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sexta-feira, 20 de abril de 2018

Livro "Lampião a Raposa das Caatingas"


Depois de onze anos de pesquisas e mais de trinta viagens por sete Estados do Nordeste, entrego afinal aos meus amigos e estudiosos do fenômeno do cangaço o resultado desta árdua porém prazerosa tarefa: Lampião – a Raposa das Caatingas.

Lamento que meu dileto amigo Alcino Costa não se encontre mais entre nós para ver e avaliar este livro, ele que foi meu maior incentivador, meu companheiro de inesquecíveis e aventurosas andanças pelas caatingas de Poço Redondo e Canindé.

O autor José Bezerra Lima Irmão

Este livro – 740 páginas – tem como fio condutor a vida do cangaceiro Lampião, o maior guerrilheiro das Américas.

Analisa as causas históricas, políticas, sociais e econômicas do cangaceirismo no Nordeste brasileiro, numa época em que cangaceiro era a profissão da moda.

Os fatos são narrados na sequência natural do tempo, muitas vezes dia a dia, semana a semana, mês a mês.

Destaca os principais precursores de Lampião.
Conta a infância e juventude de um típico garoto do sertão chamado Virgulino, filho de almocreve, que as circunstâncias do tempo e do meio empurraram para o cangaço.

Lampião iniciou sua vida de cangaceiro por motivos de vingança, mas com o tempo se tornou um cangaceiro profissional – raposa matreira que durante quase vinte anos, por méritos próprios ou por incompetência dos governos, percorreu as veredas poeirentas das caatingas do Nordeste, ludibriando caçadores de sete Estados.
O autor aceita e agradece suas críticas, correções, comentários e sugestões:

(71)9240-6736 - 9938-7760 - 8603-6799 

Pedidos via internet:
Mastrângelo (Mazinho), baseado em Aracaju:
Tel.:  (79)9878-5445 - (79)8814-8345

Clique no link abaixo para você acompanhar tantas outras informações sobre o livro.
http://araposadascaatingas.blogspot.com.br

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A SEDE ESTUDANTIL

Clerisvaldo B. Chagas, 20 de abril de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.888
Palestra na Escola Helena Braga. Foto: (Paulo César).
Ontem (quinta-feira) tive a honra de ministrar palestra na Escola Estadual Professora Helena Braga das Chagas, sobre a cidade de Santana do Ipanema. A princípio tive que optar por um dos três ou quatro trabalhos preparados para palestras. A história de Santana, no geral, é longa. Busca-se, então, um compartimento: a criação da cidade em seis blocos e sua expansão. O Rio Ipanema, beleza e dor ou mesmo a história iconográfica, lançamento recente. Resolvemos, pois, pelo último trabalho publicado em que o estudante pode apreciar os vários aspectos da sua terra, através de imagens legendadas e cronológicas. Para nós seria um teste de fogo como primeira apresentação do livro/enciclopédia “230” através de slides e logo diante de uma plateia juvenil bastante exigente. Como havia também um convite de outra escola com o mesmo propósito, achei que o primeiro teste estaria carente de nota.
Minha surpresa foi muito agradável em vê duas turmas normalmente agitadíssimas, comportarem-se como se estivessem diante das histórias da vovozinha. Comprovei no momento a imensa carência da história municipal entre professores e estudantes. O que estava previsto para 50 minutos, esticou-se para 1.hora e 30 minutos, encerrando-se aí apenas porque surgiu na telinha, o nome FIM. O trovão de palmas após a palestra foi caloroso, levando o palestrante à certeza da aprovação IN LOCO de um trabalho suado, guia e amoroso.
Não apenas ministramos palestras (atualmente mediante cachê), mas incentivamos à plateia à pesquisa. Mas como alguém pode pesquisar alguma coisa sem incentivo? O estudante vibra quando um dia perdido no ano, é convidado para algum passeio, mas que não passa disso. Os professores ou não querem mais trabalho ou não têm condições de pesquisa de campo. E se professor não vai ao campo, por que o aluno iria? E assim morre a história da sua rua, do seu bairro, dos titulares das avenidas e do seu município. Onde estão a Geografia e a História da sua cidade, se não fazem parte do currículo? Dessa maneira vamos gerando analfabetos do próprio lugar.
A estudantada tem sede do Saber, mas quem garante sua água?
Autoridades pensem nisso.

