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terça-feira, 22 de março de 2016

O RAPOSA DAS CAATINGAS E O PESQUISADOR MIRIM PEDRO POPOFF CONTINUAM FAZENDO SUCESSO

Pedro Popoff - Foto do acervo de Carla Motta

O livro "Lampião a Raposa das Caatingas" escrito pelo pesquisador José Bezerra Lima Irmão está sendo lido pelo mais novo pesquisador do cangaço e de Luiz Gonzaga Pedro Motta Popoff. 


Tanto o livro "Lampião a Raposa das Caatingas" como o pesquisador mirim "Pedro Popoff", continuam fazendo sucesso, e é que o Pedro Popoff ainda está com 9 anos, mas sabe tudo sobre cangaço e o rei do baião.


O Raposa das Caatingas já está na 3ª. Para você adquiri-lo, basta entrar em contato com o autor, ou com o professor Pereira lá de Cajazeiras no estado da Paraíba. 


Se você ainda não comprou este fantástico trabalho do escritor José Bezerra Lima Irmão adquira-o agora. Saiu a 3ª Edição. Lembre-se que quando lançam livros sobre cangaço os colecionadores arrebatam logo para suas estantes. Seja mais um conhecedor das histórias sobre cangaço, para ter firmeza em determinadas reuniões quando o assunto é "cangaço".

São 736 páginas.
29 centímetros de tamanho.
19,5 de largura.
4 centímetros de altura.
Foram 11 anos de pesquisas feitas pelo autor

É o maior livro escrito até hoje sobre "Cangaço". Fala desde a juventude e namoro dos pais de Lampião. Quem comprou, sabe muito bem a razão do "Sucesso a nível nacional do Raposa das Caatingas"
que já está na 3ª. edição.

O autor aceita e agradece suas críticas, correções, comentários e sugestões:

(71)9240-6736 - 9938-7760 - 8603-6799

Pedidos via internet:
Mastrângelo (Mazinho), baseado em Aracaju:

Tel.:  (79)9878-5445 - (79)8814-8345

Clique no link abaixo para você acompanhar tantas outras informações sobre o livro.

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CANÇÕES QUE CHEIRAM A SERTÃO

Por Rangel Alves da Costa*

As canções possuem o dom da transformação. Agem tão profundamente no ser humano que este se sente em viagem na recordação. Canções que relembram momentos, que trazem saudade, que fazem chorar. Canções que fazer sorrir e entristecer, que fazem meditar e enternecer. Um noturno, uma valsa vienense, um bolero, uma música popular. Tanto faz se o que importa mesmo é a junção da melodia e pensamento, daí derivando as tantas viagens ao entardecer ou ao silêncio da noite enluarada.

Mas as canções não refletem apenas no pensamento, pois também enlaçam os sentidos do ser. Chegam com gosto na boca, com sabor de beijo, com perfume de corpo. Chegam pulsando o coração, atormentando o juízo, causando frio ou calor. E também provocando reencontros tão fortes que as sensações se tornam como de presença. Assim acontece com as canções sertanejas perante o ouvinte acostumado com a terra, com o bicho, com a natureza.

Tais canções matutas, caboclas, caipiras, nascidas na viola de pinho, chegam até a ter cheiro de mato, de chão, de boi, de chuva caindo sobre a terra. Canções que lembram porteiras rangendo, gado berrando, folhagem murmurando, riacho correndo, o pilão batendo, aboio e toada. Canções que fazem surgir a alvorada passarinheira, o velho carro de boi vencendo estradões, a ventania soprando sobre os arvoredos e o homem na sua lida singela de todo dia.

