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quarta-feira, 23 de maio de 2018

BEIJA, BEIJA, BEIJANDO

Clerisvaldo B. Chagas, 23 de maio de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.907
Para a sensibilidade da professora Vilma Lima e o escritor Avelar

        Ele veio devagar, tudo observou e de repente: vupt! Para trás. O tempo adiantou, ele veio novamente e anotou na sapiência de que não mais havia intrusos na vigilância. Fomos carinhosamente observá-lo na pequenez, no balanço compassado do seu ninho. Pé ante pé, com medo de um voo súbito, alcançamos êxito. Ele estava ali concentrado na sua missão, o Cuitelinho, a bizunga, o colibri... O beija-flor, porque seu feminino não existe. Deitadinho, chocava os dois minúsculos ovos que havíamos visto antes. Que maravilha! Exclamava o vigia da escola e eu.  Sim, foi mesmo na Escola Helena Braga das Chagas que a folhagem abrigou a ave da inocência e da formosura. Naquela rotina abençoada do trabalho, logo viramos cúmplices, eu e o vigia, da perpetuação do belo.

BEIJA-FLOR (FOTO DIVULGAÇÃO).

A sensação de que estávamos protegendo aquela criaturinha de Deus, nos fez um bem danado! Contudo, a nossa iniciação como protetores da Natura, nos rendeu também um casal de rolinhas brancas namoradeiras que, sentindo a mão amiga da escola, chega todas as manhãs no passeio apaixonado por sobre o muro amarelo-ouro. O casal observa como se indagasse se pode andar por sobre os tijolos rejuntados. E como se tivesse absorvido um “Sim”, ambos mergulham no verdume que cobriu Adão e Eva no começo do mundo. As rolinhas brancas, simbolizando a paz, arrulham entre si e, o beija-flor, depois, sobrevoa os apaixonados da árvore vizinha, voando para frente, para trás, parando no ar e aprovando o remexido selvagem no abrigo.
Os ovinhos irão eclodir e, as mamães daquelas aves, irão se preciso ofertar à vida para alimentá-las, criá-las e entregá-las aos perigos do mundo. E como disse o repentista: “coração de mãe é cofre de se guardar amargura”, o da minha mãe, da sua e da humanidade. Sigo o caminho da paz das rolinhas brancas; e sobre o colibri, ave troquilídia, melhor lembrar o compositor Zeca Baleiro:

"Não se admire se um dia
Um beija-flor invadir
A porta da tua casa
Te der um beijo e partir
Fui eu que mandei o beijo
Que é para matar meu desejo
Faz tempo que eu não te vejo
Ai que saudade d'ocê".


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NADA ACONTECE

*Rangel Alves da Costa

Já se passaram das cinco horas da tarde e nada aconteceu. Nada aconteceu e parece que nada vai acontecer. Simplesmente por que nada acontece.
Hoje o leiteiro não veio. Todos os dias, às cinco da manhã, ele desponta já gritando que “oi o leite, oi o leite”. Mas hoje o leite não chegou.
Hoje o jornaleiro também não veio. Ainda mais cedo que o leiteiro, pois lançando seu jornal entre as grades bem antes das cinco da manhã, hoje eu não encontrei nenhuma notícia espalhada entre os cantos empoeirados.
Como de costumo, assim que levanto logo apronto um cafezinho bem forte para tomar. Hoje coloquei a água para ferver, depois comecei a mirar os espaços, e acabei esquecendo que a xícara já estava até com o café granulado.
Não sei o motivo de assim acontecer. Também me esqueci de abrir a janela e nem me dei conta de caminhar em meio às folhagens caídas de um jardim sem flores. O sol já estava alto quando seus reflexos começaram a entrar pelas frestas.
A Bíblia ficou no seu lugar e o Salmo colhido ao acaso deixou de ser lido. Recordo apenas que sussurrei um evangelho inteiro enquanto dobrava minha rede de dormir. Sorte a minha que não havia compromisso marcado para a manhã, pois certamente não o cumpriria.
Nada aconteceu. Estranho que assim tivesse acontecido desde que pulei da rede ainda na madrugada. Mesmo não havendo galo no quintal, sempre que digo que jamais permitirei que ele cante primeiro do meu levantar. Geralmente ainda está escurecido quando coloco os pés no chão.


