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segunda-feira, 26 de agosto de 2019

DR. EDSON LEITE DUARTE


Por José Mendes Pereira - (Crônica 95)
 Foto de encontro da família Duarte - Segundo Miriam Duarte - Da esquerda para direita: Irmã Aparecida, Maria das Dores Duarte, Valderi Paula(esposo), Elizabete Duarte, Luzete Maia Duarte(Viúva de Manoel Duarte Filho- Manoel Gogó), Iracema Duarte (Viúva de Antônio Duarte), Bernadete Duarte, Ataulfo Fernandes, Conceição Duarte(-casada com Ataulfo), Pedro Leite Neto, Maria Zélia Pinto (esposa de Pedro Leite), Wilson Duarte, Vilma Duarte(esposa de Wilson Duarte), Theresinha Duarte(minha mãe-esposa de Edson Duarte), Edson Leite Duarte(Meu saudoso pai in memorian), Aldezira Duarte (esposa de José ítalo) e José ítalo Duarte (in memorian).

Existem pessoas que nunca fizeram nada por ninguém e nem farão, porque o mais importante é: fazer para si própria, adquirir para resolver os seus problemas, as suas necessidades, as dos outros, que cada um resolva sem convocar ninguém para ajudá-lo.

Mas o mais importante na humanidade é que: enquanto um se nega a fazer algo por alguém outros estão ali, procurando, pelo menos amenizar os problemas dos outros sem olhar a quem.

No final da década de 60, do século XX, estendendo-se para o início da década de 70, eu ainda era interno da "Casa de Menores Mário Negócio", e vivia exclusivamente à custa do governo Estadual, e se, nós, internos éramos malandros, no bom sentido, muito mais era o governo estadual que nos sustentava sem nem ao menos, nós, batermos um prego numa barra de sabão, e tudo que os outros alunos como Railton Melo, Raimundo Feliciano, Jorge Braz, João Augusto Braz, eu outros  precisávamos, como roupas, alimentos, médicos, tratamentos dentários..., era dado pelo governo do Rio Grande do Norte.

Certa feita, precisando de tratamento dentário, à tarde, fui enviado pela diretora da instituição educativa, dona Ana Salem de Miranda (dona Caboquinha como era chamada, esposa de José Genildo de Miranda que era radialista e fora vice-prefeito de Mossoró), até ao gabinete dentário do odontólogo Dr. Edson Leite Duarte, que funcionava no térreo do prédio da "Sociedade União de Artistas", localizado à Rua Coronel Vicente Saboia, centro de Mossoró.

Enquanto o Dr. Edson Leite Duarte fazia os trabalhos dentários em uma paciente, lá fora, do outro lado da rua, em uma calçada, escandalosamente, um senhor chorava sem parar um só instante. Os transeuntes que por ali passavam naquele instante, todos queriam saber o porquê daquele escândalo e derramamento de lágrimas. Logo a notícia saiu: o senhor que chorava no momento sofria uma grande dor de dente.

E logo, o Dr. Edson Leite Duarte tomou conhecimento do pranto daquele homem, e mesmo meio trancado que era o seu jeito, abandonou a sua sala e foi até ao local onde o homem chorão estava, e o trouxe para o seu gabinete.

Acabar no momento o sofrimento daquele homem era impossível, porque não se pode fazer extração de um dente quando ele está inflamado, mas o Dr. Edson Leite Duarte o tangeu para dentro do seu gabinete, posteriormente, o trouxe para a sala de espera, e mandou que ali, junto com nós pacientes, sentasse.

Não sei o que ele fez para evitar aquela dor tão infeliz naquele homem, mas, mais ou menos 20 minutos depois, o senhor dormia sentado sobre a poltrona. Acredito que foi medicado com um tranquilizante qualquer, já que ele permaneceu dormindo enquanto eu permanecia à espera para ser atendido. Ao sair do local, o homem continuava dormindo.

Parabéns, Dr. Edson Leite Duarte, tenho certeza que o senhor foi muito importante para Mossoró, prestando os seus serviços odontológicos à população.

