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terça-feira, 5 de agosto de 2014

Lampião na Bahia e a metralhadora do coronel Zé Pereira - Princesa-Pb


A tradicional e conhecida foto de Lampião e seu pequeno grupo em solo baiano, mas precisamente na cidade de Ribeira de Pombal em 17 de dezembro de 1928.

Após sofrer uma grande derrota em solo pernambucano, e devido as incessantes perseguições sofridas pelas forças policiais volantes deste estado... Lampião decide atravessar a fronteira e entra na Bahia, com o objetivo de renovar o seu grupo de cangaceiros, recrutando novos membros para fortalecer e recomeçar sua saga.

No início... Paz e Amor. Depois... Sangue e mortes nas quebradas do sertão...

A METRALHADORA DO CORONEL ZÉ PEREIRA - Princesa-PB


Um dos motivos para a eclosão da revolução de 1930, foi a morte do Presidente da Paraíba, João Pessoa, o qual, enfrentou uma grande luta com o coronel. Zé Pereira, que declarou a República Livre de Princesa Isabel - Paraíba. 

O famoso coronel sustentou uma luta armada, de quase 6 meses, sendo auxiliado em armas e munições, pelos "Pessoas de Queiroz", primos, e inimigos de João Pessoa, que eram fortes empresários na cidade de Recife.

Fonte: facebook
Páginas de: Geraldo Júnior e Voltaseca Volta
  
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Visita a Angico... Pós-evento...

Por Rubens Antonio

Alguns dias após o massacre do bando de Lampeão... o quadro era desolador.  Aqui, algumas imagens relacionadas a este pós-evento... Algumas inéditas.