Será que somente comigo assim aconteceu? Creio que não. A bem dizer, por aqui nada parecido com os versos e os reversos do Eclesiastes. Aqui tudo sempre acontece do mesmo jeito, ou nada acontece que seja diferente. Dia após dia e a mesma manhã e a mesma noite, o mesmo passar das horas, o mesmo sol e a mesma lua.
Quem dera que a ventania soprasse outros ares. Abriria ainda mais a janela para receber novas borboletas, novos colibris, novas folhagens secas. Deixaria a porta sempre aberta para que as notícias do vento entrassem em profusão. E quem sabe um acontecimento na natureza além das folhagens zunindo seus segredos.
Também não espero carteiro porque desde muito que não aparece. A última vez que passou por aqui acabou chorando com a carta que abriu antes de me entregar. “Cordiais saudações, apenas para dizer que acabou o que restava do nosso amor. Meus lábios já não são seus, meu beijo já não é seu. Tudo em mim cegou em sua direção...”. Foi o que o carteiro leu e chorou.
Não me dou mais o desprazer de ligar a televisão. Rádio apenas de vez em quando, quando chega o entardecer e quero relembrar meu sertão através da velha música caipira. Mas televisão de jeito nenhum. Só se ouve notícia escabrosa, ruim, corrompida, ensanguentada, coisa que ninguém suporta nem mais ouvir falar. Mas é o que mais acontece.
Mas quem sou eu para querer que as coisas mudem? Eu mesmo pouco mudo em minha vida. O mesmo café forte sem açúcar, a mesma poesia sem jeito de ser poesia, o mesmo cigarro aceso depois do café, o mesmo olhar marejado assim que a chuva começa a cair. Uma estátua, talvez, nas mesmices continuadas do mesmo jeito.
Certa feita me deu vontade de arrancar as asas de uma borboleta para ver o que acontecia. Mas achei que não tinha graça. Resolvi então escrever um livro na nuvem e sem jamais ter final. A cada dia surgia uma página diferente em branco e então resolvi que era melhor conversar sozinho.
E é o que sempre faço ainda hoje. Converso sozinho e me pergunto por que nunca nada acontece. Até que eu silencie de vez e no silêncio a resposta que um dia virá.

Escritor
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A FRANCESA E BRASILEIRA CHRISTIANE DE MURVILLE APRESENTA 'ATÉ QUANDO?'

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Graduada, mestre e doutora em Psicologia Clínica pela Universidade de São Paulo, com especialização em psicodrama e orientação profissional, Christiane Isabelle Couve de Murville dedicou a sua carreira ao atendimento psicológico individual e grupal de crianças, jovens e adultos, oferecendo oficinas de teatro espontâneo em contextos variados.

Também é bacharel em Ciência da Computação pela USP e sua dissertação de mestrado foi publicada pela editora Casa do Psicólogo. Morou sempre no Brasil, apesar da dupla nacionalidade, brasileira e francesa. Publicou a trilogia “A Caverna Cristalina” e a novela “A vida como ela é”, em português e francês, além de livros e artigos acadêmicos. Tem experiência artística em escultura, desenho, pintura, cerâmica e faz as ilustrações de seus livros.


“De forma lúdica e divertida, proponho ver a vida de um modo diferente, considerando a eventual possibilidade de o mundo não ser apenas o que captamos com nossos cinco sentidos habituais e convidando o leitor a imaginar planos vibracionais ou dimensões mais sutis compondo a realidade.”

Boa leitura!

Escritora Christiane de Murville, muito nos honra com a sua participação na revista Divulga Escritor. Conte-nos o que a motivou a escrever o romance “Até quando”?

Chirstiane de Murville - O que me motiva a escrever é a vontade de compartilhar algumas ideias e reflexões que considero interessantes e capazes de ampliar horizontes, inspirando as pessoas a buscarem realidades mais alegres, leves e luminosas para todos.

