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domingo, 28 de junho de 2020

ECOS NA LITERATURA E CINEMA NORDESTINOS


Esse é mais um daqueles bons livros que você encontra na “Livraria Virtual” do Professor Francisco Pereira Lima. Para adquirir entre em contato com o Professor Pereira através do e-mail:

 franpelima@bol.com.br
De: Vera Figueiredo Rocha.

Geraldo Antônio de Souza Júnior (Administrador do Grupo)

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VIDA E MORTE DE ISAÍAS ARRUDA


Adquira-o com o professor Francisco Pereira através deste e-mail: 

franpelima@bol.com.br

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A HISTÓRIA DE MARIA DE LURDES, A MULHER DO MATO

*Rangel Alves da Costa

Somente conversando, indo atrás dos fatos, catando informações, é que a gente fica sabendo das coisas. E cada coisa de não querer acreditar, principalmente quando envolve uma situação que, ante o progresso e a estreiteza do mundo, sequer imaginaria que pudesse ter ocorrido em tempos tão recentes. A história da mulher do mato é, assim, um acontecido nas terras sergipanas e sertanejas de Poço Redondo, que mais parece ficcional, ou extraída da imaginação popular, do que mesmo realidade. Mas aconteceu.
Seu nome era Maria de Lurdes, ao menos assim ela dizia se chamar, mas talvez fosse mais coerente com sua história e realidade que sua denominação passe a ser “a mulher do mato”. Mulher do mato sim, das caatingas, dos escondidos da mataria, por detrás das ramagens e dos tufos lancinantes e espinhentos desses sertões matutos. Mas agora surge o mote maior: Por que uma mulher, de passado desconhecido, acaba escolhendo o mato como sua moradia?
Ora, há de se dizer que muita mulher mora no mato, que vive em meio às brenhas sertanejas na normalidade da vida. Mas há uma grande diferença entre esta moradora dos escondidos sertanejos e Maria de Lurdes. Aquela mulher mora em casa, possui família, tem endereço, familiares por perto, pode ser encontrada a qualquer instante. Com Maria de Lurdes, a mulher do mato, era muito diferente, eis que sem lar, sem nenhum familiar por perto, sem nada na vida que dissesse viver na normalidade.
Maria de Lurdes, a mulher do mato, vivia no meio do mato mesmo. Não possuía um ranchinho de palha ou de taipa, nada. Não possuía um chão de barro para colocar uma esteira nem uma trempe com pote em cima. Não possuía sequer um prato ou cuia, não tinha nada. Nem uma pequena junção de roupas ela tinha. Vivendo no meio do tempo, sua casa era qualquer lugar, debaixo de umbuzeiro, duma craibeira, ao lado dos xiquexiques e mandacarus. Seu teto era a lua e sua janela era o sol na face.


Mas o que teria levado esta mulher a viver assim, a de repente passar a ter essa situação de vida? Segundo relatos, Maria de Lurdes era uma alagoana que fugiu de sua terra e do convívio familiar após ter passado por um grande infortúnio na vida. Estuprada, ferida na alma, não mais suportou viver naquele cenário brutal e estarrecedor. Como opção para fugir das memórias do sofrimento, com a mente tomada por fantasmas devastadores, então ela resolveu sair pelo meio do mundo, sem destino, chegando um dia as terras de Poço Redondo.
Estaria Maria de Lurdes com perfeitas faculdades mentais? Difícil afirmar, mas certamente que com o juízo afetado e desarranjado pela violência suportada. A verdade é que a sã consciência dificilmente permite que uma pessoa deixe um lar para viver pelo mundo como eterno retirante ou que faça do meio do mato, ao relento e sem qualquer proteção, sua permanente moradia. E nela ainda era perceptível uma estranha atitude: temia se aproximar de homem desconhecido. O desconhecido era como se a representação de um perigo, de um inimigo, de alguém que pudesse violentá-la novamente.
Assim, o viver nos escondidos do mato foi a opção de Maria de Lurdes. Apareceu pelos arredores da povoação ribeirinha de Cajueiro, nas proximidades da casa de Seu Didi, na região de Angico e ribanceiras do Velho Chico, e neste mundo foi ficando. Os moradores da região, ante aquela estranha e terrível situação, logo chamaram para si a responsabilidade de ajudar. Mas Maria nunca aceitou conviver com família alguma. Aparecia perto do meio-dia e ao entardecer, recebia comida e depois retornava às entranhas da caatinga. Outras vezes, nem da casa se aproximava. Então seu alimento era levado e colocado debaixo de um umbuzeiro.
Quando adoeceu certa feita e foi conduzida por Maria José (de Cajueiro) até a cidade de Poço Redondo, ela nem esperou a cura hospitalar. Acabou fugindo. Teve que ser trazida ao seu mundo de mato, bicho e pedra. Nos poucos registros fotográficos que se tem, avista-se uma mulher magra, de pele escura, de idade avançada, sempre descalça, de cabelos esbranquiçados. Nem toda roupa doada ela aceitava. Gostava de cores fortes, vistosas. E quando vestia quase não queria mais tirar do corpo.
Maria de Lurdes, de história tão comovente quanto encantadora, acabou seus dias de forma angustiante. Um dia, já enfraquecida pela idade e com pouca visão, eis que acabou errando o caminho na subida de um morro e se perdeu. Talvez tenha caído na gruta onde foi encontrada já com o corpo ressequido e morto. Recebeu, contudo, um digno sepultamento. Seu Didi e outros ribeirinhos fizeram esforço incomum para retirar o corpo do local e trazê-lo à superfície. Foi enterrada em cemitério, e na cruz talvez coubesse o seguinte epitáfio: Aqui jaz Maria. Maria do mato, da mata, do céu!

