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sexta-feira, 9 de setembro de 2022

O CANTO DO ACAUÃ

 

Veja se o professor Pereira o tem.
franpelima@bol.com.br

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LIVRO

 Por Valdir José Nogueira 

Com Prefácio do historiador e escritor Sérgio Augusto de Souza Dantas, Apresentação do artista plástico Manuel Dantas Suassuna, e Orelha do historiador e escritor Igor Cardoso, o presente livro, ora editado sob a chancela do CEHM – CENTRO DE ESTUDOS DE HISTÓRIA MUNICIPAL, promete trazer luz a um dos mais polêmicos episódios do cangaço, que no dia 20 de outubro do corrente ano completará 100 anos.

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SE LAMPIÃO TIVESSE ME OUVIDO, NÃO TERIA MORRIDO - CANAL CANGAÇO EM FOCO

Por Cangaço em Foco 

https://www.youtube.com/watch?v=GAgc5oZlPvo&ab_channel=CANGA%C3%87OEMFOCO

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O DIA QUE O CANGACEIRO MORENO VISITOU O CARIRI CEARENSE - CANAL CANGAÇO EM FOCO

 Por Cangaço em Foco

https://www.youtube.com/watch?v=iVMBtZ8FM80&ab_channel=CANGA%C3%87OEMFOCO

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GENEROSA LEÔNCIO E A FAMÍLIA FERREIRA.

Por Luís Bento

Generosa Pereira Leôncio, mais uma pernambucana natural de Triunfo que em épocas passadas das grandes questões entre as famílias Pereira e Carvalho na ribeira do Pajeú, procurou abrigo em terra cearense, onde estabeleceu nova morada no então Distrito Macapá atual Jati-Ce, até seus últimos dias de vida.

Dona Generosa era velha conhecida da família Ferreira lá do sítio passagem de pedras, onde mantinha fortes laço de amizade. Na grande seca de 1915, recebe em sua residência uma surpresa inesperada, a visita do casal Ferreira, José Ferreira e Maria Sulene que, foram recebidos com bastante cordialidade, pois se tratava de um encontro de velhos amigos. O casal Ferreira passava pelo Distrito com destino a cidade de Juazeiro do padre Cícero Romão Batista. Em tempos passados os padres eram procurados pelos fiéis para receber sua bênção, seus conselhos. A viagem do casal não era diferente, procuravam o venerado sacerdote para pedir conselhos, se vendiam o Sítio passagem de pedras, as criações de gado e caprino que vinham sofrendo com problema da estiagem que assolava a região, e outro problema maior que foi percursor da desgraça de toda família. Os primeiros atritos dos jovens Ferreiras com os vizinhos Saturno Barros.

Em 02 março do ano de 1926, Dona Generosa recebe em sua residência a visita de mais dois Ferreiras, os irmãos Virgulino Ferreira da Silva, já configurado ( Lampião) e Antônio Ferreira o Cangaceiro ( esperança). O encontro era mais uma confraternização da amizade antiga, imediatamente Generosa preparou um almoço especial para seus convidados: Lampião, Antônio Ferreira, Luiz Pedro, Sabino o tenente Francisco das Chagas Azevedo e o Sargento Veríssimo Alves Gondim, que receberam lampião ao adentrar no Distrito " como legalista ".

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ANTIGA CADEIA DA RELAÇÃO onde Zé do Telhado e Camilo Castelo Branco ficaram presos.

 Cidade do PORTO - PORTUGAL

                Antiga cadeia da Relação
                  Foto de Quinha Flor

O edificio onde se encontra atualmente o Centro Português de Fotografia começou a ser construído em 1767, sob risco do arquiteto Eugénio dos Santos e Carvalho.
O grandioso imóvel veio a alojar o Tribunal e a Cadeia da Relação.
No espaço destinado à Cadeia, as áreas de detenção distribuiam-se da seguinte forma:

PRIMEIRO PISO
                        Foto de Quinha.Flor

Onde situavam-se as enxovias (Santa Ana, Senhor de Matosinhos, Santa Teresa e enxovia de Santo Antônio), lajeadas de granito, escuras, húmidas e frigidíssimas, com acesso apenas por alçapões situados no andar superior.