Composto de dois volumes, “Até quando? O Vai e vem” volume 1, já é sucesso internacional. Apresente-nos a obra.

Chirstiane de Murville - Quantas vezes repetimos situações já experimentadas, voltamos a visitar locais bem conhecidos, descobrimos parentes novos ou cruzamos com gente que não lembramos ao certo quando e onde já encontramos? Quem nunca caiu em esquemas de pensamentos repetitivos ou em algum registro emocional capaz de o aprisionar em alguma realidade particular? Este romance ficcional conta a aventura de João e de sua família, quando passam exaustivamente por inúmeras dessas situações em suas experiências na Terra, vivendo ora momentos de grande alegria e prazer, ora de extremo sofrimento e decepção, visitando tanto cenários infernais como paradisíacos. Mas até quando continuarão eles reeditando inúmeras experiências já vividas, repetindo comportamentos eventualmente pouco saudáveis, retornando a lugares já bem conhecidos e oscilando de humor? Em seu íntimo, cada qual quer provar o seu valor, mostrar a todos e convencer a si mesmo de que é uma pessoa honrada e virtuosa.

Qual o momento, enquanto escrevia o enredo, que mais a marcou?

Chirstiane de Murville - Um momento que considero marcante é quando João morre e, a seguir, se percebe em seu armazém de memórias, onde ele encontra registros de tudo que fez ou não, das confusões nas quais se envolveu, mas também de quem ele é de verdade, de seu potencial. Ele sente que precisa retornar à Terra para esclarecer equívocos e ajeitar situações que ficaram mal resolvidas. Necessita projetar novos episódios em sua vida e reeditar outros já vividos, até conseguir sentir-se satisfeito consigo mesmo, com o coração tranquilo e a consciência apaziguada, tendo realizado seu potencial de vida. No entanto, estariam João e sua família presos em projeções pessoais? Como fazer, então, para encontrarem a liberdade, para se livrarem de padrões repetitivos, formatações e condicionamentos diversos criados por eles mesmos e o coletivo no qual todos estão mergulhados?

Em que momento você chegou à conclusão que o romance seria composto de dois volumes?

Chirstiane de Murville - Entendi que a obra deveria ser apresentada em dois volumes quando observei que a história que estava escrevendo compunha-se de duas partes bem diferentes uma da outra. A primeira explora diversas situações, sensações e cenários que João encontra no mundo, descrevendo algumas de suas idas e vindas entre a Terra e seu salão mnêmico, sem no entanto que ele tenha clareza do que realmente lhe acontece. Já na segunda parte, João começa a se perguntar sobre o mundo que o rodeia e decide se libertar do esquema repetitivo no qual se percebe aprisionado.

Quais critérios foram utilizados para escolha do Título?

Chirstiane de Murville - O título surgiu naturalmente como uma decorrência da história, pois remete diretamente ao que acontece com João e sua família em suas idas e vindas entre seus armazéns mnêmicos e o plano de manifestação no mundo terreno.

Qual a mensagem que deseja transmitir ao leitor, por meio do enredo que compõe esta obra literária?

Chirstiane de Murville - De forma lúdica e divertida, proponho ver a vida de um modo diferente, considerando a eventual possibilidade de o mundo não ser apenas o que captamos com nossos cinco sentidos habituais e convidando o leitor a imaginar planos vibracionais ou dimensões mais sutis compondo a realidade. Depois de ler o “Até quando? O vai e vem”, uma blogueira literária parceira disse que ficou imaginando e se perguntando se a vida poderia ser mesmo assim, com diversas experiências terrenas acontecendo no tempo e cada qual tentando realizar seu potencial de vida e arrumar eventuais erros cometidos no passado, até se sentir em paz, com o coração leve e a consciência tranquila.

O que vamos encontrar no volume dois de “Até quando?”?