Enviado pelo professor e pesquisador do cangaço Rubens Antonio

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LAMPIÃO EM SERGIPE*

Por Luiz Antônio Barreto

Virgulino Ferreira da Silva, o Capitão Lampião como assinava, morreu em Sergipe em 28 de julho de 1938. Atacado de surpresa por força alagoana na Gruta do Angico, município de Poço Redondo no sertão “sanfranciscano”, seu corpo, depois de decepada e levada a cabeça como troféu de guerra, ficou exposto naquela região sergipana com o da sua companheira Maria de Déa, ou Santinha, a Maria Bonita, e cangaceiros- uma dezena deles - que participavam da reunião dos grupos naqueles dias de desconfiança. A cena da morte de Lampião aconteceu quase dez anos depois das suas primeiras e famosas incursões em Sergipe, em 1929, que representam um capítulo especial na vida do cangaceiro e das quais se ocuparam, mais recentemente, Oleone Coelho Fontes da Bahia, Antonio Amaury de São Paulo e Vera Ferreira, filha de Expedita e neta de Virgulino e de Maria Bonita, de Sergipe. Carira, no oeste sergipano, vizinho ao sertão baiano, parece ter sido o primeiro ponto da presença de Lampião com seu grupo, em Sergipe em 1º de março de 1829 e marcaria um roteiro de visitas por vários municípios do Estado, no vai e vem cíclico que ainda não foi devidamente mapeado e nem registrado textualmente como deveria. A visita de Lampião a Carira foi rápida, precedida de uma comunicação ao Delegado e indicava uma viagem maior chegando até Frei Paulo. Na madrugada do dia 2 de março, depois de conversar com o povo, dar sua versão de como entrou no cangaço e zombar da Polícia, que chegava nos lugares sempre depois de sua saída, Lampião acompanho de 6 homens, voltou para o interior baiano passando pelas terras do Coronel João Sá, chegando já com 10 homens na Fazenda Capitão, em Jeremoabo. A visita seguinte, a Poço Redondo em 19 de abril de 1929, permitiu um encontro de Virgulino Ferreira da Silva com o padre Artur Passos, Pároco de Porto da Folha então celebrando missa naquele povoado como fazia periodicamente. Um diálogo duro entre o cangaceiro e o padre, marcou a presença do grupo em frente da Igreja quando Lampião pediu permissão para assistir missa com seus “rapazes”. Para o padre celebrante, virando-se do altar para o povo viu além do sol fora da capela, cabeças descobertas, sem armas, de braços cruzados, atentos, respeitosos, olhos pregados nele (o Capitão), “Esses homens cujas vidas têm sido um amontoado de crimes, delitos e abominações, mas homens todavia”. Lampião tomou lápis e papel e fez uma lista dos seus homens informando nome, apelido, idade e entregando-a ao padre com observações de defesa. Tinha Lampião 29 anos e estava acompanhado do seu irmão Ezequiel, o Ponto Fino, de 20 anos, Virgínio Fortunato, o Moderno, com 28, Luiz Pedro da Silva, o Esperança, com 24, Cristino Gomes da Silva, o Corisco, com 23, Mariano Gomes da Silva, o Pernambuco, com 25, Hortêncio Gomes da Silva, o Arvoredo, com 24, José Alves dos Santos, o Fortaleza, sem indicação de idade, José Vieira da Silva, o Lavareda, com 27, e Antonio Alves de Souza, o Volta Seca, com 18. Diante de Virgulino Ferreira da Silva, o padre Artur Passos diz: “Alto, acaboclado, robusto, andar firme e compassado, cabeça um tanto inclinada, o olho direito inutilizado, com uma grande mancha branca, olhos brancos de aro de ouro, ou metal dourado, um sinal preto na face direita. Na cabeça, grande, alto, vistoso chapéu de couro, ainda novo, bem trabalhado, a imitar os antigos chapéus de dois bicos, com as pontas para os lados, tendo as largas abas da frente e de detrás erguidas e enfeitadas. Uma estreita tira de couro, ornada, o prende a testa, uma outra à nuca, e uma terceira, o barbicacho, aos queixos. Este chapéu fica, assim, bem seguro e apesar da altura não deve cair com facilidade. Cabelos estirados, cortados à Nazarena, inteiramente bem barbeado. Blusa e calças - perneiras de caqui. Aos pulsos – guarda – pulsos – de couro, de uns quatro dedos de largura. Anéis em todos os dedos, teria na ocasião uns 5 ou 6 na mão direita e uns 6 ou 8 na mão esquerda.” Padre Artur Passos dá em seu testemunho dos jornais, longa descrição da figura quase cavalheiresca do cangaceiro, já integrada ao imaginário do povo brasileiro, especialmente nos estados do Nordeste, onde era tido como “governador” e como “interventor” do sertão. O vigário de Porto da Folha continua construindo a imagem que fez de Lampião: “Duas grandes cartucheiras de um lado e duas iguais do outro, cruzam-se sobre o peito. A cintura, à quisa de cinturão, uma larga cartucheira com dois ou três ordens de cartuchos. Tudo bem enfeitado de ilhoses e placas de metal. Na mão, inseparavelmente, a arma terrível que tantas mortes já vomitou, no rápido crepitar, no lampejar contínuo do qual, segundo consta, se origina o seu nome de guerra. Esta arma não é rifle. É sim um mosquetão de cavalaria, ou coisa semelhante, arma de cinco tiros que tem o ponto curvo. A frente, passando entre as cartucheiras, o já conhecido punhal, de uns três palmos, cabo e bainha de metal branco, arma forte, bonita, mau grado a aplicação que tem, de ótima têmpera. Ao lado e às costas, pendentes de fortes bandoleiras, as sólidas mochilas, bem recheadas de balas, formando uma larga e saliente roda, de grande peso. Tudo isto liga-se ao corpo de modo tal, que forma uma couraça fixa, sem lhe prejudicar os movimentos rápidos. Ao voltar-se para qualquer parte e em qualquer posição, nada desse arsenal se desloca. Usa uma espécie de sapatos de grossas solas e bem feitos. Traz esporas e rebenque e, ao montar, calça umas luvas de pano marrom que cobrem apenas as costas das mãos. Anda sempre bem barbeado. Em tudo guarda serenidade e presença de espírito. Este o homem.” Descrevendo todo o bando, padre Artur Passos diz: “Estes dez homens, moços, fortes, robustos, musculosos, formam um verdadeiro esquadrão sui generis, assim, mais ou menos, igual e formidavelmente uniformizados. Diversos deles, nomeadamente o Moderno, trazem, além dos guarda – pulsos de couro, pulseira nos pulsos e pendentes dos dois bicos quue formam as abas dos grandes, altos e vistosos chapéus. Cabelos bons, cortados à Nazarena, barbeados todos. Trazem muitos anéis em todos os dedos, mas nem os anéis e nem as pulseiras são de grande valor. Alguns trazem cobertas, ou cobertores, bem bordados, sob as cartucheiras, ornadas, bem como as correias das armas, de ilhoses brancos e rodelas de metal. Tal a sua disciplina, que formam um tanto compacto e homogêneo. Alguns são calados e reservados. Não mostram, porém, face carrancuda, nem os vi com maus modos. Não têm, inclusive Lampeão, cara repelente, como imaginamos nos bandidos em geral, devendo frizar, porém, o olhar especial de um deles, o fedelho de 16 a 18 anos, que os acompanha. Estão bem armados, todos, trazendo alguns 2 ou 3 revólveres e, ao que parece, bem municiados. Apenas uns 3 ou 4 estão armados a rifles, os demais, como Lampeão, trazem mosquetão de cavalaria. Observei bem que são destemidos e valentes.” (continua) * Trecho do ensaio O Encontro de Lampeão com o Padre, do livro O Incenso e o Enxofre. Permitida a reprodução desde que citada a fonte "Pesquise - Pesquisa de Sergipe / InfoNet"