                    Enxovia de Santa Ana
                      Foto de Quinha.Flor 

SEGUNDO PISO
                    Foto de Quinha.Flor 
Onde situavam-se os Salões, espaços também coletivos, mas mais salubres.

TERCEIRO PISO
                   Foto de Quinha.Flor 
Onde ficavam os quartos de Malta, concebidos como prisões individuais para
"pessoas de condições".

A distribuição dos presos por estes espaços
obedecia a criterios que deviam ter em conta o tipo de crime cometido, o estatuto social do detido e a capacidade para pagar a carceragem.
Para além destas áreas, a cadeia dispunha ainda da "capela dos presos", uma estrutura em madeira, adossada à parede do saguão principal, onde era celebrada a missa.
                     Foto de Quinha.Flor 

O saguão principal, concebido para iluminação e arejamento da área prisional, viria a tornar-se, em 1862, com a criação do pátio dos presos, numa zona vital para o quotidiano do estabelecimento.
Com esse objetivo foi inutilizado um enorme
tanque ali existente e foram transformadas as janelas das enxovias em portas de acesso
O conceito de prisão penitenciária do séc. XIX entrou, desde logo, em conflito com esta velha prisão setecentista. Por soluções construtivas e infraestruturas deficientes, aliadas à incapacidade do Estado para fazer obras, o edificio foi-se arruinando. Paralelamente, por impossibilidade
arquitetónica, não sofreu intervenções de fundo. Todas as adaptações realizadas, nomeadamente as que ocorreram já no século XX, depois da saida do Tribunal para outro edificio em 1937, foram feitas em condições precaríssimas, com orçamentos minimos, tendo sempre em mente a transferência para um novo estabelecimento prisional há muito projetado para o Porto.
Em Abril de 1974, alguns dias depois da Revolução, o edificio foi desativado por razões de segurança,sendo os presos transteridos para o Estabelecimento Prisional em Custóias.
A velha cadeia, subsistiria, assim, cerca de
duzentos anos em atividade, mantendo-se como exemplar ùnico da arquitetura judicial/prisional dos finais do Antigo Regime.
A partir de 1987, o edificio, cedido pela Direção Geral do Património do Estado ao IPPC sofreu um  conjunto de intervenções para suster o seu estado de degradação. 
Em 1989 foi adjudicado o projeto
de recuperação e remodelaçăo ao Arquiteto  Humberto Vieira e ao Gabinete de Onganização e Projetos, Ld.a. 
Em 2000 foi iniciada uma última intervenção
de adequação às novas funcionalidades - de
Centro Portuguès de Fotografia, cujo projeto se deveu aos Arquitetos. Eduardo Souto Moura e Humberto Vieira.

A obra da Cadeia e Tribunal da Relação teve início em 1765, por ordem de João de Almada e Melo.
Eugénio dos Santos, um dos mais conceituados técnicos ao serviço do Marquês de Pombal, foi o autor do projeto, em estilo neoclássico. Com a sua forma estranha, devido ao espaço então
disponivel entre o Convento dos beneditinos e a muralha medieval, foi um dos edifícios mais imponentes construidos na época.
Nesta cela esteve preso o escritor Camilo Castelo Branco, que inspirado pelas circunstâncias, veio a criar sua grande obra MEMÓRIAS DO CÁRCERE.

O LUGAR
O lugar é o campo do Olival, a margem norte do burgo ao longo do Antigo Regime; campo que se que queria aberto, de esparsas oliveiras, para facilitar a vigilância militar das guarnições da Porta da muralha.
Só com relutância o Senado da cidade aceitaria o plantio das árvores que iriam definir o primeiro jardim público, no inicio do século XVII.