Chirstiane de Murville - No volume dois, João percebe que a turma que ele encontra em suas inúmeras aventuras terrenas é sempre a mesma. Ele começa a ter vislumbres de experiências antigas, pois o efeito das águas do esquecimento que ele teve que sistematicamente tomar para acalmar suas lembranças incômodas começa a se diluir. João desconfia que ele e sua família estão presos em esquemas emocionais e padrões de comportamentos e pensamentos repetitivos que contribuem para a formatação do mundo que ele encontra à sua volta. Mas ele quer se libertar dos condicionamentos e das formatações diversas que o mantém enroscado nesse vai e vem aparentemente interminável.

Christiane, você é bem participativa em eventos, recentemente, participou de feiras internacionais, quais foram as recentes participações?

Chirstiane de Murville - Estive recentemente na França, apresentando os meus livros no Instituto Cultural Franco Brasileiro Alter´Brasilis, em Paris. Depois fui à Suíça, onde participei do Salon du Livre et de la Presse de Genève, no stand da Cultive Art Littérature et Solidarité. Também ofereci uma palestra no Lyceum Club Internacional de Genève sobre as «Maravilhas da Chapada Diamantina» e a trilogia “A Caverna Cristalina” que acontece nessa região.

Como vem sendo a receptividade do autor brasileiro nestes eventos?

Chirstiane de Murville - O leitor europeu tem interesse por obras de autores estrangeiros e por tudo que se relaciona ao Brasil e à cultura brasileira. A trilogia “A Caverna Cristalina” chamava especialmente a atenção das pessoas, não apenas pela suatrama que entrelaça passado, presente e futuro, mas também pela sua ambientação na Chapada Diamantina, retomando as lendas e crenças locais e a história da região, desde o apogeu da mineração do ouro e dos diamantes até os dias de hoje. Até saiu uma nota sobre meus livros na página de cultura do jornal “Le DauphinéLibéré” do dia 5 de maio e fui convidada a participar de uma entrevista na RFI, Rádio França internacional, com o jornalista Élcio Ramalho. Também fiquei muito contente com o apoio recebido por autoridades locais como, por exemplo, a Embaixada Brasileira em Paris, que divulgou o evento no Alter`Brasilis, e a consulesa do Brasil em Genebra que veio pessoalmente prestigiar a presença de diversos autores brasileiros na feira de livros em Genebra.

Conte-nos, sobre o lançamento do livro no Brasil, onde será, horas, local.

Chirstiane de Murville - Haverá uma tarde de autógrafos e de lançamento do “Até quando? O vai e vem” no sábado dia 26 de maio, das 15h às 18h, na Livraria Martins Fontes Paulista, Av. Paulista, 509, em São Paulo.


Quem não puder comparecer ao lançamento, onde poderá comprar o seu livro?

Chirstiane de Murville - Quem não puder comparecer ao lançamento poderá adquirir o “Até quando? O vai e vem” e qualquer outro livro meu na Livraria Martins Fontes Paulista ou no site da editora Chiado.

Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor o romance “Até quando?” da autora Christiane de Murville. Agradecemos sua participação na Revista Divulga Escritor. Conte-nos em sua opinião o que cada leitor pode fazer para ajudar a vencermos os desafios encontrados no mercado literário brasileiro?

Chirstiane de Murville - Creio que o leitor deve sempre buscar o que o encanta e o faz se sentir bem, mais leve e em paz consigo mesmo. Entendo que, quando lemos um livro, entramos no universo que nos é apresentado pelo autor. Assim como devemos ser cuidadosos ao escolhermos os alimentos que ingerimos, que podem contribuir ou não à nossa saúde, da mesma forma é importante ficarmos atentos ao que escolhemos para alimentar o nosso mundo mental, ainda mais considerando que, talvez, o que pensamos ou onde colocamos a nossa atenção influencie poderosamente na realidade que encontramos à nossa volta.

Agradeço muitíssimo a oportunidade de participar dessa entrevista e de apresentar este meu novo livro, o “Até quando? O vai e vem”, aos leitores da Revista Divulga Escritor.


Divulga Escritor, unindo você ao mundo através da Literatura.
Com mais de 750 autores entrevistados, Divulga Escritor, se torna referência em entrevista jornalistica literária.