Como não sentir a presença do sertão em canção assim: “De que me adianta viver na cidade/ Se a felicidade não me acompanhar/ Adeus paulistinha do meu coração/ Lá pro meu sertão eu quero voltar/ Ver a madrugada quando a passarada/ Fazendo alvorada começa a cantar/ Com satisfação arreio o burrão/ Cortando o estradão saio a galopar/ E vou escutando o gado berrando/ O sabiá cantando o jequitibá/ Por nossa senhora, meu sertão querido/ Vivo arrependido por ter deixado/ Esta nova vida aqui na cidade/ De tanta saudade eu tenho chorado/ Aqui tem alguém, diz que me quer bem/ Mas não me convém, eu tenho pensado/ Eu digo com pena, mas esta morena/ Não sabe o sistema que eu fui criado/ Tô aqui cantando, de longe escutando/ Alguém está chorando com o rádio ligado...”. (Saudade de minha terra, de autoria de Belmonte e Goiá).


Como não se encantar ouvindo “Eu e a lua”, com Tonico e Tinoco: “Eu me desperto em arta madrugada/ Em arvorada ponho-me a cantar/ Em tom profundo lamento em meu pinho/ Triste sozinho vivo a recordar/ Vem ouvir ingrata quem deixou de amar/ Somente a lua no céu estrelado/ Está a meu lado, surgiu num clarão/ E tu querida nem abre a janela/ Vem ouvir donzela a minha canção/ Tu foi aquela muié sem coração...”. Ou ainda, com a mesma dupla, “Tristeza do Jeca”: “Nestes verso tão singelo/ Minha bela, meu amor/ Pra você quero contar/ O meu sofrer e a minha dor/ Eu sô que nem sabiá/ Quando canta é só tristeza/ Desde o gaio onde ele está/ Nesta viola eu canto e gemo de verdade/ Cada toada representa uma saudade...”.

Como não se sentir saudoso da terra sertão ao ouvir: “Eu venho vindo de um querência distante/ Sou um boiadeiro errante que nasceu naquela serra/ O meu cavalo corre mais que um pensamento/ Ele vem num passo lento porque ninguém me espera/ Tocando a boiada, uê, uê, uê, boi/ Eu vou cortando estrada/ Uê boi/ Tocando a boiada, uê, uê, uê, boi/ Eu vou cortando estrada...” (Boiadeiro errante, composição de Teddy Vieira). E sentir o coração apertar ouvindo “Triste berrante”, de Solange Maria e Adauto Santos: “Já vai bem longe este tempo, bem sei/ Tão longe que até penso que eu sonhei/ Que lindo quando a gente ouvia distante/ O som daquele triste berrante/ E um boiadeiro a gritar, êia!/ E eu ficava ali na beira da estrada/ Vendo caminhar a boiada até o último boi passar/ Ali passava boi, passava boiada/ Tinha uma palmeira na beira da estrada/ Onde foi gravado muito coração...”.

Quem for nascido no sertão ou pelas terras matutas guarde amor e afeto, não há como não se encantar ao ouvir tais canções. É como se da viola emanasse sua raiz e da melodia um chamado ao retorno. E em tudo um cheiro gostoso de terra, de café torrado ao entardecer, de cuscuz ralado no fogo de lenha. E uma saudade danada de apertar coração e marejar os olhos distantes.

Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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“O LAUDO CADAVÉRICO DE UM VIVO”

Por Sálvio Siqueira

Amigos (as), falar da morte de um fora – da – Lei, é uma coisa... Falar também de seus atos, façanhas e etc., mesmo que ‘criadas’, é a mesma coisa. Pelo menos perante o grande público.

No entanto, falar das ações daqueles que tinham, antes de tudo, a farda que representava a ordem e a honra de um Estado, é outra, e bem diferente. Mesmo tendo eles, agido contra a “Lei” que representavam.

Em 13 de junho de 1927, a cidade de Mossoró, RN, é ataca por uma horda de cangaceiros chefiada pelo intrépido pernambucano do sítio Pedra, município de Vila Bela, no Leão do Norte. O resultado da luta foi que o bando de cangaceiros, depois de mais de uma hora de batalha, fugiu deixando um cangaceiro morto, o cabra conhecido como “Colchete”, e outro gravemente ferido, o cangaceiro “Jararaca”, que seria preso um dia depois, ou seja, no dia 14.