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DESALENTO


*Rangel Alves da Costa
Uma estrada. Um caminho. Um voo. Uma fuga. Um sonho. Um horizonte. Um destino. Uma sina. Um desespero. Um medo. Um desejo. Uma saída. Mas quando abrir a porta e enfrentar o desconhecido além?
Acordar e de repente se sentir em fúria. E, inconformado com o que sequer sabe o que seja, confrontar a si mesmo e a tudo. E então bradar, chutar, se extremar na violência. “Chega, chega, chega. Vá tudo pra puta que pariu. Nada presta, nada me serve, nada disso vale porra nenhuma. Já estou cheio dessa mesmice de merda, dessa droga de vida”. E vai batendo portas, esmurrando paredes, chutando tudo o que encontrar pela frente.
Vai partir. Não sabe para onde, mas tem de partir. E sem demora. É preciso aproveitar a cólera para não se arrepender. A cegueira da raiva acaba guiando ao desatino, mas qualquer caminho será melhor que ficar. E no silêncio da fúria a mente esbraveja: “Chegou a hora. Demorei demais suportando o insuportável. Aqui não nasci e aqui não hei de findar. E se existe uma estrada, então é por ela que devo seguir”.
A mente se demonstra menos furiosa que o ser em si, que a impulsividade em si. Mas nem sempre o pensamento doma a impensável atitude, pois é na irracionalidade que as estradas de labirintos e espinhos logo chamam à caminhada. E não há ponderação a ser feita quando a furiosa impulsividade diz que vá, que siga, que nem pense duas vezes em seguir adiante.
Deixando-se levar pela cegueira, pelo ódio e pela voraz decisão, sequer imagina as consequências mais prementes de qualquer abrir a porta. Tanto faz que esteja um tempo de vendavais e tempestades, um tempo de abismos e medos, um tempo de sombras e escuridões. Assim porque a cegueira de revolta impensada acaba criando uma ilusão proveitosa e convidativa. As ilusões das flores na estrada, dos frutos pelos pomares, das fontes de água doce.


Então as armadilhas se lançam ao cuidado de não fazer refrear os desacertos da vida. Lançam mais lenha na fogueira ainda crepitante e ardilosamente sopram o fogo voraz da incoerência. E ainda têm o cuidado de gritar aos ouvidos: “Você é covarde, é medroso, é a fraqueza em pessoa, é? Mostre que é dono de si mesmo, que faz o que bem desejar. Não estava decidido a abandonar tudo e sair por aí, então porque não abre logo a porta e vai apenas seguindo? Garanto-lhe uma alegria caminhada e um grandioso destino, sem arrependimento nem vontade de jamais retornar. Então abra logo essa porta e vá”.
No momento seguinte, ele já está calçando o chinelo e procurando a chave da porta. Vira e revira tudo e nada de encontrar. Ela não está em outro lugar senão na porta, no local de sempre, mas eis que forças ocultas, em constante luta com as armadilhas, também agem para permitir que o ser se sinta encorajado a repensar suas decisões e a agir de modo tão doloroso à própria vida. Mas a fragilidade dele era tamanha que as armadilhas logo trouxeram a chave quase diante dos olhos.
Abriu a porta e nem olhou para trás. Abriu rapidamente a porta e sequer se permitiu um olhar de despedida às velhas paredes, aos móveis antigos, aos livros velhos, às relíquias, aos retratos, à vida ali existente. A chuva caía em temporal, mas se imaginou num instante de sol e de estrada aberta. E as armadilhas diziam vá, vá, vá, pois um dia bom para seguir ao longe. E ele, sem ao menos fechar a porta, deu o primeiro, o segundo, o terceiro passo. Agora era só seguir em frente.
Mistério dos mistérios, segredos das forças que nunca abandonam os desalentados. De repente sentiu o peso da chuva, sentiu-se molhado, encharcado. Olhou para cima e só encontrou água caindo. Abriu os braços e se deixou inundar. Depois se debruçou sobre o chão empoçado e chorou. E assim permaneceu durante muito tempo, até a chuva cessar. Ao levantar os olhos e olhar para estrada adiante, apenas disse: que estrada mais difícil de ser seguida.
E retornou para dentro de casa. Preparou um café quente e retornou à soleira da porta, lançando o olhar à paisagem molhada e silenciosamente dizendo: logo tudo estará renascido.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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SÍTIO PASSAGEM DAS PEDRAS ONDE NASCEU LAMPIÃO