Quer conhecer nossa proposta, informe o livro que deseja divulgar para nosso editorial Email: smccomunicacao@hotmail.com

Apresentaremos proposta.

Todo nosso conteúdo pode ser publicado gratuitamente por sites, blogs,portais... que desejem auxiliar com a divulgação dos autores contemporâneos.

A todos o nosso muito obrigada, 
Sejam bem-vindos!

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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HOMENAGEM À MINHA QUERIDA MÃE!

Por Martha Menezes

Hoje faço referência por essa bela rainha de todas as mães é a melhor. Hoje, em especial veio aqui agradecer, nosso grande e poderoso Deus!, por conceder a minha linda mãe o mérito de mais um ano de vida. 95 anos de guerra e muitas vitórias, as vitórias bem maiores.

Parabéns, minha mãe querida! Aqui não cabe o que tem dentro de mim para expressar o quanto te amo. Agradeço há Deus por ter escolhido para sair do seu ventre. Feliz aniversário! Muita saúde, paz e muitos anos de vida.

Beijos, minha rainha!

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LIVROS DE AUTORIA DO ESCRITOR POMBALENSE JERDIVAN NÓBREGA DE ARAÚJO


Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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DONA DULCE MENEZES (EX-CANGACEIRA)

Por José Mendes Pereira

Dona Dulce Menezes é a única ex-cangaceira que está viva. Ela participou do grupo de cangaceiros do pernambucano Virgolino Ferreira da Silva, o temido sanguinário e afamado rei do cangaço o capitão Lampião.

Cabeças dos 11 cangaceiros mortos lá grota do Angico

Dona Dulce Menezes (hoje), 23 de maio de 2018 está completando 95 anos de idade, e para quem ainda não sabe, a ex-cangaceira foi uma das sobreviventes do confronto na Grota do Angico, em terras da cidade de Poço Redondo, no Estado de Sergipe, na madrugada de 28 de julho de 1938, onde morreram Lampião, Maria Bonita, nove cangaceiros e um soldado de nome Adrião Pedro da Silva. 


chacina aos cangaceiros foi comandada pelo tenente João Bezerra da Silva, que com muita dedicação ao seu trabalho foi o único homem que conseguiu eliminar Lampião e seu bando das caatingas do Nordeste brasileiro.

Cyra Britto e o tenente João Bezerra da Silva

Após tudo que passou junto com o cangaceiro Criança e após o cangaço continuou vivendo com o ex-cangaceiro, mas dona Dulce desistiu de viver com o Criança e passou a ser companheira de um outro senhor.

Ex-cangaceiro Criança

Estas informações foram cedidas a mim pela filha da ex-cangaceira dona Dulce Menezes a nossa amiga de trabalho de pesquisas Martha Menezes Ruas. 

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REVISTA 'O CRUZEIRO' REPORTA SOBRE JUSTIÇA EM JUNHO DE 1959 PARA QUEM SEMPRE VIVEU A MARGEM DA LEI

