Seguidores

quinta-feira, 15 de agosto de 2019

VIAJANDO NO CANGAÇO III - LAMPIÃO: ELE VOLTOU

Publicado em 2014 por Raul Meneleu

Hoje, 30 de novembro, quinta-feira, dei uma 'passadinha' como de costume na residência de meu amigo José Clenaldo para conversarmos sobre Lampião. hoje está aposentado e dedica-se como hobby ao radialismo, na Rádio Jornal em Aracaju-SE.

Clenaldo é um dos grandes conhecedores da vida do cangaceiro e quando jovem, trabalhava na construção da Hidrelétrica da CHESF em Paulo Afonso, e por escolha própria foi residir na cidade de Poço Redondo, ninho de cangaceiros do Estado de Sergipe. Era vizinho de Alcino Alves Costa; o Caipira de Poço Redondo e o via 'matraquear' sua máquina de escrever e muitas vezes lia livros dele antes mesmo que fossem lançados.

O material abaixo (Revista V) é de seu acervo particular e me foi emprestado, assim como diversos outros livros raros. Preparei os fac-símiles e coloquei foto dele e a frase 'Acervo José Clenaldo' não que ele esteja preocupado, pois não tem nenhuma preocupação com isso, mas é uma forma d'eu homenagear esse guerreiro do cangaço.

Estou lendo diversos escritos seus sobre Lampião e Luiz Gonzaga, a quem se dedicou a efetuar estudos, desde rapaz novo, inclusive seu programa de rádio quase em toda a totalidade é direcionado a essas duas figuras históricas.

A Revista V publicou em seu número 11 de março/abril de 2004 em primeiríssima mão fotos ainda inéditas, quase 70 anos depois, de Lampião e o seu bando, cangaceiros que assombraram o Nordeste nos anos 1920 e 1930.


Um dos capítulos mais importantes e mais populares da história do Brasil teve recuperadas e restauradas as matrizes das suas imagens originais, por muito tempo esquecidas e sob o risco de virar pó. 
Além das fotografias nunca dantes até então publicadas, o projeto Memorial do Cangaço, sediado no Ceará e responsável pelo resgate, apresenta nessa reportagem outras imagens raras e fundamentais do mesmo ciclo.
“Esse trabalho é um marco histórico na preservação da memória do meu avô”, declarou Vera Ferreira, neta de Lampião e Maria Bonita, que vive em Aracaju, Sergipe, com a mãe, Dona Expedita Ferreira.
Abaixo fac-símiles da reportagem do jornalista Xico Sá na íntegra e veja as fotos exclusivas de Benjamin Abrahão na edição impressa da Revista V número 11.










http://blogdomendesemendes.blogspot.com

CONHECIA BEM A VIDA DO CANGACEIRO


Por Zé do Telhado

Clenaldo é um dos grandes conhecedores da vida do cangaceiro e quando jovem, trabalhava na construção da Hidrelétrica da CHESF em Paulo Afonso, e por escolha própria foi residir na cidade de Poço Redondo, ninho de cangaceiros do estado de Sergipe. 

Era vizinho de Alcino Alves Costa; o Caipira de Poço Redondo e o via 'matraquear' sua máquina de escrever e muitas vezes lia livros dele antes mesmo que fossem lançados.