Por Volta Seca

O Sítio e Riacho "Passagem das Pedras"... Local onde nasceu VIRGULINO, o futuro LAMPIÃO.

O Sítio dista, aproximadamente, uns 48 km para a cidade de Serra Talhada - PE (antiga Vila Bela). Possui uma área de cerca de uns 40 hectare, sendo o Sr. Camilo Nogueira, o atual proprietário.

O Sítio é banhado pelas águas do Riacho São Domingos, que é um afluente do Rio Pajeú. Hoje, da velha casa dos FERREIRAS, só existem torrões pelo chão, além de diversas espécies de plantas, destacando-se dois pés de mandacaru, além de outras espécimes...

OBS:
A foto dos escombros da casa: acervo Volta Seca
A foto do Riacho São Domingos - acervo Antônio Vilela.

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=829374847264491&set=gm.805278113014468&type=3&theater&ifg=1

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LAMPIÃO JOGOU MOEDAS PARA AS CRIANÇAS EM LIMOEIRO DO NORTE-CE.

Por José Mendes Pereira

Eu não posso afirmar que foi verdade, mas também não tenho autoridade para dizer que foi mentira, porque este que me contou não é homem de andar contando o que não aconteceu.

Seu Antonio é da cidade de Limoeiro do Norte no Estado do Ceará. Ele é meu vizinho e me contou que na passagem de Lampião em 1927 pelo município de Limoeiro do Norte, aconteceu um fato interessante.

http://en.wikigogo.org/en/259393/

Quando Virgolino Ferreira da Silva o rei do cangaço Lampião jogava moedas para a criançada do lugar, um homem de intrometido, também caiu na gandaia de apanhar dinheiro. 

Observando o atrevimento do sujeito, enquanto fazia a sua oferta às crianças, e antes que terminasse aquele ato bondoso, o rei Lampião partiu para cima do sujeito segurando por traz, agarrado no cós da calça do indivíduo, e usando toda a sua fúria, jogou-o no chão dizendo-lhe: "Se fosse para você, cabra safado, eu tinha entregue nas suas mãos! E antes que eu perca a minha paciência, saia logo daqui correndo, se não eu faço você engolir esta sacola de moedas!" - Dizia ele mostrando a sacola das moedas ao indivíduo.

O sujeito entrou nas matas. mas antes tirou as moedinhas que já repousavam em seu bolso. 

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AZULÃO... AZULOU PARA O INFERNO COM SUA CARA METADE.

Material do acervo do pesquisador Geraldo Júnior

Era o título da matéria do Jornal DIÁRIO DA TARDE (Salvador/BA) em sua edição do dia 16 de outubro de 1933.

No dia 13 de outubro de 1933 o grupo cangaceiro liderado por Azulão II invadiu a Fazenda Morrinho de propriedade de Zezé Almeida. Os cangaceiros exigiram determinada quantia e como não foram atendidos, balearam o Sr. Zezé Almeida e assassinaram seu filho que tentou socorrê-lo, sangrando também a golpe de punhal o vaqueiro da fazenda.
Após cometerem a tragédia o bando composto pelos cangaceiros Azulão II, Maria Dórea (Eudora) a Maria de Azulão, Canjica, Zabelê II, Arvoredo, Calais e sua companheira Joana, seguiram até a fazenda Carrancuda, onde novamente fizeram exigências e por não terem sido novamente atendidos espancaram barbaramente o proprietário e estupraram suas duas filhas.

