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sábado, 23 de novembro de 2013

Inacinha esposa do cangaceiro Gato




Grávida de oito meses, Inacinha descansava na Fazenda Retiro em Alagoas, quando seu Grupo foi atacado pela Volante do sargento João Bezerra. 

Tenente João Bezerra da Silva

Na fuga é atingida nas nádegas, seu companheiro Gato tenta levar ela nas costas, mas, a abandona logo em seguida, para não ser preso também.

 O cangaceiro Corisco

Em 28-09-1936, Gato resolve atacar Piranhas para resgatá-la, mas Corisco não concorda, pois Piranhas era sede das Volantes. Gato resolve ir para sequestrar dona Cyra Bezerra ( mulher do Sargento João Bezerra), para fazer uma troca. 

Cyra Bezerra - esposa de João Bezerra

No meio do caminho mata covardemente 11 pessoas inocentes, a tiros e golpes de facão (os mortos, nada tinha a ver com o acontecido). No tiroteio em Piranhas-AL, morrem duas pessoas inocentes (o telegrafista e um jovem de 15 anos), Gato foi baleado nas costas, quebrando a coluna vertebral, perdeu os movimentos das pernas, e foi levado pelo grupo. 

 O cangaceiro Gato

Com três dias veio a falecer. Inacinha deu a luz na cadeia, mais a criança não sobreviveu... Passou a ser esposa de um soldado, apelidado de pé-na-tábua.

Em entrevista ao Jornal Diário de Pernambuco publicada no dia 03-10-1936, Inacinha revela que: " Fui raptada por Gato e que não gostava do Cangaço".

Fonte: 
Página facebook 
Pesquisador: Virgulino Ferreira

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ZÉ DO TELHADO. O Bandoleiro Cavalheiresco - Parte II

Zé do Telhado era um famoso bandoleiro de Portugal

No regresso da Maria da Fonte, com glória das mãos de Sá da Bandeira, a quem salvou a vida, recebeu em paga a Torre Espada, mas sem dinheiro para manter a mulher e filhos.

A gloria conquistada no campo de batalha, na revolta dos Marchais e da Maria da Fonte, não enchiam barriga e os dotes de cavaleiro atirador poderiam dar bom proveito. No livro da vida, abre um capítulo que virá a ter dez anos de crimes. 

Poupado pelas autoridades, durante algum tempo, ele que tinha longa folha de serviços a muitos senhores, Zé do Telhado sabia que não o tolerariam eternamente. Não tardou que fossem mandadas tropas para capturá-lo. Falharam o objetivo, uma e outra vez. Aumentou a lenda.

Sucederam-se os pequenos assaltos, cujo produto reverteria, por vezes, para um desfavorecido ali á mão! Daí a frase: "O Zé do Telhado tira dos ricos para dar aos pobres!".

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O deleite de Volta Seca - O Pasquim encosta na parede O "Jésse James" do nordeste - Parte XI


Ziraldo - Ele já morreu?
- Eu não sei se ele tá vivo ou se tá morto. Só sei que chamava Adão. Então, ajuntou lá um time e me cagoetou com a polícia.

Sérgio Cabral - Isso onde?
- Lá no Estado da Bahia.

Ziraldo - Que cidade?
- Não é cidade não, é mato mesmo, Lagoa da Onça. Aí, eu cheguei lá e um rapaz falou comigo que era pra eu tomar cuidado que a polícia tava por ali. Eu disse: "Pode deixar comigo que eu sei sair". Quando foi de manhã, eu saí e matei um garrote. Quando eu tava tirando o couro do garrote, eles me cercaram dentro de uma roda...”

Millôr - Estava matando o garrote pra comer?
- É. E aí mandaram bala em mim. Tinha um rapazinho comigo ali e ele logo recebeu um na cabeça e caiu logo ali.

Jaguar - Era amigo, seu, esse cara?
- Era, tava comigo.

Sérgio Cabral - Num queriam nem prender, queriam era matar?
- O negócio num era prender, não. Era matar.

Ziraldo - Como é que você escapou dessa?
- Como que eu escapei? Eu saí, arrombei a cerca por baixo, cheguei por detrais dele, dei uns dois tiros e caí fora. Eles ficaram lá, brigando umas duas horas, eles mesmos, sozinhos. Eu fui embora. Cheguei lá, fiquei sentado, chupando melancia. E a minha vontade era de ir lá, só escutando eles gastando bala feito diabo. E eu quieto, quietinho lá no meu canto. depois, eu saí e fui na casa desse cara. Num sabia de nada.

Millôr - Do Adão?
- É, desse Adão. E ele já tinha chamado a turma dele toda lá, tava tudo dentro de casa. Eu num sabia de nada, era amigo, né? Aí, quando cheguei lá, ele disse: "Ôpa, que que há, rapaz?” Eu digo: "nada". Ele diz: "O que que foi aquele tiroteio?” Eu digo: "Eles me encontraram ali e me deram uns tiros: eu dei uns dois também neles e caí fora". Ele diz: "Ô rapaz, a tua mão num tá de calo, não?” Olha, cê vê como que pode. A falsidade dói como o diabo... Ele de novo: "Escuta, rapaz, sua mão num tá de calo, não?” E eu: "Que nada, rapaz, isso é bobagem". Ele pegou a minha mão e apertou. Quando ele apertou, eu digo: "Ô rapaz, deixa disso". Ele disse: "Você tá preso". Eu digo: "Preso? Olha, rapaz, eu pego você sem Deus me ajudar".

