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segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

A MORTE DO SARGENTO DELUZ - PARTE i

 Por José Mendes Pereira


Segundo o escritor Alcino Alves Costa escreveu em seu Livro “O Sertão de Lampião” que o verdadeiro assassino do cangaceiro Juriti, o seu nome de batismo era Amâncio Ferreira da Silva, famoso caçador de cangaceiros que se têm informações, e era da polícia sergipana. Esta figura era pernambucana, com naturalidade duvidosa, porque, uns afirmavam que ele era lá de São Bento do Una, enquanto outros diziam que o famoso e carrasco policial era da cidade de Gravatá. Ele nasceu no dia 11 de agosto de 1905. Mas o seu nome de batismo sempre ficou esquecido, porque desde criança, era conhecido por Deluz, nome que o fez pessoa importante na região que sempre esteve prestando os seus serviços à polícia militar e ingressou na força logo muito jovem.

Com o banditismo tomando de conta dos sertões nordestinos matando, roubando, destruindo tudo que via pela frente, Deluz recebeu ordem para ir destacar no último porto navegável do baixo São Francisco, o minúsculo lugarejo da família Britto, lá no Canindé do São Francisco.

Ali, naquele tempo, o sertão no abandono, a coroa que reinava por lá, era do velho guerreiro, destemido e sanguinário rei do cangaço o Lampião; e o jovem militar seguindo a missão de tantos outros do seu tempo, foi também incumbido para caçar cangaceiros, e iria enfrentar o poder do famoso e perverso Lampião.

Desde muito cedo que o Deluz demonstrava ser destemido, e com isso, seu nome caiu na boca do povo, como sendo um homem de muita coragem, e que nunca conheceu o significado da palavra medo, mas talvez carregasse consigo a pesada cruz, que era perseguir cangaceiros, homens que não tinham medo de ninguém e nem o que perderem. Após a chacina de Angico um dos seus divertimentos era procurar por todos os lugares ex-cangaceiros que sobraram da “Empresa de Cangaceiros Lampiônica & Cia”, para matar, assim aconteceu com o ex-facínora Juriti, que soube que ele estava na fazenda Pedra D’água, na casa do seu amigo Rosalvo Marinho, e assim que tomou conhecimento, Deluz e seus capangas foram até lá para engaiolá-lo. Assim que o prenderam, levaram-no para as matas, e lá, ele foi morto dentro de uma língua de fogo.

Uma das crueldades e gostosa que achava o Deluz, era tirar ladrão da cadeia de Propriá, e levar o infeliz para o Rio São Francisco e lá, amarrava-o a uma pedra, e o jogava dentro das águas. O tempo foi passando e a sua fama de homem valente foi se espalhando por toda região do São Francisco. As mocinhas quando o via desfilando pelas ruazinhas do arruado ribeirinho, se derretiam em dengos e desejos.

Diz o escritor Alcino Alves que um descendente dos Garra, e que foi uma das primeiras famílias de Poço Redondo, deixou de morar no arruado de Cupira e China, para fazer companhia a um tio paterno de nome João Grande, morador da pequena povoação de Curituba, sendo esta de um senhor chamado João dos Santos, lugar localizado nas terras do Canindé do São Francisco. O rapaz chamava-se João, e era filho de Hipólito José dos Santos e dona Marinha Cardoso dos Santos, que era chamada carinhosamente de Vevéia. Seus filhos eram: Germiniano, Joaquim, Chiquinho, José (Zé Hipólito), Antonio (Touca), Miguel, Manuel (Naninga), além de João, o João Marinho; tinha ainda as irmãs Isabel (Iaiá), Maria, Antônia Rosa, Júlia Filomena e Francelina, num total de quatorze irmãos descendentes daquela família lá das areias brancas de Poço Redondo.

O João Marinho dedica a sua vida nas terras de Canindé e parte para um compromisso sério com Maria, uma mocinha da conceituada família dos Gomes daquele pedaço de sertão sofrido. Noivam e se casam. O João Marinho resolveu ir trabalhar em uma das propriedades do coronel Chico Porfírio, na fazenda Brejo. O casal segue as tradições e os costumes da época, filhos e mais filhos foram nascendo. Hortêncio, Jonas, Zé Marinho, Angelina, Maria (Mariinha) Dalva e Santa.