É um lugar maldito. Aí se estendia, logo à saida da Porta, o cemitério dos enforcados, deslocado depois, com a construção da Torre dos Clérigos, para a outra ponta do
ermo, que iria ser coberto pelas fundações do novo hospital da Misericórdia, - de Santo Antônio.
Ai, à esquerda do Campo, precisamente onde ficaria, dentro de muros, a Casa da Relação, se queimaram até aos alicerces as 4 sinagogas, as lojas e as habitações dos
judeus, quando da sua expulsão dos finais do século XV.

O edificio do século XVIII, indefinidamente pombalino, constrói-se sobre os fundamentos do antigo, mas ocupando uma maior superficie e revelando já dispositivos de controle e vigilância caracteristicos das instituições da sociedade disciplinar. O olhar
geométrico da nova ordem, aqui preciosamente triangular, enquadra a praça do Olival, um rectângulo vazio, através de duas filas de grossos álamos, que as plantas reconstituem.
Hão de começar a dita obra pela casa que foi da Relação Velha, correndo até à rua chamada da Victória ou de São Bento, e daí pela dita rua acima até ao chafariz, ... e depois para se fazer a casa para o
despacho, e concluidos que sejam os ditos dois lados, se continuará a obra para a parte que fica olhando para o muro.

          Contrato de arrematação da obra


Denominação, qualidade e capacidade das celas


Ordem Superior ou Quartos de Malta
N° 1 a 10 são todas iguais em qualidade, mas não em capacidade e podem conter até 30 presos. Há mais um quarto escuro, que serve para comunicação nocturna de
casados (visitas íntimas).
Essas celas foram usadas para altos cargos tais como Clérigos, Oficiais Militares, Empregados Superiores na ordem judicial e administração e de Fazenda, Delegados e outras pessoas de distinta consideração social por família, riqueza ou emprego. Por todas os crimes à excepção de roubo,
receptador d'eles, assassinato por dinheiro, fabricação de moeda falsa, falsificação de letras, notas de Bancos, ou Titulos do Estado, bancarrota fraudulenta e outros
crimes, que na opinião pública são notados d'infamia.

Enfermaria para homens e outra de mulheres. 
Fornecidas pela Misericórdia, para todas as pessoas, independente de classe social.

Ordem inferior ou Salões
Salão das dores com seis janelas pelos dois  lados. Porta e janela com grades para os corredores. Bem arejado e o melhor. Podia conter até 60 presos.
Para as pessoas da ordem superior pelos crimes exceptuados d'esta, para Sub Delegados; Escrivāes e empregados nas secretarias da Administração Pública, ou de
Fezenda; Negociantes de pequeno trato; Mestres proprietarios de oficinas; Lavradores vestidos com decência e outras pessoas d'alguma consideração social, e prezos
por correção que não fossem da baixa plebe. Por todas os crimes, à exceção quanto às pessoas que não pertencem à ordem superior, dos crimes excetos d'esta.

Salão do Carmo com duas janelas para um lado da rua.
Porta de grades e janela tambem de grades para os corredores. Pode conter até 40 presos. Sendo saudavel e melhor depois dos acima.

Salão de S.José - com seis janelas para dois lados da rua. 
Porta sem grades e duas janelas com tais para os corredores.
Podia conter até 80 presos.

http://meneleu.blogspot.com/2021/12/ze-do-telhado-e-camilo-castelo-branco.html

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CINZAS DE ANTÔNIO AMAURY DEPOSITADAS NO LEITO DO VELHO CHICO , O ÚLTIMO ADEUS NO CARIRI CANGAÇO PIRANHAS 2022

 

