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segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

LIVRO “PARAHYBA NOS TEMPOS DO CANGAÇO”

Por Antonio Corrêa Sobrinho

O que dizer de “PARAHYBA NOS TEMPOS DO CANGAÇO”, livro do amigo Ruberval de Souza Silva, obra recém-lançada, que acabo de ler, senão que é trabalho respeitável, pois fruto de muito esforço, dedicação; que é texto bom, valoroso, lavra de professor, um dizer eminentemente didático da história do banditismo cangaceiro na sua querida Paraíba. É livro de linguagem simples, sucinto e objetivo, acessível a todos; bem intitulado, pontuado, bem apresentado. E que capa bonita, rica, onde nela vejo outro amigo, o Rubens Antonio, mestre baiano, dos primeiros a colorizar fotos do cangaço! A leitura de “PARAHYBA NOS TEMPOS DO CANGAÇO” me fez entender de outra forma o que eu antes imaginava: o cangaço na terra tabajara como apenas de passagem. Parabéns e sucesso, Ruberval!

Adendo: José Mendes Pereira

Eu também recomendo aos leitores do nosso blog para lerem esta excelente obra, e veja se alguns dos leitores  possam ser parentes de alguns cangaceiros registrados no livro do Ruberval Souza.

ADENDO -  http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Entre em contato com o professor Pereira através deste 
e-mail: 
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NATAL

Clerisvaldo B. Chagas, 25 de dezembro de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1808

    Para quem mergulha nos recônditos da História sobre o Natal, amplia um vasto conhecimento sobre o mundo pagão e o cristianismo. E se tiver a intenção em se demorar, deve levar o escafandro, porque o tema há de percorrer tantas páginas que formará um livro. E entre tantas teorias e teses dos letrados, vamos misturando as frases corriqueiras da época, entre compras, abraços, festas, tristezas e solidão. Apesar das estripulias, horrores e maluquices do mundo, a presença forte e invisível do filho de Deus, parece tocar forte no coração do bom e do bandido. Um aglomerado de sentimentos do leque interminável de religiões, antes fragmentado, compõe por algumas horas o que deveria ter sido melodia o ano todo e não foi.

Não tem como – mesmo na felicidade máxima ou na melancolia extrema – não se render a reflexão sobre o Cristo e à própria vida trazida ou arrastada até o fórum natalino. É assim que cumpro a minha parte de aliança com o Mestre, todo dia 25 de dezembro. Em qualquer lugar onde eu me encontre e possa, procuro realizar meu ritual sagrado, aliança forte entre eu e ELE em que qualquer pessoal pode participar conosco. Porém, o motivo da aliança, repousa somente entre eu, Jesus e uns poucos familiares mais de perto. Feliz quem tem suas devoções e se sente assistido em todos os momentos da vida. Parece que o aniversário do Homem é sempre uma oportunidade de recomeçar por outra vereda, a partir do início da vereda escolhida, trilhada e errada.

O dia sagrado de hoje é indicado para reunir a família diante da mesa farta, mediana ou pobre, com a importância maior para o aconchego familiar. Nada impede o ajuntamento de pessoas amigas e até desconhecidas na ceia fraternal em louvor ao Senhor dos Mundos. E se mandamentos de fraternidade não têm sido observados no decorrer do ano, o Natal serve bem para nos abrir os olhos para a frase resumo do cristão: “Quem não vive para servir, não serve para viver”, tantas vezes repetidas pelo meu genitor como forma de aprendizado. Mas se a bondade que arrebatamos no evento não se perpetuar, vamos a indagação: E para que serve o Natal? FELIZ NATAL E PRÓSPERO ANO NOVO.

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FELIZ NATAL!