http://blogdomendesemendes.blogspot.com

CORONEL GUSTAVO AUGUSTO LIMA E FAZENDA PAU AMARELO NO CARIRI CANGAÇO 10 ANOS - LAVRAS DA MANGABEIRA


O segundo momento da programação Cariri Cangaço 10 Anos em Lavras da Mangabeira nos proporcionou um visita histórica e única à Fazenda Pau Amarelo, berço de um dos mais proeminentes membros do Clã dos Augustos, filho de Dona Fideralina, o poderoso Coronel Gustavo Augusto Lima. A propriedade, hoje pertencente aos descendentes nos anfitrionou com o casal; Dr Franklin e dona Telma, o ex-prefeito Gustavo Augusto Bisneto, a escritora Rejane Augusto , dentre outros ilustres familiares desse que sem dúvidas foi um dos maiores coronéis de barranco do Ceará.
"Gustavo Augusto Lima, é nascido em 23 de agosto de 1861 no seio de uma das mais importantes famílias do Cariri. Filho, neto e bisneto de coronéis, teve desde a mais tenra idade convivência com a cultura do poder e as relações entre os latifundiários e seus cabras e escravos. Não se conhecem relatos nesse sentido, mas é quase certo que na sua infância de menino de engenho nos campos do sítio Tatu, símbolo dos domínios de sua mãe, teve muitas oportunidades de brincar no lombo dos escravos e subjugar os cabras da propriedade, numa relação que embora não o sendo de fato, era bem próxima à servidão medieval. Uma das características mais marcantes da educação que recebeu de sua mãe, dona Fideralina Augusto Lima, foi o esmero pela instrução formal. Dizia a matriarca do clã dos Augustos que a próxima geração exerceria o poder a partir da força da caneta, não do bacamarte, como era na sua própria época, de sorte a que teve especial zelo com a educação dos seus filhos e netos (COUTO, 2018).
Dr Franklin e Manoel Severo
 Vilela, Zé Tavares, Jose Irari,Jair Tavares, Manoel Serafim, 
Divonildo Sobreira e Archimedes Marques
 José Carlos Nascimento
Archimedes Marques, Urbano Silva, Gilmar Teixeira e Tereza Rachel
Rossi Magne, Erasmo Teixeira e José
Neli Conceição e Rejane Augusto
Jorge Remígio e Valdir Nogueira

A programação constava de um banquete sertanejo servido aos convidados do Cariri Cangaço na própria Casa Grande da Fazenda Pau Amarelo, seguida de recepção que nos transportou no tempo e no espaço quando ali e nas terras do Tatu; boa parte da politica e dos destinos da toda região eram traçados pelo poderoso clã dos Augusto. A Conselheira Cariri Cangaço e presidente da Academia Lavrense de Letras, Cristina Couto ressaltou a importância do momento: "Desta vez resolvemos fazer uma programação em Lavras que pudesse resgatar essa figura lendária do coronel Gustavo, filho de Fideralina, então trouxemos o episódio da Fazenda São Domingos e agora essa espetacular visita a Fazenda Pau Amarelo com a Conferência do pesquisador Jorge Emicles".


Calixto Junior, Dr Tavinho e Manoel Severo
Vilela, Zé Tavares, Richard Pereira, Sabino Bassetti, Cicero Aguiar, Irari e Jair Tavares
 Arnaldo Nogueira e Lorena Hybis
Rossi Magne e Sulamita Buriti
Manoel Belarmino, Cicero Aguiar, Zé Tavares, Raimundinho Augusto, Tiago Augusto, Calixto Júnior, De Assis e Divonildo Sobreira

Logo após o almoço os convidados participaram de uma Conferência com o pesquisador, escritor e membro do Instituto Cultural do Cariri, Jorge Emicles, sobre a vida e o legado do Coronel Gustavo Augusto Lima. Por mais de uma hora a caravana Cariri Cangaço 10 Anos pôde aprofundar seus conhecimentos sobre o mais destacado filho da matriarca mais famosa do sertão cearense.

"O Coronel Gustavo não era o primogênito de dona Fideralina, mas o seu quinto rebento. De início não foi preparado para assumir a chefia do clã, lugar antes destacado para seu irmão mais velho, Honório, contra quem haveria de protagonizar um dos mais peculiares episódios do coronelismo caririense. Mesmo assim, foi enviado para estudar no tradicional Colégio do Padre Inácio de Souza Rolim, em Cajazeiras, onde também estudaram José Marrocos e o próprio padre Cícero Romão Batista.Mas a sua vocação era para a política, o que bem cedo o levou ao protagonismo de famosa rixa com seu irmão mais velho." Pesquisador JORGE EMICLES...


