Seguidores

quinta-feira, 2 de março de 2017

MONTE SANTO E O EPISÓDIO DE CANUDOS

por José Gonçalves do Nascimento

A cidade de Monte Santo, situada no semiárido baiano, à sombra da Serra do Piquaraçá, foi, no passado, palco do episódio de Canudos. Tornado vila em 1837, o lugarejo detinha uma área territorial que abarcava grande parte do sertão baiano, incluindo Canudos, povoação fundada às margens do rio Vazabarris pelo peregrino cearense Antônio Vicente Mendes Maciel, ou Antônio Conselheiro.

Em 1888, o coronel Durval Vieira de Aguiar, no seu livro Descrições Práticas da Província da Bahia, informava ter visto Antônio Conselheiro em terras de Monte Santo, mais precisamente no povoado do Cumbe, atual Euclides da Cunha (BA). Escreveu Durval Vieira de Aguiar: “Quando por ali passamos achava-se na povoação um célebre Conselheiro, sujeito baixo, moreno acaboclado, de barbas e cabelos pretos e crescidos, vestido de camisolão azul, morando sozinho em uma desmobiliada casa, onde se apinhavam as beatas e afluíam os presentes, com os quais se alimentava (...) O povo costuma fluir em massa, aos atos religiosos do Conselheiro, cujo aceno cegamente obedece (...) Nessa ocasião havia o Conselheiro concluído a edificação de uma elegante igreja no Mucambo, e estava construindo uma excelente igreja no Cumbe, onde a par do movimento do povo, mantinha ele admirável paz”.

Foto Flávio de Barros

Anos mais tarde, em 1892, o Conselheiro encontrava-se de novo em Monte Santo, desta feita na sede da vila, onde, juntamente com seu numeroso séquito, realizou alguns reparos no caminho da Santa Cruz. É o que informa o correspondente do jornal Diário de Notícias, da Bahia, edição de 7 de junho de 1893: “fui testemunha ocular de que quando aqui esteve [o Conselheiro] ano passado, enviou meios de fazer-se alguns reparos nas capelinhas e na estrada do Monte, daqui, a fim de não continuar na decadência em que se achava a instituição da irmandade dos Santos Passos do Senhor do Calvário, pedindo e aplicando o resultado das esmolas que recebeu para esse fim.”

Segundo a tradição, os muros que ladeiam trecho considerável do caminho da Santa Cruz, a partir da primeira capela, no início da subida, teriam sido construídos por Antônio Conselheiro e sua gente, quando da passagem do beato pela cidade de Frei Apolônio de Todi.

No período da guerra (1896-1897), a partir da segunda expedição, a cidade serviu de base de operação das tropas legais em demanda de Canudos. Ali se instalou o quartel general do ministro da guerra, marechal Carlos Machado de Bittencourt, o qual comandou o serviço de intendência e cuja presença no palco da luta foi determinante para o triunfo das forças expedicionárias.

Em Monte Santo, Bittencourt adotaria uma série de medidas com vistas a aperfeiçoar a atuação das forças em operação e, consequentemente, assegurar a vitória sobre os seguidores de Antônio Conselheiro. Uma das medidas, talvez a mais importante, foi a reestruturação do serviço de transporte, até então precário, garantindo o abastecimento das tropas e diminuindo a escassez de água e alimentação. Por sua atuação no episódio, o militar foi elevado, alguns anos após a guerra, à condição de Patrono da Intendência do Exército Brasileiro.

Para facilitar a comunicação com o restante do país, uma linha telegráfica foi construída entre Monte Santo e Queimadas, as duas principais bases de operação militar. Era a primeira vez, na história do Brasil, que se utilizavam os serviços telegráficos para noticiar um conflito armado. Outros eventos ocorridos poucos anos antes, como a Revolta da Armada e a Revolução Federalista, não dispuseram da mesma cobertura.

Do teatro da guerra, as notícias eram despachadas para Monte Santo e dali expedidas via telégrafo para outras cidades do país, em especial Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo, onde eram publicadas pelos órgãos de imprensa. Dos jornais que se ocuparam do caso, destaca-se O Estado de São Paulo, o qual teve como enviado especial o escritor Euclides da Cunha, autor de Os sertões.

Aliás, dentre os cronistas que cobriram a guerra, Euclides foi o que mais tratou de Monte Santo, levando a elegante urbe para as páginas consagradoras da sua obra imortal. Na correspondência do dia 6 de setembro de 1897 (a primeira ali redigida), o escritor não esconde sua fascinação diante da povoação que vê pela primeira vez: “Ninguém pode imaginar o que é Monte Santo a três quilômetros de distância (...) Não conheço nenhum de aspecto mais pitoresco que o deste arraial humilde perdido no seio dos sertões. O viajante exausto, esmagado pelo cansaço e pelas saudades, sente um desafogo imenso ao avistá-lo, depois de galgar a última ondulação do solo, com as suas casas brancas e pequenas, caindo por um plano de inclinação insensível até à planície vastíssima”.

Em crônica do dia 8 do mesmo mês (sempre para o citado jornal paulista), volta Euclides a ocupar-se da antiga vila, agora exaltando a beleza natural e arquitetônica do monte da Santa Cruz: “Com o extraordinário luar destas últimas noites o seu aspecto é verdadeiramente fantástico, destacam-se nitidamente as capelinhas brancas e à luz reflexa e dúbia da lua as vertentes, que se interrompem em paredões a prumo em virtude da própria estratificação da rocha, dão a ideia de muralhas imensas (...).