*Rangel Alves da Costa

As luzes acendem e apagam. De repente o brilho e num instante as sombras. As aparências não traduzem as realidades. Há sorrisos e alegrias, há semblantes de regozijo e de contentamento, mas também os ocultos com outras feições. Um dezembro que chega e se vai disfarçando a vida, vez que promessas se escondem em impossibilidades. Mas é Natal. Então, Feliz Natal.
Já não se ouve a harpa melodiosa de Luis Bordón. Os cartões natalinos já não são entregues pelos carteiros festivos. As lembrancinhas singelas deram lugar aos brilhos modistas. Os presépios e enfeites natalinos escassearam nas residências. Apenas o comércio pisca o seu apelo às compras. O Papai Noel já não encanta tanto. A ceia permanece como teimosia. Em tempos de crise e de dias tão difíceis, muitos só desejam que apenas tudo passe e um novo ano talvez chegue melhor.
Nada de Carrossel do Tobias nem de passeio no parque. Pipocas coloridas, algodões adocicados e maçãs do amor, tudo se esconde na memória. Folhinhas e calendários só para clientes bons. Pessoas caminhando e escolhendo presentes, pessoas voltando sem nada comprar. Qual a alegria de conviver num período assim, sem que quase nada possa fruir daquilo que chama e oferece? Ora, esta a idealização materialista daquilo que na cristandade possui outra feição.
Ainda assim sempre será Natal. Mas um Natal vivenciado de modo estranho e incompreensível. Aqueles que podem, que possuem recursos para a compra e a fartura, e aqueles que pouco ou nada podem, e que se contentam em se revestir da significação maior do Natal. Não mais como antigamente, mas na sensibilidade da compreensão do Natal como um período sagrado. Muito diferente daqueles cuja comemoração significa apenas mais um festim entre o luxo e o esbanjamento.
Nestas contradições é que o Natal de agora chega e vai embora. Mesmo em férias ou em tempo maior de repouso, poucos aproveitam o período para a reflexão, a meditação, o reencontro consigo mesmo. As viagens não deixam, os preparativos festivos impedem que se encontre um tempo para si próprio. Amigos enfermos são esquecidos em seus leitos, pessoas carentes são relegadas ao esquecimento.
Mas nada que impeça em dizer: Feliz Natal. Feliz por que se espera que cada um alcance sua felicidade e espalhe tal contentamento entre os seus e perante o mundo. Natal por que significando nascimento, natividade, um novo ser que nasce ou renasce para uma nova vida, que é sempre a mesma aprimorada nas melhores virtudes e atributos do ser humano. E Feliz Natal por que o nascimento do menino em Belém deve ser visto também como um novo tempo de felicidade surgido em cada um.
Mas não é fácil vivenciar o tempo natalino. Muito fácil dizer que tenha feliz natal, muito fácil enviar uma mensagem natalina via computador ou celular e dar por resolvida a recordação. E quando depois tudo passa? O Natal, muito mais de ser apenas uma data comemorativa de natividade, deveria servir como um período de reflexões profundas sobre as contradições desse mundo e dessa vida.
Perante as contradições, os prantos estão escondidos, os soluços estão estancados, os lenços restam jogados, os olhos apenas brilhosos. Ou talvez não. O período natalino faz aflorar sentimentos mais que vorazes. São dias em que as nostalgias e as tristezas assomam como enxurrada no ser. Mas ainda assim, Feliz Natal.
Famílias se reúnem ao redor de mesas, bebidas e taças reluzem, presentes são abertos, abraços trocados, palavras bonitas ditas. Tudo é tanta e tamanha felicidade. Ou talvez não. Barracos tristonhos e mesas vazias, crianças famintas e silêncios forçados, um Papai Noel que não chegou - por que nunca chega - e uma noite tão empobrecida como ao redor de uma manjedoura. Mas ainda assim, Feliz Natal.
Amigos secretos, nada discretos, esfuziantes. Uma joia cara, um perfume importado, uma gravata Hermès, uma caneta Mont Blanc, um vinho da melhor safra. Ora, as pessoas têm direito a compartilhar suas amizades, suas alegrias e felicidades. Ou talvez não, ainda que tanto deseje dividir ao menos um pão. Cadê o panetone, cadê o chester ou mesmo um frango qualquer? Cadê o vinho de mesa barato, cadê o refrigerante, cadê um pano de chita pra Zefinha fazer uma roupa bonita? Não tem. Nada disso tem. Apenas as luzes apagadas numa árvore de natal que nunca existiu. Mas ainda assim, Feliz Natal.
Pelas ruas da cidade ainda os brilhos festivos. Os coros nas catedrais anunciam as missas e as cantatas da caristandade. Em muitos jardins residenciais, as hienas iluminadas são apenas parte de uma decoração de céu estrelado, piscando, piscando. Os presépios são adornados de uma riqueza tal que talvez um menino burguês ali estivesse deitado em berço de seda. Contudo, as estrebarias, as manjedouras, as camas de capim e o silêncio entristecido dos desvalidos, não estão muito distantes dali, pois num mesmo mundo se dividem os que têm estrelas e os que apenas avistam a ideia de luz.
Mas ainda assim, Feliz Natal!