 Dona Telma e Dr Franklin, Manoel Severo e Ingrid Rebouças
 Familia Augusto recebe o Cariri Cangaço 10 Anos
Ângelo Osmiro, Rejane Augusto, Dr Tavinho e Fátima Lemos 

"Antes mesmo de tomar as rédeas do poder em Lavras da Mangabeira, exerceu vários cargos de honor, naturalmente sempre através das firmes mãos de sua matriarca. Antes de 1907 já havia exercido o cargo de coletor das rendas provinciais, membro do Conselho da Intendência Municipal e já ostentava a patente de coronel da Primeira Companhia do Batalhão da Guarda Municipal. Foi em 26 de novembro de 1907 (MACEDO, 2017) que se deu o episódio, de longe, mais marcante de sua vida, que iria definir seu destino no mandonismo local, mas também na sua própria desgraça. Também é evento profundamente marcante na vida de dona Fideralina, cujas consequências retumbaram até a hora de sua morte. Pode-se dizer também que o passamento mesmo do coronel Gustavo, quase vinte anos depois, foi inevitável desdobramento desse terrível episódio de relevância política, sem dúvidas, mas sobremaneira marcante para todo o clã dos Augustos." Pesquisador JORGE EMICLES...

 Ingrid Rebouças
Voldi Ribeiro e Louro Teles
Manoel Serafim, Edvaldo Feitosa, Carla Mota e Zilda Lima
Cecília do Acordeon e Lisbela Pandini
Ivanildo Silveira, Ângelo Osmiro e Sabino Bassetti
Dr Franklin, Nivaldo e Fátima Pereira

"Era tão poderoso o mandonismo exercido pela tradição da família AUGUSTO, que somente outro membro dela poderia desafiar as ordens da matrona. Ou pelo menos tentar. Foi exatamente o que fez o filho Honório Correia Lima, cuja descendência desboca no atual prefeito da capital do Ceará, Roberto Cláudio. Foi Honório o primeiro a dissentir da orientação política da mãe e por esforços próprios chegou a galgar a posição de líder do Partido Governista em Lavras. Dona Fideralina, contudo, não admitia que ninguém brilhasse mais que ela mesma, o que a levou a tomar sérias providências. Após firme recusa do filho em ceder o lugar conquistado, resolveu toma-lo pelas armas. Valendo-se de seus destemidos cabras e sob a liderança de Gustavo, fez apear do poder não somente do partido, como da própria Intendência Honório. Foi o momento áureo da ascensão definitiva de Gustavo ao poder local, posto que foi no lugar do irmão. Uma das histórias mais replicadas da velha Fideralina remonta exatamente a essa ocasião quando, ainda no alpendre do sítio Tatu, dirigiu aos cabras liderados por Gustavo a sentença de que “aquele que derramasse o sangue de Torto morreria” (MACEDO, 2017). Torto era o epíteto de Honório.Dali em diante a família nunca mais se reunificaria, replicando aquela rusga original em vários outros episódios, que ao termo conduziram à própria morte de Gustavo." Pesquisador JORGE EMICLES...

O pesquisador de João Pessoa, membro do GPEC, Jorge Remígio; Conselheiro Cariri Cangaço; reforça: "Sem dúvidas o Cariri Cangaço 10 Anos é o maior Seminário da Cultura Sertaneja: Cangaço, Messianismo, Coronelismo, Religiosidade, Musica, Artes e uma confraternização das amizades conquistadas ao longo dessa grande caminhada, 2009 a 2019,espetacular!" Já a pesquisador e historiadora Ana Lucia Souza, de Petrolina; Conselheira Cariri Cangaço; confirma:"Quero aqui agradecer a maravilhosa acolhida nesses dias que passamos juntos em mais um Cariri Cangaço de muito sucesso. A Severo e Ingrid, essas pessoas que amo muito e aos amigos que participaram, o meu muito obrigada e que Deus sempre nos abençoe em todas as caminhadas e passos que teremos que fazer em nossa trajetória de vida. Parabéns a todos"

 Pedro Lucas e Antônio Feitosa
Sabino Bassetti e Dra Amelia Cardoso
Comendador Mariano
Dr Herton Cabral, José Irari e Zé Tavares
 
Raul Meneleu, Ivanildo Silveira, Luiz Ruben, Elane e Archimedes Marques

"Grato por ter participado desse evento do Cariri Cangaço 10 Anos, no Cariri cearense, pois, teve destaque: coletividade, formação, informação, turismo, cenários, organização, etc., que, contribuiu para solidificar a identidade do povo do Sertão nordestino, que maravilha!" observa o pesquisador da capital potiguar, Carlos Alberto Silva. Já o pesquisador e escritor Gilmar Teixeira de Paulo Afonso, assevera: "O Cariri Cangaço proporciona alegria e amizades verdadeiras e duradouras, abraços a todos aqueles que fazem parte da família Cariri Cangaço."