Satisfeitos seus intentos, o grupo se dirigiu para a Lagoa do Lino (Limo), onde se acoitaram e ordenaram ao morador da fazenda que no dia seguinte fosse levar água e comida.

No dia 14 de outubro de 1933 pela manhã receberam a inesperada visita de duas Volantes Policiais sob o comando do Tenente Zé Rufino e do Sargento Zé Fernandez.

O resultado da visita está aí logo abaixo para vocês conferirem... de bandeja.

Na fotografia abaixo da esquerda para a direita estão as cabeças dos cangaceiros ZABELÊ II, CANJICA, AZULÃO II e MARIA DÓREA (DÓRA / EUDORA). As cabeças dos cangaceiros mortos após terem sido expostas na calçada da Cadeia Pública de Monte Alegre/BA, foram em seguida encaminhadas para o Museu do Instituto Dr. Nina Rodrigues em Salvador/BA, onde ficaram expostas para visitação pública até o ano de 1969, quando foram liberadas para sepultamento.

Obs: A Fazenda LAGOA DO LINO (LIMO) ficava localizada na época dos acontecimentos no município de Monte Alegre, atual Mairi/BA.

Foto: Cortesia Rubens Antonio
Geraldo Antônio de Souza Júnior (Administrador do Grupo)

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ADEUS A ZÉ GARROTE


Por Júnior Almeida

Rezemos pelo amigo Zé Garrote que foi chamado à presença do Pai na tarde da sexta feira (20). José perdeu a luta contra a agressiva e incurável doença. Faleceu no Hospital de Santo Amaro em Recife.

Na segunda feira passada estivemos com ele no hospital de Caetés, onde ele também recebeu a visita de um padre de Aracaju, orientador do seu filho seminarista Ranieri, que ministrou para ele os sacramentos da Igreja de Nosso Senhor, preparando Zé para a sua viagem derradeira.

Sei que é o caminho de todos, mas não deixamos de sentir a partida precoce de um batalhador pai de família. Aos pais João e Lindaura, à esposa Sueli, os filhos Luan, Renan, Ranieri, Naja Naya e Luma Naya, e também seus netos, João Victor, Ágata e Enzo, os nosso mais sinceros sentimentos.

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1483400315105136&set=a.103552366423278.7272.100003055456025&type=3&theater

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FORTALEZA DE PREPARA PARA RECEBER A ALMA NORDESTINA

O Cariri Cangaço é um evento de cunho turístico-cultural e histórico-científico que reúne  alguns dos mais destacados pesquisadores e historiadores das temáticas; cangaço, coronelismo, misticismo, messianismo e correlatos ao sertão e ao nordeste, do Brasil, configurando-se em 2018; seu nono ano de realização; como o maior e mais respeitado evento do gênero no país. 
Presente em 5 estados da federação: Ceara, Pernambuco, Paraíba, Alagoas e Sergipe, já realizou 19 grandes Seminários com 96 conferências, 58 Mesas de Debates, 87 Visitas Técnicas e 62 Lançamento de Livros, totalizando uma presença de mais de 45 mil pessoas em todas as suas edições. Este ano de 2018 o Cariri Cangaço chega de maneira inédita às capitais, iniciando por Fortaleza; entretanto o Cariri Cangaço mantem ainda agendas nas cidades de Poço Redondo, Sergipe, em Junho; e São José de Belmonte, no estado de Pernambuco em Outubro, num grande evento celebrando Ariano Suassuna.

"Onde Nascem os Bravos" película de Daniell Abrew em grande apresentação no Cine Teatro São Luiz com entrada franca... 

A capital do Ceará, Fortaleza, recebe entre os dias 26 e 29 de abril, destacados estudiosos, pesquisadores e escritores de Temas ligados a história do Nordeste no Brasil. O Cariri Cangaço Fortaleza  2018 apresenta um qualificado Fórum de Debates que terá como tema principal O “Coronelismo”.
O evento já se configura como a maior iniciativa do gênero já realizada em uma capital do país. O Cariri Cangaço está sendo construído a partir de grande articulação envolvendo vários segmentos culturais, estudantis e acadêmicos do estado e também da região.