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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A ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE PATU.

Por Aluisio Dutra de Oliveira

A estação ferroviária de Patu foi inaugurada em setembro 1936. A solenidade contou com a presença do governador do Rio Grande do Norte, Rafael Fernandes, do Prefeito Provisório de Patu, Rafael Godeiro da Silva, do engenheiro Dr. Artur Pereira Castilho que na ocasião representou o inspetor geral das estradas de ferros do Brasil e representou também outras autoridades federais, estaduais e municipais.


A estação ferroviária de Patu ficava localizada no quilômetro 158 da ferrovia Mossoro RN - Souza PB.

Na gestão do prefeito de Patu, Possidônio Queiroga (2001-2008), a estação foi reformada onde foi construída a Praça José Pereira de Queiroz, popularmente conhecida como Praça do Povo. 


Na Gestão da prefeita Evilasia Gildenia (2009-2016) e do Secretário de Educação e Cultura, prof. Aluísio Dutra de Oliveira, foi fundado no prédio da estação o Museu Padre Antônio Brilhante. 

Em Junho de 2011, a convite da Secretaria de Educação e Cultura, o grupo de artistas da Terra de Lampião que na época saia pelo sertão homenageando os grandes cangaceiros que escreveram a história dos homens bravos do Nordeste se apresentou em Patu na estação ferroviária. Na bagagem carregavam recitais de poesias, feira de artesanatos e apresentação do Grupo de Xaxado Cabras de Lampião. Foi o Projeto GUERREIROS DO SOL: NAS VEREDAS DO CANGAÇO, que visou fortalecer a identidade cultural do homem sertanejo. Os cabras de lampião fizeram uma grande peleja com os cabras do cangaceiro patuense, Jesuíno Brilhante. Foi uma festa inesquecível.


Em setembro de 2011, por ocasião da Feira da Cultura de Patu, o Professor Aluísio Dutra de Oliveira, então secretário de Educação e Cultura, realizava a I FLIPATU - Feira Literária de Patu - que aconteceu no prédio da Estação Ferroviária (praça do Povo), recebendo todo o apoio da administração municipal. 

A estação ferroviária de Patu está preservada.
Nossos Parabéns! !!!


Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzagueano José Romero de Araújo Cardoso

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A HISTÓRIA DE JESUÍNO BRILHANTE

POR JOSÉ ROMERO DE A. CARDOSO - Professor

Chamava-se Jesuíno Alves de Melo Calado, nascido em 1844, em Patu, Rio Grande do Norte. O sítio Tiuiú foi seu reduto, firmando seu valhacouto inexpugnável na casa de pedra da Serra do Cajueiro, próximo ao local onde nasceu.

Fez-se chefe de Cangaço devido a intrigas com a família Limão, protegida por influentes potentados rurais das províncias do Rio Grande do Norte e da Paraíba. Mello (1985, p. 92) afirma que “seus principais biógrafos são unânimes em reconhecer-lhe o caráter reto e justiceiro”.

Jesuíno Brilhante agiu no semi-árido paraibano e potiguar, quando a instituição do escravismo ainda vicejava de forma proeminente, refletindo as exigências da classe dominante em fazer valer seus interesses em detrimento de valores humanos.