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MONSENHOR HUBERTO BRUENING


Por José Mendes Pereira - (Crônica 73)

Como eu não sou diferente dos outros seres humanos em 1972 eu me preparava para casar, isso porque é um desejo de todo ser que raciocina normalmente, um dia caminhar para o altar de uma igreja qualquer, levando consigo uma jovem, após isso, ser dono de uma casa, viver com a companheira que Deus os uniu, e juntos, construir uma honrada e linda família. 

Nessa época, eu morava no "Sindicato da Lavoura de Mossoró", porque eu já não mais residia na "Casa de Menores Mário Negócio", devido já ser de maior de idade. Naquele tempo, aquele que decidia casar era necessário um chamado banho, durante 5 noites, de segunda a sábado, nos horários a partir de 7:00 horas até às 8:00 horas. 

Catedral de Santa Luzia em Mossoró

Este banho era uma espécie de palestra, um padre ensinando como o homem deveria fazer como chefe de família, e quem me deu o dito banho em sua própria residência que ficava na mesma rua da Matriz de Santa Luzia, foi o Padre Huberto Bruening, que ainda não era Monsenhor. Este padre era pároco na Catedral de Santa Luzia em Mossoró, no Estado do Rio Grande do Norte. 

Padre Huberto era natural de São Ludgero, no Estado de Santa Catarina. Era filho de Reinaldo Bruening e de Isabel Rohden. Nasceu em 30 de Março de 1914. Era irmão do Padre Clemente Bruening, sobrinho do filósofo e teólogo Huberto Rohden, e primo irmão de Dom Afonso Niehues, que aqui em Mossoró, ele foi pároco por mais de 40 anos.

Numa sexta-feira que foi a última noite do banho assim que o padre Huberto Bruening terminou as explicações sobre a futura vida dois, e como chefe de uma casa e de família, olhando para mim com os olhos arredondados e arregalados por detrás dos seus óculos de graus, perguntou-me:

- Você se sente preparado para casar e tomar de conta de uma família mesmo? - Fez-me ele a pergunta meio trancado, como se estivesse duvidando da minha pessoa, que não estava preparada para  casar e tomar de conta de uma família

- Sinto-me, sim senhor..., preparado! - Respondi com firmeza ao pároco.

- Pois se você não estiver preparado e não tiver condições de sustentar uma família desista agora mesmo, e faça como eu, "crie abelhas".  

Dizia ele apontando em direção ao quintal da sua casa onde lá, ele criava abelhas jandaíra e abelhas africanizadas, uma espécie híbrida do cruzamento de abelhas-africanas com raças de abelhas europeias, são também conhecidas como abelhas assassinas, devido ao alto grau de agressividade e à capacidade de atacar coletivamente as possíveis ameaças às suas colônias.

- Mas repeti, dizendo-lhe que eu estava preparado para casar e tomar de conta de uma família.

- Eu preferi não casar, mas decidi criar abelhas. - Dizia-me ele. Elas são as minhas verdadeiras namoradas e companheiras! Com elas eu converso, eu as agrado e me sinto no meio delas como se todas fossem minha família. Entendeu? Quer casar mesmo?

- Quero, Monsenhor Huberto Bruening! Quero me casar!

E ele olhando com o olhar firme à minha direção, disse-me: 

- Depooois nãão diiiga queee o Paaadre Huberrrrto Brueninnng nãão lheee avisouuuuuu. - Dizia ele preparando um sorriso apenas no meio dos dentes, e com a sua voz compassada, cantando e alongando os fonemas de cada vocábulo.

Se você não gostou da minha historinha não diga a ninguém, deixa-me pegar outro.

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LIVRO “O SERTÃO ANÁRQUICO DE LAMPIÃO”, DE LUIZ SERRA


Sobre o escritor

Licenciado em Letras e Literatura Brasileira pela Universidade de Brasília (UnB), pós-graduado em Linguagem Psicopedagógica na Educação pela Cândido Mendes do Rio de Janeiro, professor do Instituto de Português Aplicado do Distrito Federal e assessor de revisão de textos em órgão da Força Aérea Brasileira (Cenipa), do Ministério da Defesa, Luiz Serra é militar da reserva. Como colaborador, escreveu artigos para o jornal Correio Braziliense.

Serviço – “O Sertão Anárquico de Lampião” de Luiz Serra, Outubro Edições, 385 páginas, Brasil, 2016.

