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quarta-feira, 9 de outubro de 2024

MARIA BELÍZIA FILHA DO SOLDADO ADRIÃO MORTO NA CHACINA QUE VITIMOU LAMPIÃO, MARIA BONITA...


Maria Belízia filha do casal Adrião e dona Tereza Brandão, ao lado do professor/pesquisador/historiador antônio Vilela de Souza autor da obra "A Outra Face do Cangaço".

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UM SOLDADO CHAMADO ADRIÃO

 Por Sálvio Siqueira


Adrião Pedro de Souza o soldado Adrião, foi a única baixa da Força Pública no ataque à grota do riacho Angico, em 28 de julho de 1938.

Mas, quem fora Adrião?

Adrião Pedro de Souza nasceu na cidade de Chã Preta, AL, no dia 1º de março de 1915. Era filho do casal Sr. Sebastião Alves de Oliveira e de D. Rosa Maria de Souza.

Adrião Pedro de Souza - o soldado "Adrião". única baixa militar no ataque aos cangaceiros no dia 28 de julho de 1938

Naquele tempo, Adrião viveu e fazia o que toda criança fez e viveu comumente. As diversões daquela época eram poucas, pois a criançada não tinha tempo para isso. A vida de toda criança, assim que se pode com uma lata d’água, ficasse taludinho, era ajudar seus pais nas lidas diárias da roça. 

Seus pais, mesmo necessitando dos seus serviços, o colocam na escola e ele aprende a ler e escrever. Destaque para época em qualquer pessoa.

Sua história nos faz ver que ele não seria mais um sertanejo a viver exclusivamente do ‘cabo da enxada’.

Assim, aquela criança continua seu aprendizado para a vida, parte ao lado dos pais e parte com os ensinamentos do professor.


Já adolescente conhece uma moça chamada Tereza Brandão de Jesus. Começam a namorar e aparece uma forte atração entre eles. Terminando por casarem-se civilmente no dia 04 de março de 1933, em Viçosa, cidade alagoana.

No dia 20 de abril, nasce sua primeira filha Maria Belizia de Souza. No dia 28 de julho de 1934, vem ao mundo seu segundo filho, Geovane de Souza. Porém, quis o destino que oito meses depois de nascido, venha a óbito.

No dia 21 de março de 1938, nasce seu terceiro filho, José Adrião de Souza.

A renda retirada dos serviços da agricultura não estava dando para o sustento da família. Foi então que Adrião Pedro de Souza, no dia 21 de março de 1936, contando com seus 21 anos de idade incorpora-se na Força Pública de Alagoas.

É designado para fazer parte da volante do Aspirante Francisco Ferreira de Melo.


“(...) Ferreira de Melo foi o responsável pela hecatombe do Angico naquela fria manhã do dia 28 de julho de 1938. Ali, o famigerado Lampião, Maria Bonita e sua horda deixaram este mundo, terminaram seus dias de crimes decapitados pelos facões afiados dos “macacos” e seus corpos serviram de alimento para os urubus (...).” (“A OUTRA FACE DO CANGAÇO – Vida e morte de um praça” – SOUZA, Antonio Vilela. 1ª edição, Recife, 2012)

O cangaço, Fenômeno Social gerado dentro de outro Fenômeno Social, o “Coronelismo”, é um tema incrivelmente complexo e recheado de ‘mistérios’. Tendo início no princípio da segunda metade do século XVIII, fora divido pelos pesquisadores historiadores em duas fases. A primeira fase encerra-se, dando lugar para o início da segunda, na fracassada tentativa de Lampião, Virgolino Ferreira da Silva, e seu bando, o nome maior do cangaço dentre os chefes cangaceiros, saquear a cidade de Mossoró, RN, em junho de 1927. Onze anos, um mês e alguns dias depois, 28 de julho de 1938, da tentativa desse ataque, Lampião e seu bando são atacados entre as barreiras de um riacho seco em terras sergipanas. Desse ataque, resulta a morte do “Rei dos cangaceiros”, sua “Rainha”, Maria Bonita, mais nove cangaceiros e um soldado da Força Pública alagoana, Adrião Pedro de Souza.