O cangeceiro transformou-se em ´Robin Hood´, intervindo em prol dos humildes em diversas oportunidades, com ênfase quando da grande seca de 1877-1879, atacando comboios de víveres enviados pelo governo imperial, distribuindo-os com famintos e desvalidos dos sertões ermos e esquecidos.

Mello (id.; ibid.) afirma ainda que “como principais asseclas podem ser mencionados seus irmãos Lúcio e João, seu cunhado Joaquim Monteiro e mais os cabras Manuel Lucas de Melo, o Pintadinho; Antônio Félix, o Canabrava; Raimundo Ângelo, o Latada; Manuel de Tal, o Cachimbinho; José Rodrigues, Antônio do Ó, Benício, Apolônio, João Severiano, o Delegado; José Pereira, o Gato; e José Antônio, o Padre.”

Entre as mais fantásticas de suas ações encontram-se o ataque à cadeia de Pombal, na Paraíba, no ano de 1874, e a resistência à prisão em Martins, Rio Grande do Norte, em 1876.

Embora tenha feito várias alianças com chefes políticos, a exemplo da firmada com o comandante João Dantas de Oliveira, a fim de que houvesse condições de atacar a cadeia de Pombal, intuindo libertar o irmão e o pai, que ali se encontravam prisioneiros, Jesuíno se indispôs com o mandonismo local devido à sua ética.

A negativa em assassinar o eminente professor Juvêncio Vulpis Alba, em Pombal, rendeu-lhe a inimizade com o todo poderoso João Dantas, o que resultou em conluio deste com o Preto Limão, para que o vingador sertanejo fosse assassinado.

Jesuíno morreu de emboscada no Riacho dos Porcos, em Belém do Brejo do Cruz, na Paraíba, no final da seca de 1879, atingido por carga de bacamarte disparada pelo visceral inimigo Preto Limão.
BIBLIOGRAFIA

JASMIN, Élise, Cangaceiros, Ed. Terceiro Nome, São Paulo, 2006

MELLO, Frederico Pernambucano de., Guerreiros do Sol - O banditismo no nordeste brasileiro, Ed. Massangana, Recife, 1985

NONATO, Raimundo, Jesuíno Brilhante, o cangaceiro romântico, Fund. Vingt-un Rosado, Mossoró, 2000

http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/caderno-3/a-historia-de-jesuino-brilhante-1.450382

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LIVRO ROTEIRO DA COLUNA PRESTES


Coriolano Dias de Sá, ex-Desembargador do TJ-PB, natural de Bonito de Santa Fé-PB. Autor deste excelente livro: "Roteiro da Coluna Prestes", publicado 2010, que se encontra esgotado. São 400 páginas de conteúdos de primeira linha.

Quem desejar adquirir este e outros livros, contato: 

franpelima@bol.com.br e whatsapp 83 9 9911 8286.(Obs. 

Tenho somente um exemplar desta obra)

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1º ENCONTRO DA FAMÍLIA PEREIRA DO PAJEÚ

Por Sousa Neto
Foto Sousa Neto - Confira...!...

1º ENCONTRO DA FAMÍLIA PEREIRA DO PAJEÚ.

SERRA TALHADA-PE, ACONTECEU, ONTEM, DIA 03/09/16.

Nele, estiveram presentes, dezenas de familiares dos ex-cangaceiros Sinhô Pereira e Luiz Padre, dentre outros.


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NOTA DE SOLIDARIEDADE AOS LUTADORES E LUTADORAS DE PAU DOS FERROS


A ADUERN – Associação dos Docentes da UERN – vem, através desta nota, expressar toda a sua solidariedade aos manifestantes, que no dia 14 deste mês, foram vítimas de brutal repressão policial quando protestavam ordeiramente na Câmara Municipal de Pau dos Ferros exigindo uma audiência pública para debater, com os segmentos da sociedade, o Projeto de Lei que proíbe a discussão de gênero nas escolas do município.