Pedro Lucas Feitosa, Cecília do Acordeon, Deisielly do Acordeon, Ericka do Acordeon, Francine Maria e Pedro Popoff fazem a festa da verdadeira Alma Nordestina

O Cariri Cangaço Fortaleza tem a frente o Instituto Cariri do Brasil e o Grupo de Estudos do Cangaço do Ceará, com o apoio da  Sociedade Brasileira Estudos do Cangaço, da Academia Cearense de Letras e da Academia Lavrense de Letras; além de parceiros institucionais:
 Assembléia Legislativa do Estado do Ceará,
 Universidade Federal do Ceará – Casa José de Alencar,
Cine Teatro São Luiz,
Ordem dos Advogados do Brasil – CE,
Câmara Brasil – Portugal,
  Instituto Cultural do Cariri,
 Grupo Paraibano de Estudos do Cangaço,
 Sociedade Cearense de Geografia e Historia,
 Academia Cearense de Cinema e
 Instituto Geográfico e Histórico do Pajeú
Colégio Maria Ester
Colégio Dom Quintino e
Laser Video
Programação Completa na 
Aba Lateral deste Blog.

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JOARYVAR MACEDO NO CARIRI CANGAÇO FORTALEZA 2018


Vamos nos valer do escritor Dimas Macedo para nos trazer um dos grandes homenageados do Cariri Cangaço Fortaleza 2018: Joaryvar Macedo, autor de um dos clássicos da literatura sobre o coronelismo nordestino; O Império do Bacamarte: "Falar da personalidade e, principalmente, da obra literária e historiográfica de Joaryvar Macedo constitui tarefa que dignifica e ao mesmo tempo põe em desafio a argúcia do intérprete, vez que estamos a tratar de um homem de letras que “notabilizou-se como um dos mais autênticos pesquisadores da história do seu Estado”.  

Considerado por Raimundo Girão como sendo “o mais abalizado historiador do sul do Ceará”, Joaryvar Macedo nasceu no Sítio Calabaço, a oito quilômetros da cidade de Lavras, aos 20 de maio de 1937, sendo filho de Antônio Lobo de Macedo, poeta popular e político influente em seu município, e de Maria Torquato Gonçalves de Macedo.


Em vida, foi Joaryvar Macedo a própria história do Cariri se movimentando, expressando-se em gestos e palavras, dimensionando-se nas páginas dos livros e opúsculos que nos legou e nos trabalhos esparsos respingados na imprensa caririense e na Revista do Instituto do Ceará, cujas páginas enriqueceu com a percuciência das suas observações. “Homem calmo, de sólida cultura, não sabe fazer alarde pessoal dos seus conhecimentos. É valor autêntico da cultura caririense que começa a espraiar-se por aí afora”. Dele disse o saudoso escritor J.de Figueiredo Filho quando, em data solene para a história das letras sul-cearenses, o recebeu como membro efetivo do Instituto Cultural do Cariri. 

Sem nenhuma dúvida, foi Joaryvar Macedo uma das personalidades mais ilustres das letras cearenses e um dos mais eruditos historiadores do Ceará, cuja formação histórica pesquisou com a argúcia e o devotamento de um beneditino. Em todos os seus trabalhos de pesquisa Joaryvar Macedo primou por um estilo eloquente. E sempre que expendiu juízos em torno de fatos históricos ele o fez com a melhor clareza de raciocínio. A sua linguagem literária revela-se, em todo o seu percurso, recheada de filamentos retóricos, demonstrando-nos o seu autor possuir a dotação de um clássico, sendo ele um moderno."