Escritor
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MANUEL RODRIGUES DE LIMA EX-INTEGRANTE DE SUBGRUPO DE LAMPIÃO.

Por Welington Rodrigues

Esse é Manuel Rodrigues de Lima. Natural da Vila do Espírito Santo (nome de Tabira até 1939) na época distrito de Afogados da Ingazeira. Foi membro de um dos subgrupos de Lampião. Primo segundo do meu pai, Jotinha (primo meu de 3° grau). 

A casa da sua filha Edite Bastos era bem no meio da rua direita da Praça Pedro Pires. O coronelismo, para garantia de privilégios políticos e principalmente as injustiças dos crimes impunes e perseguições eram causas determinantes para se lançar no cangaço. Abaixo (e nas fotos) alguns registros sobre Manuel Rodrigues nos livros dos historiadores Frederico Pernambucano e Frederico Bezerra Maciel.


"Ainda no meado do século XIX, passaram a atuar os "Guabiraba", sob a chefia dos irmãos Cirino, Jovino e João, e do cunhado destes, Manuel Rodrigues. Naturais da vila de Afogados da Ingazeira, ao pé da serra da Baixa Verde, no sertão pernambucano, fizeram-se bandidos nas escolas do Pajeú de Flores, onde praticaram tantos crimes que foram obrigados a fugir para Teixeira, na Paraíba. Em sua faina de poeta a seu modo historiador, Leandro Gomes de Barros pinta o grupo de Cirino com traços bem carregados;

Os Guabiraba eram um grupo
De três irmãos e um cunhado,
Todos assassinos por índole,
Cada qual o mais malvado
Aquele sertão inculto
Tinha essas feras criado."

Trecho do livro "Guerreiros do Sol - Violência e Banditismo No Nordeste do Brasil. Autor: Frederico Pernambucano".

*Fotos em texto do livro Lampião, seu tempo e seu reinado (Frederico Bezerra Maciel).


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CHEGAMOS AOS 150.000 INSCRITOS NO CANAL.


Por Geraldo Júnior

Obrigado a todos vocês por confiar e acreditar no nosso projeto.

Assumo aqui o compromisso de continuar com o mesmo empenho e dedicação de sempre para produzir os melhores conteúdos, buscando levar a todos o conhecimento da história cangaceira e seus personagens de forma séria e imparcial, conforme tenho realizado até o presente momento.

Deixando claro que não estamos imunes aos equívocos, mas quando estes forem, por ventura, detectados, serão imediatamente corrigidos, sem nenhum tipo de problema, pois nosso compromisso é com a verdade histórica e quando não for possível localizá-la, apresentaremos todas as versões existentes sobre os fatos.

Esse é o meu compromisso e de todos os colaboradores do nosso canal.

Meu muito obrigado a todos vocês que sempre apoiam e prestigiam os nossos modestos trabalhos.

Gratidão!
INSCREVAM-SE NO CANAL.
Geraldo Antônio De Souza Júnior - Criador e administrador do canal.