João Marinho é um homem trabalhador, além dos filhos fazia planos para o futuro. Trabalhava com afinco e com dignidade, e viu os seus planos serem realizados, porque findou comprando a propriedade que morava., e com trabalhos, dedicação e coragem conseguiu fazer no Brejo uma das mais consideradas propriedade no imenso mundão de Canindé do São Francisco. O seu nome ficou respeitado no meio daquela gente como um vitorioso. Com as facilidades que a vida lhe deu dois dos seus irmãos (Chiquinho e Zé Hipólito) muda-se para Canindé, ali se casam. As sorteadas foram duas irmãs a Delfina e Anália.

O Chiquinho foi trabalhar como vaqueiro na Fazenda Rancho do Vale, de um conceituado Monteiro Santos, e o Zé Hipólito após vender a sua propriedade de nome Pindoba ao tenente João Maria da Serra Negra e faz nova moradia dando o nome de Vertente.

O João Marinho de Poço Redondo se tornou o patriarca daquela região. Seus filhos estão crescidos, e tanto os rapazes como as moças são desejados. Namorá-los é o desejo daquela juventude.

O Deluz começou a paquerar a Dalva e logo ficou apaixonado. O pai da Dalva o João Marinho ao saber do relacionamento da filha com ele não ficou satisfeito. O João era um homem tranquilo, e não desejava aquele homem misturado na sua família, porque ele queria o melhor para sua filha. E geralmente, namoro termina em noivado, e com a continuação, será realizado casamento. E sem muita demora a Dalva casou-se com o temido sargento. Mas Deluz não estava muito satisfeito com o seu cônjuge, e três dias depois, Deluz pôs a Dalva na frente e foi devolvê-la aos pais.

Uma grande desgraça! O que aconteceu que o sargento Deluz levou a esposa e a entregou aos pais?

Você saberá amanhã, porque continuarei!

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A MULHER E O CANGAÇO REMANESCENTES, VÍTIMAS E FAMILIARES

 Por: João de Sousa Lim

Há um fascínio natural quando se fala da mulher no cangaço. Em uma época tão difícil o que levou tantas mulheres - meninas a entrarem para esse mundo desconhecido e de certa forma brutal? Que tipo de atração o mundo feminino viu no movimento cangaceiro? Quais foram os motivos que causaram tanto deslumbramento aos olhos daquela juventude?

 *Ximando o almoço de Durvinha

A sergipana Adília

Apreciando o silencio de Maria de Jurity

Essas são algumas perguntas que fazemos tentando entender os reais motivos da entrada da mulher no cangaço. Mesmo diante dos depoimentos de algumas que foram forçadas a seguir seus companheiros, como foi o caso de Dadá que foi raptada por Corisco, no caso de Dulce que foi trocada por jóias pelo cunhado, de Aristéia que seguiu o cangaceiro Catingueira por sofrer maltrato da policia, Tanto Antônia quanto Inacinha forçadas por Gato, podemos citar vários casos dessa natureza, porém a maioria foi por pura paixão como é o caso de Durvinha que se apaixonou por Virgínio, Lídia por Zé Baiano, Maria por Lampião, Nenê por Luiz Pedro, Eleonora por Serra Branca, Naninha por Gavião, Aninha por Mourão, Catarina por Nevoeiro, Joana por Cirilo de Engrácia.

Edson Barreto, Ex Cangceira Dulce, João e Maria Cícera irmã de Dulce com "103 anos de idade"

João vive a mimar a ex cangaceira Aristéia

Alguns cangaceiros não concordaram com a entrada das mulheres no cangaço como foi o caso de Balão que deixou depoimentos confirmando que as mulheres atrapalhavam as caminhadas dentro da mataria, principalmente quando ficavam grávidas. Os tiroteios diminuíram e Balão era um dos cangaceiros que gostava dos confrontos.