Joaryvar Macedo no Cariri Cangaço Fortaleza 2018
26 a 29 de Abril 
Fortaleza, capital do Ceará

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O CONCHAVO PARA A INVASÃO DE MOSSORÓ E A MORTE DE UM TRAIDOR


Por Sálvio Siqueira

Naquele tempo, sem a participação auxiliadora dos ‘coronéis’, o cangaço não tinha se enraizado nos sertões nordestinos com tanto ênfase. No mundo do ‘coronel’ estava contido o do cangaceiro e vice-versa. O cangaceiro veio, em sua grande maioria, do mundo dos coronéis, pois, eram ex-jagunços que prestavam seus ‘serviços’ sangrentos e secretos ao mesmo. Depois de roubar, extorquir, maltratar e matar a mando do ‘coronel’, alguns jagunços resolve mudar um pouco.

Continuariam fazendo tudo aquilo, porém, a ‘arrecadação’ em dinheiro, prata e ouro no exercício de seus crimes seria dele próprio, quando muito, repartiam meio a meio com o coronel o que já os deixavam de igual para igual nesse sentido.

Com essa determinação dos cabras, os coronéis continuaram contratando outros jagunços, no entanto, aqui acolá, esses ex-jagunços, agora cangaceiros, emprestavam suas espingardas aos serviços dos seus ex- patrões em casos determinados como ‘especiais’: rixa política entre chefes regionais, uma propriedade que queriam comprar e não estava a venda e outros do mesmo porte. Havia, dentre outras, uma boa razão para ocorrer essa contratação, que seria o não aparecimento dos seus homens, com isso ele tirava um pouco dos ombros a suspeita que certamente teria a Força Pública. É claro que sendo um desafeto de determinado ‘chefão’ da região, não só as autoridades como todo o restante da população sabia quem seria o mandante, mas, todos faziam de conta não saberem e o poder estando em suas mãos à justiça não tinha como agir contra os próprios.

Alguns estudantes do tema cangaço acreditam que o ‘coronel’ do sertão nordestino, o latifundiário, era o maior inimigo dos cangaceiros. Ocorria exatamente o contrário. O cangaceiro que se atrevia a ficar inimigo dos ‘coronéis’ não sobrevivia muito tempo. Parte da pirâmide de colaboradores, a malha humana de colaboradores que Lampião, o “Rei do Cangaço”, conseguiu erguer, formar, era dos coronéis que foram à ‘prestação de serviços’ executados em prol do chefe cangaceiro em se tratando de abastecimento com mantimentos, armas e munição, coisas essenciais para sobrevivência de qualquer grupo armado.

Só que quando o jagunço ou cangaceiro chegavam até um coronel ou ao território por ele controlado, há muito que aquela força dominante existia na região, pois vinha, na maioria das vezes, herdada por gerações. Então, para continuarem com as rédeas do poder, logicamente o coronel e cia pendiam, na hora do aperto, para o lado mais forte, o governo, com isso os bandoleiros levavam sempre a pior. Assim, na sequência dos arrochos empregados pela Força Pública o cangaço chega ao seu epílogo em maio de 1940 com a morte do chefe cangaceiro Corisco.

A década dos anos 1920 é considerada como sendo a época em que mais surgiram grupos de bandoleiros armados aterrorizando os sertanejos. Tanto que, estatísticas mostram que após 1922 mais de 40 grupos de cangaceiros agiram no Sertão, microrregião semiárida do Nordeste brasileiro até meados de 1927. Dentre todos os grupos de bandoleiros, bandos de cangaceiros, que apareceram naquele momento, o comandado pelo pernambucano Virgolino Ferreira, o cangaceiro Lampião, natural de Passagem das Pedras, município de Vila Bela, hoje Serra Talhada, PE, foi o que mais se destacou. Igual seus antecessores, Lampião teve que se conciliar com coronéis, roceiros, militares e governantes para conseguir sobreviver às perseguições impostas pela Força Pública.

A historiografia nos mostra que vários dos coronéis que fizeram conchavos com cangaceiros, os traíram para, principalmente, se darem bem diante da ‘justiça’. Mesmo assim, na época do cangaço lampiônico grandes latifundiários, comerciantes e agricultores colaboradores foram presos e abatidos pelas volantes. Exterminando a colaboração dos colaboradores seria o único meio de chegar ao cangaceiro mor.