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GECC FESTEJA SEU PROGRAMA INAUGURAL EM FORTALEZA


Fonte: You Tube Canal: Aderbal Nogueira - Cangaço
Um dos mais destacados e antigos grupos de estudo do cangaço  no Brasil, inaugurou seu mais novo programa na internet, explorando a temática. O GECC - Grupo de Estudos do Cangaço do Ceará, com mais de 20 anos de atuação inaugurou nesta última semana seu primeiro programa na rede mundial de computadores. Com a produção e expertise de Aderbal Nogueira em seu canal do You Tube, que ao lado de Ângelo Osmiro, presidente, e Manoel Severo; Curador do Cariri Cangaço protagonizaram o primeiro programa da série.

Para Aderbal Nogueira "o programa do GECC trará para os expectadores um conjunto qualificados de entrevistados, pesquisadores, escritores, estudiosos das temáticas do sertão". Já o presidente do GECC, Ângelo Osmiro, afirma:"Exploraremos não só o tema cangaço, mas todos os temas ligados ao estudo do sertão, como o messianismo, coronelismo, religiosidade, enfim, serão programas plurais". Manoel Severo, curador do Cariri Cangaço, lembra:"Os nossos amigos de todo o Brasil não perdem por esperar por essa nova empreitada do GECC, com certeza vem muita coisa boa por ai".

Programa do GECC
You Tube - Canal Aderbal Nogueira
22 de Fevereiro de 2020

DR. JOSÉ CORDEIRO - O MÉDICO DE LAMPIÃO

Material do acervo do pesquisador José João Souza


Do livro: Roteiro de Velhos e Grandes Sertanejos
De: Luís Wilson


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O INFELIZ CHICO PEREIRA!

Por José Mendes Pereira
Colorizado pelo professor e pesquisador do cangaço Rubens Antonio

Diz o pesquisador e colecionador do cangaço Dr. Ivanildo Alves da Silveira que Chico Pereira foi um dos homens mais destemidos do sertão paraibano, que fez justiça com as suas próprias mãos. Quando foi julgado pela morte do assassino do seu pai o coronel João Pereira foi absolvido em júri popular, lá no Estado da Paraíba. Mas por via do destino, infelizmente, ele foi injustamente acusado pelas autoridades de um crime que não cometeu no Estado do Rio Grande do Norte. 

Apesar de sempre cair em falha contra as autoridades e geralmente era apadrinhado pelo governador da Paraíba mesmo assim, após as acusações que lhe foram atribuídas conduziram o cangaceiro para o nosso Estado, e aqui entregue à justiça para ser julgado, e na sequência, misteriosamente foi assassinado. 

Clique no link para ver a família Pereira Dantas:

No período em que Francisco Pereira Dantas foi morto pelos policiais da época já havia completado vinte e oito anos de idade. Dona Maria Egilda sua mãe não teve pelo menos o desprazer de enterrar o seu filho, tendo recebido orientação do advogado da família o doutor João Fernandes Campos Café Filho, fazendo grande alerta aos familiares do cangaceiro que não fossem pisar em terras do Estado do Rio Grande do Norte, para ser apanhado como vingança por parte das autoridades que chacinaram o cangaceiro Chico Pereira. 

Diz ainda o Doutor Ivanildo Alves da Silveira que a tragédia continuou com o assassinato inesperado do irmão de Chico Pereira o Aproniano. E a morte do outro irmão, Abdon, que estudava medicina no Rio de Janeiro e faleceu de tuberculose. 

Conversas entre os dentes diziam que os mandantes da morte do coronel João Pereira, o pai de Chico Pereira eram pessoas importantes da sociedade de Sousa. Um deles, um senhor que era destacado cidadão de nome Otávio Mariz. 

Dos quatro filhos que nasceram do amor do coronel João Pereira e dona Gilda o único que sobreviveu e viveu muito foi o Abdias que veio a falecer no dia 28 de julho de 2004, com cento e três anos de idade. 

Como dizia o escritor Alcino Alves Costa: 
“Minhas inquietações”. 

1 - Se analisarmos cuidadosamente é provável e óbvio que o Dr. Café Filho não participou da tragédia do cangaceiro Chico Pereira, mas com certeza, muito antes deste dia, ele já sabia da trama dos militares, e tinha razão de não ficar contrário às autoridades policiais da época, porque, mesmo ele sendo advogado do réu poderia se complicar, vez que as autoridades queriam sigilo total, e não há dúvida. 