http://www.infonet.com.br/luisantoniobarreto/ler.asp?id=24684&titulo=Luis_Antonio_Barreto

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Dona Maria Déia mãe de Maria Bonita

Dona Maria Déia - mãe de Maria Bonita - Cortesia do escritor João de Sousa Lima

Segundo o escritor e pesquisador do cangaço João de Sousa Lima esta é Maria Joaquina da Conceição, a dona Maria Déia, a mãe de Maria Gomes de Oliveira, a famosa Maria Bonita do capitão Lampião. Dona Maria Déia foi a grande incentivadora da união de Lampião com a filha. Se não me falha a memória, morreu de uma picada de cobra.

Grande pesquisador Volta Seca:


Valeu o grande presente que você nos entregou no facebook, a foto de Maria Joaquina da Conceição, dona Maria Déia, a mãe da rainha do cangaço Maria Bonita. Sei que é uma cortesia do escritor e pesquisador do cangaço João de Sousa Lima. 

João de Sousa Lima

Mas, assim como eu que não conhecia nenhuma foto da mãe da rainha do cangaço, acredito que muitos estudiosos do tema também ainda não conheciam. Foi um grande presente que você nos deu, e muito obrigado por este presente para os nossos leitores.  

Fonte: facebook
Página: Voltaseca Volta.

“Condenaria a morte todos os coiteiros”, afirmou Agamenon


Nesta quinta-feira (31), há exatos 76 anos, em 31/07/1938, após saber da morte do cangaceiro Lampião, o seu conterrâneo e governador Agamenon Magalhães escrevia no seu jornal “Folha da Manhã”, sobre o tema cangaço dizendo que “é necessário uma legislação especial para combater o banditismo. Eu condenaria à morte, sumariamente, sem direito a recursos, nem perdão, todos os “coiteiros”, todos os que por covardia ou interesse guardaram, por tanto tempo, o mais terrível e cruel dos bandidos, esse, cuja cabeça a polícia acaba de cortar para oferecer ao estudo dos institutos médico-legais” e mais a frente concluir dizendo que, a morte de Lampião prova que “a civilização operou o milagre. E dentro em pouco, a memória das façanhas e das crueldades do cangaço não existirá mais, nem nas trovas dos cantadores do sertão”. Na época quando assumiu o governo de Pernambuco, Agamenon Magalhães mudou o nome da cidade de Vila Bela para Serra Talhada, voltando ao seu nome primitivo, em uma tentativa de repaginar o nome da cidade que estava muito ligada e associada aos cangaceiros e bandoleiros da região.

Fotografia do governador Agamenon Magalhães, que quando assumiu o governo de Pernambuco em 1937 alterou a denominação da cidade de Vila Bela para Serra Talhada, antigo nome da fazenda fundada por seu trisavô Agostinho Nunes de Magalhães no século XVIII. Com o serra-talhadense no governo o cangaço rumou para os estados vizinhos até que teve fim após a morte de Lampião, em 1938, e de seu sucessor Corisco, em 1940.

Já o cangaceiro Virgolino Ferreira da Silva, o Lampião, fez na ultima segunda-feira (28), exatos76 anos, em 28/07/1938, que o mesmo foi assassinado em pleno combate na Grota de Angicos, em Poço Redondo (SE), pela força volante do tenente João Bezerra da Silva, juntamente com outros companheiros do bando. Um dia antes, Lampião pediu ao coiteiro Pedro de Cândido para ir a cidade de Piranhas (AL) em busca de umas encomendadas, porém, aprisionado pela policia o coiteiro confessou o local onde o bando se encontrava e guiou toda a guarnição policial. O combate durou poucos minutos, e Lampião morreu atingindo por um tiro fatal disparado pelo volante Antônio Honorato, ao lado de sua amada companheira Maria Lopes de Oliveira, a Maria Bonita. O combate resultou ainda na morte dos cangaceiros Luiz Pedro, Quinta-Feira, Mergulhão, Eletrico, Enedina, Moeda, Alecrim, Colchete II e Macela, além, do soldado Adrião. As cabeças dos cangaceiros foram decepadas a golpe de facão e enviadas, depois de exibidas em cidades da região, para o Museu Nina Rodrigues, em Salvador (BA), onde passaram trinta anos até serem enterradas pelas famílias dos cangaceiros.