Peça já o seu através destes emails:

O livro está sendo comercializado em diversos pontos de Brasília, e na Paraíba, com professor Francisco Pereira Lima.
franpelima@bol.com
Já os envios para outros Estados, está sendo coordenado por Manoela e Janaína,pelo e-mail: 
Coordenação literária: Assessoria de imprensa: Leidiane Silveira – (61) 98212-9563 

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QUILOMBOLAS

Clerisvaldo B. Chagas, 26 de agosto de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.169

FOTO: (deolhonosruralistas.com.br).
Naturalmente o amigo, a amiga, já conhece a palavra quilombola. Mas, para quem não sabe, é bom lembrar que os quilombolas, eram negros escravos fugidos dos engenhos de cana-de-açúcar, das fazendas, dos garimpos que se refugiavam em grupos, nas matas. A palavra tem origem no tupi-guarani Cañybó e significa: “aquele que foge muito”. Existem mais de quinze mil comunidades quilombolas no Brasil. Interessante, porém, é que essa palavra é usada na burocracia, na papelada pelo reconhecimento, nas organizações, mas popularmente é nula ou tem pouco uso. Hoje são os remanescentes dos quilombolas que moram no campo, nos sítios ou mesmo em lugares que se tornaram povoados.
Em Alagoas, terra de Zumbi dos Palmares, eles estão espalhados por todo o território. São organizados pela Fundação Palmares e que agora estão entrando no Programa de Cisternas. Cidades do Sertão e Agreste onde existem as comunidades quilombolas serão contempladas com cisternas de placas com capacidade para 16 mil litros cada. Trata-se de um programa exclusivo para essas comunidades, para água de consumo e produção de alimentos. Segundo divulgação, 35 cidades serão contempladas com um todo de 219 mil cisternas. Os órgãos envolvidos são Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MDH); Ministério da Cidadania (MC); Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária, Pesca e Aquicultura de Alagoas (Seagri).
A divulgação nos permite aplaudir mais essa conquista dos descendentes quilombolas e sua central de organização. Palmeira dos Índios, Delmiro Gouveia, Olho d’Água do Casado, Estrela de Alagoas, Traipu, Craíbas e Taquarana, estão entre as 35 anunciadas. Em geral, os quilombolas de Alagoas dedicam-se à Agricultura e à Pecuária em pequenas propriedades, produzindo alimentos para eles e para nós.
A luta diária numa comunidade de descendentes, não é fácil, mas como a “união faz a força”, as lutas organizadas pelos direitos vão se materializando, nem que sejam de grão em grão.
Nada foi em vão, ZUMBI!
FOTO: (deolhonosruralistas.com.br).


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NO PRÉDIO HISTÓRICO DA RAMPA COM O SR. WILLIAM POPP, EMBAIXADOR INTERINO DOS ESTADOS UNIDOS NO BRASIL