Atualmente, um belíssimo prédio é muito visitado naquela metrópole por ser o Museu Municipal. Anteriormente, na época do ataque, o prédio era a Cadeia Pública. Local onde o prisioneiro, José Leite de Santana, ferido na altura do tórax e outro ferimento na região glútea, mais precisamente na altura da articulação coxo-femural do membro inferior direito ( o laudo médico, não especifica o lado do membro, então, verificando um registro fotográfico, em que o prisioneiro encontra-se sentado, notamos seu calcâneo direito um pouco erguido do solo, deixando uma nítida impressão, que seria o mesmo estar traumatizado), é ‘alojado’ e medicado.


O cangaceiro preso, não mostra nenhum receio perante seus captores e, muito à vontade, depois de depor, concede uma entrevista ao jornalista Lauro da Escóssia. Nela, não mede, nem dosa o que diz, relatando ‘acontecimentos’, ‘fatos’ e ‘nomes’ que não poderiam ser proferidos para a população nordestina, e, por que não dizer, brasileira.

Rapidamente são tomadas as ‘devidas’ providências para que aquele ‘delator’, ficasse calado, para sempre.

“(...)Morreu porque sabia demasiado. Conhecia os meandros do banditismo profissional e as complexas ramificações de mórbido sistema. O depoimento do canganceiro prestado à polícia de Mossoró no dia 14 de junho – associado a entrevistas concedidas a jornais em dias subsequentes – revelou informações de fato comprometedoras. O bandido pernambucano apontou coiteiros, protetores e financiadores das extravagâncias criminosas de Lampião. Tornou notória a delinquente conivência de poderosos. Para polícia não sobrou alternativa:



- Que seja silenciado o falastrão! (...)”. (“LAMPIÃO E O RIO GRANDE DO NORTE – A história da grande jornada”, DANTAS, Sergio Augusto de Sousa. Pg 286, Cartgraf Gráfica Editora. Natal, RN, 2005)

O cangaceiro, nota, talvez tarde demais, que tinha ‘caído em areia movediça’. Vendo a foice da morte escancarar-se diante de seus olhos, ainda tenta arranjar uma saída do tão profundo e negro buraco que, tendo entrado espontaneamente, tinha que sair. Pede ao carcereiro que “chame o Intendente Rodolfo Fernandes”. (FERNANDES, 197, P. 103).

Como é lógico, seu pedido não foi repassado para o Intendente.

Faltando uma hora a findar-se a noite e começo da madrugada do dia 18 para o dia 19, em frente a Cadeia Pública de Mossoró, um preso dorme profundamente quando, dois carros com vários policiais estacionam bem em frente ao prédio.

Sem delongas o preso é bruscamente acordado e escuta do policial que o acordou, que iriam para a capital do Estado.

Nesse momento, mais dois policias agarram o prisioneiro e, suspendendo-o o arrastam para fora do prédio. Naquele alvoroço todo, o preso refere que estar com os pés descalços e que, na cela, estão as suas alpercatas, que alguém pegue, pois não queria chegar à Capital sem. Alguém, dentre a escolta, diz que, lá chegando, ele lhe presentearia com um par novo.

Nesse momento, experiente como era, José Leite de Santana, deve ter percebido que seu destino, de maneira alguma, seria viajar para cidade de Natal, capital do Rio Grande do Norte, mas, que faria outra “viagem”.

Segue o automóvel pelas ruas desertas e silenciosas da cidade, dentro dele um “condenado” sabedor de seu destino. Rodaram, evitando os maiores logradouros e param diante daquele que seria, para sempre, o endereço do cangaceiro “Jararaca’, o Cemitério Público.

