois disso se mudou para Xambrê no estado do Paraná, onde trabalhava como administrador de uma grande fazenda.

Já idoso e acometido por alguns problemas de saúde, um de seus filhos o levou para morar consigo na capital de São Paulo, onde o mesmo veio a falecer meses depois, aos 96 anos por falência múltipla de órgãos, no ano de 2010.

O soldado Otávio foi mais um entre tantos que viveu e presenciou as terríveis situações que o cangaço oferecia naquela época. Deixou boas informações para seus familiares, que em breve vos apresentarei em postagens e em uma  live com seu neto Osmar. 



 Agradeço pelas fotos e informações ao amigo Osmar Pedroso , neto do soldado Otávio Alves da Mota.

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78 ANOS DE IDADE...

Por Clerisvaldo B. Chagas

AO TOCAR O DOSSEL DOS 78 ANOS DE IDADE, SINTO-ME AGRADECIDO AO SENHOR DOS MUNDOS E EMOCIONADO COM O CARINHO TRANSFORMADOR DE CADA UM DOS LEITORES, INTERNAUTAS, AMIGOS E AMIGAS QUE ME FELICITARAM NESTE MARCO SURREALISTA.

BEIJOS, BEIJOS E BEIJOS NOS SEUS GENEROSOS CORAÇÕES.

Crônica somente na próxima segunda (9).


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CANGAÇO: CANGACEIRO FOGUEIRA - BIOGRAFIA RESUMIDA

 Por Fatos na História - Cangaço e Nordeste

https://www.youtube.com/watch?v=PFIZaXuqvDE

Resumo biográfico do cangaceiro Fogueira. Referências: "Cangaceiros de Lampião - De A a Z", de Bismarck Martins de Oliveira Imagens: Pinterest

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BELO PUNHAL DA ÉPOCA DO CANGAÇO. 40 CENTÍMETROS

 Por Joab Santos


https://www.facebook.com/groups/179428208932798

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O PÔR DO SOL ONDE NASCEU LAMPIÃO

Por Anildomá Willans.

 O pôr do sol do oitão da casa que nasceu Lampião, no Sítio Passagem das Pedras.

O verão está ardendo, mas logo chegará o ciclo das chuvas.
É o sertão por ele mesmo.

https://www.facebook.com/groups/508711929732768/?multi_permalinks=1599104007360216%2C1597503744186909&notif_id=1733077221961610&notif_t=group_highlights&ref=notif

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LAMPIÃO EM BARBALHA/CE - CANAL CANGAÇO EM FOCO

 Por Cangaço em Foco.

https://www.youtube.com/watch?v=XZdGl8CfXag

Passagem de Lampião em Barbalha em 1926, antes de chegar em Juazeiro do Norte. #cangaceiro #cangaço #ceará #lampião #mariabonita #nordeste #historia #cariri #juazeirodonorte

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