"Tanto Honório quanto seu irmão Gustavo eram casados com duas primas legítimas, ambas filhas de uma irmã de Fideralina, Dulcéria Augusto de Oliveira, conhecia por Pombinha. Naquele episódio, Pombinha tomou as dores de Honório, tendo se arregimentado a ele na indignação pela desfeita de Fideralina. Daí nasce a inimizade e oposição perpétua levada a cabo pelas irmãs até o final de suas vidas. Consta que já no leito de morte, Fideralina chamou a irmã para proceder às pazes, ao que Pombinha retrucou que não iria, que se fosse para perdoar, faria isso à distância mesmo (MACEDO, 2017). Uma vez que Honório se retirou para Fortaleza (jamais tendo retornado a Lavras), a liderança da oposição coube a Pombinha.Outra cena folclórica, também decorrente desse episódio, se deu quando, a partir da queda da oligarquia de Nogueira Accioly, começaram a ser nomeados os novos Intendes municipais adversários dos coronéis. A indicação para a Intendência de Lavras teve o patrocínio de Pombinha (tendo recaído na pessoa de seu genro, conhecido por Zé Burrego), que em cumprimento a promessa atravessou todo o largo da Matriz da cidade de joelhos, indo assim até o altar, em louvor pela graça alcançada, que era a aparente derrocada política e sua irmã (MACEDO, 1990). Mas aquele foi apenas um hiato passageiro do poderio absoluto de dona Fideralina, seu filho Gustavo e a horda de cabras que lhes garantia o mandonismo."Pesquisador JORGE EMICLES...


Manoel Severo e as boas vindas aos participantes 
Dr Gustavo Augusto Lima Bisneto e a honra de receber o Cariri Cangaço 10 Anos 


Valdir Nogueira, Medeiros, Richard Pereira, Cicero Aguiar e Gilmar Teixeira

Com a palavra doutor Gustavo Augusto Lima Bisneto:"Estivemos desde o primeiro momento do Cariri Cangaço em Lavras, ainda em 2013, ao lado dessa grande e importantíssima iniciativa. Quero dizer da honra de nossa família Augusto em receber mais uma vez o meu querido amigo Manoel Severo e todos os pesquisadores do Cariri Cangaço, de todo o Brasil, e parabenizar a esta grande presidente da Academia Lavrense de Letras Cristina Couto, hoje é um dia muito especial para todos nós".

"No Cariri cearense, o fenômeno do coronelismo teve cores bem marcantes e violentas. Enquanto no âmbito nacional vigia a Velha República, no plano estadual foi o tempo do reinado despótico de Nogueira Accioly, que ganhou nas armas e nos cabras dos coronéis locais uma de suas forças mais consideráveis. Embora as fraudes eleitorais garantissem a vitória da situação em todo os pleitos, o poder nesse rincão era tomado a bala. A lei e a ordem prometidos pela autoridade maior da oligarquia Accioly de quase nada valiam. Para ascender ou se manter no poder era imprescindível o fogo do bacamarte e a força dos cabras, arregimentados entre os trabalhadores braçais dos coronéis ou alugados quando era necessário fortalecer o regimento.

Nesse período, houve alteração no mando dos coronéis em quase todas as cidades caririenses. Sempre arregimentados pelo poder da bala, os inimigos simplesmente cercavam, dominavam o opositor e o depunham. Não houve um único caso de reação por parte do poder do Estado. A postura do comendador Nogueira Accioly sempre foi a de consagrar na Intendência municipal o coronel vencedor do embate (MACEDO, 1990). Assim caiu o coronel Belém, em Crato, Neco Ribeiro em Barbalha e Antonio Roseo em Missão Velha. Um dos episódios mais marcados pela violência foi a chamada questão de 8 (porque ocorrido no ano de 1908), em Aurora, que antes da deposição do poder local do coronel Totonho Leite, deu azo à terrível chacina do Taveira, uma emboscada a mando do coronel Totonho e com a participação de homens do governo do Estado, que resistida, levou ao poder outra famosa matrona caririense, dona Marica Macedo, ou Marica do Tipi (MACEDO, 1990)." Pesquisador JORGE EMICLES...