Quis o destino que o último adeus ao grande pesquisador e escritor do cangaço, Antônio Amaury Correa de Araújo, tivesse como palco o seu amado sertão, como cenário o território abençoado das caatingas nordestinas e como principal protagonista as águas caudalosas do Velho Chico. Eram cerca de 9 horas e 30 minutos da manhã do dia 30 de julho do ano da graça de 2022,  quando o universo Cariri Cangaço testemunhou ; entre as margens sergipanas e alagoanas do Rio São Francisco; o momento solene quando Carlos Elydio; filho de Amaury; ao lado de Manoel Severo, curador do Cariri Cangaço e de representantes dos mais destacados grupos de estudos do cangaço do Brasil; depositou as cinzas do gigante imortal paulista de alma nordestina, no leito do rio que ele tanto amou... Mais de 300 pesquisadores deram seu último adeus a Antônio Amaury numa manhã histórica e memorável.

Antônio Amaury, em essência, recebe o último adeus do sertão que ele tanto amou...
Momento histórico e memorável... Parte Antônio Amaury para mais uma extraordinária jornada nas caudalosos aguas do Velho Chico.
Manoel Severo exalta a memória de Antônio Amaury, Carlos Elydio deposita respeitosamente as cinzas de seu pai no leito do rio São Francisco.

O Mestre...

Amaury Corrêa de Araújo nasceu em 22 e de novembro de 1934 na cidade de Boa Esperança do Sul - SP, filho de Elydio Corrêa de Araújo e Benedicta Abib Araújo. Teve sua formação acadêmica em Belas Artes e Odontologia na cidade de Araraquara, onde também se casou no ano de 1961 com dona Rene Maria Tavares de Araújo. Mudou-se para São Paulo, onde teve os filhos Antônio Amaury, Carlos Elydio e Sérgia Rene (que viria a lhe dar dois netos, Henrique e Marcelo). Em São Paulo exerceu a profissão de cirurgião dentista tanto no consultório particular como chefiando as equipes de dentista de alguns sindicatos (Congas, construção civil e condições de veículos do transporte público de São Paulo). Produziu farto material sobre seus estudos, publicados em mais de 14 livros, cordéis, filme, documentários, ora como autor, ora como consultor. Proferiu um incontável número de palestras, sendo um incentivador de todos aqueles que manifestassem interesses nessa seara. Morreu aos 86 anos nessa mesma cidade de São Paulo, sendo reconhecidamente um dos maiores pesquisadores da historiografia do cangaço, tendo produzido um incomensurável número de entrevistas com as fontes primárias dessa saga.

"Mestre, segundo o "Aurélio" significa: Professor de grande saber e nomeada, o que é versado em qualquer ciência ou arte, oficial graduado de qualquer profissão... Para mim, Mestre é tudo isso e mais: É aquele que coloca a alma, o coração e todos os seus talentos e esforços, naquilo em que acredita, naquilo pelo qual tem paixão, naquilo que faz o "olho brilhar". Abraços, cumprimentos, como vai esse ou aquele...o tempo está assim, aliás: assado... Os amigos , o governo, os transportes, as manifestações da praça da república, e... "Cangaço"! Pronto, os olhos daquele espetacular paulista de alma sertaneja começaram a brilhar; sem dúvidas, estava diante do Mestre."
Manoel Severo, curador do Cariri Cangaço, durante um de seus últimos encontros com Antônio Amaury, em São Paulo em Setembro de 2015.

Cataramarã Delmiro Gouveia conduz doutor Amaury para mais uma jornada...

A Razão...

Quando se estava construindo a agenda Cariri Cangaço para o ano de 2022, estabelecidas as sedes onde iriam ser realizados os eventos presenciais pós pandemia; Paulo Afonso, Piranhas e Serra Talhada; surgiu a imperiosa necessidade de homenagear o pesquisador e escritor Antônio Amaury Corrêa de Araújo, falecido ainda em 26 de fevereiro de 2021. Dessa forma, Manoel Severo, curador do Cariri Cangaço, entrou em contato a família, através de Carlos Elydio, filho de Amaury, para compartilhar o desejo do Cariri Cangaço e confirmar a agenda em que seria prestada a justíssima homenagem, foi quando Carlos Elydio confidenciou o desejo de que as cinzas de seu pai, fossem depositadas no território amado por ele e no qual passou boa parte de sua vida: O sertão do nordeste, a região  do baixo São Francisco, o leito do Velho Chico.