Não demorou muito, e a cidade veio a figurar também nas páginas vibrantes d’Os sertões, a obra prima da literatura nacional: “Monte Santo é um lugar lendário (...) Amparada por muros capeados; calçada, em certos trechos; tendo, noutros, como leito, a rocha viva talhada em degraus ou rampeada, aquela estrada branca, de quartzito, onde ressoam, há cem anos, as litanias das procissões da quaresma e têm passado legiões de penitentes, é um prodígio de engenharia rude e audaciosa”.

Em 1973, no auge da ditadura militar, o exército foi de novo a Monte Santo, dessa feita para treinar tropas, com vista ao combate a eventuais ações guerrilheiras. Ali permaneceu por cerca de uma semana, realizando manobras militares e sobrevoando a região. Na ocasião, um busto do marechal Bittencourt foi fixado em frente ao edifício da antiga prefeitura municipal, a mesma que outrora servira de sede ao quartel-general das forças expedicionárias.

O retorno do exército à área do conflito levou pânico e medo à população sertaneja, a qual ainda guardava na memória as marcas da tragédia de 1897. A presença das aeronaves, com seus voos rasantes e ensurdecedores, cobriu de susto os moradores de Monte Santo, que, apreensivos, se questionavam sobre o porquê de tão agitada operação. Operação que poderia ter transcorrido sem maiores incidentes, se não fosse o histórico de violência praticada pelo exército contra a brava gente sertaneja.

No inicio dos anos 1980, foi removido para Monte Santo, sob patrocínio de autoridades locais, o famigerado canhão Withowort 32, conhecido pelos sertanejos como “a matadeira”. Postado na praça central da cidade, ali divide espaço com a estátua do Conselheiro e com o busto do marechal Bittencourt.

Na mesma década, também em Monte Santo, despontava o Movimento Histórico de Canudos, tendo como objetivo, entre outras coisas, o resgate da memória sertaneja e a revalorização da missão do Conselheiro.

Não há dúvida de que a localização geográfica e a condição de cidade santuário contribuíram para que Monte Santo, desde o início, assumisse o protagonismo no que diz respeito aos fatos de Canudos. Mas o protagonismo de Monte Santo se deveu, acima de tudo, à presença de sua gente no arraial de Canudos, onde, ao lado do Conselheiro, empenhou-se até o fim na luta por uma sociedade justa, fraterna e solidária.

jotagonçalves_66@yahoo.com.br


http://blogdomendesemendes.blogspot.com

SOBREVIVENTES DA FOLIA

Por Clerisvaldo B. Chagas, 10 de março de 2017 - Escritor Símbolo do Sertão Alagoano - Crônica 1.639

Repete-se o ciclo e finalmente março de novo. Para uns, o mês das águas, para outros, o primeiro dia de real trabalho no Brasil. Terceiro mês do ano no calendário gregoriano e um dos sete meses com 31 dias. O nome março surgiu na Roma Antiga, quando era o primeiro mês do ano e chamava-se Martius, de Marte, o deus romano da guerra. Em Roma, onde o clima é mediterrânico, março é o primeiro mês de primavera, bem como para que se comece a temporada de campanhas militares.

Ilustração (Cultura-Estadão).

Para a grande maioria do trabalhador do Brasil, apenas um mês longo, sem feriado e início da dureza. A classe política de Brasília nem está dormindo direito, aguardando ansiosos certas rebordosas que irão despontar neste mês de guerra. No rio São Francisco, como sempre, inúmeros afogamentos das nascentes à foz. Em Pão de Açúcar morrendo uma policial do estado sergipano. No interior de Alagoas, acaba-se o tão falado Carnaval de Piranhas que durou alguns anos polarizando a festa de Momo. É isso que dizem os foliões santanenses que sempre se deslocaram para o rio. E Pão de Açúcar como opção capricha na alta temperatura (terceira do Brasil) desestimulando muitos aventureiros em direção a terra Espelho da Lua.

Com muita zuada e quase ninguém nas vias, agoniza os velhos carnavais santanenses que parecem enjoados nesses tempos modernos. No Sertão inteiro, os que não estão pulando sem graça, dividem-se entre às próprias residências, chácaras, fazendas e sítios torrados pela seca. Entram na cachaça à sombra do alpendre, dos juazeiros, das algarobeiras.

Em Olho d’Água das Flores, é dia tradicionalismo em contar os bêbados logo pela manhã em famoso beco da cidade.

Chega a tão odiada pelos bebões quarta-feira de cinzas, mas abraçada pela fé católica como início da Quaresma; período de quarenta dias em que se aproveita para uma faxina negativa e reconciliação com o Grande Arquiteto do Universo. Isso faz lembrar o saudoso vereador santanense Zé Bodinho: “Não bebo durante a Quaresma de modo nenhum”.

E nesse amanhecer de março, enquanto uns estão ainda roncando jogados nas vielas, lambidos pelos cachorros e outros contam os bêbados dos becos, a Igreja abre as portas para cruzar a testa dos fiéis com cinzas bastante significativas. Afinal, tudo vira cinzas mesmo, apreciadas pelos sobreviventes da folia.


http://blogdomendesemendes.blogspot.com

DO AMOR E ALÉM

*Rangel Alves da Costa

Noutro dia escrevi aqui que muitos nascem para a solidão. E tudo vai levando a essa confirmação. Por mais que experimente amar, por mais que lute para dividir coração e sentimentos, eis que o amor se desanda no seu lado mais indesejado.

Há uma luta titânica para encontrar no amor uma felicidade. Deseja-se o outro não só pelo corpo e a carne, mas principalmente pelo encanto da amorosa compreensão. E sendo compreendido poder partilhar o melhor da vida.