Sua escolta era formada pelos “tenentes João Antunes, Laurentino de Morais e Abdon Nunes; mais os sargentos João Laurentino Soares, Pedro Silvio de Morais e Eugênio Rodrigues; mais os cabos Manoel e José Trajano; completando com os soldados João Arcanjo e Militão Paulo” (BRITO, 1996)

“(...) Homero Couto, o motorneiro, testemunhou ao escritor Raul Fernandes o início da execução:

O soldado do lado oposto, (frise-se aqui, que ao descer um dos soldados puxar a perna ferida do preso, arrancando do mesmo um urro de dor), deferi-lhe violenta coronhada de fuzil na cabeça, sem dar-lhe tempo ao mais leve gesto de defesa. Sucederam-se as pancadas. Tomavam proporções altíssimas, em meio ao silêncio da noite. Parecia que socavam terra. (FERNADES, 1985, P 2110)

Série de coronhadas caiu impiedosa sobre sua cabeça. Chegara a sua hora final. Encontrou ainda breve fio de voz para desabafar aos algozes:
_ vocês querem me matar, mas não vão me ver chorar de medo não! Nem pedir de mãos postas para não me tirar a vida! Vocês vão ver como é que morre um cangaceiro!* (Ob. Ct.)


Quando a barra do dia 19 vem formando-se o ‘Caso Jararaca’ está encerrado. Pelo menos para os mandantes, como para os autores, seria “prego batido e ponta virada” aquele assunto. No entanto, por mais que tente se esconder um crime é deixado alguma pista.

“(...) A causa atribuída à morte restou insofismavelmente escrita para a posteridade:

Projéteis de arma de fogo. Um atingido a região glútea, ao nível da articulação coxo-femural e, outro, alojado no tórax, no segundo espaço intercostal a dois dedos do externo.

E assim foi. Horas antes da execução e sob escuso pretexto de rotina, examinavam-se ferimentos de um corpo, sofridos durante uma batalha.

Logo depois se chancelava, com base em conclusões médico=legais, documento de óbito de homem ainda vivo. ”(Ob. Ct.)

O Dr° Sérgio Augusto de Souza Dantas, Juiz de Direito, em sua Obra Citada nessa matéria, em sua pesquisa para formulação do trabalho científico metodológico, na página 288, em NOTAS, na de nº 11 cita, em seu segundo parágrafo: “A data da realização do exame “cadavérico” de Jararaca é incontroversa. O documento – de indiscutível fé pública – é iniciado na forma seguinte: “Aos dezoito dias do mês de junho de mil novecentos e vinte e sete, nesta cidade de Mossoró, Estado do Rio Grande do Norte, pelas quatro horas da tarde, no edifício da cadeia Pública desta cidade”. Como resposta à pergunta número 2 do laudo – a qual versava sobre o motivo que originou a morte do examinando – a explicação dos peritos foi incontroversa: “Projétil de arma de fogo”. Não há, pois, como contestar o seu conteúdo. E nem indícios de uma trama para sua execução.”

* Em nota, o autor da Ob. Ct. frisa: “Há dissenso quanto às últimas palavras de Jararaca, mas o sentido final é o mesmo em toda as versões existentes”.

Fonte/foto de pesquisa:

O Mossoroense
“LAMPIÃO E O RIO GRANDE DO NORTE – A história da grande jornada”, DANTAS, Sergio Augusto de Sousa. Cartgraf Gráfica Editora. Natal, RN, 2005
Fonte: facebook
Página: Sálvio Siqueira
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O INIMIGO NÚMERO 01 DE LAMPIÃO..


O INIMIGO NÚMERO 01 DE LAMPIÃO

Abaixo, casa da Fazenda Pedreira Local onde nasceu o bravo JOSÉ ALVES DE BARROS, o ZÉ SATURNINO, na Serra Vermelha , município de Serra Talhada-PE, antiga Vila Bela.
Em um dos confrontos, a casa foi cercada e, só não foi queimada, por interferência da mãe de Saturnino (D. Xanda), que rogou ao rei dos cangaceiros, que a atendeu.

Fonte: facebook
Página: Voltaseca Volta
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QUANDO A HISTÓRIA E A ARTE SE ENCONTRAM ESSE É O RESULTADO.


QUANDO A HISTÓRIA E A ARTE SE ENCONTRAM ESSE É O RESULTADO.

Trabalho realizado por nosso amigo/membro Carlos Henrique (Picos - Piauí) em que é retratado o ex Cangaceiro Volta Seca, antigo Cabra de Lampião.

Um trabalho digno de nosso reconhecimento e consideração.