O que realmente aconteceu naquele ataque, jamais se saberá. Várias e várias hipóteses já foram feitas, mas, a realidade ainda não veio à tona, e acredito que jamais virá. Pelo simples fato de que, aqueles que sabiam, não disseram a verdade. Com suas mortes, morreu também o que sabiam.
Aspirante Francisco Ferreira de Melo


O pesquisador/historiador Antônio Vilela, citando Alcino Alves Costa, diz: “O nosso amado decano, caipira de Poço Redondo, é quem melhor fala dos ‘Mistérios e Mentiras do Angico’. “

“(...) É como se uma névoa escura envolvesse aquele lugar em mistérios indecifráveis. Ali, os segredos, mentiras e mistérios jamais serão revelados (...).” (Ob. Ct.)

Tenente João Bezerra da Silva - detalhe: o comandante militar, nesse registro, está usando parte da indumentária do chefe cangaceiro 'Lampião', como seu lenço de pescoço, suas cartucheiras, seu bornal e etc.

Tive o privilégio de participar de uma expedição de estudos lá na grota. Estudando, em outras duas viagens feitas ao local, maio de 2014 e julho de 2015, o lugar do desembarque da tropa e a trilha seguida por a mesma. Além das citações de várias pessoas de lá, do local, tanto do lado alagoano como sergipano, mostram-nos que a tropa subiu a trilha até o Alto das Perdidas pelo lado esquerdo do riacho. Isso é confirmado para nós pelo ilustre Alcino Alves em suas obras literárias e oralmente por um dos maiores conhecedores do fato Angico do tema estudado, José Sabino Bassetti. Onde hoje se encontra o Restaurante Eco-Parque, não foi aonde à tropa desembarcou, e sim mais acima, contrário a correnteza do Rio São Francisco, onde ainda está à casa de Durval Rosa, irmão de Pedro de Cândido que morava em Entremontes, AL, bem abaixo do local em que a tropa ancorou.

Após chegarem ao Alto das Perdidas, o comandante da tropa, tenente João Bezerra, divide a mesma em colunas e passa para seus oficiais as coordenadas a serem seguidas.

Historiadores/pesquisadores como Alcino Alves Costa, Jairo Luiz e Antônio Vilela e outros, nos mostram as brechas que ficaram quando do movimento, deslocamento, de aproximação para onde se encontrava Lampião.

O cabo Bertoldo e o Aspirante Ferreira de Melo com seus homens, descem em sentido leste, por uns 200 metros, pois a margem esquerda do riacho fica a essa distância e, depois de transporem essa distância, dentro da mata, Bertoldo segue subindo na margem esquerda do riacho, o aspirante transpõe a grota naquela altura, e começa a subir com seus homens, inclusive o soldado Adrião, no sentido contrário a correnteza das águas do riacho em direção ao acampamento do “Rei Vesgo”. O sargento Juvêncio, com sua coluna, sobe direto do lado esquerdo do riacho, a partir do Alto das Perdidas até certa altura e atravessam o riacho para o lado direito, seguindo a partir dai a correnteza das águas em direção ao acampamento de Lampião.

As outras últimas colunas restantes, a do sargento Aniceto e a do comandante João Bezerra, estavam muito próximos. Do Alto das Perdidas para o local onde estava a tolda de Lampião distam uns 200 metros. Seguindo direto, a coluna do tenente Bezerra, segundo Alcino Alves e Jairo Luiz, era a que deveria ter chegado primeiro, pois não tinham que descer nem subir, apenas seguir em frente. Não chegando junto, ficou a primeira “brecha”. A coluna comandada pelo sargento Aniceto, atrasa-se, também, e depois surge a conversa que se perdeu, deixando a outra “brecha”. E é justamente por essas duas “brechas” que fogem a maioria dos cangaceiros.

Quem primeiro atira, segundo relatos, são os soldados da coluna do Aspirante Chico Ferreira, a qual também é tida como a que mais matou inimigos naquele ataque. Abaixo, mostramos parte de um diálogo entre os pesquisadores, lá, nos arredores da Grota.