Foto – Ana Paula Andrade , SETUR
Rostand Medeiros – Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte – IHGRN
Através de um convite feito pela Secretaria de Turismo do Estado do Rio Grande do Norte – SETUR, eu estive hoje no prédio histórico da RAMPA para acompanhar a visita do Sr. Willian W. Popp, encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, o segundo no escalão dessa representação diplomática.
Foto – Charles Franklin de Freitas Góis
Como os Estados Unidos ainda não indicaram quem vai ser o titular do cargo de Embaixador em nosso país, o Sr. Popp é o atual responsável pelo comando do posto.
Foto – Charles Franklin de Freitas Góis
Estiveram acompanhando essa visita os membros do Consulado dos Estados Unidos em Recife o diplomata Daniel A. Stewart e Stuart Alan Beechler, funcionário desse consulado.
Com Daniel A. Stewart e Stuart Alan Beechler – Foto – Charles Franklin de Freitas Góis
Daniel e Stuart são dois bons amigos, que juntamente com o Cônsul Geral dos Estados Unidos em Recife, o Sr. John Barret, acompanham com atenção e possuem enorme interesse em nossa história comum.
Foto – Charles Franklin de Freitas Góis
Uma história que une durante a Segunda Guerra Mundial a antiga estação de hidroaviões da Rampa, juntamente com Parnamirim Field, Natal, o Rio Grande do Norte, o Brasil e os Estados Unidos.
Foto – Charles Franklin de Freitas Góis
Recentemente estive junto com Daniel, Stuart e o Sr. Barret no trabalho de resgate histórico e homenagens aos aviadores da Marinha dos Estados Unidos que pereceram em 10 de maio de 1944, na área rural do município potiguar de Riachuelo, em um acidente com um hidroavião Consolidated PBY-5A Catalina.
Mais detalhes sobre os eventos acontecidos em Riachuelo, veja esses links:
Carlos Ribeiro Dantas explicando o projeto – Foto – Charles Franklin de Freitas Góis
Coube ao arquiteto da SETUR Carlos Ribeiro Dantas, que trabalha com denodo e especial atenção na recuperação desse patrimônio histórico, conduzir os visitantes.
Foto – Charles Franklin de Freitas Góis
Carlos apresentou os serviços que estão sendo realizados e apontou as necessidades para a conclusão da obra. Posso testemunhar que os trabalhos estão sendo muito bem conduzidos e a entrega desse patrimônio ao povo potiguar se dará em breve.
Foto – Charles Franklin de Freitas Góis
Também esteve nessa visita Ana Paula Andrade, da comunicação da SETUR, bem como Hyvirng Ferreira, a Vivi, minha amiga da bela cidade de Patu e assessora técnica da EMPROTUR.
Foto – Charles Franklin de Freitas Góis
A minha participação nessa visita foi apoiar, quando necessário, os visitantes e os membros da SETUR com informações históricas.
Foto – Charles Franklin de Freitas Góis
Nessa visita, que durou quase duas horas, muito me chamou a atenção o fato do Sr. Willian Popp buscar informações sempre detalhadas sobre os aspectos técnicos da obra. Ele igualmente buscou conhecer as informações de caráter histórico sobre a utilização do prédio da Rampa pela aviação comercial dos Estados Unidos antes da Segunda Guerra e pelos militares da marinha do seu país durante o conflito.
Foto – Charles Franklin de Freitas Góis
O Sr. Popp comentou ser um fato que a existência do complexo militar americano no Rio Grande do Norte durante a Segunda Guerra é praticamente desconhecido nos Estados Unidos, bem como sobre os episódios aqui ocorridos. Mas informou que a história aqui existente é muito rica e interessante para o povo norte-americano e que a atuação conjunta da representação diplomática do seu país no Brasil e do Governo do Estado do Rio Grande do Norte pode ampliar essa informação e o conhecimento sobre Natal na Guerra.
Foto – Charles Franklin de Freitas Góis
Da minha parte recebi dos membros da SETUR total liberdade para expor ao Sr. Willian Popp meus pensamentos sobre esse período histórico.
Foto – Charles Franklin de Freitas Góis
Enalteci a importância histórica, social e cultural dos eventos aqui ocorridos, o fato dessa história comum ser algo que permeia todas as camadas da nossa sociedade, que em minha opinião os potiguares gostam e desejam aprender mais sobre esses fatos e outros aspectos que considerei pertinente.
Foto – Charles Franklin de Freitas Góis
Sob todos os aspectos foi um momento extremamente positivo e que possa gerar bons frutos para o turismo e para o conhecimento da história potiguar pelo seu povo.
Antes de chegar ao Brasil o diplomata William Popp foi conselheiro político da Embaixada dos Estados Unidos em Nairóbi, no Quênia, e atuou ainda em missões na Colômbia, Angola e Nicarágua.
Possui mestrado em Estratégia de Segurança Nacional pela Escola Superior de Guerra dos Estados Unidos, em Washington, mestrado em Artes em Assuntos Internacionais, pela Universidade George Washington, e bacharelado em Estudos Internacionais e Ciências Políticas pelo Westminster College.
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ALGUMAS VERDADES