Quando a história e a arte se encontram o resultado é surpreendente.

Parabenizo o amigo/membro Carlos Henrique pelo trabalho executado, e espero que muitos outros ainda sejam elaborados com a mesma qualidade apresentada na imagem acima.

Fonte: facebook
Página: Geraldo Júnior
Grupo: O Cangaço
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PADRE FREDERICO BEZERRA MACIEL E LAMPIÃO

Por Raul Meneleu Mascarenhas

Sim amigos, tenho grande admiração pelo Padre Frederico Bezerra Maciel.
 
Frederico Bezerra Maciel nasceu em Porção, em 22 de outubro de 1912. Fez o ensino primário no Colégio Diocesano de Pesqueira e depois foi para o Recife, onde cursou o secundário, no Colégio Nóbrega.
   

Aos 16 anos decidiu ser padre e seguiu para o Seminário Maior de Pirapora do Bom Jesus, em São Paulo. Em Friburgo, Rio de janeiro, entrou para o noviciado dos jesuítas e no Seminário de Olinda fez os estudos superiores de Filosofia e Teologia.


Depois de ordenado sacerdote secular, em 01 de março de 1942, na catedral de Santa Áqueda, em Pesqueira, Frederico, ávido de conhecimento, seguiu para a Europa, onde fez estudos de Sociologia, História da Arte e geografia Bíblica. Viajou pelo Oriente Médio, África e parte da América do Sul, em estudos bíblicos. Fez vários cursos: Sociologia, Arte, Técnica em Agricultura, Assistência Social, Parapsicologia e outros, era homem inteligentíssimo e humilde.
A sextologia "Lampião, Seu Tempo e Seu Reinado" desenvolvida por ele, onde mostra sua relação e atitude corajosa de defesa e compreensão ao Rei do Cangaço Lampião.


Sabemos, que até mesmo os mais sérios estudiosos do cangaceirismo tomaram atitudes e caminhos diferentes, em suas narrativas, embora no âmago histórico todos convirjam.

Vemos também esse desencontro até mesmo na ciência. Alguns estudiosos, como exemplo, da escola de Nina Rodrigues, das heranças e atavismos das teorias de Lombroso, e outros que invocaram a secura e a dureza dos elementos naturais como responsáveis pelo comportamento desumano daquele ser marginalizado, sempre em conflito com o meio social em que vivia, também se desencontravam em suas teorias.


Até mesmo um ícone da literatura, Euclydes da Cunha, em certa passagem de sua obra "Os Sertões" publicado em 1902 e que trata da Guerra de Canudos (1896-1897), no interior da Bahia, incidiria no excesso de considerar que a mestiçagem extremada era um retrocesso. O mestiço, traço de união entre as raças, disse, "é quase sempre, um desequilíbrio."

Padre Maciel não sustenta propriamente uma tese, pois dispunha-se apenas estudar e examinar os passos e ações de Lampião, na longa caminhada de revolta e do crime, e mesmo que discorde, assim como muitos, o fazia para absolvê-lo dos seus erros.


Sua posição era a de um autentico sacerdote piedoso, que perdoa os pecados, tanto mais se esses pecados eram resultado de uma vivência sofrida de uma vítima do infortúnio e da desgraça, numa sociedade que não tinha nem procurava ter os meios para atenuar as profundas injustiças que nela existia.

Nosso querido Padre Maciel, numa atitude que talvez até possa ser interpretada como explorando aspectos de reivindicação ou de simples luta de classes, nos brinda com sua posição de origem religiosa.

Acostumado à leituras da Bíblia, que em suas páginas narra violentos conflitos provocados por ambições sociais e de poder, penso que procurou dar à sua avaliação e narrativa uma orientação no sentido de que esta terra antes de ser de promissão, é mais um vale de lágrimas, de durezas e misérias, mostrando que antes de condenar, tem-se que examinar os erros de cada um.

Não vejo o Padre Maciel como ingênuo, pois sua formação me permite visualizar através de seus cursos feitos na Europa e com uma larga experiência, junto às vigararias onde serviu, em várias paróquias do nordeste, uma atuação que se deparou com inúmeros casos sociais.