É que em nome do amor há janela e porta abertas. Em nome do amor há uma esperança de alegria e de contentamento. Em nome do amor há uma doce ilusão de caminhar pela nuvem, de lamber algodão doce, de brincar com a lua e as estrelas.

Há no amor o idílio, o delírio e o êxtase. Ao menos na idealização, o amor emerge assim como salvação do corpo e da alma, como elevação espiritual, como portal de paraíso e relva ao entardecer perante o horizonte mais belo.

Há no amor uma poesia não escrita, mas a certeza de um poema. Há no amor o livro mais belo já escrito, ainda que toda palavra ainda precise nascer. Há no amor uma relíquia dourada que todos desejam ter como tesouro maior.

Por isso mesmo que a busca do amor não significa apenas a fuga de um estado de solidão, de tristeza e aflição, para ser alçada à feição de grande conquista. Neste sentido, exsurge como uma necessidade para as grandes transformações da vida.

De tal idealização do amor, a sua falta provoca justificações descabidas. Não é feliz porque não ama, não tem alegria e contentamento porque não ama, vive na solidão da estrada porque não ama, tem dias e noites aflitas porque não ama, não divide o corpo porque não ama.


Mas será que o amor será garantia do melhor na vida, da grande satisfação no viver, de toda a felicidade que possa surgir, do fim de tudo pesaroso que possa existir? Sim e não, talvez a resposta, pois a feição do amor só pode ser dada por aquele que tem o amor como objetivo e não como meio.

Não obstante as expectativas nem sempre alcançadas através do amor, a verdade é que nela está o primeiro passo para outro modo de viver. Não basta afastar a solidão ou a tristeza, mas atrair para si possibilidades e esperanças de grandes realizações.

Sim, por que amando a pessoa logo desanda o copo do negativismo para enchê-lo de perfume. Amando, inegavelmente que a pessoa se predispõe a fazer melhor, a realizar melhor, tudo com mais tenacidade e força. No amor está a vontade de fazer e viver.

Ora, o amor é prazer, é alegria, é contentamento. Quem ama deve levar jovialidade no semblante e sorrisos no coração. E não angústias, tristezas e sofrimentos. Quem ama declama seu amor em pensamento, escreve seu amor na vidraça, perpetua seu momento numa página da vida.

Quem ama conversa com a manhã e com o seu passarinho, abre a janela à borboleta e vê a sua boca no bico do beija-flor. Quem ama troca as flores de plástico por rosas viçosas, troca a lavanda no vidro pelo perfume do outro. Quem ama desenha na areia seu poema de vida, e jamais temendo que a onda avance para destruir.

Há que se afastar todo joio do trigo. O amor não convive nem com a dúvida nem com o medo. Ou se ama ou se desama. E se é para frutificar o amor, que a sua certeza seja como a necessidade de se seguir sempre adiante. Sendo amado e levando o amor consigo, em busca de encontrar mais amor.

Como diz o poema, que o amor seja infinito enquanto dure. Sua imortalidade está na força a ele concedida a cada momento da relação amorosa. Assim o amor, assim amar.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

http://blogdomendesemendes.blogspot.com 

A MAIOR EDIÇÃO DE LIVROS DO MUNDO - E OS MANDANTES DESPREZAM

Arte de Rogério Dias



Adendo: 
http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Se todos que escreveram para a "Coleção Mossoroense, pelo menos as centenas de pessoas que estão vivas, criassem uma Associação para proteger a este maior acervo do mundo, seria resolvido logo o abandono à Coleção Mossoroense. Como assim? Formando uma associação com os escritores colaboradores, todos, juntos, passariam a cobrar do prefeito e da Câmara Municipal (vereadores) para que urgentemente aprovem  uma verba para a conservação do acervo da "Coleção Mossoroense".

Em anos passados, principalmente nos anos 70, fui um dos que linotypicamente fazia a composição de vários livros que foram compostos nas oficinas da Editora Comercial S/A, à rua Alfredo Fernandes 171, em Mossoró-RN. 


Todos estes livros eram compostos sobre a responsabilidade do professor, engenheiro agrônomo e historiador Dr. Jerônimo Vingt-un Rosado Maia, um dos maiores incentivadores para que fizessem os registros dos acontecimentos da cidade e de outras localidades.


Hoje, sabe-se que este acervo está indo de ladeira abaixo, porque quem deveria salvá-lo da extinção, que é a Prefeitura Municipal de Mossoró, não tem o mínimo interesse de ver a continuidade deste acervo para as gerações futuras.

Imagine bem se voltasse a viver aqui entre nós, o que diria o Dr. Jerônimo Vingt-un Rosado Maia, que levou quase toda sua vida cuidando da "Coleção Mossoroense", deixando de estar em casa para cuidar dela, e ao vê-la desprezada, empoeirada (com certeza, o cupim e as traças passeando sobre os montes de livros, que são os primeiros que chegam para destruírem, devorarem), as lágrimas rolariam imediatamente, e Dr. Jerônimo Vingt-un Rosado Maia diria: 

" - Vivi minha vida amando este monte de livros, hoje o vejo assim, sendo destruído, por falta de responsabilidade, por quem não merece nem pensar em dirigir uma cidade! Minha coleção amada está se acabando!"



Tem que ser criada logo uma associação com os escritores que têm livros nas péssimas condições da “Coleção Mossoroense”, do contrário, o que eles escreveram não serão apresentados ao futuros mossoroenses.  

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso.



http://blogdomendesemendes.blogspot.com

O CANGACEIRO QUINA-QUINA

Por Guilherme Machado

Vida de Cão” vida de marginal, sem beira nem eira... Assim era a vida do cangaceiro QUINA QUINA...!!! Sofria perseguição tanto das volantes como dos cangaceiros... Votti, como fala Oleone Coelho Fontes!

