Seguidores

segunda-feira, 12 de junho de 2017

O INCRÍVEL, FANTÁSTICO E INACREDITÁVEL CAUSO DO SEQUESTRO DE LILI CANGACEIRA PELO CORONEL SEVERO

*Rangel Alves da Costa

Já foi dito aqui sobre quando Lili Cangaceira foi raptada pelo Coronel Severo. E que também depois disso houve uma batalha sangrenta. De um lado, o grupo cangaceiro comandado por Ivanildo Silveira, e do outro, pela honra dos coronéis, o Coronel Archimedes. Nem queiram saber o fim dessa refrega. Ou queiram, pois vou contar.
E vou contar quase com punhal no pescoço. Ou coisa pior, pois fui ameaçado de até ser salgado e exposto no arame acaso não leve ao mundo a verdadeira história do rapto dessa verdadeira Sabina pelas mãos do ardiloso Coronel Severo. E quem me forçou a fazer isso, a conta tudo, tim-tim por tim-tim, foi nada mais nada menos que o potentado Coronel Aderbal Nogueira, o raio da silibrina em forma de gente. Eita fi da gota temido.
Certamente que contarei ao mundo, pois no Mundaréu e arredores ainda hoje não se fala noutra coisa. Mesmo já passados todos esses anos, mas parece que não há outro proseado melhor do que quando a bela e sibite cangaceira caiu nas graças do perigoso Severo e por este foi abocanhada quase em meio à cangaceirama. As más línguas chegam até dizer que não houve bem um sequestro, mas um oferecimento da fogosa Lili para ser carregada nos braços do coronel. Mas vamos lá, antes que Coronel Aderbal aviste o cuspe secando.
Pois bem. Naqueles idos do tempo, o bando cangaceiro descambou do sol que nem lagartixa suporta do Raso da Catarina e veio num galope de pé cortando a mataria agrestina até se abeirar do coito do Mundaréu. Não era a primeira vez que o bando chegava ali, pois quase como passagem para outra banda da Bahia através de Sergipe. Mas não só por causa disso não, pois os mandachuvas de Mundaréu tudo amigo e protetor do líder da cangaceirama. Assim como os coronéis Paulo Gastão, Antônio Vilela, Ângelo Osmiro, Kydelmir Dantas, Raul Menelau, Romero Araújo, Antônio Corrêa Sobrinho e Geziel Moura, dentre muitos outros.
Ainda hoje é famosa a trova do tremelico: “Paulo Gastão se treme todo quando avista cangaceiro e o tremelico só passa quando dá muito dinheiro...”. Já com o Coronel Ângelo Osmiro diziam: “Eu conheço um coronel que paga bem a coiteiro e pra não ser ameaçado manda sacos de dinheiro, mas um dia viu o bando e a correr foi o primeiro...”. Interessante também a invencionice popular com relação ao Coronel Kydelmir: “Foi Coronel Kydelmir que disse que ia capar cangaceiro e que se algum aparecesse esse era o derradeiro, mas quando o bando chegou serviu de bode a carneiro e ajoelhado prometeu ser um servo por inteiro...”.



Foi, pois, em meio a esse mundo de poderosos, de coronéis donos do mundo, que o bando se estabeleceu depois das andanças do Raso até o Mundaréu. Bando comandado pela liderança absoluta do Capitão Ivanildo Silveira, também conhecido como “da lei”, era sem dúvidas o segundo maior cangaceiro de todo o chão nordestino, eis que o outro todo mundo já conhece em verso, prosa e bala. A intenção de seu bando era ficar pouco tempo, apenas descansar e seguir viagem rumos às terras de Exu, onde se dizia que havia um sanfoneiro sem igual. E o bando era apaixonado pelo ronco da boa sanfona.
Já perto da partida, eis que o coiteiro Carlos Mendonça correu para avisar ao poderoso Coronel Severo, o famoso Manoel Severo das terras-sem-fim, sobre a existência no bando de uma cangaceirinha que era a coisa mais linda do mundo: Lili Cangaceira. Dizem que era a Brigitte Bardot dos sertões, a Marilyn Monroe dos carrascais, a diva que fazia a lua apaixonada e o sol em tempo de endoidar. E também quase endoida o Coronel Severo. Talvez até tenha malucado mesmo perante tanta beleza da Lili Cangaceira.
Coiteiro de honra vendida, logo Carlos Mendonça fez chegar aos ouvidos de Lili que logo mais adiante um coronel a esperava com um saco de ouro. E Lili foi. Assim que a cangaceira se aproximou, então Severo deu início ao sequestro. Lili ora gritava me deixe, ora me leve, ora me solte, ora me agarre. Enquanto isso um barco já os esperava nas beiradas do Velho Chico. Mas coisa feia veio depois, assim que o mesmo coiteiro correu para agradar o Capitão Ivanildo e dizer que a bela Lili havia sido sequestrada pelo famoso coronel.
Essa história dá um livro. Mas vou dizer apenas que nas disputas entre as honras, de um lado a honra cangaceira e na outra a honra coronelista, enquanto o Capitão Ivanildo avançava o Coronel Archimedes Marques já o esperava por detrás do serrote. Quem venceu a guerra? Ninguém. Talvez somente Severo e Lili, que viveram felizes para sempre.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