João de Sousa Lima, Carlos Elydio, Manoel Severo, Jacqueline e Celsinho Rodrigues
Manoel Severo, Jacqueline e Celsinho Rodrigues, Kydelmir Dantas, Leandro Cardoso, 
Padre Agostinho e Narciso Dias
Padre Agostinho e as Bênçãos sacerdotais
Carlos Elydio, guardião das cinzas e da memória do pai...

"A emoção diante da revelação nos encheu de entusiasmo por ter a oportunidade de junto à família e a tantos amigos de tantos rincões brasileiros; admiradores do doutor Amaury, de seu trabalho e de sua paixão e entrega pelo tema cangaço; testemunharmos esse momento histórico e memorável para a historiografia do cangaço: depositar as cinzas do doutor Amaury no leito do rio São Francisco, ainda por cima, dentro de uma programação do Cariri Cangaço, empreendimento que ele, doutor Amaury, era um verdadeiro entusiasta desde seu primeiro momento. E assim logo a Comissão Organizadora do Cariri Cangaço Piranhas, tendo a frente nosso Conselheiro Celsinho Rodrigues, começou a preparar todas as providências logísticas para concretizarmos o sonho, e o dia chegou, eram por entre nove e nove e meia da manhã do sábado, 30 de julho de 2022, quando solenemente, Carlos Elydio, tendo como testemunhas, mais de 300 convidados, depositava as cinzas do Mestre no velho Chico" fala um emocionado Manoel Severo.   

"Quando Severo me falou que iríamos realizar esse momento extraordinário das cinzas do Dr Amaury aqui no Cariri Cangaço Piranhas, com muita alegria e honra, imediatamente  começamos a nos movimentar para planejar a melhor forma de prestar essa última homenagem, pensamos em cada detalhe para que tudo pudesse correr bem e daí com a ajuda de Severo e do Conselho; com Dr Leandro Cardoso, Ângelo Osmiro, como também o Luiz Ruben; que não pôde comparecer; fizemos uma agenda completa de homenagem ao grande pesquisador, com conferências sobre sua vida, sua obra, as repercussões, enfim, além da Comenda de "Personalidade Eterna do Sertão" entregue nessa mesma noite pelos representantes dos Grupos de Estudos;  dali nasceu a agenda em homenagem ao Dr Amaury no Cariri Cangaço Piranhas" afirma o Conselheiro Celsinho Rodrigues.

Espaço Angico
Convidados às margens do velho Chico
Homenagem e o último adeus a Antônio Amaury

O Último Adeus...

Sábado, dia 30 de julho de 2022, com o sol já se posicionando como principal testemunha do que iria ocorrer, o horário marcado para a concentração e saída do Catamarã Delmiro Gouveia; uma cortesia da MFTur; do porto de Piranhas rumo ao momento onde teríamos o ato solene das cinzas, foi de 8 da manhã. Pouco a pouco pesquisadores, admiradores, convidados de todo o Brasil que lotavam a cidade de Piranhas, começaram a chegar. Perto das 9 da manha partiram o Catamarã com lotação esgotada e mais outras embarcações para atenderem ao grande público presente.