Jorge Emicles, Louro Teles e Manoel Severo
Conferencista Jorge Emicles trouxe a vida do Coronel Gustavo Augusto Lima 
Jorge Emicles


"Esse derradeiro episódio teve reflexos indiretos no acontecimento de 1910 em Lavras da Mangabeira, onde no curso da sequência de levantes do poder local, também tentaram apear do poder o coronel Gustavo Augusto. O acontecido teve vez em oito de abril de 1910, quando aproximadamente cento e cinquenta cabras, liderados por Quinco Vasques (Joaquim Vasques Landim), proveniente da serra de São Pedro (hoje Caririaçu), tomou as ruas de Lavras e apeio fogo de bacamarte contra a residência do coronel Gustavo Augusto Lima, que avisado com antecedência do ataque, havia arregimentado seu pessoal, o que possibilitou que resistisse com sucesso. Esgotada a munição do agressor, forçado foi a bater em retirada. CALIXTO JÚNIOR (2017) em obra específica sobre esse acontecimento não consegue identificar as razões precisas que teria Quinco Vasques para entregar-se a tão perigosa empreitada. Aduz, contudo, que “foi atribuída pelo Pe. Alencar Peixoto a responsabilidade do ataque a Lavras (...) aos mandões do Crato” (CALIXTO JÚNIOR, 2017, p. 55). Também em outra passagem do mesmo trabalho, conclui ter havido algum tipo de atrito entre Gustavo e Vasques desconhecido, contudo, das fontes históricas." Pesquisador JORGE EMICLES...

Jorge Emicles, Manoel Severo e Cristina Couto
 Júnior Almeida
 Raimundinho e Tiago Augusto, Lisbela Pandini
Ivanildo Silveira, Gilmar Teixeira, Luiz Forró e Antonio Vilela
 Jorge Emicles
 Caravana Cariri Cangaço 10 Anos na Fazenda Pau Amarelo
"Do inquérito que foi instaurado para apurar tal ocorrido, o próprio Quinco Vasques confessa que ao cabo de sua missão deveria entregar a intendência a José Augusto de Oliveira, o Zé Burrego, por sua vez filho de Pombinha e cunhado do coronel Gustavo. Também, antes de invadir a vila de Lavras, Vasques pernoitou na propriedade do major Eusébio Tomás de Aquino, primo de Gustavo. Já na urbe, invadiram a casa do irmão de Gustavo, coronel Francisco Augusto Correia Lima. Apesar do parentesco com a vítima do ataque, ambas as personagens eram seus inimigos políticos, partidários da dissidente Pombinha (MACEDO, 1990). Por sua vez, há evidências de que os derrotados de oito, em Aurora, intentavam fortalecer sua posição através da nova Intendência de Lavras, o que facilitaria a retomada de seu poder em Aurora. Conforme vaticina MACEDO (1990, p. 122), é preciso se considerar “as profundas vinculações de parentesco e amizade de José Augusto de Oliveira, ou seja, José Borrego, e José Leite de Oliveira com os Leites e Gonçalves de Aurora, os quais (...) haviam sido escorraçados, com seu chefe, o coronel Antônio Leite Teixeira, vulgo, Totonho Leite. Portanto, o ataque era claramente uma tentativa de substituir o poder de um coronel por outro, dessa feita com peculiaridade de serem os pretensos depositor e deposto membros da mesma família. Claro revide à deposição anos antes do coronel Honório. Só que dessa vez, foi vencedora a resistência, no único episódio no Cariri de manutenção do mesmo potentado após os ataques dos inimigos." Pesquisador JORGE EMICLES...