OS FILHOS DO CANGAÇO.

Por Adauto Silva

José Maria, então com três anos de idade, filho do cangaceiro Satyro “Gato” (compadre de Lampião), morto num combate em Piranhas. A mãe é Ignacia Maria de Jesus – “Ignacinha”, que esteve presa e pertenceu a grupos de bandoleiros. 

Gato e Inacinha

O menor José Maria foi entregue ao Dr Nestor Selva, juiz municipal de Mata Grande, por intermédio de uma desconhecida, acompanhada do seguinte bilhete, escrito por “Lampeão”, pois o pai não sabia ler nem escrever: 

“Mando esta criança para ser entregue ao juiz de direito para ele criar. Não maltrate meu portador. Como me assino “Lampião”. 

A criança veio da fazenda “Castanha”, em Mata Grande.

Fonte: facebook
Página: Adauto Silva
Grupo: Lampião, Cangaço e Nordeste
Link: https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste/?multi_permalinks=659404920935122%2C659372530938361&notif_t=group_activity&notif_id=1497295568019804

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

O TIRO DE UM POTENTE BACAMARTE..!



Pense nun vei macho, difícil não é dá o tiro. Difícil é segurar o bacamarte.Segura, vei!... Momento exato do tiro... Eita estrondo...!

Fonte: facebook
Página: Louro Teles
Grupo: Lampião, Cangaço e Nordeste
Link: https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste/?multi_permalinks=659361677606113%2C659270080948606&notif_t=group_activity&notif_id=1497279120400727

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

ARTESÃO DE POMBAL/ DÉCADA DE 1960.


Seu Lau 

De repente eu vi essas lamparinas e resolvi escrever esse texto.

Seu Lau era o pai de Zé de Lau. Ele era artesão em flandres ou "fladeleiro" como o sertanejo costumava denominar esses profissionais que não existe mais.

A oficina de seu Lau era na sua própria casa, na Rua Estreita.


Seu Lau fabricava copos, funis, lamparinas, regadores e o famoso "copo de dente", aquele que ficava exposto acima do pote para pegar a água. 


Os "dentes "exposto como em um serrote tinham como objetivo impedir que este fosse usado direto do pote a boca do preguiçoso, que não queria utilizar o corpo de alumínio. 


Aos sábados, seu Lau vendia a sua produção em uma banca exposta defronte ao Bazar de Suas Nicacio.

Fica aqui a lembrança de seu Lau, um velhinho simpático e que fez parte da história da nossa cidade. 

Podemos aqui lembrar de outros artesãos em flandres e couro das ruas de Pombal década de 1960.


Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

LAMPIÃO GOVERNADOR DO SERTÃO

Do acervo do pesquisador Ruy Lima
Lampião e Juriti

Lampião tinha sequestrado Pedro Paulo Magalhães Dias, um inspetor da Standard Oil Company (ESSO). O fato aconteceu na estrada de Triunfo para Vila Bela (atual Serra Talhada). Pedro Paulo era natural da cidade de Sabará, em Minas Gerais, e, por isso, ficou conhecido como Mineiro. Lampião pedia vinte contos de réis para libertá-lo, o dinheiro deveria ser entregue na Fazenda Varzinha, local indicado por Lampião.

Percebendo o estado de espírito do prisioneiro, Virgulino tranquilizou-o afirmando:

– “Se vier o dinheiro eu solto, se não vier eu solto também, querendo Deus”.