Naquele tempo, 1927, um dos grandes coiteiros do cariri cearense era o coronel Isaías Arruda. Isaías sempre manteve ao seu comando um bando de jagunços bem armados para não perder o domínio da região. Além disso, tinha constantes contatos com chefes de bandos de cangaceiros incluindo, dentre esses, Lampião. Em certa data, Arruda manda chamar vários chefes de bandoleiros para uma determinada ação. Entre eles estavam Sabino das Abóboras, Massilon Leite e Virgolino Ferreira. Massilon, dono de uma ambição maior do que a dos outros, tem a ideia de atacarem uma cidade de grande porte no Estado potiguar. Passando a ideia para o coronel Arruda, esse também cheio de ambições, concorda e se compromete em fornecer material bélico, alimento e dinheiro para as devidas despesas que teriam na grande empreitada que fariam.

Segundo José Cícero, professor e pesquisador do cangaço, além de Secretario de Cultura de Aurora – CE, o chefe cangaceiro Massilon Leite, quando em viagem ao encontro com o coronel Isaías, na fazenda Ipueiras, “Depois de comerem na casa do vaqueiro, Massilon com seu bando seguiu para o esconderijo da serra dos Cantins a cerca de apenas meia légua da Ipueiras(fazenda do coronel Isaías Arruda arrendada ao cunhado Zé Cardoso) onde aguardaria o coronel e Lampião com relativa segurança.”

Esse vaqueiro em qual casa os cangaceiros de Massilon fizeram uma ‘boquinha’, era o senhor Vicente, que trabalhava para Zé Cardoso, outro fazendeiro cunhado de Isaías, e para o próprio coronel Isaías. Seus serviços não era apenas arrebanhar reses desgarradas, alimentá-las e desleitar as vacas pela manhã, e sim levar e trazer informações dos amigos dos fazendeiros e, principalmente, notícias dos inimigos desses. Estava por dentro de muitos ‘acordos’ e missões destinadas aos jagunços e cangaceiros contratados pelo coronel.

Vejamos, segundo o pesquisador José Cícero, o diálogo que o vaqueiro Vicente teve com Massilon antes de irem à casa do mesmo:

“- Bom dia Massilon! Como você voltou cedo... o combinado num era pro mês que entra? - Disse o vaqueiro com certa intimidade.

- De fato Seu Vicente, nós havia acertado com Zé Cardoso e o coroné pro começo do mês de julho. Mas sê sabe como é, a gente num domina os acontecimentos. – Continuou:

- Por isso tô aqui. E também já sei que o capitão Virgulino já tá chegando aí por perto. Tá pras bandas das porteiras ou nas terras de Antoin da Piçarra dando uma descansada - Explicou Massilon sentado de lado sobre a lua da sela, como que descansando as nádegas da longa viagem.

- É bom prevenir o capitão. Vi dizer que os macacos de Arlindo Rocha e Mané Neto estão fechando o cerco por aquelas bandas. É bom num facilitar. Aqui na Aurora estamos mais protegidos sob os cuidados do coroné Arruda.

Depois emendou: - Mas seu Vicente, me diga, onde está seu Zé Cardoso? –Perguntou:

- Trago a encomenda do coroné Izaías Arruda e tenho um bilhete de Décio Holanda sobre aquele assunto de Mossoró. Neste instante o vaqueiro do Diamante pareceu que tinha fogos nos olhos.

- Ora Massilon, você devia ter mandado dizer antes pelo pessoal das Antas. Zé Cardoso foi pra Missão Véia inda hoje no trem da feira pra tratar de assunto particular com o coroné Izaías. Depois a gente precisa de pagamento né. Disse ele que tinha pressa e tinha urgência. O vaqueiro continuou na sua longa explicação:

- Mas pelo jeito a amanhã cedo já deverá está de volta pelas Ipueiras. – explicou.