O cangaceiro Jonas Celestino dos Santos, conhecido como QUINA-QUINA, este declarou que antes de entrar no bando de Balão (subgrupo de Lampião) sofria perseguições tanto das volantes das forças legais como dos cabras de Lampião, e a solução encontrada foi se juntar aos bandidos em 1936.

Após o massacre em Angico, QUINA-QUINA se entregou em Jeremoabo (no interior da Bahia). Neste contexto percebemos o sofrimento de muitos indivíduos que tiveram suas vidas marcadas na guerra que envolvia cangaceiros e os policiais das volantes do sertão.

Parte de: O fim do rei do cangaço Rafael Sancho Carvalho da Silva é professor de História da FTC EAD e Pós-Graduando Lato Sensu em História Social e Econômica do Brasil pela Faculdade São Bento – BA...!!!

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1105231549580769&set=gm.1485666584779788&type=3&theater

http://blogdomendesemendes.blogspot.com 

O BANDIDO LEONARDO RODRIGUES PAREJA


Leonardo Rodrigues Pareja nasceu no dia 26 de março de 1974 e faleceu no dia 9 de dezembro de 1996, foi um bandido brasileiro.

Começou sua trajetória de fama em setembro de 1995 quando, após assaltar um hotel na cidade de Feira de Santana, Bahia, manteve como refém por três dias uma garota de 16 anos, Fernanda Viana, sobrinha do então senador Antônio Carlos Magalhães. 

https://www.youtube.com/watch?v=RbaS7rYjvjI

Neste episódio começou a ganhar fama de audaz ao negociar com a polícia coberto por lençóis de maneira a impossibilitar a atuação de atiradores de elite.

Após libertar a garota, passou mais de um mês fugindo da polícia e enquanto isto dava entrevistas às rádios e televisões, sempre debochando e desafiando a polícia. Às vezes chegava a anunciar a ida em determinado município, mas sempre conseguia escapar.

Em abril de 1996 comandou uma rebelião de sete dias no Centro Penitenciário de Goiás (CEPAIGO), na cidade de Aparecida de Goiânia, quando ele e mais 43 detentos fugiram após fazer várias autoridades como refém, inclusive o presidente do Tribunal de Justiça de Goiás, Desembargador Homero Sabino.

https://www.youtube.com/watch?v=GPWFZxlao4U

No mesmo ano, foi tema de um documentário Vida Bandida-Leonardo Pareja realizado por Régis Faria.

Foi traído e morto na prisão em dezembro de 1996.

Inspirou o autor curitibano Leandro França no livro Ensaio de uma vida bandida, lançado em 2008.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Leonardo_Pareja

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

NOVO LIVRO "ECOS NA LITERATURA E CINEMA NORDESTINOS"


Disponível este excelente livro  
"ECOS NA LITERATURA E CINEMA NORDESTINOS" 
da escritora Vera Figueiredo Rocha. 
São 278 páginas.
 Preço R$ 40,00. 

Pedidos: franpelima@bol.com.br

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

“O FIM DE VIRGULINO LAMPIÃO” O que disseram os JORNAIS SERGIPANOS

Autor Antonio Corrêa Sobrinho

O livro “O FIM DE VIRGULINO LAMPIÃO” O que disseram os JORNAIS SERGIPANOS custa:
30,00 reais, com frete incluso.
Como adquiri-lo:
Antonio Corrêa Sobrinho
Agência: 4775-9
Conta corrente do Banco do Brasil:
N°. 13.780-4

http://blogdomendesemendes.blogspot.com
http://jmpminhasimpleshistorias.blogspot.com

PRINCESA DO SERTÃO - DOCUMENTÁRIO DA TV SENADO - BLOCO 2

https://www.youtube.com/watch?v=kQB_Le9E5zI

TV Senado
Publicado em 29 de julho de 2016
No município de Princesa, no sertão da Paraíba, em 1930, o coronel José Pereira entrou em desavenças políticas e econômicas com então presidente da Paraíba, João Pessoa, deflagrando a Revolta de Princesa.
Publicado na internet em 17/12/2010
Categoria
Licença
Licença padrão do YouTube

