Acervo do Jaozin Jaaozinn
É um erro resumir todos os cangaceiros em um só, digo, dizer que todos entraram na vida de bandoleiro pelo mesmo motivo; da mesma forma citar que todo policial ou sertanejo entrou na volante para lucrar com os espólios. De fato, sempre houve essas ocorrências, mas nem todos praticaram ou adentraram no cangaço para esse fim. Pensando nisso, trago para vocês os três motivos de cangaço, ou os três tipos de cangaço, apoiados e apresentados por pesquisadores de peso, como Frederico Pernambucano. Os três motivos são direcionados somente aos bandoleiros. ✢ 𝐂𝐀𝐍𝐆𝐀𝐂̧𝐎 𝐂𝐎𝐌𝐎 𝐕𝐈𝐍𝐆𝐀𝐍𝐂̧𝐀
Este sem dúvidas foi o motivo principal que levou inúmeras almas para as entranhas malignas do clavinote: a vingança. Era comum no sertão antigo que, se alguém fizesse algum mal contra sua família, seja de ofensas ou mortes, você ou outro ficaria responsável em dar a resposta na mesma altura, sendo a principal a vingança. Ou tu cometia sozinho, ou tu criava um pequeno grupo para praticar o delito. Em outros casos, a polícia fazia o papel do inimigo. Esfomeados, sedentos e cansados da busca desenfreada de cangaceiros, quando passavam em alguma casa, e, na tentativa de tirar alguma informação, não conseguindo de forma pacífica, apelavam para a violência. Por muitas vezes moradores e suas famílias que nada tinham com bandoleiros, sofriam na mão da polícia; e isso alimentava a vontade de fazer vingança... "apanhar sem motivo?". No roubo de algum animal, pertences, alguma desonra, tomada de uma faca e até mesmo na retirada de um arame poderia desencadear em uma vingança e, consequentemente, na sua entrada por definitivo no cangaço.
Para aqueles que cometiam a vingança e não tinham com quem "se pegar", no caso de proteção de coronéis, políticos ou da família, o jeito era se refugiar em um bando cangaceiro ou então criar um. Nas guerras entre famílias poderosas, quase todos os membros de ambos os clãs eram perseguidos, sendo eles diretamente ou indiretamente ligados com a guerra, e uma das opções era se refugiar em grupos de homens armados já montados para combaterem os seus inimigos. Noutros episódios, os bandos abriam as portas para perigosos criminosos. Com suas imensas fichas de arbitrariedades, fazendo com que procurassem grupos de cangaceiros para se "livrarem" da polícia. Se estivesse sendo caçado por inimigos, pela política, por coronéis, por cangaceiros (geralmente de famílias inimigas) ou injustamente, o jeito era se valer àquele que tinha mais força: o cangaço.
✢ 𝐂𝐀𝐍𝐆𝐀𝐂̧𝐎 𝐂𝐎𝐌𝐎 𝐌𝐄𝐈𝐎 𝐃𝐄 𝐕𝐈𝐃𝐀
Este é diferente. Em certo tempo, no final da década de 1920 para 1930, a figura do cangaceiro quando chegava em povoados, além da sensação de terror, era quase sempre de um homem rico, ostentando moedas e medalhas no chapéu, adornos nos embornais, anéis nos dedos e na jabiraca, dentes de ouro, perfume importado e dinheiro por excesso, encantando moças pelo seu jeito de poeta, e mostrando superioridade pelo olhar e vestimenta. Essa visão fez muitos sertanejos largarem sua vida pacata/tranquila e enveredarem no caminho errante e perigoso do cangaço por dois motivos: ficar rico igual a eles e ser amado pelas mulheres igual a eles. A ideia era transformar o cangaço como uma forma de ganhar dinheiro fácil, um Cangaço como Meio de Vida. Porém, esqueciam-se dos perigos que os esperavam; das noites mal dormidas; da fome e da seca; dos fortes tiroteios; das sessões de torturas contra seus familiares; e das perdas precoces de seus amigos e amores. Foram poucos os que conseguiram essa proeza de lucrar com os furtos no fim da sina bandoleira; os outros foram pegos rapidamente ou então mortos nos primeiros combates.
E representando cada tipo de cangaço, temos:
(Primeira foto) Antônio Silvino, o Rifle de Ouro, entrou no cangaço para vingar a morte de seu pai cangaceiro Francisco Batista de Morais, Batistão do Pajeú, morto pela polícia;
(Segunda foto) O cangaceiro Corisco, o Diabo Loiro. Antes tinha servido o exército brasileiro em Aracaju/SE, mas acaba desertando após participar de uma falhada rebelião em 1924. Pratica seu primeiro crime de morte em um forró no antigo povoado de Monteiro/PB, sendo logo detido e sentenciado a 15 anos de prisão. Porém, no ano seguinte, consegue fugir da cadeia com outros homens e se embrenha na caatinga na procura de Lampião;
(Terceira foto) Cobra Verde era alagoano e trabalhava na fábrica de Pedra em Delmiro Gouveia/AL, onde ganhava pouco. Em depoimento para o jornal A Noite/RJ, entrou em 1936, no sub-grupo do cangaceiro Moreno II para ganhar "alguns cobres", já que o seu emprego não lhe agradava o bastante.
𝐹𝑂𝑁𝑇𝐸𝑆: 𝐶𝑎𝑛𝑔𝑎𝑐𝑒𝑖𝑟𝑜𝑠 𝑑𝑒 𝐴 𝑎 𝑍 - 𝐵𝑖𝑠𝑚𝑎𝑟𝑐𝑘 𝑀𝑎𝑟𝑡𝑖𝑛𝑠 𝑑𝑒 𝑂𝑙𝑖𝑣𝑒𝑖𝑟𝑎; 𝐴𝑝𝑎𝑔𝑎𝑛𝑑𝑜 𝑜 𝐿𝑎𝑚𝑝𝑖𝑎̃𝑜 - 𝐹𝑟𝑒𝑑𝑒𝑟𝑖𝑐𝑜 𝑃𝑒𝑟𝑛𝑎𝑚𝑏𝑢𝑐𝑎𝑛𝑜 𝑑𝑒 𝑀𝑒𝑙𝑙𝑜; 𝐵𝑙𝑜𝑔 𝑀𝑎𝑛𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝐻𝑖𝑠𝑡𝑜𝑟𝑦 - 𝑡𝑒𝑥𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝐴𝑙𝑑𝑒𝑟; 𝐵𝑙𝑜𝑔 𝐿𝑎𝑚𝑝𝑖𝑎̃𝑜 𝐴𝑐𝑒𝑠𝑜 - 𝑡𝑒𝑥𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝐼𝑣𝑎𝑛𝑖𝑙𝑑𝑜 𝑆𝑖𝑙𝑣𝑒𝑖𝑟𝑎; 𝑐𝑎𝑛𝑎𝑙 𝐹𝑎𝑡𝑜𝑠 𝑛𝑎 𝐻𝑖𝑠𝑡𝑜́𝑟𝑖𝑎: 𝑁𝑜𝑟𝑑𝑒𝑠𝑡𝑒 𝑒 𝐶𝑎𝑛𝑔𝑎𝑐̧𝑜 - 𝑌𝑜𝑢𝑡𝑢𝑏𝑒; 𝑐𝑎𝑛𝑎𝑙 𝐶𝑎𝑛𝑔𝑎𝑐̧𝑜𝑙𝑜𝑔𝑖𝑎 - 𝑌𝑜𝑢𝑡𝑢𝑏𝑒.
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