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quinta-feira, 19 de novembro de 2015

MORTE DO RADIALISTA JOSÉ MARIA MADRID E PORQUE MADRID EM SEU NOME

Por José Mendes Pereira
Dom Gentil Diniz Barreto, Alcides Belo e o radialista José Maria Madrid todos já falecidos

José Maria (Madrid) tinha uma voz que admirava quem a ouvia, e foi radialista por muitos anos da Rádio Difusora de Mossoró, mas havia trabalhado em outras emissoras fora da cidade.

Certa vez, ele me falou que, a origem de "Madrid" como sobrenome do seu nome, foi porque em 1965, a  "Orquestra Casino de Sevilla", da Espanha, esteve em Mossoró, e ele participou da apresentação da orquestra de Sevilla ao público pagante. Como um dos cantores se chamava José Maria Madrid, assim que a Orquestra foi embora, os próprios amigos radialistas começaram a chamá-lo de Madrid. Assim ficou conhecido por onde ele passava, por "José Maria Madrid".

Não tenho muita certeza em que ano ele faleceu, mas foi no final dos anos 80, ou no início da década de 90, do século que se passou. José Maria Madrid não merecia, mas teve uma morte muito triste. Infelizmente o José Maria Madrid  era viciado em um gole a mais. Residia no conjunto Abolição. 

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Nessa tarde, ele pegou um ônibus, na mente que estava caminhando para sua residência em direção ao Oeste, mas estava totalmente enganado, caminhando em direção ao Sul. O ônibus fazia o Bom Jesus, bairro que fica muito distante do centro da cidade de Mossoró. Em certo lugar, ele desceu do ônibus, e foi até a uma casa e pediu água. 

A dona da casa perguntou-lhe para onde ele estava indo. Ele disse que estava caminhando para sua residência, no bairro Abolição, isto é do outro lado da cidade. 

Ela lhe disse que ele estava enganado. Tinha que voltar para o centro da cidade, porque o bairro que ele estava naquele momento, era o Bom Jesus. 

Ensinado por ela o local onde iria pegar o ônibus de volta para a cidade de Mossoró, não acertou, findou caminhando para dentro da mata, e lá caiu, ou resolveu deitar-se no meio da linha de trem, que naqueles dias, não mais passava o trem, somente o chamado trole, levando algumas coisas para reparar algo. 

A noite chega, e lá, ele está dormindo no meio dos trilhos. Mas infelizmente, o trole que vinha voltando para a Estação Ferroviária de Mossoró, os funcionários não perceberam, que ali alguém estava deitado. Passou por cima do radialista, o deixando já pronto. 

Antiga Sambra - hoje funciona um chopp

Grande José Maria Madrid! Bebi muitas pingas com ele no restaurante da dona Necy, esquina com a antiga SAMBRA.

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MORTE E VIDA SEVERINA - (notas acerca de um poema sessentão)

Por José Gonçalves do Nascimento

Na história da poesia, poucas obras obtiveram tanto sucesso quanto “Morte e vida Severina”. Escrito há sessenta anos, o belo poema de João Cabral de Melo Neto é um marco da cultura brasileira, capaz de arrancar aplausos dos mais diferentes públicos.

O autor, diplomata de carreira, mas sem se desvencilhar da realidade sertaneja, em especial do seu estado, Pernambuco, busca no retirante nordestino a inspiração para a sua obra maior. A figura do retirante, já presente em Raquel de Queiroz, Graciliano Ramos, Jorge Amado, Cândido Portinari, dentre outros, atende aqui pelo nome de Severino. Severino que, aliás, “é santo de romaria”, venerado em grande parte do nordeste.

Como tantos brasileiros, Severino larga seu torrão natal e vai para a cidade grande. Vai não por “cobiça”, mas com o propósito de “defender a vida”. Não por acaso, a trilha escolhida é a do rio Capibaribe (o “fio” da “vida”), que após serpentear entre sertão, agreste e zona da mata, desemboca preguiçoso no mar do grande Recife.

Tão logo principia sua caminhada, o esperançoso retirante começa a deparar-se com a triste realidade da morte. Morte que o acompanhará até o fim da longa jornada. O próprio Capibaribe, “o caminho mais certo” e “o melhor guia”, está seco, morto, pois como “ os rios lá de cima”, na seca ele também “corta”.