“- Espere aí! Nós vamos descer... Nessa descida não tinha volante. Uma estava na ponta do riacho e a outra volante na extremidade do riacho.” – disse Alcino.

“- Alcino, eu estou mostrando a você que o correto era uma volante descer por aí, eles estavam bem próximo.” – disse Jairo.

“- E quem atacou primeiro?”. - Pergunta Jairo.

“- Chico Ferreira”. - Respondeu Alcino

“- E quem matou mais cangaceiros?” - Pergunta de novo, Jairo Luiz a Alcino.

“- Chico Ferreira.” – Respondeu o caipira de Poço Redondo.

“– Jairo, você está me ajudando. Na realidade a volante do Aspirante Francisco Ferreira de Melo foi quem tomou a iniciativa do ataque ao bando de Lampião”. – Conclui Alcino. (Ob. Ct.)

Quando se inicia “o pego – pra – capá”, os homens da coluna do Aspirante Ferreira de Melo, se ‘avexam’ tanto que, segundo historiadores, alguns têm que recuar para poderem atirar nos cangaceiros, e isso tudo no miolo da grota, no leito seco do riacho.

Nesse reboliço todo o valente soldado Adrião é morto. Relatos posteriores de um cangaceiro, em revistas e livros, diz que atirou em um soldado. Lá, naquele dia só teve uma baixa militar. Estando deitado, quase que encostando o cano do mosquetão em um soldado, que o mesmo, ao receber o impacto, é atirado longe. Já vemos em outras obras literárias de que o digníssimo soldado da coluna do Aspirante Ferreira de Melo, Adrião Pedro de Souza foi abatido por fogo “amigo”.

Fonte "A OUTRA FACE DO CANGAÇO - Vida e morte de um Praça" - SOUZA, Antonio Vilela. 1ª edição. Recife, 2012.
Foto Ob. Ct.
cariricangaco.com

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UM SOLDADO CHAMADO ADRIÃO

 Por Sálvio Siqueira


Adrião Pedro de Souza o soldado Adrião, foi a única baixa da Força Pública no ataque à grota do riacho Angico, em 28 de julho de 1938.

Mas, quem fora Adrião?

Adrião Pedro de Souza nasceu na cidade de Chã Preta, AL, no dia 1º de março de 1915. Era filho do casal Sr. Sebastião Alves de Oliveira e de D. Rosa Maria de Souza.

Adrião Pedro de Souza - o soldado "Adrião". única baixa militar no ataque aos cangaceiros no dia 28 de julho de 1938

Naquele tempo, Adrião viveu e fazia o que toda criança fez e viveu comumente. As diversões daquela época eram poucas, pois a criançada não tinha tempo para isso. A vida de toda criança, assim que se pode com uma lata d’água, ficasse taludinho, era ajudar seus pais nas lidas diárias da roça. 

Seus pais, mesmo necessitando dos seus serviços, o colocam na escola e ele aprende a ler e escrever. Destaque para época em qualquer pessoa.

Sua história nos faz ver que ele não seria mais um sertanejo a viver exclusivamente do ‘cabo da enxada’.

Assim, aquela criança continua seu aprendizado para a vida, parte ao lado dos pais e parte com os ensinamentos do professor.


Já adolescente conhece uma moça chamada Tereza Brandão de Jesus. Começam a namorar e aparece uma forte atração entre eles. Terminando por casarem-se civilmente no dia 04 de março de 1933, em Viçosa, cidade alagoana.

No dia 20 de abril, nasce sua primeira filha Maria Belizia de Souza. No dia 28 de julho de 1934, vem ao mundo seu segundo filho, Geovane de Souza. Porém, quis o destino que oito meses depois de nascido, venha a óbito.

No dia 21 de março de 1938, nasce seu terceiro filho, José Adrião de Souza.

A renda retirada dos serviços da agricultura não estava dando para o sustento da família. Foi então que Adrião Pedro de Souza, no dia 21 de março de 1936, contando com seus 21 anos de idade incorpora-se na Força Pública de Alagoas.