Tinha forte estudo psicológico e de vivência humana, não se podendo dizer, portanto, que a sua contribuição ao estudo do banditismo no nordeste seja fruto de um ponto de vista apaixonado. Não acredito nesse tipo de papel exercido por ele.

A prolongada permanência no Sertão, as confidências recebidas e as conversas que ouvia particularmente e no confessionário, só lhes eram feitas por ser um padre. Esses foram os recursos de que se utilizou, sem se afastar dos compromissos de honrar o voto confessional que fez em sua religião, para construir a sua tese e dar o seu vasto depoimento e para isso precisar de muitas páginas em seu livro, que de único passou a ser seis.

Por que esse homem era assim? Ao relatar aspectos de sua infância e juventude no Sertão, declarou textualmente: - "Parte de minha infância passei em Pesqueira, onde geralmente se concentravam as tropas para perseguição ao banditismo. As conversas na cidade giravam obrigatoriamente em torno da tropa ali sediada e das façanhas e desmandos do bando de Lampião. Era um 'Centro' de informações sobre a evolução do banditismo no sertão."

Vemos então que esses fatos marcaram a sua adolescência e muitas vezes talvez tenha perguntado "Por que Lampião era assim?"

Quando era seminarista, passava as férias no Sertão, no município de Triunfo, acompanhando o Sr. Bispo às Missões, em visitas pastorais e deve ter ouvido e visto muita coisa. Depois de ordenado, quatro anos após a morte de Lampião, foi designado para a paróquia de Tacaratu, que abrangia Petrolândia e Inajá (antigo distrito de Moxotó e Santo Antonio da Glória (na Bahia). Toda essa região (sertão baiano, Alagoas, Sergipe, Pernambuco), dentro do eixo do São Francisco, era percorrida a cavalo, para celebrar missas, fazer casamentos, batizados e efetuar confissões.

Conversava apenas, sem intenção de documentar, pesquisar ou escrever. Apenas como disse ele "Guardei de memória muitas dessas conversas, e tomava algumas notas, sem quebrar o sigilo dos nomes de pessoas e dos fatos que me eram revelados. Passei nove anos naquela região sertaneja e também em Flores e Carnaíba (Sul e Norte de Pernambuco). Viajei ainda pelo rio de Contas, Chapada Diamantina, região do Cariri e Rio Grande do Norte, Voltei, depois, ao Sertão, várias vezes, desde 1958, já residindo no Recife e, então com o intuito de pesquisar, tornei-me fotógrafo revelador de filmes, para melhor documentar tudo o que colhera sobre o banditismo, especialmente de Lampião."

Segundo o Padre Maciel, o livro, estava escrito desde 1943 e tinha 1.200 páginas, cerca de 33 fotografias e que foram perdidos nas cheias do Recife muita documentação.

Mesmo que alguns amigos digam que Padre Maciel colocou também seu coração nesse livro e admirava o cangaceiro e por isso seus relatos estejam cheios de romantismo, continuo a ter profundo respeito e admiração por ele.

http://meneleu.blogspot.com.br/2016/03/padre-frederico-bezerra-maciel-e-lampiao.html

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O BRASIL DE LUTO, MORRE CHRISTIANO CÂMARA

Por Manoel Severo
Christiano Câmara e sua amada Douvina

Esta manhã de 22 de Março de 2016 o Brasil amanheceu mais triste. Partiu para sua mais espetacular viagem, nos tempos dos Céus, o inigualável memorialista Christiano Câmara. Vítima de complicações cardíacas e pulmonares faleceu na madrugada de hoje aqui em Fortaleza. O que poderemos dizer? 

Muito e muito mais, mas não será necessário... Os que conheceram e compartilharam da grandeza desse Brasileiro com "B" maiúsculo, sem dúvidas guardam e elevam do coração uma prece de luto e gratidão a Deus por nos ter permitido tê-lo ao nosso lado. Vai com Deus, grande Christiano!!! Ficaremos aqui procurando a passos trôpegos, seguir teu exemplo de paixão, dedicação e força...