No primeiro momento, encontra Severino dois homens que carregam um defunto, aos gritos de “irmãos das almas”. O "finado", que também se chama Severino, morreu de “morte matada”, “numa emboscada”. Tinha ele “somente dez quadras” de terra, “todas nos ombros da serra, nenhuma várzea”. “Queria mais espalhar-se”, “voar livre”, num mundo dominado pela força do latifundiário. Queria “ter uns hectares de terra”, “de pedra e areia lavada”. Por isso o mataram de “bala” de “espingarda”.

Andando mais adiante, depara-se o retirante com um velório onde se cantam “excelências” ao morto, que, de novo, se chama Severino. Por último, assiste ao enterro de um lavrador de eito, sem exagero a cena mais dramática da peça. A passagem, magistralmente musicada por Chico Buarque, narra a descida do morto à sua “cova”; “cova” que nem é “larga” nem “funda”, é apenas a parte que lhe “cabe” nesse imenso “latifúndio”. “Não é cova grande, é cova medida, é a terra que (ele) queria ver dividida”.

Trata-se de mais uma vítima do “latifúndio”; “Latifúndio” que nunca foi “dividido”, privando o nordestino (da “caatinga” ao “agreste”, do “agreste” à “zona da mata”) do direito sagrado da terra – seu único meio de subsistência. Latifúndio que tirou do camponês o direito ao “brim”, à “camisa”, ao “sapato”, ao “chapéu”, ao “xale ou véu”, à “roupa melhor”, à “fazenda”. Latifúndio que é responsável por tanto “sangue” de “pouca tinta”; por tantas “mortes e vidas severinas”.

Cansado da árdua viagem, resolve o retirante buscar “um trabalho de que viva”. Mas como “a morte é tanta” por aquelas paragens, “só os roçados da morte” “compensam” “cultivar”. Os únicos ofícios que lhe são oferecidos são aqueles relacionados à morte: “benditos”, “rezas” “excelências”, “ladainhas”, “enterros”. Ou seja, como “a morte é tanta” por “lá”, “só é possível trabalhar nessas profissões que fazem da morte ofício ou bazar”.

Ao longo do caminho, Severino encontrará outros Severinos. Assim, o retirante funde sua saga à saga dos demais retirantes que, como ele, resolvem partir em busca de melhores condições de “vida”. Nessa realidade social marcada pela fome, pela pobreza e pela morte, todos são Severinos, “iguais em tudo e na sina”.

Depois de penosa via crucis, “saltando de conta em conta” o “rosário” da “morte”, finalmente, aporta em Recife, “onde o rio some” e a “viagem se fina” O retirante, que antes só pensava em “defender a vida” encontra-se de todo desiludido. Ele, que almejava “aumentar” a “água pouca” “dentro da cuia”, “a farinha, o algodãozinho da camisa”, agora se dá conta de que desde que partira do “sertão”, “seguia” seu “próprio enterro”. E, numa espécie de crise existencial, chega a cogitar a possibilidade de “saltar” “fora” da "vida”.

É quando, num jogo de antítese extraordinário, uma mulher noticia a “explosão” da “vida”. Uma criança acabara de nascer, “saltara” “para dentro da vida”. O nascimento que ora se anuncia opõe-se à desesperança de Severino, que, a partir daí, assiste a tudo em silêncio, como que inebriado com a “beleza” da vida que “brota”.

A afinidade com o evento natalino não é casual, haja vista que a peça é um “auto de natal” (pernambucano). O pequeno Severino que acaba de nascer é comumente associado ao menino Jesus, que surge dos manguezais recifenses, e que tem como pai um carpinteiro (Seu José Mestre Carpina), filho de Nazaré (Nazaré das Matas), nordeste do Brasil.

As últimas palavras (proferidas pelo velho Carpina) “celebram” a “explosão” da “vida”, que vence a morte e a desesperança: “não há melhor resposta/que o espetáculo da vida:/vê-la desfiar seu fio/que também se chama vida/vê-la brotar como há pouco/em nova vida explodida/mesmo quando é a explosão/de uma vida Severina”. E a morte, que pareceu sempre "ativa", acaba vencida pela "vida" "com sua presença viva".

