Por José Mendes Pereira
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segunda-feira, 23 de janeiro de 2023
A MORTE DO SARGENTO DELUZ - PARTE i
A MULHER E O CANGAÇO REMANESCENTES, VÍTIMAS E FAMILIARES
Por: João de Sousa Lim
Há um fascínio natural quando se fala da mulher no cangaço. Em uma época tão difícil o que levou tantas mulheres - meninas a entrarem para esse mundo desconhecido e de certa forma brutal? Que tipo de atração o mundo feminino viu no movimento cangaceiro? Quais foram os motivos que causaram tanto deslumbramento aos olhos daquela juventude?*Ximando o almoço de Durvinha |
A sergipana Adília |
Apreciando o silencio de Maria de Jurity |
Essas são algumas perguntas que fazemos tentando entender os reais motivos da entrada da mulher no cangaço. Mesmo diante dos depoimentos de algumas que foram forçadas a seguir seus companheiros, como foi o caso de Dadá que foi raptada por Corisco, no caso de Dulce que foi trocada por jóias pelo cunhado, de Aristéia que seguiu o cangaceiro Catingueira por sofrer maltrato da policia, Tanto Antônia quanto Inacinha forçadas por Gato, podemos citar vários casos dessa natureza, porém a maioria foi por pura paixão como é o caso de Durvinha que se apaixonou por Virgínio, Lídia por Zé Baiano, Maria por Lampião, Nenê por Luiz Pedro, Eleonora por Serra Branca, Naninha por Gavião, Aninha por Mourão, Catarina por Nevoeiro, Joana por Cirilo de Engrácia.
João vive a mimar a ex cangaceira Aristéia |
Alguns cangaceiros não concordaram com a entrada das mulheres no cangaço como foi o caso de Balão que deixou depoimentos confirmando que as mulheres atrapalhavam as caminhadas dentro da mataria, principalmente quando ficavam grávidas. Os tiroteios diminuíram e Balão era um dos cangaceiros que gostava dos confrontos.
Dona Rita, vitima de estupro praticado pelo cabra Sabiá |
A centenária Dona Mocinha (irmã de Lampião) |
Para outros, com a mulher no cangaço, os estupros diminuíram, a violência sem aparente razão se atenuaram.
A verdade é que com a mulher no cangaço o movimento ganhou uma áurea romanesca, as histórias contadas sempre falam do amor entre casais famosos, no cinema, nos versos tantos eruditos quanto populares, no livreto de cordel, na arte plástica, na música, no teatro, na literatura, os romances sempre mexeram com a capacidade de imaginar o cavaleiro em seu cavalo alado salvando as mocinhas e donzelas para viverem o amor eterno.
Dona Joana ( irmã de Dadá) |
Uma irmã da cangaceira "Moça" de Cirilo |
A mulher cangaceira deixou para sempre na historiografia do nordeste brasileiro o nome da mulher sertaneja como sinônimo de mulher guerreira, bravia, independente, sem perder sua feminilidade, sua capacidade de amar, independente das circunstâncias.
*Ximar? É o mesmo que desejar
NOTA DE FALECIMENTO
Por Relembrando Mossoró.
Faleceu na manhã de hoje o Dr Clovis Augusto de Miranda - primeiro anestesista em nossa cidade. Era sócio da Casa de Saúde e Maternidade Santa Luzia. Era casado com Laurita Rosado. O velório será na Capela do Perpétuo Socorro. Formulamos sentimentos de pesar a família enlutada.
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COURO DE JUMENTA
Clerisvaldo B. Chagas, 23 de janeiro de 2023
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.830
Em torno dos anos 60, um coronel
do sertão, em Poço das Trincheiras, resolveu convidar os amigos e oferecer
farra e almoço na sua fazenda. Houve muitos comentários na época em toda a
região. Todos beberam animadamente, até que saiu o tão aguardado almoço. No
final da refeição, o coronel pediu atenção para um pronunciamento e perguntou
aos convidados se sabiam o que tinham comido. Diante de tantas respostas
inocentes, o coronel ria e falava: “vocês comeram carne de jumenta”. E para
provar o que disse, mostrou o sexo da jega quando houve um burburinho grande na
roda de amigos. Uns se conformavam dizendo que “foi bom”. Outros metiam os
dedos na goela para provocar vômitos. Foi um deus-nos-acuda! Esse caso teve
muita repercussão principalmente nos ciclos boêmios da região sertaneja.
Pois bem, com aproximadamente 60
anos depois desse fato, estávamos entrevistando o senhor Daniel Manoel, de 81
anos e que trabalhou em todos os curtumes de Santana, sobre os detalhes daquela
atividade em nossa terra. Quando ele nos dizia que os curtumes
curtiam couro de todos animais domésticos e selvagens, falou o seguinte: “Uma
vez curtimos o couro até de uma jumenta, enviado pelo coronel fulano de Poço
das Trincheiras”. Que coincidência medonha! A prova fatídica após tanto tempo,
do caso do Poço. Como se descobre as coisas sem
perguntar! Entretanto, não é que esqueci de acrescentar essa
passagem no livro terminado “Santana, o Reino do Couro e da Sola”. Eita
“coroné”, danado!
A nossa ética na tradição
brasileira, é não ao consumo de carne cavalar e semelhantes, mas os chamados
coronéis sertanejos em muitos casos faziam as suas próprias leis, inclusive,
retirar o couro das costas dos seus desafetos, em forma de
tiras. Voltando ao caso do couro do asno fêmea, não sabíamos antes
da curtição desse couro. Foi curtido com qual finalidade? Talvez para ser
exibido durante muito tempo como troféu, rir outras vezes daquela situação e
afirmar o poder de mandachuva até nas brincadeiras farristas de péssimo mau
gosto.
De qualquer maneira, agradecemos ao nosso entrevistado por essa lembrança inusitada de 60 anos atrás, na história dos curtumes.
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