2 - Se Café Filho achava que o seu cliente poderia ser morto naquele dia como foi que tomou conhecimento, se ele não era detetive, psicólogo ou outra coisa parecida? 

3 - Se ele iria no seu automóvel atrás da escolta para acompanhar o seu cliente, por que lhe causaria tanto medo assim? 

4 - Qual o motivo da Dona Maria Egilda a mãe de Chico Pereira ser alvo dos militares, se ela tivesse ido apanhar o cadáver do seu filho, já que o verdadeiro marginal era ele, e não ela? 

Desculpa-me dr. João Fernandes Campos Café Filho, mas o senhor conhecia bem o malabarismo dos policiais. No meu entender, o senhor estava sabendo de toda trama. Essa é que é a verdade, e sendo advogado, saiu-se muito bem, obrigado!

José Mendes Pereira – Mossoró-RN.
Fontes de pesquisas: Ivanildo Alves da Silveira, Romero Cardoso e Wolney Liberato.

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CHICO PEREIRA UM CANGACEIRO DIFERENTE

Por José Romero de Araújo Cardoso
Saudoso José Romero grande figura na literatura lampiônica

Francisco Pereira Dantas compôs um tipo diferente de cangaceiro na turbulenta década de vinte do século passado, ombreando com figuras exponenciais do banditismo rural sertanejo que imortalizaram época e marcaram indelevelmente as crônicas de violência de um passado não muito distante que singularizou-se pela extraordinária efetivação do cangaço, principalmente no semi-árido nordestino.

 Chico Pereira

Filho de proeminente figura de localidade paraibana chamada Nazarezinho, na época distrito do município de Sousa, Chico Pereira ingressou no cangaço devido aos desdobramentos posteriores ao assassinato do genitor, de nome João Pereira, Coronel da guarda nacional. Alvo das disputas políticas sousenses, o Coronel João Pereira faleceu na famosa fazenda Jacu, depois de batalha em seu barracão, quando da construução do açude de São Gonçalo. Conforme o neto Francisco Pereira Nóbrega, morreu clamando " Vingança Não!", título do mais conhecido livro de autoria do ex-sacerdote católico.

A justiça tendenciosa foi a principal responsável pelo fomento das lutas cangaceiras travadas por Chico Pereira, pois libertou o único homem que havia escapado do atentado contra o Coronel João Pereira, aprisionado pessoalmente pelo destemido paraibano. O situacionista era elevado aos degraus máximos do prestígio na sociedade sertaneja agropastoril sob a égide da reppúblicas velhas e dos seus valores.
Nazarezinho em Destaque

Agressão a um comerciante de nome Chico Lopes, amigo de Chico Pereira, nas ruas de Sousa, enfatizou o mais mirabolante lance de sucesso absoluto do cangaço sob o domínio de Lampião. Contactado pelo revoltado sertanejo, Virgulino Ferreira não hesitou em enviar parte do bando a Nazarezinho, onde este se juntou aos cabras de confiança da família ultrajada pelo poder político. O chefe supremo do banditismo rural sertanejo recuperava-se de ferimento no tornozelo em Princesa, sob a proteção de Marcolino Pereira Diniz. Entre outros elementos, compunham o bando sinistro, enviado por Lampião com o objetivo de atacar Sousa, estavam os irmãos Ferreira - Antônio e Levino - bem como Sabino Gório.

Na madrugada do dia 27 de julho de 1924, Sousa foi invadida, o magistrado desmoralizado e Chico Pereira, não tendo outra saída, acompanhou os cangaceiros em direção a Princesa. As notícias deixaram Lampião perplexo e apreesnivo, pois raciocou sobre o recrudescimento das perseguições, o que não demorou a acontecer. No ano seguinte, Levino Ferreira foi morto em combate, na localidade Tenório, município de Flores do Pajeú (PE), alvejado pela discarga de arma empunhada por volante de nome Belarmino Morais, do contingente comandado pelo Cabo José Guedes, da polícia paraibana.