http://blogdomendesemendes.blogspot.com


MANIFESTAÇÕES ARTÍSTICAS DA CIVILIZAÇÃO DA SECA

 Por Benedito Vasconcelos Mendes

1 Anais da 62ª Reunião Anual da SBPC - Natal, RN - Julho/2010 MANIFESTAÇÕES ARTÍSTICAS DA CIVILIZAÇÃO DA SECA Benedito Vasconcelos Mendes 1 I CARACTERIZAÇÃO DA CIVILIZAÇÃO DA SECA Denominamos de Civilização da Seca a que existe na vasta área seca e quente do sertão nordestino (Polígono das Secas), que abrange quase um milhão de quilômetros quadrados e que está localizada no interior do Nordeste brasileiro, somente atingindo a costa no litoral setentrional do Rio Grande do Norte e no litoral cearense. Essa civilização é diferente de todas as outras que ocorrem no Brasil. Ela possui hábitos, costumes, tradições, crenças e religiosidade bem particulares, somente encontrados nessa área castigada pelas secas. A denominada Civilização da Seca foi capaz de originar um cangaceirismo, uma medicina caseira, uma culinária, uma prática religiosa, uma poesia popular, uma música regional, um tipo de arte, um tipo de arquitetura e uma engenharia empírica diferentes, próprios do povo dessa região, que, em seu conjunto, forma a identidade cultural dessa civilização ímpar, pioneira e criativa, que existe no Semiárido nordestino. Essa civilização começou a ser formada há pouco mais de trezentos anos, por ocasião da colonização, após a Guerra dos Bárbaros ( ), sedimentando suas características culturais em um período de cem anos, de 1880 a Seu progresso econômico e cultural teve início por volta de 1880, quando a população sertaneja se tornou mais densa e as vilas e cidades regionais prosperaram economicamente, devido à expansão da cultura do algodão mocó e à introdução de novas atividades extrativistas, como o aproveitamento da cera de carnaúba, da borracha de maniçoba, do óleo de oiticica e da fibra de caroá, que vieram somar com as atividades econômicas tradicionais da criação de gado e da produção de goma e farinha de mandioca, de rapadura e cachaça. O período áureo da Civilização da Seca terminou cem anos depois, ao redor de 1980, em consequência da grande seca do século XX ( ) e da introdução, no Brasil, da praga do bicudo do algodoeiro, no início da década de 1980, o que fez com que as fazendas do Semiárido deixassem de ser lucrativas e, em consequência, provocou o empobrecimento e o despovoamento regionais. Etnicamente, a Civilização da Seca foi formada pela miscigenação das três etnias, com a mistura de suas respectivas culturas, que viviam no Nordeste Seco por ocasião da colonização, ou seja, a etnia branca colonizadora/invasora das terras indígenas, a tapuia, que já vivia no Semiárido, e a negra, vinda da África, 1 Engenheiro Agrônomo, M.Sc., Doutor, Sócio da Academia Mossoroense de Letras, Sócio Correspondente da Academia Cearense de Letras, Sócio Correspondente do Instituto do Ceará e dos Institutos Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte e da Paraíba.

2 como escrava. Os colonizadores eram, em sua maioria, Cristãos Novos (judeus recém- convertidos ao cristianismo), que à época da colonização brasileira eram perseguidos, por motivos religiosos, em Portugal. O espírito aventureiro do judeu errante, a vontade atávica de ganhar dinheiro do povo judeu e a oportunidade de se livrar da perseguição da Santa Inquisição em Portugal fizeram com que a grande maioria dos colonizadores do Polígono das Secas fosse de aventureiros judeus, que vinham de Portugal solteiros, com o sonho de enriquecer com a criação de gado nos sertões selvagens do Nordeste. O único branco que participou da formação do sangue do caboclo nordestino foi o do colonizador judeu-português, pois os outros brancos que vieram para o nordeste, na época da colonização, como invasores (franceses e holandeses) ficaram restritos ao litoral, não penetrando nos sertões secos interioranos. Os brancos das imigrações mais recentes do final do século XIX e início do século XX, como os italianos, alemães, russos e espanhóis, se fixaram nas regiões Sul e Sudeste, de modo que não chegaram ao Nordeste. Os nativos tapuias, principalmente os da valente nação tarairiu, que viviam a percorrer, da foz à cabeceira, as margens dos rios intermitentes do Semiárido (rios Piranhas/Assu, Seridó, Sabugi, Espinharas, Acauã, Apodi/Mossoró, Jaguaribe e outros), eram altos, fortes, místicos, nômades, corajosos, valentes, vingativos, canibais e amantes da guerra, da música, do canto e da dança. Os destemidos tapuias reagiram à invasão de suas terras, passando a consumir os animais e as lavouras dos colonizadores e a invadir e destruir as fazendas e vilas primitivas. Os brancos, para estabelecer as fazendas de gado, necessitaram expulsar ou matar os tapuias. Para isto, fizeram dois tipos de guerra: a de corso, que matava os guerreiros e escravizava as crianças (curumins) e as mulheres (cunhãs), e a guerra de extermínio, que aniquilava toda a tribo, guerreiros, velhos, mulheres e crianças. Nessas guerras, os colonizadores contaram com os bandeirantes paulistas, com os bandeirantes baianos da Casa da Torre de Garcia D Ávila, com os bandeirantes pernambucanos do Sobrado e com os índios mansos das tribos tupis trazidos do litoral. O período mais violento, mais cruel, mais sanguinário da colonização foi o correspondente ao da Guerra dos Bárbaros, que aconteceu nas ribeiras dos rios Piranhas/Assu, Apodi/Mossoró e de seus afluentes, no Rio Grande do Norte e na Paraíba, e que se expandiu para as margens do rio Jaguaribe, no Ceará. As principais tribos tapuias que se uniram contra o invasor português foram as dos Janduís, Jenipapos, Paiacus, Canindés, Pegas, Coremas, Icós, Jaguaribaras, Tremembés, Acriús, Arariús, Anacés e Quixelôs. O negro trabalhador, pacato e emotivo, que veio como escravo para o Nordeste, fixou-se principalmente nas duas regiões absorvedoras de mão de obra: litoral úmido açucareiro e garimpos baianos da Chapada Diamantina, quase não indo para o sertão seco, pois este tinha como atividade econômica principal a criação de gado, que não utilizava grande quantidade de braços humanos, pois um só vaqueiro era suficiente para tomar conta de um grande numero de reses. Como vimos, o caboclo do sertão semiárido, que representa a etnia da Civilização da Seca, é quase mameluco puro, inicialmente formado pelo cruzamento do branco aventureiro, que, vindo solteiro de Portugal, aqui encontrava uma escassa população branca, também com poucos negros, porém com uma grande quantidade de mulheres índias, que tinham sido escravizadas nas guerras de corso, por ocasião da colonização. Portanto, o caboclo do Semiárido é predominantemente de sangue índio, seguido da étnica branca, com pouca participação da etnia negra. Daí por que os tipos humanos regionais, como o cangaceiro, o jagunço, o vaqueiro, o jangadeiro, o curandeiro, o raizeiro, e outros, possuem muitos traços fisionômicos, psicológicos e culturais dos nativos tapuias. Os cangaceiros eram valentes, nômades e místicos, como místicos, nômades e valentes foram também os tapuias. As danças das bandas cabaçais e o xaxado dançado pelos cangaceiros se parecem mais com as