É designado para fazer parte da volante do Aspirante Francisco Ferreira de Melo.


“(...) Ferreira de Melo foi o responsável pela hecatombe do Angico naquela fria manhã do dia 28 de julho de 1938. Ali, o famigerado Lampião, Maria Bonita e sua horda deixaram este mundo, terminaram seus dias de crimes decapitados pelos facões afiados dos “macacos” e seus corpos serviram de alimento para os urubus (...).” (“A OUTRA FACE DO CANGAÇO – Vida e morte de um praça” – SOUZA, Antonio Vilela. 1ª edição, Recife, 2012)

O cangaço, Fenômeno Social gerado dentro de outro Fenômeno Social, o “Coronelismo”, é um tema incrivelmente complexo e recheado de ‘mistérios’. Tendo início no princípio da segunda metade do século XVIII, fora divido pelos pesquisadores historiadores em duas fases. A primeira fase encerra-se, dando lugar para o início da segunda, na fracassada tentativa de Lampião, Virgolino Ferreira da Silva, e seu bando, o nome maior do cangaço dentre os chefes cangaceiros, saquear a cidade de Mossoró, RN, em junho de 1927. Onze anos, um mês e alguns dias depois, 28 de julho de 1938, da tentativa desse ataque, Lampião e seu bando são atacados entre as barreiras de um riacho seco em terras sergipanas. Desse ataque, resulta a morte do “Rei dos cangaceiros”, sua “Rainha”, Maria Bonita, mais nove cangaceiros e um soldado da Força Pública alagoana, Adrião Pedro de Souza.



O que realmente aconteceu naquele ataque, jamais se saberá. Várias e várias hipóteses já foram feitas, mas, a realidade ainda não veio à tona, e acredito que jamais virá. Pelo simples fato de que, aqueles que sabiam, não disseram a verdade. Com suas mortes, morreu também o que sabiam.
Aspirante Francisco Ferreira de Melo


O pesquisador/historiador Antônio Vilela, citando Alcino Alves Costa, diz: “O nosso amado decano, caipira de Poço Redondo, é quem melhor fala dos ‘Mistérios e Mentiras do Angico’. “

“(...) É como se uma névoa escura envolvesse aquele lugar em mistérios indecifráveis. Ali, os segredos, mentiras e mistérios jamais serão revelados (...).” (Ob. Ct.)

Tenente João Bezerra da Silva - detalhe: o comandante militar, nesse registro, está usando parte da indumentária do chefe cangaceiro 'Lampião', como seu lenço de pescoço, suas cartucheiras, seu bornal e etc.

Tive o privilégio de participar de uma expedição de estudos lá na grota. Estudando, em outras duas viagens feitas ao local, maio de 2014 e julho de 2015, o lugar do desembarque da tropa e a trilha seguida por a mesma. Além das citações de várias pessoas de lá, do local, tanto do lado alagoano como sergipano, mostram-nos que a tropa subiu a trilha até o Alto das Perdidas pelo lado esquerdo do riacho. Isso é confirmado para nós pelo ilustre Alcino Alves em suas obras literárias e oralmente por um dos maiores conhecedores do fato Angico do tema estudado, José Sabino Bassetti. Onde hoje se encontra o Restaurante Eco-Parque, não foi aonde à tropa desembarcou, e sim mais acima, contrário a correnteza do Rio São Francisco, onde ainda está à casa de Durval Rosa, irmão de Pedro de Cândido que morava em Entremontes, AL, bem abaixo do local em que a tropa ancorou.

Após chegarem ao Alto das Perdidas, o comandante da tropa, tenente João Bezerra, divide a mesma em colunas e passa para seus oficiais as coordenadas a serem seguidas.

Historiadores/pesquisadores como Alcino Alves Costa, Jairo Luiz e Antônio Vilela e outros, nos mostram as brechas que ficaram quando do movimento, deslocamento, de aproximação para onde se encontrava Lampião.