*Rangel Alves da Costa

Existem muitas verdades, mas algumas verdades nos servem mais, e assim por espelhar o que somos, como agimos na vida e como nos relacionamos perante os demais.
Tudo como visão de mundo. Mundo este refletindo a própria personalidade. Ou mesmo uma opção de viver de uma forma quando muito bem se poderia viver de outra.
Se eu sempre passasse de carro possante e vidraças escuras fechadas, certamente não teria como me aproximar de você para falar, para abraçar, para compartilhar o prazer da amizade.
Se eu usasse anéis dourados nos dedos de unhas afinadas, certamente teria as mãos limpas e finas demais para serem estendidas em direção a toda mão, e mão endurecida da luta, calejada de tempo, marcada pela vida dura.
Se eu satisfizesse meu ego apenas atrás de um birô e só atendesse que me chamasse de “dotô”, certamente não deleitaria o prazer de caminhar pelas ruas, virar esquinas, passar pelas calçadas e janelas, bater à porta, conversar com um e com outro.
Se eu “quisesse ser importante demais, seria uma chiqueza só”, roupa na goma, sapato brilhoso, um boçal idiota entre humildes e conterrâneos. Passava e nem olhava, virava esquina sem me importar com que quer que fosse.
Se eu, com a cara mais safada do mundo, quisesse ser o outro e não o que verdadeiramente sou, até o nome eu esconderia, fingiria nem ter sobrenome nem família, que meu sangue não é igual ao de todo mundo e que não venho da mesma raiz de um chão sertanejo.
Se eu quisesse me meter a besta, achando que vivo em pedestal e que nunca posso tropeçar em ponta de pedra e cair, até que eu poderia colocar paletó e gravatá e subir no alto da igreja apenas para me mostrar, e como se lá embaixo estivesse apenas uma gentinha qualquer.


Existem realidades e verdades na vida que são inegáveis. Ninguém é mais ou maior que ninguém. O poder é fogo que apaga e cinza que some. O egoísmo serve apenas para tornar a pessoa distante de todo mundo, fria, amarga e solitária.
O gibão é roupa vaqueira igual a uma roupa qualquer. E por que, com minha roupa chique, eu teria de nem passar perto do animal e do vaqueiro? Aquele que passa de roló velho ou de chinelo pregado com arame, juro que em nada se diferencia daquele que passa de sapato e meia.
Meu pai, um senhor chamado Alcino, que também cortava caminho levando havaianas nos pés, dentre muitas lições, eis que me deixou uma escrita: “Ninguém vive sem precisar do outro. E aquele de quem você fugiu para não encontrar, mais tarde será o mesmo que você tanto procurará!”.
Sigo a lição de meu pai. E digo ainda: Nada melhor que ser assim!

Escritor
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NOVO LIVRO NA PRAÇA "O PATRIARCA: CRISPIM PEREIRA DE ARAÚJO, IOIÔ MAROTO".


O livro "O Patriarca: Crispim Pereira de Araújo, Ioiô Maroto" de Venício Feitosa Neves será lançado em no próximo dia 4 de setembro as 20h durante o Encontro da Família Pereira em Serra Talhada.

A obra traz um conteúdo bem fundamentado de Genealogia da família Pereira do Pajeú e parte da família Feitosa dos Inhamuns.

Mas vem também, recheado de informações de Cangaço, Coronelismo, História local dos municípios de Serra Talhada, São José do Belmonte, São Francisco, Bom Nome, entre outros) e a tão badalada rixa entre Pereira e Carvalho, no vale do Pajeú.

O livro tem 710 páginas. 
Você já pode adquirir este lançamento com o Professor Pereira ao preço de R$ 85,00 (com frete incluso) Contato: franpelima@bol.com.br 
fplima1956@gmail.com

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O QUE FOI O MOVIMENTO SOCIAL DOS CANGACEIROS?


Por Jefferson Evandro Machado Ramos

Entre o final do século XIX e começo do XX (início da República), surgiu, no nordeste brasileiro, grupos de homens armados (conhecidos como cangaceiros). Estes grupos, apareceram em função, principalmente, das péssimas condições sociais da região nordestina. O latifúndio, que concentrava terras e renda nas mãos dos fazendeiros, deixava a maioria da população as margens da sociedade. 

Principais características do cangaço, causas e consequências:

Podemos entender o cangaço como um fenômeno social, caracterizado por atitudes violentas por parte dos cangaceiros. Estes, que andavam em bandos armados, espalhavam o medo pelo sertão nordestino. Promoviam saques a fazendas, atacavam comboios e chegavam até a sequestrar fazendeiros para obtenção de resgates. Aqueles que respeitavam e acatavam as ordens dos cangaceiros não sofriam, pelo contrário, eram muitas vezes ajudados. Esta atitude, fez com que os cangaceiros fossem respeitados e admirados por parte da população da época.