Diferente dos demais cangaceiros, Chico Pereira não usava chapéu quebrado na testa, nem gibão ou outra indumentária exclusiva ou tradicional ao ciclo épico do qual fez parte. Provavelmente seu figurino bandoleiro inspirou-se em revistas norte-americanas que vez por outra chegavam aos sertões. Tom Mix talvez tenha sido o personagem no qual buscou referência, pois de acordo com o Jornal do Recife de 22 de novembro de 1927, citado por Frederico Pernambucano de Mello, Chico Pereira não usava cabacinha d'água, chapéu de couro, preferindo um traje assim a herói do Far West, envergando chapéu de massa , de abas largas, lenço vermelho ao pescoço, pesadas cartucheiras, calças culote, polainas e clássico punhal nortista traspassado à cinta.

Casado por procuração na igreja matriz de Pombal (PB), com moça da localidade de nome Jardelina Nóbrega, Chico Pereira deixou três filhos, um frade, de nome Dagmar (Frei Albano), um ex-padre e filósofo, de nome Francisco Pereira Nóbrega e um engenheiro, chamado Raimundo, os últimos já falecidos.
Igreja Matriz de Pombal-Paraíba
Antiga cadeia de Pombal

Notas interessantes sobre esse cangaceiro, encontramos na obra do historiador Frederico Pernambucano de Mello, intitulada Guerreiros do Sol, nas quais há ênfase à conversa que o bandoleiro teve com o escritor cearense Moreira Campos, em Lavras da Mangabeira. Chico Pereira afirmou que não tinha mais sossego no mundo, pois em todo canto queriam pegá-lo devido dever oitenta honras de moça.

Governador Juvenal Lamartine ao centro, em noite solene do governo

Aprisionado em Cajazeiras, quando de dilegência efetivada pelo tenente Manuel Arruda de Assis, Chico Pereira provavelmente caiu em uma armação. Levado a Pombal, depois sua transferência foi requisitada para Acari (RN), onde havia suposto processo contra ele, em razão de assalto à residência de respeitado sertanejo conhecido por Quincó da Ramada, havendo indícios de que sua excução fôra planejada pelo governo potiguar, provavelmente em represália radical contra atitude donjuanesca efetivada por Chico Pereira, protagonizada por sobrinha de Juvenal Lamartine, seduzida em Serra Negra do Norte.

Chico Pereira notabilizou-se nas hostes do cangaço por incorporar um tipo deiferente de bandoleiro, cujas feições arianas marcaram indelevelmente o imaginário sertanejo quando do apogeu do banditismo rural sertanejo, arrancando suspiros de senhoras e donzelas de recônditos lugares espalhados pelo semi-árido dos estados da Paraíba, do Ceará e do Rio Grande do Norte.
José Romero Araújo Cardoso

Geógrafo (UFPB). Professor-adjunto do Departamento de Geografia da UERN. Especialista em Geografia e Gestão Territorial (UFPB) e em Organização de Arquivos (UFPB). Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA/UERN).


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Chico Pereira" - O CANGACEIRO

Por Ivanildo Alves Silveira

Vingança no Sertão – Código de honra

O sertão nordestino sempre teve seus códigos de honra. Quando alguém ousava quebrar tais códigos, estaria assinando uma sentença de morte.

Sabemos que o sertanejo é homem forte e destemido, enfrentando as intempéries da seca, além de outras adversidades, mas capaz de superá-las, com coragem e altivez. O sertão é misterioso, implacável e não perdoa os erros ou quebra da palavra empenhada, que significa dizer: código principal da honra sertaneja.


O que aconteceu com Chico Pereira não poderia jamais ter sido diferente, mesmo tendo prometido ao pai moribundo, não participar ou promover qualquer tipo de vingança. Vingança aconteceu. E a história já fez o seu julgamento.

Vejamos, através da narração dos fatos, como tudo aconteceu.

O coronel João Pereira, morava na cidade de Nazarezinho, outrora distrito de Souza/PB, era casado com Dona Maria Egilda, proprietário da fazenda Jacu, possuía um barracão em Nazarezinho e tinha sete filhos, sendo quatro homens e três mulheres.

Uma noite, João Pereira, já prestes a fechar seu estabelecimento, viu entrarem três homens
armados. Ao atendê-los, o coronel chamou a atenção deles sobre o uso de armas, quando na época havia uma proibição municipal que não permitia pessoas andarem armadas. Isso foi o suficiente para início de uma discussão seguida de tiroteio e facadas, pancadarias e gritaria, resultando em alguns mortos e outros feridos, inclusive o coronel João Pereira, o qual foi levado para sua casa na fazenda Jacu, distante cerca de cinco quilômetros.