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Feliz Aniversário!

Hideo Hirakawa com sua filha Andréia Hurakawa


Hoje é um dia muito especial, é o aniversário do meu primeiro e grande amor: meu Pai, meu herói! 


Sempre muito dedicado e carinhoso com filhos e netos, quero desejar muita saúde e toda felicidade do mundo seria muito pouco, pois merece tudo que há de melhor! 


Muito obrigada por ser esse pai tão carinhoso e batalhador, tenho muito orgulho em dizer que sou sua filha! É o melhor Pai e Avô do mundo! Amo-te muito, Pai! 


José Edilson Segundo, filha e esposa Andréia Hirakawa

Feliz Aniversário!

Andréia Hirakawa é esposa do pesquisador mossoroense José Edilson de Albuquerque Guimarães Segundo.

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Nesta terça-feira é dia de Reunião GECC e Cariri Cangaço


Nesta terça-feira, dia 05 de agosto, acontece a reunião ordinária do Grupo de Estudos do Cangaço do Ceará - GECC em parceria com o Cariri Cangaço. O encontro acontece a partir das 19 horas no auditório do ABO, à rua Gonçalves Ledo, nº 1630, no bairro Joaquim Távora, entre as ruas Heráclito Graça e Padre Valdevino, em Fortaleza.

Na pauta do encontro o balanço da Caravana Cariri Cangaço pelo nordeste, neste último mês de Julho e o resumo do Cariri Cangaço Piranhas 2014; na oportunidade haverá também um bate papo sobre os últimos lançamentos do mercado literário sobre a temática cangaço. O encontro é aberto ao público em geral, Você é nosso convidado !

Ângelo Osmiro Barreto
Presidente do GECC 
Grupo de Estudos do Cangaço do Ceará

Clique no link abaixo:
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A SEDIÇÃO DO JUAZEIRO - (Padre Cícero (II) série de 4 crônicas)

Por Clerisvaldo B. Chagas, 5 de agosto de 2014 - Crônica Nº 1.233

As desastradas fórmulas da chamada República Velha, fizeram com que acontecesse uma revolta no sertão cearense e que ficou na história como “A Sedição do Juazeiro”. Governava o país, Hermes da Fonseca, sobrinho do Marechal Deodoro, entre 1910 e 1914 quando nesse último ano a revolta foi gerada. Era a intervenção do governo central na política dos estados.

Deputado Floro Bartolomeu e Padre Cícero

Querendo ampliar o mando da situação e impedir que opositores ocupassem cargos importantes como governador, Hermes criou a “política das salvações” para interferir nos estados contra seus opositores. O presidente apoiava as oligarquias estaduais em troca de apoio à Presidência.

No Ceará, Hermes da Fonseca procurava impedir o acesso das oligarquias de oposição ao governo do estado. O senador gaúcho José Gomes Pinheiro Machado liderava essas oligarquias. As medidas do presidente Hermes, causaram insatisfação nos políticos daquele estado.

Desde 1911 que havia uma disputa entre o padre Cícero e o presidente porque o padre queria manter a família Acioly no poder. Entretanto, em 1912, o presidente retirou os Acioly do comando. Nessa época o padre Cícero ocupava o cargo de prefeito do Juazeiro e de vice-governador do estado.

O interventor nomeado, Coronel Marcos Franco Rabelo, em 1914 começou a perseguir o padre Cícero. Destituiu o sacerdote dos dois cargos políticos e ordenou sua prisão. Os grupos oligárquicos revoltaram-se fazendo com que Floro Bartolomeu liderasse um batalhão formado por jagunços e romeiros em defesa do padre Cícero.

Franco Rabelo envia uma expedição para prender o padre Cícero. No Juazeiro do Norte, porém, havia sido construída uma trincheira em redor da cidade em apenas sete dias e que recebeu o nome pelo sacerdote de “Círculo da Mãe de Deus”. Houve vários combates, sempre com a vitória dos revoltosos. As tropas do governo retornaram à Fortaleza em busca de reforço. Floro Bartolomeu foi ao Rio de Janeiro em busca de apoio de Pinheiro Machado. Enquanto isso, os revoltosos partiram para Fortaleza e depuseram o governador Franco Rabelo.