Manoel Severo

O Brasil perde Christiano Câmara

Christiano Câmara por "tribunadoceará" em 03/11/2014...

Quem passa pela rua Baturité, ou rua da Escadinha, como é popularmente chamada, ouve de longe a música dos anos 20. O som vem de uma vitrola e convida a entrar na casa. O casal Christiano e Douvina Câmara aguarda ansioso para receber os visitantes. Apaixonado pela música e cinema, o pesquisador de 79 anos transformou a casa em que nasceu em um museu de cultura.

“Se você vai a uma festa hoje em dia, você sabe de onde vem o som, mas se você escuta uma música nessa vitrola, você não sabe de onde vem. O som ocupa toda a casa, onde você estiver vai sentir a música”, justifica o dono da casa, exibindo com orgulho a decoração do seu lar.

Em 1952, quando tinha dezessete anos de idade, começou a colecionar discos de cera e de vinil, além de filmes da década de 30. Atualmente possui um acervo com 20 mil discos, 4 mil fitas VHS que pouco a pouco estão sendo convertidas para DVD e 800 quadros com fotos de artistas que marcaram época. “Eu gosto porque as pessoas ficam curiosas em ver como eram os artistas, os autores, a moda”, defende.


As 50 estantes que adornam a residência são cuidadosamente espanadas e organizadas por sua esposa, Douvina Câmara, que não se importuna com a quantidade de artigos. “Eu vi que aquilo era importante pra ele, então resolvi ajudar. Não me incomodo não, pelo contrário, eu acho é bonito”, comenta.

A casa de 90 anos, localizada no Centro de Fortaleza, é mais uma raridade que Christiano Câmara preserva. Seus irmãos tentaram derrubar a casa para dar lugar a um estacionamento, mas o pesquisador fez o que pode para impedir. Com o apoio do político Cid Saboia de Carvalho, o caso correu na Justiça e a posse da residência foi dada ao casal. Aos poucos, a casa recebeu livros, enciclopédias de amigos que o ajudaram a compor o acervo. Entre eles, um jornal Desmoiselles, de 1901, e oito pares de cadeiras que pertenceram ao Cine São José no ano de 1917.


Conhecedor e referência sobre música, Christiano escreveu centenas de artigos para a imprensa cearense e durante alguns anos apresentou um programa de rádio chamado “Para você recordar”. A paixão deu nome ao cômodo da casa que mais gosta: Sala Francisco Alves, onde reúne discos, com obras raras de 1910. Em meio a tantas antiguidades, um objeto contrasta o ambiente. “Me deram um computador e eu achei uma máquina fabulosa de gravar CD e DVD. Aí me disseram: ‘você não ligou na internet não? Liga, tem tudo lá.’ Tem tudo coisa nenhuma! A internet dá, inclusive, informação errada”, brinca.

Casados há 58 anos, Douvina e Christiano têm três filhas e cinco netos. A paixão aconteceu quando Douvina saiu de Jaguaribe e veio morar em Fortaleza com os pais. “Ela veio morar aqui em frente, foi sedução a domicílio”, Christiano sorri com um olhar apaixonado contemplando a esposa. Aos 77 anos, Douvina se diverte com as brincadeiras do marido e exibe com orgulho publicações em livros nas quais Christiano menciona a esposa.

"Convido a todos os amigos para rever esta postagem ainda do ano de 2012, quando tivemos a honra de receber o Gigante Christiano Câmara em uma de nossas Noites GECC-CARIRI CANGAÇO na Saraiva Mega Store em Fortaleza..."


Mais uma vez a noite Cariri Cangaço-GECC foi coroado de sucesso. A Conferência "A História na Música" com o grande musicólogo, memorialista, colecionador, Christiano Câmara foi sensacional. Todos os que tiveram a oportunidade de participar foram brindados; além do entusiasmo e carisma natural do palestrante, que é um ser humano incomum; com o que de melhor poderíamos esperar sobre a fantástica viagem da história através da música.
  