Os cangaceiros não moravam em locais fixos. Possuíam uma vida nômade, ou seja, viviam em movimento, indo de uma cidade para a outra. Quando chegavam às cidades, pediam recursos e ajuda aos moradores locais. Aos que se recusavam a ajudar o bando, sobrava a violência. 

Como não seguiam as leis estabelecidas pelo governo, eram perseguidos constantemente pelos policiais. Nestes casos, costumavam fugir passando pela vegetação da caatinga, repleta de espinhos. Usavam roupas e chapéus de couro para protegerem seus corpos, durante a fuga. Além deste recurso da vestimenta, usavam todos os conhecimentos que possuíam sobre o território nordestino (fontes de água, ervas, tipos de solo e vegetação) para fugirem ou obterem esconderijos. 

Existiram diversos bandos de cangaceiros. Porém, o mais conhecido e temido da época foi o comandado por Lampião (Virgulino Ferreira da Silva), também conhecido pelo apelido de “Rei do Cangaço”. O bando de Lampião atuou pelo sertão nordestino durante as décadas de 1920 e 1930. Morreu numa emboscada, armada por uma volante, junto com a mulher Maria Bonita e outros cangaceiros, em 28 de julho de 1938. Tiveram suas cabeças decepadas e expostas em locais públicos, pois o governo queria assustar e desestimular a prática do cangaço na região. 

Depois do fim do bando de Lampião os outros grupos de cangaceiros, já enfraquecidos, foram se desarticulando até terminarem de vez, no final da década de 1930.

Outros cangaceiros famosos:

Outro conhecido cangaceiro do período foi Virgínio Fortunato da Silva. Conhecido pelo apelido de "Moderno", ele atuou nos Estados da Bahia, Alagoas e Sergipe. Ele teve seu próprio bando, mas também esteve no bando de outro cangaceiro famoso, conhecido como "Corisco".

Lampião (centro) com os cangaceiros do seu bando (foto de Benjamin Abrahão Botto).

Jefferson Evandro Machado Ramos - Graduado em História pela Universidade de São Paulo - USP (1994).


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VISITA DE LAMPIÃO A PADRE CÍCERO E A PATENTE DA DISCÓRDIA

A casa onde Lampião se hospedou é ocupada hoje por um estacionamento para motos, cujo nome é Lampião Motos. Segundo o arrendatário do imóvel, a proprietária pretende fazer uma ampla reforma e ‘apagar’ o que resta da história

A casa onde Lampião se hospedou é ocupada hoje por um estacionamento para motos, cujo nome é Lampião Motos. Segundo o arrendatário do imóvel, a proprietária pretende fazer uma ampla reforma e ‘apagar’ o que resta da história Juazeiro do Norte (CE). Doutoranda em História Social pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e professora de História da Universidade Regional do Cariri (Urca), Fátima Pinho, cuja tese de doutorado é “Padre Cícero na Imprensa Carioca”, conta que uma série de reportagens de Reis Vidal, na década de 30, deixa claro que o religioso recebeu Lampião para evitar desastre maior, se recusasse.

Na verdade, havia a ameaça iminente da presença da Coluna Prestes movimento comunista armado, que percorreu parte do Brasil no início do século passado no Cariri. O deputado federal Floro Bartolomeu responsável por organizar o batalhão patriótico idealizado pelo presidente Artur Bernardes, na região, para enfrentar Prestes, resolveu convidar Lampião. Até hoje não se sabe se Padre Cícero assinou o documento-convite. Para complicar, Floro Bartolomeu adoeceu, foi se tratar no Rio de Janeiro, mas morreu. 

“Quando o cangaceiro chegou a Barbalha, Padre Cícero teria tentado demovê-lo da ideia de ir a Juazeiro, já que a visita não faria mais sentido após a morte de Floro Bartolomeu. Diante da insistência de Lampião e seu bando, o religioso o recepcionou e apelou para que ele deixasse a vida do cangaço”.