Durante o tempo em que esteve preso por Lampião Mineiro, testemunhou a vida dos cangaceiros e traçou o perfil de Virgulino, segundo sua avaliação.

Resolveu libertar Mineiro, antes porém, teve uma longa conversa com ele.

Falou para Mineiro, por sentir-se naquele momento Senhor Absoluto do Sertão, que poderia ser Governador do Sertão. Mineiro perguntou-lhe, caso fosse governador, que planos teria para governar. Ficou surpreso com as respostas, que revelaram ter Virgulino conhecimento da situação política da região, conhecendo seus problemas mais urgentes.
Lampião afirmou:

– “Premero de tudo, querendo Deus, Justiça! Juiz e delegado que não fizer justiça só tem um jeito: passar ele na espingarda!

Vem logo as estradas para automóvel e caminhão!

– Mas, o capitão não é contra se fazer estrada? – objetou Mineiro.

– Sou contra porque o Governo só faz estrada pra botar persiga em cima de mim. Mas eu fazia estrada para o progresso do sertão. Sem estrada não pode ter adiantamento, Fica tudo no atraso.

Vem depois as escolas e eu obrigava todo mundo a aprender, querendo Deus.

Botava, também, muito doutor (médico) para cuidar da saúde do povo.

Para completar tudo, auxiliava o pessoal do campo, o agricultor e o criador, para ter as coisas mais barato, querendo Deus” (Frederico Bezerra Maciel).

Mineiro ouviu e concordou com Virgulino. O que acabara de ouvir representava uma parte da sabedoria do cangaceiro.

Lampião então, senhor de si, ditou para Mineiro, uma carta para o governador de Pernambuco, com a seguinte proposta:

” Senhor Governador de Pernambuco.

Suas saudações com os seus.

Faço-lhe esta devido a uma proposta que desejo fazer ao senhor pra evitar guerra no sertão e acabar de vez com as brigas… Se o senhor estiver de acordo, devemos dividir os nossos territórios. Eu que sou Capitão Virgulino Ferreira Lampião , Governador do sertão, fico governando esta zona de cá, por inteiro, até as pontas dos trilhos em Rio Branco. E o senhor, do seu lado, governa do Rio Branco até a pancada do mar no Recife. Isso mesmo. Fica cada um no que é seu. Pois então é o que convém. Assim ficamos os dois em paz, nem o senhor manda os seus macacos me emboscar, nem eu com os meninos atravessamos a extrema, cada um governando o que é seu sem haver questão. Faço esta por amor à Paz que eu tenho e para que não se diga que sou bandido, que não mereço.

Aguardo resposta e confio sempre.

Capitão Virgulino Ferreira Lampião , Governador do Sertão.

Seria Mineiro o portador dessa carta, colocada em envelope branco, tipo comercial, com a subscrição:

Para o Exº Governador de Pernambuco – Recife” (Frederico Bezerra Maciel).

Mineiro notou que quase todos os cangaceiros eram analfabetos. Lampião sabia ler bem, mas escrevia com muita dificuldade. Antonio Ferreira lia com dificuldade e não escrevia. Apenas Antônio Maquinista, ex-sargento do Exército, sabia ler e escrever.

Enfim Lampião solta Mineiro, num ato que se transformou em festa, com muitos discursos e a emoção dos participantes.

Mineiro reconheceu nos cangaceiros, pessoas revoltadas contra a situação de abandono do sertão. Agradeceu a Deus os dias que passou na companhia de Lampião e seus cabras. Teceu elogios a Virgulino por sua personalidade capaz e inteligente. Afirmou que levava a melhor impressão de todos e que iria propagar, que o capitão e os seus, não eram o que diziam deles.

Lampião pediu então a Mineiro que dissesse ao mundo a verdade.

Despediu-se Mineiro de todos, abraçando um por um os cangaceiros:

Luís Pedro, Maquinista, Jurema, Bom Devera, Zabelê, Colchete, Vinte e dois, Lua Branca, Relâmpago, Pinga Fogo, Sabiá, Bem-te-vi, Chumbinho, Az de Ouro, Candeeiro, Vareda, Barra Nova, Serra do Mar, Rio Preto, Moreno, Euclides, Pai Velho, Mergulhão, Coqueiro, Quixadá, Cajueiro, Cocada, Beija Flor, Cacheado, Jatobá, Pinhão, Mormaço, Ezequiel Sabino, Jararaca, Gato, Ventania, Romeiro, Tenente, Manuel Velho, Serra Nova, Marreca, Pássaro Preto, Cícero Nogueira, Três cocos, Gaza, Emiliano, Acuana, Frutuoso, Feião, Biu, Sabino.