"Morte e vida Severina" é, acima de tudo, um hino à esperança.

José Gonçalves do Nascimento
Poeta e cronista
jotagoncalves_66@yahoo.com.br

Enviado pelo poeta José Gonçalves do Nascimento

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CANGAÇO – UMA MENSAGEM DO DR. LAMARTINE DE ANDRADE LIMA

Por Rostand Medeiros
Junto com o Dr. Lamartine e dois homens que vivem na área do Combate de Maranduba

E Seus Apontamentos Sobre o Combate de Maranduba

Quatro meses atrás fiz uma postagem no nosso TOK DE HISTÓRIA sobre o evento “SEMANA CARIRI CANGAÇO 2015”, realizado entre os dias 25 e 28 de julho, em Piranhas, Alagoas. Ali eu tive a grata oportunidade de me reunir com pessoas vindas de 16 estados do nosso Brasil e aprendi muito sobre história e cultura do Nordeste.
Veja o link sobre este encontro –


Nesta bela cidade, conhecida como “Lapinha do Sertão”, tive a oportunidade de me encontrar com o Dr. Lamartine de Andrade Lima.


A capacidade e o conhecimento do Dr. Lamartine sobre o tema Cangaço é muito amplo e profundo. Suas pesquisas e seu trabalho nesta área remontam vários anos e sempre foram norteados sob aspectos estritamente científicos.

O Dr. Lamartine foi assistente, por mais de 20 anos, do Dr. Estácio Luiz Valente de Lima – criador do Museu do Cangaço e cientista que escreveu a obra “O Mundo estranho dos Cangaceiros” – livro clássico sobre o tema. O Dr. Lamartine também realizou criteriosos estudos sobre o assunto, baseados em persistente pesquisa e na convivência que teve com inúmeros cangaceiros, presos em Salvador, e acompanhados pelo Dr. Estácio.


Orgulhoso Oficial Superior Médico da Marinha do Brasil, com Curso Superior da Escola de Guerra Naval, o Dr. Lamartine é um homem de extrema simplicidade, que possui uma inegável vontade de dividir o conhecimento. Neste nosso encontro nas caatingas sertanejas tive uma intensa e profunda aula sobre táticas de combate e a arte da guerra. E esta aula ocorreu no local do histórico Combate de Maranduba, que ocorreu em 9 de janeiro de 1932, na fazenda homônima, no sertão de Sergipe.

Cangaço - O dr. Lamartine de Andrade Lima comenta sobre o combate de Maranduba no local do tiroteio - https://www.youtube.com/watch?v=xrrovedTrKQ - Rostand Medeiros

"Publicado em 17 de nov de 2015

Este combate aconteceu em 9 de janeiro de 1932, envolveu Lampião, seu grupo de cangaceiros e volantes policiais, em terras da fazenda Maranduba, no sertão de Sergipe. Ali aconteceu uma retumbante vitória do chefe bandoleiro e neste vídeo temos alguns apontamentos do Dr. Lamartine de Andrade Lima no local dos fatos. O Dr. Lamartine foi por mais de 20 anos assistente do Dr. Estácio Luiz Valente de Lima – criador do Museu do Cangaço e cientista que escreveu a obra “O Mundo estranho dos Cangaceiros” – livro clássico sobre o tema. O Dr. Lamartine também realizou criteriosos estudos sobre o assunto, baseados em persistente pesquisa e na convivência que teve com inúmeros cangaceiros, presos em Salvador, e acompanhados pelo Dr. Estácio.

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O vídeo que aqui apresento nesta postagem para os leitores do TOK DE HISTÓRIA são as impressões do Dr. Lamartine no local do Combate de Maranduba.

Nestes últimos dias eu fui surpreendido com uma mensagem do Dr. Lamartine, que muito me emocionou e me trouxe extrema alegria.

“Meu caro Rostand,

O Destino nos leva pelos caminhos da vida. 