O cabo Bertoldo e o Aspirante Ferreira de Melo com seus homens, descem em sentido leste, por uns 200 metros, pois a margem esquerda do riacho fica a essa distância e, depois de transporem essa distância, dentro da mata, Bertoldo segue subindo na margem esquerda do riacho, o aspirante transpõe a grota naquela altura, e começa a subir com seus homens, inclusive o soldado Adrião, no sentido contrário a correnteza das águas do riacho em direção ao acampamento do “Rei Vesgo”. O sargento Juvêncio, com sua coluna, sobe direto do lado esquerdo do riacho, a partir do Alto das Perdidas até certa altura e atravessam o riacho para o lado direito, seguindo a partir dai a correnteza das águas em direção ao acampamento de Lampião.

As outras últimas colunas restantes, a do sargento Aniceto e a do comandante João Bezerra, estavam muito próximos. Do Alto das Perdidas para o local onde estava a tolda de Lampião distam uns 200 metros. Seguindo direto, a coluna do tenente Bezerra, segundo Alcino Alves e Jairo Luiz, era a que deveria ter chegado primeiro, pois não tinham que descer nem subir, apenas seguir em frente. Não chegando junto, ficou a primeira “brecha”. A coluna comandada pelo sargento Aniceto, atrasa-se, também, e depois surge a conversa que se perdeu, deixando a outra “brecha”. E é justamente por essas duas “brechas” que fogem a maioria dos cangaceiros.

Quem primeiro atira, segundo relatos, são os soldados da coluna do Aspirante Chico Ferreira, a qual também é tida como a que mais matou inimigos naquele ataque. Abaixo, mostramos parte de um diálogo entre os pesquisadores, lá, nos arredores da Grota.

“- Espere aí! Nós vamos descer... Nessa descida não tinha volante. Uma estava na ponta do riacho e a outra volante na extremidade do riacho.” – disse Alcino.

“- Alcino, eu estou mostrando a você que o correto era uma volante descer por aí, eles estavam bem próximo.” – disse Jairo.

“- E quem atacou primeiro?”. - Pergunta Jairo.

“- Chico Ferreira”. - Respondeu Alcino

“- E quem matou mais cangaceiros?” - Pergunta de novo, Jairo Luiz a Alcino.

“- Chico Ferreira.” – Respondeu o caipira de Poço Redondo.

“– Jairo, você está me ajudando. Na realidade a volante do Aspirante Francisco Ferreira de Melo foi quem tomou a iniciativa do ataque ao bando de Lampião”. – Conclui Alcino. (Ob. Ct.)

Quando se inicia “o pego – pra – capá”, os homens da coluna do Aspirante Ferreira de Melo, se ‘avexam’ tanto que, segundo historiadores, alguns têm que recuar para poderem atirar nos cangaceiros, e isso tudo no miolo da grota, no leito seco do riacho.

Nesse reboliço todo o valente soldado Adrião é morto. Relatos posteriores de um cangaceiro, em revistas e livros, diz que atirou em um soldado. Lá, naquele dia só teve uma baixa militar. Estando deitado, quase que encostando o cano do mosquetão em um soldado, que o mesmo, ao receber o impacto, é atirado longe. Já vemos em outras obras literárias de que o digníssimo soldado da coluna do Aspirante Ferreira de Melo, Adrião Pedro de Souza foi abatido por fogo “amigo”.

Fonte "A OUTRA FACE DO CANGAÇO - Vida e morte de um Praça" - SOUZA, Antonio Vilela. 1ª edição. Recife, 2012.
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CONVERSANDO COM AUGUSTO MARANHÃO - LAMPIÃO EM MOSSORÓ

 

https://www.youtube.com/watch?v=UVf1FrS_1eo&feature=share

Notável entrevista com o professor Honorio de Medeiros, à respeito do Coronelismo, Cangaço e a malograda tentativa de assalto do bando de Lampião à cidade potiguar de Mossoró, em 13/06/1927. É muitíssimo interessante!