A recepção da família Augusto ao Cariri Cangaço 10 Anos, viria a marcar um dos momentos mais importantes de programação que celebrava essa grande história sertaneja. A partir das fazenda do Tatu; visitada pelo Cariri Cangaço em duas outras edições; e da fazenda Pau Amarelo, muitos dos principais episódios que envolveram o mandonismo local na época do bacamarte foram planejados e perpetuaram ao longo dos tempos, tempos em que a tradição e a força do Clã de Dona Fideralina era  a própria lei.
 Emerson Monteiro, Manoel Severo e Angelim de Icó
Juliana Pereira e Emerson Monteiro
Vamos recorrer ao grande pesquisador e escritor Emerson Monteiro para nos trazer mais episódios da Saga dos Augustos: "Por volta das 12h do dia 09 de janeiro de 1922, se registrara em Lavras da Mangabeira, no pleno centro da cidade, uma luta armada que redundaria na morte de Simplício Augusto Leite, José Leite Filho e do major Eusébio Tomás de Aquino, restando ferido o prefeito municipal coronel Raimundo Augusto Lima. Essa data vincou a tradição do lugar como o dia do barulho, pela monstruosidade e repercussão que produziu na política cearense, vistos os detalhes a seguir consignados. Eram as primeiras décadas do século XX e nas comunas do Nordeste interior famílias de senhores feudais detinham o poderio de mando, arrebanhando tropas de cabras armados de rifles, mosquetões, bacamartes e fuzis, impondo, à força bruta, seus domínios. Em Lavras, as coisas não se dariam de outro modo. A hegemonia política da localidade coubera a dona Fideralina Augusto Lima, que mandara e desmandara, no sabor de seus humores, até sua morte em 1919, cuja herança contemplou, sobretudo, aos filhos, genros e outros parentes próximos.
O prefeito Raimundo Augusto Lima, neto da matriarca, no dia aziago, instigado pela agressividade de um irmão, Gentil, viu-se face a face com os mentores principais da facção rival, de armas em punho. Por pouco escapou de ser fulminado de morte nas escaramuças, recebendo balaço de raspão no curso das costas ao crânio, em disparo de rifle, depois de negacear o corpo ao contato do cano da arma adversária. Dentre outros que participaram do tiroteio figuravam Anselmo, Dori e Luiz Teixeira Férrer, vulgo Lela, este que depois contrairia núpcias com Maria, filha de Gustavo Augusto e viúva de José Leite Filho, tombado no conflito. Apesar das perdas em vida registradas, o grande perdedor da refrega, no entanto, seria, a posteriori, o coronel Gustavo Augusto Lima, filho de Fideralina e pai dos dois envolvidos Raimundo e Gentil Augusto, então deputado estadual e presidente da Assembléia Legislativa do Estado, ausente da cidade naquele dia sangrento. Devido à morte do major Eusébio Tomás de Aquino, seus filhos Roldão e Raimundo Augusto de Aquino, vulgo Raimundo de Eusébio, juraram vingança ainda sobre o corpo do pai. Escolhido por objeto da vindita, o coronel Gustavo era também o padrinho de batismo de Roldão, um dos filhos de Eusébio. Visto isso, restou a Raimundo o papel de perpetrar o ato premeditado."
Dona Fideralina Augusto Lima
Passados, pois, um ano e dias do ocorrido no centro de Lavras, a 28 de janeiro de 1923, em Fortaleza, na Praça do Ferreira, ocasião em que o coronel Gustavo, ao lado de duas filhas, Luisinha e Maria Luísa, tomava assento no bonde do Outeiro para se deslocar à sua residência na Avenida Dom Manuel, e tombaria vítima de disparos de revólver deflagrados por Raimundo de Eusébio. A data lavraria greve golpe na família Augusto pelas sérias consequências impostas ao mando político, abalo multiplicado logo adiante na história com as ações desarmamentistas da Revolução de 30 e outras providências de dissolução dos feudos estabelecidos desde os primórdios da colonização." Pesquisador e escritor EMERSON MONTEIRO.

Jorge Emicles, Manoel Serafim, Juliana Pereira e Emmanuel Arruda
 Manoel Severo, Dr Tavinho e Sabino Bassetti
 Paulo de Tarso e Rejane Augusto
Calixto Junior, Zé Tavares e Antônio Vilela
Cariri Cangaço 10 Anos
Almoço na Fazenda Pau Amarelo
26 de Julho de 2019, Lavras da Mangabeira-CE