Material do acervo do pesquisador Sávio Siqueira

Em Salvador fomos encontrar o Dr. Estácio de Lima, professor da Faculdade de Medicina e da Faculdade de Direito e Diretor do Instituto Médico-Legal Nina Rodrigues. Não queríamos, nesta reportagem, apresentar apenas um lado da questão. Ao contrário, nosso objetivo era fornecer todos os dados, tôdas as razões alegadas tanto por uma como por outra parte, pois o público, e não nós, é que deve julgar. E para julgar precisa ter um conhecimento total do assunto. Do contrário, faríamos apenas baixo sensacionalismo, sem finalidade construtiva. Não nos interessa acirrar paixões cegas: a nós, interessa, apenas, que seja feita justiça, com serenidade e consciência. Assim, a palavra do Prof. Estácio de Lima, que é homem de grande inteligência e cultura, era absolutamente necessária que fôsse ouvida. Afinal de contas, que razões o levariam a manter os trágicos despojos no Museu que dirige, um Museu que é dos mais famosos, mais conceituados e mais sérios do Mundo? Sendo a Bahia o berço da nossa civilização, das nossas tradições cristãs, da nossa cultura, porque deveriam exisitir lá essas cabeças decepadas? Haveria alguma razão para tal? E se existisse, que razão seria essa? O próprio diretor do Departamento de Turismo da Prefeitura de Salvador, o escritor Carlos Vasconcelos Maia, que tem realizado um grande trabalho no seu setor, nos dissera que, do ponto de vista turístico, não havia nenhum motivo para a conservação das cabeças. A Bahia, com tantos encantos e tantas atrações, não precisava de tais troféus para mostrar aos seus visitantes. Pelo contrário, a maior parte dos turistas que iam ver as cabeças saíam marcados por uma impressão nauseante e desfavorável. Entretanto, conforme frisou êle, o Museu era um excelente centro científico e não um lugar de turismo. E se excusou de dar uma opinião específica, lembrando que a única pessoa habilitada para tal era o Prof. Estácio de Lima, um cientista brilhante e o responsável pelo Museu. Êste, por sua vez, não se negou a nos atender. E declarou: 

- As cabeças de Lampião e Maria Bonita foram ofertadas ao Museu, há vinte e um anos, pelo Prof. Lajes Filho, catedrático da Cadeira de Medicina-Legal de Alagoas. Aqui também estão as cabeças de Corisco, Azulão, Zabelê, Canjica e Maria, todos cangaceiros. Compreendo perfeitamente os sentimentos da família de Lampião. Mas precisamos, principalmente no campo científico, nos guiar pela razão, em vez de nos deixar dominar pelo sentimento. As cabeças estão conservadas pelo método egípcio de mumificação. Elas são documentos inestimáveis de uma época da criminalidade brasileira. Daqui a cem anos, elas ainda demonstrarão que Lampião não era um assassino nato, um lombrosiano. Êle era fruto de condições sociais, políticas e econômicas. Foi uma vítima do seu tempo e do seu ambiente. Essas cabeças são uma lição de tôdas as horas de que fenômenos, como o cangaceirismo, não podem nem devem ser exterminados com armas, mas sim com a criação de fatôres que não propiciem a sua eclosão. Dizem que elas não têm utilidade científica. Então, nada do que se encontra nesse Museu tem utilidade. Temos aqui corpos inteiros mumificados, esqueletos, fetos, monstros etc. Todos os restos mortais que aqui estão pertenceram a gente que também tem parentes, ou descendente. Deveríamos nesse caso enterrar tudo, não só dêste Museu, como de todos os outros que existem no mundo, inclusive as múmias egípcias. Por outro lado, é preciso lembrar que êste Museu é um centro científico. As cabeças não estão expostas em público, nem sofrem qualquer desrespeito. Em janeiro do ano passado estiveram aqui tôdos os professôres de Medicina-Legal e Antropologia do Brasil, reunidos em Congresso Nacional. Examinaram as cabeças e nenhum foi contra a sua conservação. Elas são peças científicas, como o são, por exemplo, os cérebros de Einstein e de Lenin, também conservados. As próprias religiões conservam os corpos dos seus santos. Entretanto, dizem que essas cabeças são como um estigma para a família de Lampião. Estigma, por quê? Se existisse algum estigma, êste não seria dado pelas cabeças mumificadas mas, sim, pelos atos de Lampião. E a lembrança deles não se apagará com o sepultamento dos despojos. Como já disse, porém, não há nenhum motivo de estigmatização, pois, hoje Lampião é visto e julgado não como assassino vulgar, mas como um produto do estado de coisas na sua época e no seu meio. Sabemos que os cangaceiros eram, não só recuperáveis, como um valioso material humano. E que fizeram os que hoje gritam pelas cabeças em prol dos cangaceiros que sobreviveram, aquêles que foram irmãos de luta e de sofrimento de Lampião? Nada. No entanto, eu fiz. Escrevi relatórios pedindo o indulto para todos ao Presidente da República. Rebelei-me contra o julgamento que queriam fazer em Volta Sêca, um julgamento de adulto, provando que êle era menor e depois lhe conseguindo a liberdade condicional. Trabalhei pela recuperação de todos e pela sua integração na sociedade. Continuo em contato com êles, ajudando-os nos seus problemas. Aí estão, vivos, trabalhando decentemente, com famílias constituídas, Labareda, Saracura, Cacheado, Velocidade, Deus Te Guie e muitos outros. Sabem quem são os guardas do Museu, os homens responsáveis inclusive pelas cabeças de Lampião e Maria Bonita? Labareda e Saracura, seus antigos companheiros, adimitidos por mim como funcionários de tôda a confiança. Nenhum dos antigos cangaceiros protesta, nenhum vê qualquer desrespeito pelo seu antigo chefe, todos compreendem o que aqui está. Os cangaceiros, meus amigos, são homens excepcionais, corretos, leais, sem o menor perigo de reincidência no crime, pois não são anormais. Foram presos exemplares e agora são cidadãos exemplares. As cabeças que aqui estão demonstrarão uma realidade social através dos tempos. Como poderemos, agora, por sentimentalismo, perder êsses documentos de uma época? Êste Museu, criado em fins do século XIX por Nina Rodrigues, tinha em seu poder as cabeças do famoso bandoleiro Lucas da Feira e de Antônio Conselheiro. Ambas se perderam no grande incêndio de 1905, que destruiu a Faculdade de Medicina e o Museu. Hoje, todos lamentam essa perda. Que dirão, no futuro, se destruirmos essas peças de tão alto valor para a ciência e a história? Sou humano e compreendo o que está ocorrendo. Mas, como já disse, não podemos nos deixar dominar pelo sentimentalismo, e sim pela razão. Êsse é o dever dos cientistas. E peço que também compreendam êste lado da questão.