3 danças indígenas do que com as danças de origem europeia. A Civilização da Seca herdou da cultura material dos tapuias a rede de dormir, o pilão horizontal, a urupema, o abano, o surrão, o uru, a rodilha, a esteira, a cuia e a cuité. Da cultura imaterial, herdou o misticismo, o processo da feitura da farinha de mandioca, o hábito de comer mandioca, macaxeira, batata-doce, cará, milho, frutas silvestres, e muitas lendas, transmitidas pela tradição oral. Da cultura do judeu colonizador, foi herdado o costume de banhar e cortar as unhas do morto, de vestir o defunto com a mortalha, de não enterrar o defunto com objetos metálicos (anéis, medalhas, relógio, pulseiras, cordões e outros), de enumar o defunto sem o caixão, com o corpo em contato direto com a terra, ainda o costume de colocar pequenas pedras no pé e sobre os braços da cruz, que marca o local da morte e/ou de sepultura de pessoas ao longo dos caminhos e estradas sertanejas, de derramar a água dos potes e quartinhas da casa do morto na noite do velório, a tradição do casamento endogâmico de tio com sobrinha, e varrer a casa, da porta da frente para a porta dos fundos, entre muitos outros. II A ARTE SERTANEJA A arte sertaneja é completamente diferente da arte desenvolvida na região açucareira do litoral úmido nordestino e nas outras regiões do Brasil. As artes plásticas, representadas por esculturas, pinturas, desenhos e gravuras, que ornamentam as capelas, as igrejas, os conventos, os mosteiros, os palacetes e os solares dos municípios que usufruíram da riqueza proporcionada pelo ciclo da cana-de-açúcar, como Recife, Olinda, João Pessoa, Salvador e municípios do litoral alagoano, não são encontradas no sertão pobre e seco do nordeste brasileiro. No sertão semiárido, surgiram poucos pintores e escultores, pois não eram artistas plásticos que faziam a arte nos sertões atormentados pelas secas, e sim artesãos, como os carapinas, os marceneiros, os tanoeiros, os santeiros, os ferreiros, os flandreiros, os cuteleiros, os armeiros, os seleiros, as louceiras, as bordadeiras, as rendeiras, as labirinteiras, as chocheteiras, as tecelãs e outros artífices, que exercitavam as artes e os ofícios nessa região pobre e seca. A riqueza gerada pela indústria canavieira fez florescer as artes plásticas na região da Zona da Mata, enquanto as preocupações com a sobrevivência dos habitantes do Polígono das Secas fizeram surgir um tipo particular de arte, com tendência mais utilitária do que estética. O conceito de beleza no povo da Civilização da Seca era mais ligado à abundância e à utilidade do que à forma, à cor e ao brilho. Quando o sertanejo observava uma bela árvore florida, a beleza que nela ele enxergava não era estética, mas utilitária. Ao observar uma árvore, instintivamente ele avaliava qual a quantidade e a qualidade das toras de madeira que poderiam ser aproveitadas, ou qual a quantidade de rama que ele poderia colher dessa árvore para alimentar o gado, quando necessitasse. A harmonia dos ramos, a arquitetura da copa, a densidade da folhagem, o formato e o colorido das flores, folhas e frutos não eram percebidos pelo sertanejo, já que sua mente estava sempre ocupada com as preocupações diárias da sobrevivência. Também o catingueiro não conseguia ver beleza em nada magro. O cachorro, o gato, a vaca, a ovelha, o porco, a cabra, o cavalo, e até a própria mulher, só eram bonitos a seus olhos se estivessem gordos. O tempo chuvoso, a paisagem verde, viçosa, com muito pasto e gado gordo eram o que ele achava de mais belo no sertão. Os artesãos regionais, que constituíam os verdadeiros artistas da Civilização da Seca, faziam suas obras de arte utilitária (louças de barro, carona, selas e outros artefatos de couro, rendas, bordados, labirintos, crochês, artesanatos de palha, de cipó e de fibras vegetais, carros de boi, bolandeiras, ancoretas, pipas, dornas e roladeiras, prensas de madeira,