As Bênçãos por Padre Agostinho, tendo o sertão por testemunha...
Carlos Elydio depositas as cinzas do pai no leito do rio São Francisco
As cinzas de Antônio Amaury são acolhidas pelas águas do rio São Francisco 
e se tornam um

Exatamente no ponto estabelecido de partida para a Trilha do Angico, a embarcação atracou, os convidados e demais participantes foram convidados a desembarcar e acompanhar o momento histórico e solene das margens do rio. De nosso lado esquerdo o estado das Alagoas, do direito, o estado de Sergipe, e daí sob as orientações do curador do Cariri Cangaço, Manoel Severo, as bênçãos de Padre Agostinho, as presenças dos representantes da SBEC, Leandro Cardoso; do GECC, Ângelo Osmiro, do GPEC, Narciso Dias, o protagonismo principal de seu filho, Carlos Elydio e o testemunho de centenas de admiradores, as cinzas de Antônio Amaury Correa de Araújo foram recebidas pelas águas da integração nacional, ali, sob o aplauso de uma legião de fãs; o rio e Amaury se tornaram um... 

 Doutor Amaury permanece entre nós...

"No primeiro momento efetivamente sozinho após as tocantes homenagens ao meu pai Antônio Amaury, estava contemplando o Baixo São Francisco e evocando memórias de sua obra. Evocava as primeiras e fortes impressões acerca de Piranhas e Delmiro Gouveia passadas pelo documentário que deu início ao Globo Repórter, “O Último Dia de Lampião”, baseado no seu primeiro livro “Assim Morreu Lampião” tomaram a criança de 10 anos pela curiosidade e deslumbramento quando sou trazido ao presente, olhando na direção da grota do Angico, sobre o Velho Chico, um carcará que sobrevoava solitário, destacando-se no cenário. As primeiras palavras que pude ler de seus trabalhos, quando ele convida os leitores a se imaginarem um carcará sobrevoando esse mesmo lugar, vieram a mim com aquela sua voz calma, incisiva que convidava a todos a escutarem com interesse tudo quanto dizia. E nesse momento em que nos deparamos com os mistérios da vida e da morte, tive a visceral sensação de sua presença e sua benção na figura daquele ave altaneira. Não tenho como traduzir a profundidade desse momento e creio mesmo que só compreenderei isso ao longo dos anos vindouros. Que eu tenha competência e capacidade para cuidar e dar continuidade ao seu legado" Carlos Elydio...

Festa do Cariri Cangaço nas despedidas a Antônio Amaury
Flávio, Washington, Fábio Villa, João de Sousa e Kiko  Monteiro
Caravana de Paranatama
Gilmar Teixeira, Ciço do Pife e Pedro Popoff
Jacielma Silva e Louro Teles
Damata Costa, João e Arusha Kelly

"Testemunhamos nesta manhã, aqui no Cariri Cangaço Piranhas , a maior de todas as homenagens ao grande pesquisador e escritor Antônio Amaury, um dia histórico com um momento inesquecível que a todos emocionou, nos resta a lembrança do grande pesquisador e amigo que por tanto tempo esteve ao nosso lado nas veredas das pesquisas do cangaço" revela o Conselheiro Cariri Cangaço, João de Sousa Lima.

"É como Severo falou, é o encontro da essência do doutor Amaury com a terra e o rio que ele tanto amou, sem dúvidas ver tantos amigos, de todos os lugares do Brasil, admiradores, pesquisadores, escritores respeitados compartilhando esse momento ao lado do Carlos Elydio, foi muito emocionante" , diz Luma Holanda, pesquisadora e escritora, Conselheira do Cariri Cangaço.

Cariri Cangaço, Território de Grandes Encontros
Ângelo Osmiro e Carlos Elydio
Marcus Vinicius, Beto Patriota, Jorge Figueiredo, Carlos Elydio, Luma Holanda, 
Célia Maria e José Alcântara
Vilson da Piçarra, Luiz Ferraz, Antônio Lima, Joaquim Pereira, Clênio Novaes, 
Ricardo Beliel, Luiz Antônio e Julierme Wanderley
Sertão Nordestino, Conselheiro Jorge Figueiredo
Ivanildo Silveira, Luma Holanda, Ciço do Pife e Ricardo Beliel

"Não temos palavras para traduzir essa manhã do Cariri Cangaço Piranhas. Essa homenagem à memória do doutor Amaury, a presença de seu filho, nosso amigo Carlos Elydio, toda a solenidade das cinzas no São Francisco, memorável. Doutor Amaury lá do céu com certeza esta muito feliz por reencontrar o chão e as águas do nosso sertão" fala o Conselheiro Cariri Cangaço Ivanildo Silveira.