Foi a palavra mais errada que eu disse na minha vida. Ele aí avançou em cima de mim. Quando ele avançou, eu chamei ele e botei no chão. Aí ele gritou: "Me acode!” Quando eu vi, já tava todo mundo em cima de mim. Uns 15.

Millôr - Você tinha uns 14 anos, né? Um menininho...
- Era garoto, mas era forte. Andei tombando uns dois lá, e aí, pronto. Eles me amarraram igual um porco. Diziam: "Eu mato, num mato..." Aí, veio a irmã dele, que queria dar boa vida a ele, e disse: "Num façam isso com ele não. Já que vocês prenderam, leva ele e entrega na polícia". Eu, amarrado, que que podia fazer? Eles me pegaram e foram me entregar justamente a esse tenente que estava baleado. Lá no tiroteio ele tomou um tiro e tava com as costas toda esfacelada. Aí, quando chegaram lá e me entregaram, foi o mesmo que entregar um mosquito nas mãos de urubu. Empurra pra lá, empurra pra cá, eu num vi mais nada. Eu olhava pra cara daqueles fedorentos e endoidei, fiquei maluco. Aí, chegou um crioulão com um chapelão: "O negócio é matar". Aí foi dar um tapa na minha cara. Eu abaixei e dei um pontapé nele...

Millôr - Tava amarrado ainda?
- Amarrado. Aí, veio o tenente lá, todo emplastado: "Num toca nesse homem não!” É um tenente alagoano – eu esqueci o nome do homem. E foi logo dizendo: "A hora de vocês matarem ele era lá, na hora que vocês estavam brigando. Eu recebi esse tiro e vocês saíram correndo. Então, era nessa hora que vocês deviam ter matado ele. Aqui ele tá garantido por um homem e pela lei e ninguém precisa pôr um dedo nele".

Ziraldo - Cê acertou o coice no sargento?
- Acertei e foi um coice desgraçado. Ele caiu lá com a mão, rolando pelo chão. Eu digo: "E se dane". O tenente é Joaquim, Zé Joaquim. Ele disse: "O homem tá garantido e eu não entrego a ninguém a não ser o (sic) chefe da polícia. Num sendo ele, num sai da minha mão. E qualquer coisa que triscar nesse homem aí, já pode saber que vai expulso e preso".

Ziraldo - Ele sabia que você era o Volta Seca?
- Sabia.

Millôr - Isso foi em Alagoas?
- Foi na Bahia mesmo, Santo Antonio da Glória. Aí, eu fiquei lá, num comia nada.

Ziraldo - Na prisão eles não davam comida?
- Não, vinha de tudo, farinha pura...

Jaguar - Você ficou preso em Santo Antonio da Glória?
- Foi. Não tinha fome nem sentia nada, revoltado.

Ziraldo - Os jornais anunciaram essa prisão lá na cidade?
- Só depois. Aí, eu digo, tá certo. Viro daqui, viro dali, o tenente diz: "Aqui ninguém toca em você, nem nada". E passou logo um telegrama pra polícia, pro chefe da polícia, que era o capitão João Facó. Aí, ele mandou reforço: "Diga que garanto o homem, num toca num dedo dele, nem nada, me traz o homem". E disse: "Entrega pro coronel Costinha que ele recambia ele daqui pro Rio, pra Bahia". O coronel Costinha mesmo foi me buscar, mas o tenente disse:"Não, eu mesmo levo e entrego lá. Num tenho confiança de deixar vocês levarem ele".

Millôr - Bacana o homem, hein?
- É, tá certo, bacana. Nós saímos e quando nós chegamos lá no trem, ia pra mais de 300. Um carro do trem, uma traça daquela, não cabia ninguém, a não ser eu e a polícia só. Um carro só, e veio cheio que não tinha lugar pra sentar.

Millôr - Cheio de polícia pra levar você, né?
- É. Pra me levar. Eu tava amarrado, porque Lampião mandou recado que se não me segurasse, eles iam me pegar no lugar que eu tivesse. No trem, no caminhão, no diabo que fosse. E botou diversas emboscadas, mas eles souberam fazer o troço. Chegando lá, me entregaram, e de lá me tocaram pra Bahia.

Millôr - Eles te entregaram perto de Canudos?
- Não, muito pra baixo.

Ziraldo - Se o Lampião pegasse você, cê tava perdido dos dois lados, né?
- Tava não, ele já queria me salvar. O negócio era esse.

Millôr - A essa altura ele já queria te salvar, né? Então, você chegou na Bahia...
- Me tocaram pra Salvador.

Millôr - Você nunca tinha ido à capital?
- Não.

CONTINUA... 

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