4 caixões de farinha, móveis e muitas outras peças de uso cotidiano), com o objetivo único de facilitar a vida dos habitantes do Semiárido. Tais artistas engendravam, fabricavam e consertavam objetos, utensílios domésticos, apetrechos de trabalho, implementos agrícolas, máquinas e equipamentos do setor produtivo (agroindústrias, como casa de farinha, engenho de rapadura, alambique de cachaça, descaroçador de algodão, casa de beneficiamento de cera de carnaúba, galpão de preparo de borracha de maniçoba, galpão de beneficiamento de fibra de caroá, usina de prensagem de oiticica, cozinha de queijo de coalho e de manteiga do sertão, oficina de carne de charque e sala de fiar e tecer). Usavam a matéria-prima que a natureza oferecia em abundância, como madeira, couro, barro, palha, cipó e fibras vegetais. No início do século XX, começaram a aparecer no mercado regional, a preços competitivos, outras matérias-primas de origem industrial, como ferro, aço, cobre, bronze, zinco, alumínio, borracha, vidro e plástico. Os artistas que surgiram no sertão seco do Nordeste eram dotados de invulgar senso de improvisação e criatividade. Eles direcionavam todo o seu talento, toda a sua inventividade, toda a sua criatividade para criar coisas úteis, de modo a facilitar o modus vivendi da população. Uma das poucas manifestações artísticas puramente contemplativa que surgiram no interior do Nordeste, foi a expressada pelo mestre Vitalino de Caruaru PE, que idealizou e difundiu a feitura de bonecos de barro retratando as atividades humanas, o homem e os animais do Nordeste. Ele vivia no Alto do Moura, nos arredores de Caruaru, dedicado à sua arte figurativa. A arte religiosa regional (imagens e ex-votos) foi muito estimulada pelas romarias que os sertanejos realizavam a Juazeiro do Norte e a Canindé, no Ceará, para veneração ao Padre Cícero e a São Francisco das Chagas, respectivamente. Os santeiros da Civilização da Seca, usando a imburana, o cedro, com a força do talento, popularizaram as imagens do Padre Cícero, do Frei Damião e do Padre Ibiapina, além dos santos oficiais da Igreja Católica mais venerados na região, como São Francisco, São José, Nossa Senhora de Fátima, Santa Luzia, Santo Antônio, Santa Rita de Cássia, e vários outros. Essa arte tão particular desenvolvida pela Civilização da Seca, aproveitando os embasamentos culturais herdados das etnias que lhe deram origem, com as marcantes adaptações proporcionadas pelas condicionantes climáticas e edáficas do Polígono das Secas, retrata, com fidelidade, a riqueza cultural dessa civilização. Dos tapuias, herdou-se o rico artesanato feito de palha, cipó, fibras vegetais e de barro. Dos portugueses, a técnica de produzir lindos bordados, rendas, labirintos e crochês, bem como os embasamentos técnicos utilizados pelos velhos carapinas, marceneiros, tanoeiros, ferreiros e seleiros. Na área musical, as maiores expressões artísticas da Civilização da Seca foram as Bandas Cabaçais, os Violeiros, os Rabequeiros e a música regional propriamente dita, constituída pelo baião, pelo xote e pelo xaxado. As bandas Cabaçais, formadas por dois pífanos de taboca, um zabumba, uma caixa e um prato surgiram no interior do Ceará, da Paraíba e de Pernambuco, e se apresentavam dançando, tocando e cantando, numa coreografia muito própria, animando os forrós, as festas de batizado e casamento, nas fazendas, as festas religiosas e, até, acompanhando enterro de anjinhos. Uma das bandas cabaçais mais famosas foi a dos Irmãos Aniceto, de Crato-CE, que ainda hoje faz apresentações na região do Cariri, nos municípios limítrofes dos Estados do Piauí, do Ceará, de Pernambuco e da Paraíba. A música popular regional, antigamente restrita ao Nordeste, tornou-se de aceitação nacional, graças ao genial cantor e sanfoneiro pernambucano Luiz Gonzaga (Luiz Gonzaga do Nascimento, ), ao compositor cearense Humberto Teixeira (Humberto Cavalcanti Teixeira, ) e ao cantor e ritmista parabiano Jackson do Pandeiro (José Gomes Filho, ), os quais introduziram o baião, o xote e o xaxado no cerne da música popular brasileira, ritmos hoje apreciados em todo o Brasil.

5 Os poetas populares da poesia de improviso geralmente se apresentavam com suas violas, às vezes, com rabecas. Esse gênero de poesia passou a ser mais estudado e valorizado pelos intelectuais e pelas academias, graças ao gênio poético do cearense Patativa do Assaré (Antonio Gonçalves da Silva, ), ícone dos menestréis do povo da Civilização da Seca. Além de Patativa, outros cordelistas, também geniais, já haviam imortalizado esse tipo de arte dos repentistas-violeiros, como os paraibanos Romano da Mãe D Água (Francisco Romano Caluete, ), (Inácio da Catingueira ( ), João Martins de Athayde ( ), Pinto do Monteiro (Severino Lourenço da Silva Pinto, ) e Leandro Gomes de Barros ( ), os norte-rio-grandenses Elizeu Ventania (Elizeu Elias da Silva, ) e Fabião das Queimadas (Fabião Hermenegildo Ferreira da Rocha, ), o cearense Cego Aderaldo (Aderaldo Ferreira de Araújo, ), o alagoano Rodolfo Coelho Cavalcante ( ), o baiano Cuica de Santo Amaro (José Gomes, ), os pernambucanos Irmãos Batista (Otacílio Batista Patriota, ; Dimas Batista Patriota, e Lourival Batista Patriota, ). Ao som melódico das violas, com desafios e motes provocantes, os versos eram produzidos de repente, na improvisação, encantadora e genial, dos menestréis do povo, que no passado, em sua maioria, eram analfabetos ou semianalfabetos, porém dotados de talento poético extraordinário. A xilogravura é a arte de gravar na madeira. É um tipo de carimbo em que a ilustração é formada pelo entalhe na madeira. A matriz, de madeira, é entintada e impressa no papel. As matrizes de impressão das ilustrações são talhadas em tábuas de madeira mole, como a cajazeira, a imburana ou o cedro. O xilógrafo utiliza apenas um canivete ou uma pequena faca, bem amolada, para talhar a madeira. Essa arte foi introduzida há muito tempo no Nordeste, mas só no começo do século XX, com o seu uso na ilustração de capas de folhetos de cordel, foi que ela se tornou popular na região. Foi um casamento perfeito, o da literatura de cordel com a xilogravura. No Nordeste, essa técnica foi também usada para ilustrar jornais e rótulos de garrafas de cachaça e de vinagre. Juazeiro do Norte, no Ceará, e Caruaru, em Pernambuco, são dois importantes centros produtores de xilogravuras. Mestre Noza, xilógrafo e santeiro de Juazeiro do Norte, foi um dos expoentes dessa técnica. Um dos mais talentosos xilógrafos do nordeste brasileiro foi João da Escóssia ( ). Quando este exercia o cargo de diretor do jornal O Mossoroense, fundado por seu pai, Jeremias da Rocha Nogueira ( ), ilustrava seu jornal com artísticos trabalhos de xilogravura, notadamente entre os anos de 1902 e 1919, como se pode ver nos jornais conservados pelo Museu Municipal de Mossoró. A arquitetura de taipa, com piso de chão batido e coberta de palha de palmeiras (carnaubeira, babaçu ou ouricuri), usada nas habitações e construções rurais (galpões, armazéns e agroindústrias), transformou-se na arquitetura símbolo do Semiárido nordestino. A casa de taipa típica do sertanejo humilde, construída por ele mesmo, possui um copiá com porta e janela de frente, uma janela na camarinha, outra na cozinha e uma porta nos fundos (cozinha). As portas, invariavelmente, eram de pau-branco, imburana ou de cumaru, madeiras típicas das caatingas. As linhas da cobertura eram de carnaubeira, aroeira, angico ou de pau d arco. Os caibros, de pau-branco ou de pereiro, e as ripas de marmeleiro. A cerca do quintal, o jirau e o chiqueiro das galinhas eram de varas de marmeleiro. Os ganchos, para armar as redes, eram de mofumbo. As duas portas da casa eram divididas ao meio (meia porta). Durante o dia, ficava aberta a banda de cima. As portas e as janelas eram trancadas por tramelas e trancas de madeira, pois somente a porta da frente possuía fechadura. Para construir a casa, primeiramente o sertanejo escolhia um local elevado, de preferência onde houvesse um pé de juazeiro, para deixá-lo no terreiro. Depois de marcar o chão com as divisões da casa, armava-se o madeiramento, que se constituía de