Leo Kawisner, Adail Colares e o grande público da noite na Saraiva
Presidente do GECC, Ângelo Osmiro e Wilton Dedê 
Edilson e Aldo Anísio

O Encontro foi aberto pelo Curador do Cariri Cangaço, Manoel Severo, que deu as boas vindas a todos os presentes e reforçou a parceria de sucesso entre o Cariri Cangaço-GECC e o grupo Saraiva para logo em seguida dizer da grande satisfação de receber o palestrante da noite, Christiano Câmara. Em seguida o Presidente do GECC, escritor Ângelo Osmiro deu os informes do Grupo de Estudos do Cangaço do Ceará. 

O documentarista Aderbal Nogueira foi o responsável pela apresentação de Christiano Câmara um "homem que dispensa apresentações" , que assumiu o comando da noite com  maestria e talento para o deleite de todos. Por mais de duas horas Christiano proporcionou ao público da noite uma palestra cheia de charme, humor e conhecimento, vestindo de luxo mais um encontro do Cariri Cangaço-GECC.

Aderbal Nogueira, Tomaz Cisne e Manoel Severo
 
Lívio Ferraz e Sarinha Saraiva 
Maristela Mafuz e dona Douvina

Estiveram presentes 57 convidados, entre sócios e amigos do Cariri Cangaço-GECC, além da equipe da FGF Tv, que gravou todo o encontro e que será disponibilizado dentro da programação da emissora, como também estará disponível a todos os leitores deste blog. Dentre as presenças; além de dona Douvina Câmara, esposa do conferencista da noite, sua filha e neta; da diretoria do GECC: Ângelo Osmiro, Manoel Severo, Aderbal Nogueira e Tomaz Cisne, além dos sócios: Wilton Dedê, Afrânio Gomes, Adail Colares, Maristela Mafuz, Coronel Gutemberg Liberato, Lapa Carabajal, Edilson Junior, Leo Kawisner, Aldo Anísio, Ricardo Albuquerque, Lívio Ferraz, Alexandre Cardoso, Ivan Guimarães, Pitonho, Ricardo Simões, Odilon Camargo, dentre outros.

Arlindo, grande fotografo e produtor de cinema
Leo Kawisner, Ricardo Albuquerque e Manoel Severo
Aderbal Nogueira e Cel Gutemberg Liberato
Odilon Camargo e Manoel Severo
 
Lapa Carabajal e Christiano Câmara

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RECOMENDO QUE A LEITURA DA EDIÇÃO DA FATOS E FOTOS DE 10.11.62 (PARTE 4), SEJA FEITA COM CAUTELA, POIS NONNATO MANSOR, EXTRAPOLOU EM VÁRIOS EQUÍVOCOS HISTÓRICOS:


O cerne da reportagem foi a presença de Lampião em Juazeiro (1926), a chamado de Floro Bartolomeu, com anuência de Padre Cícero, para este, combater a coluna Costa - Prestes, além da invasão de Mossoró (1927).


Assim, consegui flagrar alguns lapsos na matéria: O texto fala do encontro entre Lampião e Prestes, mesmo que alguns autores sustente esta visão, ainda carece de mais detalhamento, se existiu ou não este combate; ao comentar sobre Mossoró, o jornalista erra os lugares de assalto, inclusive coloca Areia Branca, como lugar de ataque, ora esta cidade foi rota de fuga, dos mais endinheirados de Mossoró, e nunca viu Lampião; Ao que se relaciona a Sabino Gomes, não consta que ele seria um adepto do candomblé (pai de santo) nem que fosse baiano, ele nasceu na Fazenda Abóbora, localizada na zona rural do município de Serra Talhada/PE, portanto, pernambucano. 


Vale lembrar, que a ideia da publicação desta revista, não é apresentar uma fonte "verdadeira" sobre o cangaço, mas mostrar como circulavam as notícias naqueles idos dos anos 60, a leitura tem que ser feita quando comemos peixe, as espinhas deixem de lado.PDF nos arquivos.





Fonte: facebook
Página: Geziel Moura

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