Na oportunidade, estudantes, professores e professoras, trabalhadores, pais e mães de família foram agredidos com jatos de spray de pimenta, socos e empurrões pela Polícia Militar. A ação aconteceu a mando da Presidência da Casa e com o consentimento de boa parte dos vereadores, que assistiram de camarote ao massacre àqueles e àquelas que só buscavam debater democraticamente.

Entendemos que um projeto de Lei que proíbe a discussão sobre gênero e sexualidade nas escolas representa um imenso retrocesso na luta histórica contra todas as formas de opressão, em especial as praticadas contra mulheres e LBGTI’s.

Também avaliamos que é inadmissível a forma como os manifestantes foram tratados dentro da Câmara de Pau dos Ferros. Os métodos da PM foram dignos de um estado de exceção, com completa violação ao direito de livre expressão e democracia.

Para a ADUERN proibir o debate de gênero e sexualidade nas escolas, impedir que pesquisadores e especialistas de apresentem suas opiniões sobre a temática e reprimir segmentos da sociedade interessados em contribuir com a discussão é legitimar toda a brutal violência LGBTfóbica, que alarga os índices anuais de assassinatos de gays, travestis, lésbicas e transexuais.

A ADUERN expressa seu irrestrito apoio aos manifestantes que resistiram na Câmara de Pau dos Ferros, muitos deles, inclusive professores da UERN. Estaremos lado a lado com todos e todas que se postarem contra o ódio e a ignorância e em defesa de um mundo mais livre, plural, democrático e onde as pessoas possam viver e amar sem temer.

ADUERN - Associação dos Docentes da UERN

Jornalista

Cláudio Palheta Jr.


Telefones Pessoais :

(84) 96147935

(84) 88703982 (preferencial) 

Telefones da ADUERN: 


ADUERN


Cep: 59.625-620
Mossoró / RN
Seção Sindical do Andes-SN
Presidenta da ADUERN

Rivânia Moura

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzagueano José Romero de Araújo Cardoso

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UM COITEIRO

*Rangel Alves da Costa

O sol deitava sua língua de fogo sobre os carrascais sertanejos. Tempo quente, fervendo, abrasador. Somente às sombras dos pés de pau é que se podia ter um repouso menos angustiante depois das veredas percorridas. E assim estava aquele homem parecendo lanhado de tudo, na pele, na roupa, na alma. Mas era apenas um coiteiro depois de mais um contato.

Mas não era normal que coiteiro estivesse assim, todo rasgado e estropiado, como se de uma guerra estive se salvado por sorte. Fato é que aquele se imaginou perante a iminência de um fogo cruzado que jamais existiria. Ao menos por enquanto. Deixado o local onde o bando de cangaceiros estava arranchado, mais adiante ouviu vozes e passos pelas caatingas. É a volante, pensou. O mundo vai se acabar agora, imaginou. Então, temendo ser o primeiro alvo, embrenhou-se de tal modo entre cipós, pontas graúdas e espinhos, que nem o mais afoito bicho do mato teria mais ligeireza. Era a vida correndo perigo.

Porém não daquela vez. Não sabe bem se caçadores ou pessoas desavisadas andando por aquele território tão hostil e perigoso. Ora, por todo lado o perigo dos cangaceiros e das volantes. Logo adiante um coito nos escondidos e também veredas tantas vezes percorridas pelos volantes no encalço do bando cangaceiro. Ele conhecia aquilo tudo como a palma da mão, igualmente sabia que era besteira maior andar por ali sem algo muito importante a fazer. E ali era o seu mundo por que um dia se viu lançado na sina triste de ser coiteiro.


Sina triste e perigosa. Não bastasse o sertanejo ter uma vida tão difícil em meio às secas e estiagens, à pobreza e à desvalia de tudo, as injustiça e opressões, aos desmandos e submissões, ainda ter de se envolver numa guerra onde não era nem caça nem caçador, mas tão somente auxiliando um dos lados dessa trincheira sangrenta. Mas com sua razão de ser. O lado que ajudava e defendia era precisamente aquele que lutava com sua bandeira, o estandarte aviltado pelo poder e sua lança implacável perante o pobre homem da terra.