Ao chegar a Juazeiro do Norte, Lampião passou primeiramente na fazenda que pertencia ao deputado federal Floro Bartolomeu; hoje, no local, funciona o orfanato Jesus, Maria e José, no Centro da cidade.

O certo é que Lampião, após ser aconselhado por Padre Cícero a deixar a vida errante, comprometeu-se a combater a Coluna Prestes, recebendo armas e fardamentos, além da patente de capitão do Exército, assinada pela única autoridade federal que se encontrava em Juazeiro do Norte, um agrônomo do Ministério da Agricultura chamado Pedro Albuquerque Uchoa. Conta-se que, chamado a Recife para justificar o ato aos seus superiores, considerado um absurdo, o agrônomo teria dito que:

 “ante a presença de Lampião e o medo que sentia do cangaceiro, assinaria até mesmo a renúncia do presidente da República Artur Bernardes”.

Segundo Fátima, não se encontrou, até hoje, qualquer registro da participação do Padim no episódio. “A patente realmente foi dada. Entretanto, não tinha qualquer valor jurídico”.

Na edição do jornal “A Ordem”, do Partido Republicano Sobralense, de 6 de janeiro de 1927, há um relato sobre o episódio. “O Padre Cícero falou longamente por ocasião de suas bênçãos sobre Lampião, descrevendo os seus crimes e concitando as populações sertanejas a reagirem contra o perigoso bandido. Aproveitou a ocasião para explicar os motivos pelos quais Lampião já esteve em Juazeiro, protestando contra as acusações que lhe fazem os seus inimigos, afirmando ser ele protetor de Lampião”.


Relatos orais mostram que, ao chegar a Juazeiro, do alto do sobrado do poeta João Mendes, localizado atualmente no Centro, na Rua Vista Nova, 49, para angariar a simpatia do povo, Lampião jogou muitas cédulas de dinheiro. Uma das muitas estratégias usadas por Virgulino foi levar parte de seus homens no meio de muitas pessoas que foram recrutadas em Serra Talhada pelo cangaceiro Zabelê para ver de perto Padre Cícero.

A casa onde Lampião se hospedou é ocupada hoje por um estacionamento para motos, cujo nome é Lampião Motos. O imóvel seria tombado pelo Município. A parte de cima do antigo casarão que pertencia a João Mendes foi derrubada pelos herdeiros quando tomaram conhecimento que tramitava na Câmara Municipal o processo de tombamento. 

O espaço é hoje alugado ao dono do estacionamento, Roberto Wagner. Segundo ele, o local recebe visitação de turistas que fazem fotos. “As portas, janelas e essa parte debaixo que sobrou é toda original. Infelizmente, não vai durar muito tempo, porque a proprietária pretende fazer uma ampla reforma”, revela Wagner.

Já a Fazenda de Floro Bartolomeu, primeiro ponto visitado por Lampião em Juazeiro, é a sede do Orfanato Jesus Maria e José, localizado na Rua Coronel Antônio Pereira, 64, esquina com Avenida Padre Cícero, também no Centro. Apesar de algumas mudanças, o prédio se assemelha em muito ao original, edificado no início do século passado.
Candeeiro alertou para o perigo do esconderijo.

O cangaceiro Candeeiro - (Foto: Cid Barbosa)

O cangaceiro Candeeiro conheceu Lampião por meio de outro cangaceiro, o Jararaca, a quem atribuiu a fama de ser um cachaceiro.

Adendo - http://blogdomendesemendes.blogspot.com

"Vale lembrar ao leitor que este Jararaca que apresentou Candeeiro ao capitão Lampião é outro com o mesmo nome. Candeeiro só passou dois anos no cangaço, e na madrugada de 28 de julho de 1938 saiu da chacina  baleado".

Buíque (PE). Candeeiro, o último cangaceiro vivo (na época deste trabalho, porque Candeeiro já faleceu), entre os que se encontravam junto a Lampião no fatídico 28 de julho de 1938, quando o bando do “Rei do Cangaço” foi dizimado, no sertão de Sergipe, concedeu sua última entrevista ao Diário do Nordeste, em agosto de 2011, aos 95 anos. Dois anos depois, no dia 24 de julho de 2013, morreu, no Hospital Memorial de Arcoverde (PE), após um derrame cerebral. 