Dona Rita, vitima de estupro praticado pelo cabra  Sabiá

A centenária Dona Mocinha (irmã de Lampião)

Para outros, com a mulher no cangaço, os estupros diminuíram, a violência sem aparente razão se atenuaram.
A verdade é que com a mulher no cangaço o movimento ganhou uma áurea romanesca, as histórias contadas sempre falam do amor entre casais famosos, no cinema, nos versos tantos eruditos quanto populares, no livreto de cordel, na arte plástica, na música, no teatro, na literatura, os romances sempre mexeram com a capacidade de imaginar o cavaleiro em seu cavalo alado salvando as mocinhas e donzelas para viverem o amor eterno.


Dona Joana ( irmã de Dadá)

Uma irmã da cangaceira "Moça" de Cirilo

A mulher cangaceira deixou para sempre na historiografia do nordeste brasileiro o nome da mulher sertaneja como sinônimo de mulher guerreira, bravia, independente, sem perder sua feminilidade, sua capacidade de amar, independente das circunstâncias.

*Ximar? É o mesmo que  desejar

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NOTA DE FALECIMENTO

Por Relembrando Mossoró.

Faleceu na manhã de hoje o Dr Clovis Augusto de Miranda - primeiro anestesista em nossa cidade. Era sócio da Casa de Saúde e Maternidade Santa Luzia. Era casado com Laurita Rosado. O velório será na Capela do Perpétuo Socorro. Formulamos sentimentos de pesar a família enlutada.

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COURO DE JUMENTA

 Clerisvaldo B. Chagas, 23 de janeiro de 2023 

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.830

Em torno dos anos 60, um coronel do sertão, em Poço das Trincheiras, resolveu convidar os amigos e oferecer farra e almoço na sua fazenda. Houve muitos comentários na época em toda a região. Todos beberam animadamente, até que saiu o tão aguardado almoço. No final da refeição, o coronel pediu atenção para um pronunciamento e perguntou aos convidados se sabiam o que tinham comido. Diante de tantas respostas inocentes, o coronel ria e falava: “vocês comeram carne de jumenta”. E para provar o que disse, mostrou o sexo da jega quando houve um burburinho grande na roda de amigos. Uns se conformavam dizendo que “foi bom”. Outros metiam os dedos na goela para provocar vômitos. Foi um deus-nos-acuda! Esse caso teve muita repercussão principalmente nos ciclos boêmios da região sertaneja.

ASNO PASTANDO NO LEITO DO IPANEMA SECO (FOTO: B. CHAGAS).

Pois bem, com aproximadamente 60 anos depois desse fato, estávamos entrevistando o senhor Daniel Manoel, de 81 anos e que trabalhou em todos os curtumes de Santana, sobre os detalhes daquela atividade em nossa terra.  Quando ele nos dizia que os curtumes curtiam couro de todos animais domésticos e selvagens, falou o seguinte: “Uma vez curtimos o couro até de uma jumenta, enviado pelo coronel fulano de Poço das Trincheiras”. Que coincidência medonha! A prova fatídica após tanto tempo, do caso do Poço. Como se descobre as coisas sem perguntar!  Entretanto, não é que esqueci de acrescentar essa passagem no livro terminado “Santana, o Reino do Couro e da Sola”. Eita “coroné”, danado!

A nossa ética na tradição brasileira, é não ao consumo de carne cavalar e semelhantes, mas os chamados coronéis sertanejos em muitos casos faziam as suas próprias leis, inclusive, retirar o couro das costas dos seus desafetos, em forma de tiras.  Voltando ao caso do couro do asno fêmea, não sabíamos antes da curtição desse couro. Foi curtido com qual finalidade? Talvez para ser exibido durante muito tempo como troféu, rir outras vezes daquela situação e afirmar o poder de mandachuva até nas brincadeiras farristas de péssimo mau gosto.

De qualquer maneira, agradecemos ao nosso entrevistado por essa lembrança inusitada de 60 anos atrás, na história dos curtumes.

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