6 forquilhas de aroeira, para receber a cumeeira e as outras linhas, os portais de aroeira, angico, pereiro ou pau-branco para receber as portas e janelas, e os esteios para sustentar as paredes, que geralmente eram de sabiá, pau-branco ou pereiro. Nos esteios, eram amarradas, na posição horizontal, as varas de marmeleiro. Para o amarradio, usava-se embira de palha de carnaubeira ou de entrecasca de caule de árvores das caatingas, como a jurema de embira, sabiá e o mororó. A pequena e humilde casa, de apenas um quarto, era formada pelo copiá, sala, camarinha, corredor, cozinha e quintal, onde ficavam o banheiro, o galinheiro e o jirau para secar as panelas. Na sala, situava-se o oratório com figuras de santos em quadros e as imagens de gesso ou madeira dos santos canonizados pelo povo (Padre Cícero, Frei Damião, Padre Ibiapina, Beato Antônio Conselheiro e Beato Zé Lourenço). O excelente acervo do Museu do Sertão, localizado nas proximidades da cidade de Mossoró-RN, mostra, com muita exatidão, como as artes e os ofícios eram praticados pelos nossos antepassados que habitavam os sertões semiáridos do Nordeste. Lá estão expostos os fornidos e grandes caixões de armazenar rapadura e farinha de mandioca, as complexas e gigantescas bolandeiras, os variados tipos de prensa, usados nos descaroçadores de algodão, nas casas de beneficiamento de cera de carnaúba, nas casas de farinha, nas queijarias e nos galpões de preparar fardos de fibras de coroá. Lá, o visitante pode observar os modelos de pilão, catavento de talos de carnaúba, pipas, ancoretas, dornas, roladeiras, balanças de madeira, engenhos de pau, carros de boi, e os mais diversos objetos, utensílios domésticos, apetrechos de trabalho, implementos e máquinas fabricadas pelos artistas regionais.


Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

http://blogdomendesemendes.blogspot.com 

VEJA ALGUNS TRECHOS DE REPORTAGEM DO DIÁRIO DE PERNAMBUCO E DA FOLHA DE SÃO PAULO.

Material do acervo do pesquisador José João Souza

DIÁRIO DE PERNAMBUCO:

Em 1953, após uma série de reportagens de O Cruzeiro, de ampla repercussão em todo o país, o deputado Miguel Mendonça, da Assembleia Legislativa de nosso estado, foi à tribuna e lançou veemente protesto, Entre outras palavras, disse aquele parlamentar:

“A manutenção das cabeças humanas insepultas e sua exibição ao público, sobre ser, em si mesmo um ato monstruoso e de inaudita selvageria e um grave ultraje à dignidade da pessoa humana”.

Com a solidariedade da Câmara Municipal do Recife e da imprensa de nossa capital, a Assembleia Legislativa encaminhou ao Ministério da Justiça um pedido, no sentido de que fossem sepultadas as cabeças de Lampião e seus comparsas.

FOLHA DE SÃO PAULO:

Há vários fatos curiosos envolvendo a história da suposta morte de Lampião. Um deles é que sua cabeça ficou 30 anos, seis meses e nove dias insepulta, aguardando pronunciamento da Justiça.

Só foi enterrada em fevereiro de 1969, no cemitério Quinta dos Lázaros, em Salvador, depois que a Presidência da República (governo Costa e Silva) o indultou.

Durante todo esse tempo, foi exibida para estudantes e curiosos. E só foi submetida a um exame necrológico quatro dias depois do degolamento em Angico.

https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste/?fref=ts

http://blogdomendesemendes.blogspot.com