A derradeira entrevista foi concedida em sua casa, na localidade de Guanumbi, distrito de Buíque (PE), município distante 258Km de Recife. Mesmo com 95 anos, após um Acidente Vascular Cerebral (AVC) sofrido em 2010, Candeeiro se mostrava lúcido e contou com detalhes suas aventuras e desventuras nos dois anos que passou ao lado de Lampião, descrito como “homem bom, que conversava com todos, mas se zangava facilmente” e de Maria Bonita, a quem reputa como “uma mulher mal criada”.

“Capitão, isso aqui não é lugar seguro para a gente ficar”. Essa advertência foi feita há 80 anos, por Manuel Dantas Loyola, o Candeeiro, ao seu chefe, Virgulino Ferreira da Silva, três dias antes da volante comandada pelo tenente João Bezerra invadir o acampamento do bando mais procurado do Brasil, numa gruta em Angico (SE), e trucidar onze de seus componentes. 

Sobre o episódio de Angicos, Maria Bonita e a cangaceira Sila, na véspera do ocorrido, segundo Candeeiro, também alertaram Lampião. “Elas viram um ponto de luz em cima de um morro, o que podia representar a presença dos macacos”. Mais uma vez, o Rei do Cangaço desdenhou da informação. “Que lanterna que nada. São apenas vaga-lumes”, retrucou bastante zangado. O resultado foi o ataque.

“Deram uma rajada de metralhadora que pegou numa pedra debaixo dos meus pés. A minha sorte é que o sargento errou. Nesse instante, pensei: isso aqui não dá mais para mim. Consegui furar o primeiro cerco ileso. Porém, tinha outra volante esperando mais à frente. Atirei no meio dos macacos – como eram chamados os policiais à época – e, mesmo ferido, escapei”, conta. A fuga, no entanto, lhe marcou eternamente, não só pela lembrança, mas pela marca física deixada pelo tiro que dilacerou o seu braço direito, que passou por duas cirurgias para ser reconstituído. 

“Logo após fugir, encontrei um rebanho pelo caminho e, ferido, entreguei o mosquetão novinho que Lampião havia me dado a uma mulher. Quando levei o tiro, talvez pelo susto, não senti muita dor. Mas, quando olhei os ossos em banda, bateu a maior tristeza desse mundo”. Seu Né frisou que uma coisa lhe deixou intrigado: os cangaceiros criavam cachorros para acompanhá-los nas andanças e denunciar a presença de pessoas estranhas. “Não sabemos o que houve. Os cães não se manifestaram ante a presença das volantes. E é porque tinha cerca de 50 soldados”. 

Manuel Dantas saiu de casa cedo. Foi depois de levar uma surra da mãe que decidiu fugir. “Tinha de 15 para 16 anos. Era garoto muito perigoso”, relata aos risos. “Meu pai era carpinteiro e ferreiro e fez uma palmatória de cedro pesado. Um dia, minha mãe me deu, aqui mesmo nessa sala, uma pisa tão grande que quebrou a palmatória na minha cabeça. Aí ganhei o mundo”.

Cachaceiro

Depois de trabalhar seis anos no sertão pernambucano, foi para Alagoas. Trabalhou como vaqueiro em Matinha de Água Branca (hoje, Município de Água Branca). O dono da fazenda era um coiteiro e a Polícia descobriu. Ele fugiu para o Ceará. “Eu preferi ficar. Foi aí que conheci o cangaceiro Jararaca, um tremendo cachaceiro, que pegava uma garrafa de Pitu, colocava no colo e bebia. Passei dois meses na sua companhia, o suficiente para levar um tiro na perna. Até que Lampião nos encontrou e disse que eu iria ficar com ele, “pois esse nego não tem futuro, é um cachaceiro safado”. 

Seu Né foi casado com dona Lindinalva, 85, e deixou cinco filhos: Elisa, Elisabete, Cristina, Manuel e Apolônio. Depois que saiu da prisão, rodou o Brasil. Esteve em Manaus, onde foi seringueiro e soldado da borracha. Passou por todas as capitais brasileiras, exceto o Rio Grande do Sul, além de ter participado da construção de Brasília. Levou uma vida de aventuras.

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