Somente agora, ao voltar de viagens, durante as quais não abro correspondência eletrônica, quando cheguei a Gravatá-PE, minha segunda residência, antes de voltar para Salvador, pude ler o seu artigo acerca do Cariri Cangaço 2015, no qual você me cita com enorme generosidade. Senti-me tocado pelo seu gesto de simpatia e amizade para com o velho professor de Medicina Legal, que teve a sorte de passar duas décadas partilhando do trabalho com o Mestre Estácio de Lima, inclusive no estudo das cabeças dos cangaceiros, entre elas as de Lampeão e Maria Bonita, e na observação frequente de alguns ex-bandidos, entre eles o chefe de grupo Ânjo Roque – Labareda (Ângelo Roque da Costa) e seu companheiro de chefia Saracura (Benício Alves dos Santos).  

Eu, que era apenas leitor de Rostand Medeiros, conheci-o pessoalmente em Piranhas, palmilhamos um trecho do caminho das lutas dos cangaceiros no sertão alagoano, e nos tornamos amigos, como somos amigos comuns de Verinha Ferreira. Foi ela quem me solicitou, faz quinze anos, a exumação das cabeças dos avós, proporcionando-me a oportunidade de examinar interiormente os ossos do crânio de Lampeão, até ali vistos somente através dos Raios X; então, pude verificar e provar que o famoso estigma occipital da Fosseta de Lombroso nos assassinos contumazes não existe no mais famoso assassino brasileiro.

Quero agradecer-lhe pelas palavras com as quais a mim se refere, reflexos da sua bondade pessoal.

Receba o bem forte e muito cordial abraço do 
Lamartine“

Como ele é uma pessoa que gosta de dividir o que sabe e realiza esta tarefa com toda tranquilidade e satisfação, é provável que o amigo Lamartine busque realizar na prática um ensinamento do filósofo grego Sócrates – “O grande segredo para a plenitude é muito simples: compartilhar”.

Muito obrigado pela mensagem Grande Mestre e que Deus lhe cubra com seu manto sagrado, lhe concedendo muita paz, saúde e que possamos nós reencontrar muitas outras vezes para falar sobre este “Mundo estranho dos Cangaceiros”.

Do seu admirador,
Rostand Medeiros
Natal, Rio Grande do Norte

Extraído do blog Tok de História do historiógrafo e pesquisador do cangaço Rostand Medeiros.

http://tokdehistoria.com.br/2015/11/17/cangaco-uma-mensagem-do-dr-lamartine-de-andrade-lima/


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Lançamento do livro CHARGES COM LAMPEÃO

Autor Luiz Ruben Bonfim

Introdução

Lendo e pesquisando tantos jornais e revistas da época em que Lampião atuava, isto é, anos 20 e 30 do século passado, não passou despercebido, de vez em quando aparecia caricaturas e charges de Lampião, mas, o que me chamou a atenção foi a utilização do personagem com a política e os políticos do poder naquele período.

Contextualizar cada charge ou caricatura seria por demais maçante, pois creio que elas não perderam o caráter atemporal.

As codificações visuais que os chargistas queriam passar ao retratar Lampião eram afetadas de acordo com a região do artista, o que determinava, até pela falta de conhecimento que tinham do caricaturado, a representação de formas tão dispares na fisionomia desenhada. 

As charges com Lampião, nessa pesquisa, abrangem o período de 1926 a 1939, porém acrescentei duas de 1969, sendo a última apresentada, uma propaganda com alusão ao desenvolvimento industrial através de incentivos fiscais, citando Sudam-Sudene onde Lampeão é usado como referência de uma região. Ao todo o livro mostra 83 charges e caricaturas.

A charge tem como finalidade satirizar, descrever ou relatar fatos do momento por meio de caricaturas, com um ou mais personagens de destaque, nas áreas da política com maior frequência.

As apresentadas nesse livro abrangem personagens de prestígio nacional como o Padre Cícero, Antônio Carlos, governador de Minas, Capitão Chevalier, com a famosa tentativa de uma expedição contra Lampião no início dos anos 30, Getúlio Vargas como presidente do governo provisório após a revolução de 1930.

Após sua morte, cartazes foram utilizados como propaganda de filme da Warner, com James Cagney “substituindo o famoso cangaceiro nordestino”.

A propaganda comercial também utilizou com frequência o nome de Lampião. Como curiosidade inseri no trabalho as da Casa Mathias e O Mandarim, que apresentavam nos seus comerciais um conteúdo humorístico.