Fontes: Varzinha.net
Blog portal são Francisco
Imagem: Lampião, comandante do Batalhão Patriótico
Autoria: Lauro Cabral de Oliveira (1926).

2ª. Fonte: facebook
Página: Ruy Lima
Grupo: Historiografia do Cangaço
Link: https://www.facebook.com/groups/1617000688612436/permalink/1783315338647636/

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

OS CANGACEIROS DE VILA BELA

Do acervo do pesquisador José João Souza

As consequências da violência aplicada na colonização para tomar as terras indígenas estavam presentes no sertão nordestino até o início do século XX, nas relações semifeudais de produção, na fragilidade das instituições responsáveis pela lei e justiça, nos homicídios de famílias, na violência sexuais, nos roubos de gado e de terras, no analfabetismo e na pobreza extrema. 


Diante desse quadro, os sertanejos buscaram fazer justiça com as próprias mãos. O cangaço foi um movimento social com abrangência em todo sertão nordestino. Apenas no município de Vila Bela, atual Serra Talhada em Pernambuco, nasceram mais de 200 cangaceiros, basta lembrar que Sinhô Pereira e Luiz Padre comandaram em torno de 80 homens. 

O monsenhor Afonso Pequeno arregimentou mais de uma centena deles para socorrer um parente em questões políticas no Ceará. Antônio da Umburana, Zé Saturnino, Nego Tibúrcio, Antônio Matilde e Antônio Rosa eram homens que detinham em seu poder grupos de cangaceiros. E a maioria deles, filhos de Vila Bela. Segundo o escritor Frederico Bezerra Maciel, em agosto de 1928, existiam cinquenta e oito cangaceiros presos na cadeia de Vila Bela. O nome de Vila Bela estava tão relacionado com o cangaço, que no ano de 1939, o Governador de Pernambuco, Agamenon Magalhães, resolveu mudar o nome da cidade para Serra Talhada. 

Lembramos que, muitos e muitos nomes, quer seja de batismo ou de guerra, perderam-se no anonimato, mesmo assim, foi relacionado nomes de 73 cangaceiros, que pertenceram ao bando de Lampião, que todos os indicativos mostram, terem nascidos no município de Vila Bela.

1 - Virgolino Ferreira (Lampião)

2 - Antônio Ferreira
3 - Livino Ferreira
4 - Ezequiel Ferreira
5 - Antônio Matilde
6 - Marreca
7 - Isaias Vieira ( Zabelê)
8 - José Cesário (Coqueiro)
9 - Balisa
10 - Genésio Vaqueiro
11 - Sabino Gomes
12 - José Delfino
13 - José Dedé
14 - Luiz Gameleira
15 - Luiz Macário
16 - Mergulhão do Pajeú
17 - Marreca doPajeú
18 - Satil
19 - Sabiá
20 - Vila Bela
21 - Antônio Bráz (Mão de Grelha)
22 - Mariolino Bráz (Mourão)
23 - Joaquim Bráz
24 - Luiz Bráz (Giboião)
25 - Dé Araújo
26 - Mariano
27 - Chumbinho
28 - Cicero Costa (Lavandeira)
29 - Laurindo Batista Gaia (Açucena)
30 - Badoque
31 - José Benedito
32 - Manoel Benedito
33 - Olimpio Benedito (Carrossel)
34 - Artur José Gomes (Beija Flor)
35 - Antônio Gomes (Antônio Cacheado)
36 - João Marques (Cacheado)
37- Euclides Gomes (Euclides Cacheado)
38 - Cajueiro (da Vila de São Francisco)
39 - Sebastião (Cancão)
40 - Cícero Nogueira
41 - José Lopes da Silva (Mormaço)
42 - Piloto
43 - Manoel Tubiba
44 - José Tubiba
45 - Sebastião Tubiba (Balão)
46 - José Pereira Nogueira (Ventania)
47 - Zé Pretinho
48 - João Toím
49 - Joaquim Coqueiro
50 - Zé Melão
51 - Joaquim Mariano
52 - João Mariano
53 - Gato
54 - Três Cocos
55 - Chá Preto
56 - João Calaz
57 - Antônio Paixão (Gavião)
58 - Manoel Paixão (Bandeira)
59 - Cajarana
60 - Pedro Morais
61 - Antônio Morais
62 - Miguel Umbuzeiro
63 - José Terto
64 - Pedro Caboclo
65 - Antônio Clementino ( Fato de Cobra)
66 - Manoel da Silva (Manoel Preto)
67 - José Ramos de Oliveira (Pau de Agasalhar Urubu)
68 - Teodorico Cabeça
69 - Sipaubas
70 - Horácio
71 - Primo
72 - João Gavião ( dos Valões)
73 - Manoel Gomes da Silva ( Jacaré).