"Nós que fazemos o Conselho do Cariri Cangaço e eu particularmente também representando o GPEC - Grupo Paraibano de Estudos do Cangaço, nos sentimos honrados por participarmos desse momento histórico. Acho que nunca houve uma concentração tão grande de pesquisadores e escritores de temas nordestinos como nesse Cariri Cangaço e em especial nesse momento aqui às margens do velho Chico. Todos guardarão na memória e poderão dizer a seus netos que estavam aqui no dia de hoje" confessa Narciso Dias, presidente do GPEC.

"A homenagem de meu companheiro Rafael Ramos ao meu pai"
diz Carlos Elydio sobre a Urna que acolheu as cinzas de Antônio Amaury.

A urna que serviu de depósito às cinzas de Antônio Amaury foi entregue por Carlos Elydio na noite do dia 30 de julho, ao secretário de cultura da cidade de Piranhas-AL, Eduardo Clemente, para que fique exposta
no Museu do Sertão.

João de Sousa Lima e Manoel Severo
Nerizângela Silva
O último adeus...
João de Sousa Lima, Celsinho Rodrigues e Fabio Villa

"...Aqui na “Lapinha do Sertão”, a graciosa cidade de Piranhas -AL, o epicentro da derrocada do cangaço, paraíso natural do Baixo São Francisco, terra de bons encontros e da última viagem que fiz com meu pai. Nesse pouso fui recebido tão acolhedoramente, de braços abertos pelo querido Celsinho Rodrigues e sua amabilíssima mãe Jaqueline que, juntamente com o grande curador do Cariri Cangaço, Manoel Severo, que me possibilitaram realizar a missão de entregar as cinzas do maior e mais longevo pesquisador da historiografia do cangaço nas águas do Rio da Integração Nacional, junto ao pequeno porto da fazenda Angicos -Poço Redondo. Um rio que, como ele, veio do Sudeste fertilizando a cultura sertaneja com seus estudos aprofundado por essa paixão que mobilizou sua Vida. Ele, que foi titulado, merecidamente, como cidadão piranhense, agora flui, como seus livros e suas memórias no coração e ensinamentos que tantos indivíduos brilhantes agregou ao seu redor. Sua generosidade, desprendimento e entusiasmo proporcionaram a mim receber, em seu nome, uma enxurrada de gratidão, reconhecimento, carinho e admiração de tantos quantos foram tocados pela sua existência verdadeiramente significativa. Pude, finalmente, junto de seus muitos amigos e admiradores chorar a sua morte para essa vida e festejar seu renascimento para a imortalidade daqueles que, não sendo egoístas e mesquinhos, compartilham seus conhecimentos e aprendizados com o povo" testemunha Carlos Elydio.

Conselheiro Cariri Cangaço Pedro Popoff; 
com 16 anos, o mais jovem conselheiro do Cariri Cangaço
Dantas Suassuna
Gilmar Teixeira, Carlos Elydio e Luma Holanda
Valdir Nogueira, Dantas Suassuna, Leandro Cardoso e Kydelmir Dantas

O Conselheiro Cariri Cangaço, Leandro Fernandes, sobre a partida de doutor Amaury: "Lembrei-me do verso de Fernando Pessoa: “A morte é só a curva da estrada/Morrer é não ser visto”. A construção da nossa eternidade começa aqui e agora, e só sucumbe à morte os que se dão ao esquecimento. Morrer é ser esquecido. Disse em versos Francisco Otaviano: “quem passou pela vida em branca nuvem/e em plácido repouso adormeceu/(...) foi espectro de homem, não foi homem/ só passou pela vida e não viveu”. E nesse ponto, meus amigos, confrades e confreiras, Antônio Amaury foi exemplar. Viveu plenamente um sonho profícuo, com extensa frutificação, cujas sementes foram espalhadas pelos bons ventos da arte, da beleza e do conhecimento."