Em consequência dos ferimentos graves, o coronel veio a falecer diante de sua família, suplicando aos filhos para que não se vingassem. "Vingança, NÃO." foram suas últimas palavras.

Há revolta do povo que não se conformava com a morte do coronel e pedia justiça, uma vez que a polícia apresentava nenhum interesse em prender o foragido Zé Dias, envolvido na chacina e protegido pelas autoridades locais.

Chico Pereira, o filho mais velho do coronel, com apenas vinte e dois anos de idade, se viu impelido pela comunidade a fazer justiça. Pressionado, sai à procura de Zé Dias que se refugiara nas serras da região. Chico Pereira encontra-o, prende-o e o leva à delegacia, sendo ovacionado pelo povo que queria ver Zé Dias preso.

Após alguns dias, o criminoso já se encontrava solto. A população revolta-se e passa a exigir vingança por parte do filho mais velho do coronel. Este, sem outra opção, se vê obrigado a não cumprir o pedido do pai moribundo e parte para a Vingança, como era costume na época, exigência da lei de honra, familiar do sertão. Depois de alguns dias, o criminoso é encontrado morto. Maria Egilda, finalmente ouve do filho a declaração que mais temia: "Mamãe, fizeram-me criminoso':

E foge, passando a viver clandestinamente nas matas da região. Para enfrentar a polícia e não ser preso cria um bando de cangaceiros.

Chico Pereira começa então sua saga que dura mais de seis anos, ora fugindo da polícia, ora comandando o bando. Mesmo diante de tantos problemas e da vida tumultuada, sua noiva, Jardelina, jovem adolescente de doze anos de idade, quando noivara, não hesitou em se casar com ele, aos quatorze, em cerimônia realizada por procuração. Foi esta a única saída possível e que lhe possibilitou ser pai de três filhos, os quais não chegaram a conhecê-lo, pois Jarda, como era conhecida, já estava viúva com apenas dezessete anos de idade.

Absolvido em júri popular, na Paraíba, Chico Pereira foi acusado de um crime que não cometeu no Rio Grande do Norte, onde nunca estivera. Apesar de contar com a proteção do Presidente do Estado da Paraíba, através de um irmão deste, foi levado para aquele estado e entregue à justiça potiguar.

Tempos depois, foi Chico Pereira transferido do presídio de Natal/RN para o interior do estado. Os policiais potiguares, devidamente instruídos, forjaram um capotamento do carro, massacraram-no e o matam sem a menor chance de defesa. Estava Chico Pereira com vinte e oito anos de idade. Sua mãe, dona Maria Egilda, nem sequer teve a sorte de enterrar o seu filho, pois preferiu seguir a orientação do advogado da família, Doutor João Café Filho ( futuro presidente do Brasil), que recomendou para ninguém da família pisar em terras do Estado vizinho sob pena de ser morta.

A tragédia continua com o assassinato inesperado e brutal de Aproniano, e a prematura morte de Abdon, que estuda medicina no Rio de Janeiro. Este, acometido de tuberculose, veio a falecer nos braços de sua mãe, na fazenda Jacu.

Vida longa teve o único sobrevivente, Abdias, que veio a falecer recentemente, no dia 28 de julho de 2004, com cento e três anos de idade. Dos três filhos de Chico Pereira, Raimundo formou-se engenheiro, no Recife; Francisco ordenou-se padre em Roma e o terceiro, Dagmar, é frade franciscano com nome de Frei Albano.

Chico Pereira foi um dos homens mais destemido do sertão paraibano, que levado pelas circunstâncias da época, fez "justiça" com as próprias mãos e tornou-se cangaceiro.

FONTES DE PESQUISA:
01- Vingança, Não - Autor: F. Pereira Nobrega (Filho de Chico Pereira);
02- A Vingança de Chico Pereira - Autor: João Dantas

Um abraço, obrigado pela leitura, e poste seus comentários, logo abaixo.
Ivanildo Silveira.
Natal RN.


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E PRA NÃO PERDER O COSTUME...

Por Geraldo Antônio de Souza Júnior

... mais uma fotografia inédita de Sila de Zé Sereno.

O local e a data do registro fotográfico são desconhecidos.

Cortesia: Gilaene "Gila" de Sousa Rodrigues (In memoriam) filha do casal cangaceiro Sila e Zé Sereno.

Deixo mais esse registro para o conhecimento dos curiosos e estudiosos do tema cangaço.


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