Aí têm os leitores as razões apresentadas pelas duas partes interessadas no caso das cabeças mumificadas de lampião e Maria Bonita. O público é que deve julgar. Ambos os lados alinham motivos e considerações dignas de respeito. A questão deve ser decidida num plano alto. De qualquer maneira, enterrada ou não, a cabeça de Lampião permanecerá na história da nossa evolução social. Lampião foi incontestàvelmente um líder, um homem de grandes qualidades de chefia, um rebelado contra um sistema de coisas que imperava (e ainda não desapareceu de todo) no sertão nordestino. Dêle disse o Major Optato Gueiros, que o combateu:
- Lampião foi um gênio militar perdido. Um grande homem que o meio e as circunstâncias tornaram bandido.

A verdade é que as fôrças policiais que o perseguiam, as famigeradas volantes, eram tão ou mais sanguinárias que os cangaceiros. Para muitos sertanejos, a Lei e as autoridades que a executavam não passavam de opressores. Lampião, para muitos, foi um libertador, um vingador. E o dever de todos é trabalhar para que, nas caatingas nordestinas, desapareçam todos os fatôres que no passado criaram os cangaceiros e que hoje ainda fabricam bandidos. O cangaceirismo, tal como era no tempo de Virgulino, não pode ressurgir em virtude das estradas, da facilidade de comunicações pelo rádio, da aviação, das armas automáticas. Mas, infelizmente, só êsses elementos materiais é que impedem que, no Nordeste, surja outro Lampião. As condições sociais e econômicas, que ainda lá existem, permanecem como fábrica de injustiças, de miséria, de revolta e de desespêro.

A vida e morte de Lampião ficaram como marcos impagáveis. Discute-se ainda se êle morreu em combate, de surprêsa ou envenenado. A discussão é estéril. Grande importância tem, sim, a sua vida e as suas andanças. Nêle estavam retratadas fielmente tôdas as virtudes e todos os defeitos do nordestino. Capaz de gestos nobres e de atos sanguinários. Cruel e justiceiro. Bom e perverso. Grande na coragem, implacável na vingança, terno no amor. Êle era, ao mesmo tempo, um vaqueiro, um músico, um poeta e um cangaceiro. O seu primo, o Dr. Antônio Ferreira Magalhães, está justamente escrevendo um livro que abrange êsses diversos aspectos do seu famoso parente. O tempo passou e agora podemos vê-lo em conjunto, como êle realmente era. De tudo, porém, o mais tocante era o seu amor a Maria Bonita. Diante da morena baiana, o seu coração floresceu. E dêsse amor ficou um fruto, que o perpetuou em outros filhos. Agora, materialmente, Lampião e Maria Bonita estão reduzidos a duas cabeças que se encontram mumificadas num museu do Estado da Bahia. Devemos deixá-las onde estão ou devemos dar-lhes sepultura cristã? Essa é a questão.