Odilon Nogueira e Conselheiro Bismarck Oliveira
Conselheiro Jair Tavares e Mestre Folheteiro Jurivaldo
Cariri Cangaço e a Alma Nordestina no ultimo adeus a Antônio Amaury

"Paulista, Antônio Amaury, é um dos maiores pesquisadores da vida de Lampião e da história do cangaço, há mais de 60 anos em busca de informações sobre o assunto realizou muitas entrevistas (com pessoas da sociedade, do cangaço e das forças policiais da época e familiares remanescentes). Suas pesquisas minuciosas, diretas, imparciais, fazem-no um autêntico mestre, criterioso e honesto. Nos anos 70, tornou-se conhecido em todo o Brasil ao participar do "Programa 8 ou 800", da TV Globo, respondendo sobre o assunto. Tem vários livros publicados sobre o assunto, entre eles: “Lampião: Segredos e Confidências do Tempo do Cangaço”; “Assim Morreu Lampião”; “Lampião: As Mulheres e o Cangaço”; “Gente de Lampião: Dada e Corisco”; “Gente de Lampião: Sila e Zé Sereno”; “De Virgolino a Lampião”; “O Espinho do Quipá” (estes dois últimos em co-autoria com Vera Ferreira, neta de Lampião); “Lampião e Maria Fumaça” (co-autoria com Luiz Ruben F. de A. Bonfim, de Paulo Afonso – BA); “A Medicina e o Cangaço” (em co-autoria com Leandro Cardoso Fernandes, de Teresina – PI). Seu trabalho mais recente é “Lampião e as Cabeças Cortadas”, também em co-autoria com Luiz Rubem Bonfim. É também Sócio-fundador da União Nacional de Estudos Históricos e Sociais – UNEHS.

Célia Maria e Conselheiros Cariri Cangaço-GPEC: Quirino, Narciso Dias, Bismarck Oliveira, João de Sousa Lima, Luma Holanda e Emmanuel Arruda
Carlos Elydio e Narciso Dias
Conselheiro Cariri Cangaço Leandro Cardoso

"Doutor Amaury possuía fortes ligações com o Cariri Cangaço, desde o nosso começo, desde de nossa primeira edição ainda no ano de 2009 como um de nossos principais incentivadores e apoiadores, sendo figura principal dentre todos os ilustres convidados deste que já se prenunciava como um dos maiores eventos já realizados sobre a temática cangaço. Ao longo de todos esses anos de Cariri Cangaço, tivemos sempre a honra e o grande privilégio de contar com o Mestre Antônio Amaury ao lado de seu filho Carlos Elydio em incontáveis de nossas agendas, sendo referência na pesquisa e estudo da temática cangaço, tê-lo na família Cariri Cangaço sempre foi uma enorme honra coroada hoje com essa maravilhosa despedida, reunindo incontáveis amigos de todo o Brasil, no chão que ele aprendeu a amar e dentro de uma programação do Cariri Cangaço, sem palavras..." revela Manoel Severo, curador do Cariri Cangaço.

Momento de Homenagem ao pesquisador Antônio Amaury Corrêa de Araújo, solenidade de entrega de suas cinzas ao leito do Rio São Francisco. 
Margens, Sergipana e Alagoana, 30 de julho de 2022 Piranhas - Alagoas - Nordeste do Brasil.

Fotos: Louro Teles, Ricardo Beliel, Heldemar Garcia e Helinho Santos

https://cariricangaco.blogspot.com/2022/09/cinzas-de-antonio-amaury-depositadas-no.html

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