O jeito que houve foi o presidente Hermes da Fonseca convocar novas eleições para o governo do Ceará. Ficou no cargo Benjamim Liberato Barroso e o padre Cícero retornou ao cargo de vice-governador do estado.

* Continua amanhã.

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NÃO PRECISO QUE ME DIGAM DE QUE LADO NASCE O SOL

Por Rangel Alves da Costa*

Igualmente a Belchior, não preciso que me digam de que lado nasce o sol. Conheço bem esse lugar, sei muito bem onde fica. Mesmo de olhos vendados conseguiria encontrá-lo, bem como a qualquer instante e circunstância. No leste do corpo fica o meu coração, os meus sentimentos, a moradia do amor e da fé, o templo maior de um ser.

A própria música confirma que o coração bate no lado que nasce o sol. No lado esquerdo do peito, no lugar mais primoroso do corpo, aí bate o coração e nasce todo o sol da vida, sempre pujante, sempre radiante. E mesmo as nuvens enegrecidas que insistem em aparecer não conseguem afastar sua presença.

Contudo, também sei que o sol não nasce no mesmo lugar, pois em pontos diferentes a cada dia. Assim acontece porque nem sempre surge no ponto cardeal leste, mas do lado leste onde a pessoa está. É como se o indivíduo estivesse mirando o lado oeste e lá pudesse encontrá-lo. Não porque ele nasça lá, mas porque o leste do coração segue a pessoa e é o mesmo em qualquer direção.

Mas de todo modo ele nasce sempre no lado esquerdo do peito, pois num horizonte leste que não é outro senão o do coração. E tudo de bom na existência parece partir desse ponto, desse horizonte ensolarado, eis que o coração é porta e caminho de onde a pessoa sai em busca das grandes realizações.

E assim porque só é bom e desejado ao indivíduo se anteriormente for confirmado pelo coração. Absolutamente nada possui validade na vida se não estiver em conformidade com os desejos da alma e a benção do coração. Este é o primeiro a ser ouvido porque é primeiro que sabe o que realmente é desejado.

Assim, nenhum passo, nenhum querer, nenhuma aspiração, absolutamente nada deve ser imaginado e feito contrariando o seu comando. Ora, diferentemente do que ocorre nas ações exteriores do indivíduo, o coração nunca erra. Por mais que o indivíduo ache que não, por mais que o veja sentimentalista demais, ainda assim será comprovado que a razão do homem está mesmo no templo de seu íntimo.


A ação do indivíduo nem sempre tem a ver com o que o seu coração assinalou, silenciosamente ensinou a fazer. É próprio do ser humano agir por impulsos, sem ponderações e cuidados maiores. Mas toda vez que age em desconformidade com o melhor para si, cuja lição continua sendo repassada por aquela voz interior, estará se distanciando de sua própria humanização.

É preciso, pois, ouvir atentamente a voz do coração. Sim, o coração tem voz, dialoga com o indivíduo, repassa-lhe as lições necessárias. O termo “ouvir a voz do coração” não é mera força de expressão, mas uma verdade que deve ser sempre considerada. E são muitas as consequências neste sentido, nascidas da obediência ao não às suas sempre sábias palavras.

Geralmente se ouve que o coração não desejava, porém acabou agindo por conta própria. E também que o coração apertava dizendo não, mas a pessoa deixou de lado toda prudência e agiu quase por impulso. E ainda que por não ouvir o coração fez a escolha menos desejada. Quer dizer, todas as ações foram irracionais e suas consequências danosas. E fazendo sofrer também ao coração que só desejava a felicidade.

Não há erro maior no ser humano que agir contrariamente aos desejos daquele que verdadeiramente o guia. E não ouvi-lo, não considerá-lo, também vai definhando toda a sua sensibilidade. E aos poucos o coração tão pulsante, tão vivaz, vai perdendo sua força e encorajamento e vai se tornando apenas uma máquina que bate cada vez mais lentamente. Até parar.

Por isso mesmo que a pessoa não deve esquecer-se de olhar para o lugar onde nasce o sol, e a cada dia, a cada instante. Ali está o seu coração. Ali bate o seu coração. Deste retire sua luz, sua força vital e viva a plenitude possível.

Poeta e cronista
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