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MINHA MÃE


 Por Severino Coelho Viana

Ó mãe querida dos meus amores
Com teus olhos verdes pela simplicidade,
No coração, ainda, carrego tua lealdade
Num jarro lindo, cheio de flores!

A tua voz que rezava forte oração
Que me livrava de tantos dissabores,
Em que eles aumentavam meus temores
Nos meus dias de grande aflição!

Nas veredas da vida ando crente,
Sentindo tua falta, infelizmente,
Nos difíceis momentos de ansiedade!

Com a voz firme, tu me alivias,
Vivo a rezar por ti, todos os dias,
Na solidão do meu quarto de saudade!

Pombal, 13 de maio de 2018
Severino Coelho Viana
 Autor

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso


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ORGULHO DO MEU LUGAR

Por: José de Sousa Dantas

Foi no SÍTIO SÃO JOÃO, 
município de POMBAL,
um lugar especial 
do interior do sertão,
eu me criei nesse chão
trabalhando no roçado,
criando e tangendo gado,
para a vida melhorar.
TENHO ORGULHO DO LUGAR
QUE NASCI E FUI CRIADO.
.
Engenho de rapadura,
casa de aviamento,
as festas de casamento,
a luta na agricultura,
os encontros de cultura,
espontões, congo e reisado,
glosa e verso improvisado
de poeta popular.
TENHO ORGULHO DO LUGAR
QUE NASCI E FUI CRIADO.
.
Lembro os banhos de açude,
de corgo, riacho e rio,
todo dia um desafio
naquele ambiente rude,
por mais que o tempo mude,
tudo em mim está gravado,
o que vivi no passado
não deixo de recordar.
TENHO ORGULHO DO LUGAR
QUE NASCI E FUI CRIADO.
.
(José de Dantas)

Sítio São João - Pombal/PB
Sítio São João - Pombal/PB
Rio Piranhas em sua passagem pelo Sítio São João - Pombal/PB


Sítio São João - Pombal/PB

Pombal/PB

Festa do Rosário - Pombal/PB

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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LIVRO REVELA A RELAÇÃO DE LAMPIÃO COM O SERTÃO DO PAJEÚ



Lampião é tema de mais um livro do escritor e presidente da Fundação Cultural de Serra Talhada, Anildomá Souza.

No próximo dia 25, no Museu do Cangaço, em Serra Talhada, haverá o lançamento de ‘Lampião e o Sertão do Pajeú’, com 210 páginas. O evento começa às 19h30.

“O cangaço se configura como um dos fenômenos mais intrigantes da história do povo nordestino. Com duração de quase 80 anos, teve no Sertão do Pajeú um de seus principais cenários. Lampião e o Sertão do Pajeú preenche uma importante lacuna na extensa bibliografia lampiônica. É um pedaço de Lampião que está sendo resgatado”, declarou Souza, completando:

“O Pajeú dos homens bravos, da poesia dos repentistas, dos cantadores, das belas mulheres, do rio mágico que aguça inspiração universal, foi também referência na construção mitológica do menino Virgolino ao Capitão Lampião”.

SERVIÇO:

Adquira o seu livro no Museu do Cangaço ou na Casa da Cultura. Ou pelos telefones (87) 3831 3860 e (87) 99918 5533. E-mail:lampiaoeosertaodopajeu@gmail.com

Outros lançamentos estão previstos pra Recife, Caruaru e até o mês de agosto será lançado em todas as capitais do Nordeste.


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