Até o conhecido compositor Noel Rosa, como Lampeão foi caricaturado. Como se fossem dois personagens ao mesmo tempo é mostrado características de identificação de Lampião com o rosto de Noel Rosa. Mesmo nas capas de famosas revistas, Careta em 1926 e 1931, O Cruzeiro em 1932, Lampeão é caricaturado.

Na contracapa desse livro, consta a foto original muito popular de Lampeão e seu irmão Antônio Ferreira, já nesta época, famigerado cangaceiro, perseguido em Pernambuco, Paraíba, Ceará e Alagoas. Foi tirada em Juazeiro do Norte, no estado do Ceará, onde Lampeão foi convocado pelo Padre Cícero a pedido do deputado federal Floro Bartolomeu, para combater os inimigos do governo de Artur Bernardes, a Coluna Prestes, em 1926. Na capa, usando a foto da contra capa, foram introduzidas as faces de Getúlio Vargas como Lampeão e Osvaldo Aranha como Antônio Ferreira. Foi publicada pelo Estado de São Paulo em 24 de setembro de 1933, sendo Getúlio já vitorioso da revolta de 1932 em São Paulo. 

O desenho era utilizado, isto é, a charge, como uma crítica político social onde as situações cotidianas são exploradas com humor e sátira. Lampião foi personagem principal dos chargistas, mas o objetivo era atacar os poderosos da época, geralmente vítima dos jornais da oposição.

Coloquei tudo numa ordem cronológica para facilitar a sequência histórica, pois, no futuro com a leitura das diversas obras publicadas sobre Lampião e o cangaço em geral, teremos uma visão não contextualizada das sátiras contra os personagens vítimas dos chargistas.

Luiz Ruben F. de A. Bonfim
Economista e Turismólogo
Pesquisador do Cangaço e Ferrovia

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MUSEU DO SERTÃO - PENICO E ESCARRADEIRA

 Por Benedito Vasconcelos Mendes

PENICO OU URINOL - É um utensílio doméstico que caiu em desuso, mas foi muito usado até há pouco tempo. Dependendo da condição social do dono da casa, o penico podia ser de barro, ágata, alumínio, vidro, louça (porcelana) e mais modernamente de plástico. O Museu do Sertão possui uma coleção deste utensílio, inclusive os raros e caros exemplares de penico de porcelana inglesa e chinesa. Fazia parte da etiqueta social do passado, usar este recipiente principalmente, para urinar durante a noite, no quarto de dormir. 


As pessoas doentes, idosos ou com desarranjo intestinal também utilizavam o penico para defecarem. O penico era colocado à noitinha debaixo do banco de defecar, no quarto de dormir e na manhã seguinte, recolhido pela peniqueira (empregada doméstica) e as fezes e urina despejadas na latrina (aparelho sanitário). É que antigamente, as casas residenciais só tinham um banheiro, localizado no final da casa, próximo ao quintal. O penico de louça (porcelana) tinha tampa, o que diminuía o cheiro desagradável das fezes e urina emanado do seu interior. 


Existia um banco de madeira, com tampo vazado em forma de boca de aparelho sanitário (assento), para os adultos defecarem e urinarem, pois o urinol era colocado embaixo deste móvel, para receber as fezes e urinas. Este tipo de banco é o mesmo "Banco de Parir", que as parteiras usavam para fazer partos nos domicílios das parturientes. Pela manhã, após o despejo dos dejetos, o penico era lavado e guardado no criado-mudo, que era um pequeno móvel que ficava ao lado da cama e que servia de mesinha e para guardar durante o dia, o penico. Atualmente, o penico é usado apenas por crianças nos primeiros anos de vida, que ainda não conseguem usar o aparelho sanitário.   