Fonte: Lampião. Nem herói nem bandido. A História!

De: Anildomá Willans de Souza

Fonte: facebook
Página: José João Souza
Grupo: Ofício das Espingardas
Link: https://www.facebook.com/groups/545584095605711/?multi_permalinks=844385462392238%2C844372875726830&notif_t=group_activity&notif_id=1497279894225881

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

VENDEDORES AMBULANTES DAS RUAS DE POMBAL DÉCADA DE 1960. LAMPARINA SEM PAVI.

Por Jerdivan Nóbrega de Araújo

Muito embora "Lamparina Sem Pavi" seja colocada no hall dos loucos das ruas de Pombal, ela não tinha nada de louca. "Lamparina" era uma batalhadora nessa luta pela sobrevivência que perneia as mulheres sertanejas.

"Lamparina sem Pavi" morava na Rua do Guindast, e tinha um filho que também chamávamos pela alcunha de "Lamparina", que ao completar a maioridade foi embora para São Paulo e nunca mais voltou a Pombal. 


Ela era vendedora de água, tapioca e cocada na "pedra da estação", no tempo em que a locomoção entre Pombal e Fortaleza era feita pela linha férrea.

— Água fria e gostosa a dez centavos a caneca. Pague antes de beber e devolva o copo que tem mais gente com sede. Se não beber agora só vai beber a água barrenta de Arruda Câmara,

E seguia de janela em janela, “Lamparina sem Pavi” vendendo água. De repente um moleque a chama pelo apelido, ela disparava tamanhos palavrões que fazia a freguesa desavisada se engasgar com a água que acabara de comprar.

Lamparina era o que chamávamos de "desbocada": Não tinha nem um respeito pelos seus clientes. Qualquer um que recusasse a sua oferta de venda ela o chamava de "fi de rapariga miseravo".


Como não era permitido adentrar os vagões de trem, a venda era feita através das janelas do trem e tinha que ser rapidamente. 

Também a época não existia o copo descartável: a água vendida era paga adiantada e servida no copo de "Lamparina". Cansada de perder copos ao arranque do trem, Lamparina inventou de amarrar o copo que servia água a um cordão. Vez por outra um cliente cortava o cordão e levava o copo de "Lamparina Era ai que se ouvia o grito:

-Seu fi de rapariga miseravo, devolva meu copo seu fi da puta.


Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

MOSSORÓ 90 ANOS DA RESISTÊNCIA


Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguaino José Romero de Araújo Cardoso

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

LAMPIÃO E A RAINHA DO CANGAÇO MARIA BONITA

Por Noádia Costa

No final de 1929, o temido bandoleiro das caatingas se encantou pela beleza da baiana Maria Gomes de Oliveira, que ficou conhecida como Maria Bonita.

Maria após o término de um casamento fracassado, conhece o rei do Cangaço quando se encontrava na casa dos seus país. Depois de olhares e interesse mútuo, iniciam um namoro que mudaria para sempre as suas vidas e transformaria o cotidiano do bando de Lampião.

Foto: Benjamin Abrahão

No final de 1930 Maria segue Lampião para a vida no Cangaço. Movidos pela paixão ou supostamente por uma atração, se tornaram companheiros naquela vida nômade e perigosa. Não podemos medir o tamanho dos sentimentos alheios. Se eles realmente se amaram, ou apenas viveram uma paixão intensa, são respostas que nunca saberemos, apenas imaginamos.