Num sertão onde a lei vigente era somente a escrita e reescrita pelo poder, onde os reclamos pelas opressões não possuíam respostas e os da terra eram tratados como bichos de ordem e de açoite, certamente que o homem vitimado sempre tendia ao lado que ao menos se mostrasse lutando por sua luta. E este era o lado cangaceiro. Ademais, ninguém suportava mais ter na sua porta uma força policial que sempre se mostrava com a mais bestial desumanidade. Não eram outros, senão as forças volantes, que extorquiam, que maltratavam, que sangravam, que matavam. Culpar apenas o cangaço pelo terror era não querer enxergar o mal trazido pela farda e pela patente.

Quando mais jovem, ele mesmo - naquele momento ainda estropiado debaixo do pé do pau – já havia sofrido na pele a maldade da volante. E não foi outro o motivo de enveredar como homem de apoio ao bando cangaceiro que de vez em quando se fazia presente na região. Certo dia, a volante chegou à sua porta e foi logo apontando arma. Ou dizia onde o bando estava acoitado ou pagaria com a vida. Ele não sabia sequer que os cangaceiros estavam por ali. Assim mesmo foi amarrado e levado até o tronco de uma baraúna, onde foi chicoteado até ter o corpo todo sangrado. Pensou que ia morrer. Mas ainda não havia chegado o seu dia. E assim acontecendo com inúmeros homens honestos e trabalhadores pelos rincões matutos.

Daí em diante se tornou coiteiro. Um acaso que mais tarde se tornou em ritual de passagem. Quando, doutra feita, quem bateu à sua porta foi o bando cangaceiro, ao invés de medo se sentiu encorajado para servir no que fosse preciso. Matou um bode, acabou com tudo o que tinha na despensa, mas diminuiu a fome daqueles homens de chapéus estrelados e adornos brilhosos. Mateiro, conhecedor de cada canto e recanto da região, detalhou cada local onde o bando poderia repousar sem grande perigo de ser surpreendido. Ganhou tamanha confiança que logo recebeu a incumbência de levar a cangaceirada até um destes locais. E no outro dia retornou levando mais carne fresca.

Vida difícil a de coiteiro. Servindo como elo entre o bando e o mundo exterior, não só transportava alimentos, dinheiro, armas, munições, remédios, panos e linhas, como intermediava os grandes encontros com os portentosos que subsidiavam – em troca de forjadas amizades e de proteção – a existência e subsistência daquela luta sem trégua. Por isso mesmo a implacável perseguição também ao coiteiro e a sua maestria em ser um terceiro e primordial elemento nessa guerra de fim de mundo.

Mas ele não podia pensar muito. Mesmo ferido na fuga da inexistente volante, precisava agir rápido antes que os soldados pudessem surgir a qualquer instante. Ademais, levava no bolso uma missiva das mais importantes, e nela dizendo: “Coronel Timóteo, as armas prometidas ainda não chegaram. O dinheiro também não. Já cuspi no chão. Não deixe secar. Cap. Lampião”.


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ENTREVISTA FEITA COM SÍLVIO BULHÕES - O FILHO DE CORISCO E DADÁ | O CANGAÇO NA LITERATURA #109

Por Voltaseca Volta
https://www.youtube.com/watch?v=uWMfEMe7pVs&app=desktop

A pedido do entrevistador estamos postando a ENTREVISTA feita com SILVIO BULHÕES...o filho do casal Corisco e Dadá..que foi criado pelo padre Bulhões...Confiram..!


Publicado em 18 de dez de 2017
Enfim, entrevistamos Silvio Bulhões, filho dos cangaceiros Corisco e Dadá. Nossa meta é conhecer Sílvio, como nasceu, como conheceu sua mãe e como cremou seu pai. Nosso canal dá outro grande passo na pesquisa. E aí? Gostou?
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