Publicado em 29 de nov de 2016
Programa Conversando com Augusto Maranhão Apresentação: Augusto Maranhão Tema: Lampião em Mossoró Exibido em 19 08 2016
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CHEGOU A REVISTA QUE LAMPIÃO LIA, QUANDO FOI FOTOGRAFADO EM 1936, EM PLENA CAATINGA NORDESTINA.!

 Por Voltaseca Volta - Publicado em nosso blog em 05 de janeiro de 2018


Confira!

Após pesquisar/procurar a revista A NOITE ILUSTRADA, de 27-05-1936, por mais de 05 anos, finalmente, essa semana, consegui comprá-la e, recebê-la. 

A capa traz a famosa modelo americana ANN EYEARS, com a manchete: "A sereia e sua rede", se referindo ao vestuário que a mesma estava divulgando na praia, em Santa Mônica - Estado da Califórnia.

Acima, FOTO COMPARATIVA, da Revista e, da que Lampião estava lendo em 1936... Finalmente, um sonho que realizei.

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UMA PERSPECTIVA INTERESSANTE SOBRE O CANGACEIRO CHICO PEREIRA

 


Por Geziel Moura

É com grata satisfação que li e recomendo a obra "Nas redes das memórias: As múltiplas faces do cangaceiro Chico Pereira", de Guerhansberger Sarmento, e para justificar este estado de satisfação, gostaria de tecer alguns poucos comentários sobre o texto acima mencionado, na qualidade de leitor.

Em primeiro lugar é flagrante que o texto é produção acadêmica, mas não consta academicismo exacerbado, a linguagem é leve e inteligível, fruto de pesquisa com todos os elementos que a caracteriza (objeto de investigação, questões de pesquisa, metodologia utilizada, objetivos do estudo e referenciais teóricos que dão aporte para a análise), estão todos bem delineado na narrativa do texto. Portanto, o movimento de escrita é bem realizado, dentro do que se espera da pesquisa séria, tais como: Os confrontos de fontes utilizadas, as referências consultadas além da organização da/na escritura.


Do ponto de vista, do recorte histórico que o autor analisou, cujo cerne está, nos lugares ocupados, em termos de discursos produzidos, na trajetória do cangaceiro paraibano Chico Pereira, é possível flagrar que o texto rompe com o lugar comum, muito usual na literatura do cangaço, cuja característica é a mera transcrição de acontecimentos e episódios, sem o cuidado de estabelecer conexões com outros eventos da história, é o causo pelo causo, começa e termina nele próprio.

Quanto as análises propostas por Guerhansberger, parece-me adequada principalmente, na operação dos conceitos do filósofo francês Michel Foucault (1926-1984), que nos ajuda a pensar a história do pensamento, a partir da fabricação do autor, condições de possibilidades, para a existência de dado discurso, a relação de poder e saber, sem no entanto, abjurar dos limites que as análises podem favorecer, isto é, o texto situa-se numa perspectiva do autor, muito bem costurada e cheias de possibilidades, porém sem desvincular das incertezas possíveis, preconizada por Foucault.

Finalmente, quero parabenizar Guerhansberger, pelo trabalho, confesso que pensava que os textos analíticos sobre o cangaço, na forma de livro, estariam apenas concentrados a poucos autores, como: Frederico Pernambucano de Mello e André Carneiro de Albuquerque, dentre outros.

Informação do logdomendesemendes.blogspot.com - O autor deste artigo não colocou o endereço para aquisição deste exemplar, mais acreditamos que poderá ser adquirido através deste e-mail: franpelima@bol.com.br.

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SEU GALDINO E A ONÇA LEITEIRA.

 Por José Mendes Pereira


- Dionísia, minha velha, gritava seu Galdino, o diabo das ovelhas do morador da viúva estão todas dentro do nosso cercado. Não se pode mais criar nada nas nossas terras. Ele sabe que as suas ovelhas são umas verdadeiras ladras, e as solta perto do meu cercado.

- Calma, meu velho! Calma! - aconselhava-o dona Dionísia. É melhor ter paciência. Intrigas com vizinho já se parece morte.