ESCARRADEIRA OU CUSPIDEIRA - Era um recipiente de vidro, barro, ferro esmaltado, cobre, bronze ou de porcelana, para se escarrar (eliminação da secreção das vias respiratórias inflamadas) ou cuspir (eliminação da secreção das glândulas salivares). A etiqueta social da época aconselhava o uso da escarradeira. Existia a escarradeira portátil com tampa, que era colocada sobre o birô e a de tamanho maior que ficava no chão, no canto da parede, para ninguém chutá-la. Elas eram lavadas diariamente. Nas residências pobres, a escarradeira era improvisada com uma lata de doce (goiabada) ou uma pequena caixa de madeira, cheia de areia. Naquela época, o hábito de mascar fumo de rolo (fumo de corda) era generalizado, o que estimulava a produção de saliva e as pessoas cuspiam em abundância, e com muita frequência, uma espécie de golda escura. Quando as pessoas estavam gripadas, o escarro amarelado (catarro) dava nojo se ver. As escarradeiras de porcelana, de fabricação europeia ou chinesa, eram muito bonitas, de formas diversas e artisticamente pintadas, geralmente, com motivos florais e de cores variadas. Como este utensílio caiu em desuso, hoje estas peças são raras, especialmente, as de porcelanas importadas. No Museu do Sertão da Fazenda Rancho Verde, em Mossoró -RN pode ser vista uma bela e diversificada coleção destas peças.

Informação do http://blogdomendesemendes.blogspot.com:

O Museu do Sertão na "Fazenda Rancho Verde" em Mossoró não pertence a nenhum órgão público, é de propriedade do seu criador professor Benedito Vasconcelos Mendes.

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POR QUE LAMPIÃO INVADIU MOSSORÓ?

* Honório de Medeiros

Em dias do início do mês de junho do ano da graça de 1927, pelas terras do Rio Grande do Norte que confrontam com as da Paraíba, lá no alto Sertão desses estados, mais precisamente aquelas que ficam entre as cidades de Uiraúna, PB, e Luis Gomes, RN, vindos de Aurora, no Ceará, da Região do Cariri de Nosso Senhor Jesus Cristo, eles, os cangaceiros, entraram no território potiguar.

Era uma horda selvagem com aproximadamente uma centena de homens, para o mais ou para o menos, imundos e bestiais, a cavalo, fortemente armados, portando rifles, fuzis, revólveres, pistolas, punhais longos e curtos, e farta munição. Vinham ébrios, ferozes, e sedentos de violência, sem qualquer outro propósito que não a rapinagem, pura e simples.

Durante os quatrocentos quilômetros e quatro dias que durou a epopeia, deixando e voltando à Aurora após alcançarem Mossoró, desenharam, com a ponta dos cascos dos cavalos ou a face externa das alpargatas com as quais pisavam o chão, como que um movimento cujos contornos lembram o de uma flor de mufumbo, cujas laterais seriam as margens da Serra de Luis Gomes e Serra do Martins, por um lado, e, pelo outro, as margens do serrame do Pereiro, limites com o Jaguaribe, Ceará adentro.

E assim entraram, espalhando o terror por onde passaram.

Mas será que eles tinham algum outro propósito, além da rapinagem pura e simples?


LANÇAMENTO DIA 10 DE DEZEMBRO, A PARTIR DAS 18 HORAS, NO CLUBE DOS RADIOAMADORES, AV. RODRIGUES ALVES, 1.004, VIZINHO À CIDADE DA CRIANÇA, EM NATAL.

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CHICO PEREIRA E SUAS ARMAS


Caros amigos, saudações:

O confrade Adriano Pinheiro me perguntou em off, se as armas da Marlin Firearms foram usadas no Brasil, sobretudo no nordeste. 

A resposta é positiva. Apesar de não serem comuns aqui como as Winchester (sendo suas concorrentes diretas nos EUA, pois usam o mesmo sistema de operação: a alavanca), tenho referências em documentos, tanto do comércio, como do uso esportivo de carabinas e “clavinotes” Marlin nos estados do Sudeste do Brasil. 

Como armas “viajam” muitas delas certamente foram parar no Nordeste (naquele tempo se revendiam armas longas em caixas de madeira lacradas com várias unidades, sendo antieconômico o transporte de apenas uma unidade, ou peça isolada). 

Comprovando isso a famosa foto do Chico Pereira, onde temos além de uma pistola Parabellum de “artilharia”, um Fuzil Marlin, provavelmente do mod. 1893 ou 1895, pois se ampliando a foto, se percebe que os cartuchos são cilíndricos e de longitude maior que os habituais cartuchos 44-40, comuns nos modelos 1894 (pela foto chuto que seria provavelmente o 38-55 Ballard)... 

Abraços.

Fonte: facebook
Página: Fabio Carvalho

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