Foto: Benjamin Abrahão

Mas durante quase 8 anos dividiram angústias e alegrias pelos sertões do nordeste. E juntos tiveram morte trágica e violenta em Angicos. Perderam a vida, mas entraram para a história. A história desse casal foi contada por cordelistas, escritores, pelo cinema e inspirou muitas obras de arte. Passando a fazer parte do imaginário popular e inspirando alguns casais apaixonados. O que sabemos é que a maneira deles viveram sua história de amor.

Como diria o escritor Machado de Assis : 

" Cada qual saber amar a seu modo; o modo pouco importa; o essencial é que saiba amar"


Fonte: facebook
Página: Noádia Costa
Grupo: Historiografia do Cangaço
LinK: https://www.facebook.com/groups/1617000688612436/?multi_permalinks=1784151101897393%2C1783658231946680%2C1783659198613250%2C1783648298614340%2C1783424031970100&notif_t=group_activity&notif_id=1497140506795459

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

UM DESAFIO PARA QUEM VIVEU EM POMBAL. TODOS OS PERSONAGENS NAS FOTOS ESTÃO NO TEXTO, ALÉM DE OUTROS QUE NÃO TENHO FOTOS. 1969: A RUA DE BAIXO NÃO FOI À LUA

Por Jerdivan Nóbrega de Araújo

Estávamos a pouco mais da meia noite do dia 16 de julho de 1969. Na terceira janela, da esquerda, na casa de Godô, como acontecia todas as noites, um velho Rádio, fiel companheiro de mestre Álvaro, era o centro das atrações.

Soprava um vento frio e o céu estava estrelado como estreladas são todas as noites de Pombal.

Não mais do que duas televisões existiam em toda a cidade, e ainda em testes. Mesmo assim, era bem melhor continuar com o velho rádio como companheiro do que “ficar olhando aquela caixa de “abeias” como dizia Biino”.

Biino, velho tocador de fole dos cabarés de Pombal/PB

A Voz do Brasil era disputada pelos ouvintes atentos. Naquela noite em especial, havia mais ouvintes e até uma garrafa de cachaça, umas piabas na farofa e um pitu cozido, por Tinha de Godô, foram providenciados.

Havia mais de um mês que o assunto da Voz do Brasil era, entre uma e outra homenagem à “Revolução”, a viagem do homem à Lua. Uns queriam ouvir para desmentir; outros ouviam apenas por que nas noites da Rua de Baixo, quando não se estava jogando baralho e tomando cachaça, estava-se de orelha colada no rádio e tomando cachaça. Ainda mais que o Brasil havia acabado se classificar para a copa do México.

Olhar fixo no céu, os rádios ouvintes não queriam perder um só lance do que, para aquele povo, não passava de uma grande mentira.

De repente, na voz do repórter vem à contagem regressiva e lá estão os três heroicos americanos Armstrong Collins, e Aldrin, subindo em direção à lua.

Pelo menos foi assim em outras localidades!

Mas, não na Rua de Baixo!

Aqui o narrador até que se esforçava para convencer a plateia incrédula, numa comovente narração que deveria convencer, sem sombras de dúvidas, a toda a humanidade, que os americanos são capazes de tudo e que a democracia americana havia vencido mais uma vez os “vermelhos”, vindos já de dois fracassos na tentativa de ser o primeiro país a colocar um ser humano na face da lua.

Vista da Rua de Baixo (Rua Benigno Ignácio Cardoso D' Arão), o velho ourives judeu Benigno Ignácio Cardoso D' Arão e Godofredo Bispo, casado com Enedina Cardoso Bispo, neta do velho Benigno Cardoso e irmã de Severino Cruz Cardoso, tia de José Romero Araújo Cardoso

O repórter era incansável em sua narração. Afinal, se era bom para os Estados Unidos, deveria ser bom para o Brasil. - Já havia dito Kennedy, numa outra oportunidade.

— E seguem estes bravos americanos para uma aventura sem igual na história da humanidade. Um Foguete de 23 metros, batizado de Apolo XI, vai levá-los nessa histórica aventura, narrava emocionado o locutor de A Voz do Brasil.

Rua de baixo

Mas aqui, no chão enlameado da Rua de Baixo a história não era bem assim. Cândido se contorcia em sua cadeira de balanço e jurava que era tudo mentira.

— Ora, basta olhar para cima para se vir que é mentira: nem lua tem esta noite! Resmungava o incrédulo ouvinte.