- Mas por que ele não as coloca no cercado de cima, se lá é bem mais farto o parto do que ali? - dizia ele com ignorância.

Enquanto isso, se ouvia o toc, toc de um animal que vinha caminhando. Era seu Leodoro Gusmão, montado em um lustroso cavalo de campo, que havia tomado emprestado à fazendeira dona Chiquinha Duarte, para a captura de um boi mandingueiro.

Fazendeira dona Chiquinha Duarte

- Apeie-se, compadre Leodoro, para tomar um cafezinho. A Dionísia acabou de fazer, e está bem quentinho... Dionísia, trás um cafezinho para o nosso compadre! – gritou seu Galdino em direção à cozinha.

E virando para o seu Leodoro, perguntou-lhe:

- Conseguiu ver o seu boi mandingueiro nos cerrados, compadre?

- Infelizmente não o vi, compadre Galdino. O parto está muito unido ainda, e torna-se difícil ver qualquer vivente naquelas matas fechadas.

- Mas assim é que é bom, compadre! Muito pasto e os nossos animais não morrerão de fome; ao contrário, eles estão nadando no meio da fartura.

- Deus nos livre de seca! Nossa! Só trás sofrimento para nós e para os animais. - Disse seu Leodoro.

- Quando eu vejo a fartura, me lembro de quando ainda não era fazendeiro. O sofrimento era grande. Nós morávamos nos fundos das terras do fazendeiro Chico Duarte, lá bem próximo à Favela.

Fazendeiro Chico Duarte esposo da dona Chiquinha Duarte

Eu vivia de campear gado bravo nos cerrados. Eu era vaqueiro de aluguel. Nunca fui vaqueiro de fazendeiro nenhum. O fazendeiro me dizia o bicho que precisava no seu curral, e me dava uma radiografia completa. A cor do animal, o ferro, se era adulto ou ainda novilho, tudo, sem faltar nada. E a partir das características do vivente, eu me mandava em busca dele, e só retornava para casa com ele na frente, mascarado e com chocalho...

- Mas o senhor sempre campeava sozinho, compadre Galdino? Interrompeu-lhe seu Leodoro.

- Sim senhor! Nunca precisei de vaqueiros para tanger gado comigo. E naquele tempo as onças viviam passeando por todos os lugares. Todos os dias, nas fazendas, amanheciam bezerros mortos e estraçalhados pelas danadas.

- E o senhor tinha medo delas?

- Nunca tive medo de tal animal. Eu a tratava como se fosse um cachorro, com uma diferença, apenas de grande porte.

- Eu não tenho medo, compadre Galdino. Eu evito de vê-las, porque elas são traiçoeiras, e não se deve dar chance a esse tipo de animal.

Seu Galdino precisava urgente contar uma história sobre onça a seu Leodoro. E de imediato, deu início a uma de suas aventuras.

- Certa vez, eu precisava de uns cabos para as minhas ferramentas. Os meus dois filhos, os que moram lá na grande São Paulo, o Artur e o Severino ainda eram pequenos, o mais novo com sete anos, e o mais velho com oito. A nossa situação era de lástima, porque os fazendeiros não estavam precisando de serviços dos vaqueiros, vez que os rebanhos estavam muito bem, obrigado. Naquela época, eu ainda nem sonhava em possuir fazenda. Mas, o senhor sabe, que quem é pobre, sofre por tudo. E o pior é a falta de alimentos. A minha casa estava sem nada, apenas água no pote e nada mais. O que ainda tinha em casa era açúcar, e quando um deles sentia fome, a Dionísia fazia garapa, isto no intuito de amenizar a fome do menino.

- Os meus filhos também foram criados bebendo garapa, compadre. - afirmava seu Leodoro para reforçar o que dizia seu Galdino...

- Pois bem, já que eu iria tirar os cabos para as minhas ferramentas, e como a situação andava de pior a pior, que o senhor sabe que quem anda pelas matas, vez por outra encontra uma fruta, mel de arapuá..., levei o Artur e o Severino, pois se caso eu encontrasse frutas ou mel, eles aliviariam um pouco a fome. Mas eu os levei, não só para isto, também para conhecerem as terras que eles teriam que passear por elas quando atingissem a adolescência, à procura de animais. E nós seguimos por uma vereda feita por bodes, e bem próximo ao Pai Antonio, que o senhor o conhece muito bem, do Soutinho, avistamos um animal que se escondia por detrás de uma árvore derreada. 

Dona Edith Souto e Soutinho

E fomos nos aproximando daquele bicho, para termos a certeza que vivente era. Mas com muito cuidado, pois eu temia que poderia ser uma onça, e já que os meus filhos andavam comigo, talvez acontecesse um ataque contra nós, feito por ela. E lentamente, fomos mais perto, e adivinhe, compadre, o que era!?

- Eu suponho que era uma rês pastando bem escondidinha. – Dizia seu Leodoro.

- Que rês que nada, compadre! Era uma enorme onça, em pé, diante de nós. Os meninos ficaram assustados. Mas para consolá-los, eu os disse que não tivessem medo, que ela não iria lhes fazer nenhum mal.

- Meu Deus, uma onça! – exclamou seu Leodoro.

- E vi logo que era uma onça parida, porque as suas mamas estavam muito inchadas, como se ela tivesse perdido os seus filhotes. Mas em nenhum momento, ela demonstrou insatisfeita com a nossa presença. Mas com receio, que ela poderia atacar os meus filhos, coloquei-os trepados em uma árvore, pois se ela tentasse me atacar e eu corresse, ela não conseguiria subir, para estrangular os meus garotos. E fui me aproximando mais dela, e nas mãos, eu levava um enorme facão, mais uma corda que eu a conduzia amarrada em minha cintura. A onça era tão mansa, mas tão mansa, que nada fez contra mim. Fiquei alisando o seu corpo, repuxando o couro, e a danada se era covarde, naquele dia se tornara um cordeiro. Olhando as suas tetas, desejei secá-las. Mas com medo que ela se revoltasse contra mim, continuei alisando o seu couro, e com a outra mão, fui peando as suas patas traseiras. Ali, eu iniciei secar as suas tetas.

- O senhor estava tirando leite da onça, compadre?

- E eu brinco, compadre Leodoro!? Como eu já havia peado as suas patas traseiras, cheio de certeza que ela era uma verdadeira amiga, pedi que o Artur descesse da árvore, para que eu o arriasse em uma das patas dianteira da onça, para facilitar a esgotada do leite, que com certeza, seria melhor para eu mungi-la.

- O senhor arriou o seu filho na onça, compadre Galdino? - Perguntava seu Leodoro com espanto.

-Arriei-o! Eu notei logo que a onça era uma lesada..., eu achando que era um desperdício, já que o leite era de boa qualidade, chamei o Severino para mamar nela, porque ele sentia fome. A onça nem ligava, e me parece que ela estava achando boa aquela arrumação. Como ela estava tranquila, desarreei o Artur das mãos da onça, e ordenei-o que fosse mamar também. Eles ficaram com os as barrigas enormes, porque a onça tinha muito leite.

- E depois, compadre, a onça não se revoltou com vocês?

- Pois diga! De forma alguma! Eu vendo que ela era uma besta, isto é, muito mansa, peguei a corda, fiz um cabresto, encabrestei-a, e meus filhos e eu fomos para casa montados nela.

- Que bom que um dia, nos tabuleiros, eu me encontrasse com essa mesma onça, compadre Galdino, para a Gertrudes passear montada nela nesse nosso sertão sofrido.

História contada, seu Leodoro resolveu ir embora, pois precisava fazer algumas compras lá em Mossoró.

- Até mais tarde, compadre! - Disse e saiu galopeando vagarosamente em direção à sua casa.

- Até, compadre...!

Seu Leodoro não tinha mais espaço para guardar a tamanha mentira do seu Galdino.

- Vai-te corno! - Dizia seu Galdino. Quem irá sempre montar na Gertrudes sou eu, e não onça nenhuma!

Minhas Simples Histórias

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