— Seu Cândido tem razão: e mesmo se a lua estivesse no céu, como um foguetão de vinte e três metros vai pousar numa coisa do tamanho de uma bolacha peteca? — Retrucou Joãozinho de Chica.

Rua de Baixo

— Eu acho que esses americanos querem ser é Deus, mas, na verdade, o que falta neles é a presença de Deus... Aleluia, aleluia, aleluia... Falou em tom de pregação Genésio de dona Dôra, já de Bíblia aberta em mãos.

Zé de Dozinho e João Rapadura, mais espertos, tomavam a cachaça sem dar muita atenção à viagem cósmica dos americanos ou aos comentários dos descrentes pares, enquanto Dilau, já bêbado, tenta acertar a lua com uma pedrada.

Dilau

— Gente, será que isso não é cavilação de seu Raulino?- resmungou Biró de Onofre.

— Mas, me diz uma coisa: esse foguete tem mesmo 23 metros? - Indagou Cizenandro.

— Foi o que disse o rádio de mestre Álvaro. — defendeu Godô, que, em seguida, chamou Tana e mandou que este fosse até a casa do Pedreiro Natércio, pegar um escala para poder projetar as medidas do foguete, visualmente.

Crocodilo

Logo que a escala chegou, a procissão de cambaleantes e incrédulos bêbados seguiu pela Rua Benigno Cardoso, medindo o chão, até chegar aos vinte e três metros. Atrás de todos, Chico de Godô, Crocodilo e Chico de Ernesto disputavam o último gole de aguardente.

Chico de Ernesto

Medido os vinte e três metros, seguiu-se um silêncio, que foi quebrado pelo comentário de Zé da Viúva:

— Vixe diabos! Agora lascou! Como é que um foguetão do tamanho da chaminé da Brasil Oiticica vai subir até a lua? Se for assim eles vão encontrar a lua cheia de foguetão soltada por seu Inácio e, Pedro Corisco na Procissão do Rosário.

Seu Inácio dos fogos

— Eu quero é que eles levem um coice do cavalo de São Jorge para deixar de se meter com o que tá quieto. E vocês, seus cachaceiros fi de uma puta, que não tem o que fazer, vão fazer barulho na porta da puta que pariu. Onde já se viu a gente num poder dormir por conta de um bocado de desocupado? — falou seu Joaquim já irritado com o barulho.

Mestre Álvaro Benigno de Sousa

Mestre Álvaro, um homem da ciência, que até aquele momento não se pronunciara concentrado na voz do locutor, falou:

— Enquanto vocês acreditam ou deixam de acreditar se os americanos foram à lua, eles estão chegando lá e vão trazer o foguete cheio de ouro.

— Conversa seu Álvaro. Se a lua é de prata como eles vão trazer ouro? — corrigiu Cachorra Veia.

Diasa (Otacílio Trajano de Sousa)

Diasa diz que é coisa de americano, por tanto o “Bicho” vai ser águia. Dona Valmira de Zé Compressor discorda, e conta um grupo de três astronautas e no grupo três é burro.·.

A noite foi curta. O Rádio Alto Piranhas, já havia saído do ar. Pedro Jaca e Zé Capitula passam as com suas jumentas para buscar água no rio; Dussanto Fon – Fon, que faz o mesmo percurso, para olhar para trás, coça o calcanhar direito com o esquerdo, e segue sem entender o que tá acontecendo, para brechar as lavadeiras nos barrancos do rio; Zé Vicente começa a ensaiar as notas na sua Tuba, chico de Godor diz; “eu vou ali comer Terezão e volto já”, e não volta mais. E assim, a discussão, que continuou madrugada adentro, vai se dissipando com a chegada do sol e a volta da normalidade a Rua de Baixo

Outras garrafas de cachaça haviam sido providenciadas, de forma que ninguém sabia mais se o homem estava viajando para a Lua, Marte ou o diabo que os carregue.

De vez em quando, alguém ainda se lembrava de olhar para o céu e resmungar um balbucio, sempre na esperança de ver um ser vivente ou, quem sabe, um foguete de vinte e três metros que venha prová-los que os americanos realmente estavam a caminho da lua.·.

Foi a primeira grande conquista espacial do homem, porém, como disse Godô, o mais descrente:

— O homem foi à lua assim como dona Poncher, sogra de seu Valderir eletricista, viu discos voadores sobrevoando a Rua de Baixo.

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

http://blogdomendesemendes.blogspot.com