- Mas me diga onde vosmicê quer se arranchar? Aqui no Diamante na minha morada ou lá na casa das Ipueiras? Quis saber o vaqueiro. Pensativo Massilon demorou um pouco com o olhar enigmático voltado para o norte. Depois respondeu de chofre:

- Seu Vicente agradeço a sua hospitalidade. Mas quero ficar com meus homens até Zé Cardoso me trazer o coroné, lá na gruta da serra dos Cantins se o amigo não fizer caso pela escolha. – disse ele.

- O amigo acaso podendo me dispor do necessário é lá que eu queria me acoitar pelo tempo devido que for. Tenho coisas importantes para o coroné e naquele esconderijo de Lampião me sinto mais seguro. Sê sabe como é né? Munição e arma nós tem pra qualquer precisão.

- Bom, se o amigo deseja assim. Assim será feito. O resto pode deixar por minha conta.”

Massilon estava retornando de uma ‘missão’ determinada pelo coronel Isaías Arruda onde conseguiu uma grande soma em dinheiro. Esse espólio, produto do crime, tinha que ser repartido com o mandante. Devido ter tido que emprenhar a força e fazer sangue, sem necessidade, diga-se de passagem, Massilon, achou melhor ficar protegido em um dos tantos esconderijos descobertos e usados por Lampião, isso por ter receio de alguma retaliação por parte de alguma volante vinda ao seu encalço.

“Era inegável. Ele (Massilon) temia alguma perseguição pela pilhagem que praticara dias antes. Com toda aquela dinheirama obtida nos últimos saques, Massilon repartiria com o coronel Izaías Arruda. Este era o trato – a partilha seria na base do meio a meio. E de quebra, por conta desse lucro, aparentemente fácil, tentaria convencer o arguto Lampião para a sonhada empreitada da invasão de Mossoró. Seria o xeque mate para subir de vez na vida.” (José Cícero)

Após alguns dias de espera e, por fim, os ‘convidados’ chegam e rumam para a sede da fazenda Ipueiras. Essa fazenda estava arrendada a Zé Cardoso, mas era propriedade do coronel Isaías Arruda, seu cunhado. Nela, em sua sede, foram arquitetados os planos e acordos para a invasão da cidade de Mossoró, no Estado do Rio Grande do Norte. Os quais, diga-se de passagem, não foram por total analisados minuciosamente. “Da qual participaram, além de Massilon, o cangaceiro aurorense Júlio Porto que servia a Décio Holanda do Pereiro, Zé Cardoso, Lampião, Sabino e o coronel Izaías Arruda, este último como o grande patrocinador da empreitada.” (José Cícero).

Nesses dados históricos passados pelo pesquisador José Cícero, “... o cangaceiro aurorense Júlio Porto que servia à Décio Holanda do Pereiro” , aparecem o nome de uma pessoa natural do município de Mossoró, RN. Então surge, evidentemente, uma nova suspeita de onde vieram às informações sobre a riqueza da cidade e de seu prefeito, na ocasião, o coronel Rodholfo Fernandes. Carecendo essa ligação ainda ser bem pesquisada e analisada pelos historiadores.

Segundo escritores, de princípio Lampião não aprova o plano e nega-se a participar. Porém, como a cobiça pelo cobre obscurece a mente humana, Massilon e o coronel Isaías terminam por convencê-lo. E sabemos no que deu.

O coronel Isaías Arruda, arquiteto e patrocinador do plano para o ataque e saque da cidade potiguar do sal, se ver apertado quando o plano não deu certo. Os resultados saíram diferentes do planejado e, além do prejuízo financeiro, seu nome estava em jogo. Sabedor do que ocorria ao bando de bandoleiros chefiado por Lampião em sua jornada de retorno ao Ceará, logicamente ao ponto de partida, as terras da fazenda Ipueiras, arquiteta outro plano para ver se se via livre daquela ameaça, ou daquelas ameaças: Lampião, seus cabras e a Força Pública de três Estados nordestinos empenhados em acabar com o bando, que seria matar seu cúmplice e seus comandados. Na vagem da fazenda, quando da parada do bando enfraquecido pelas constantes derrotas empregadas pelas volantes, o coronel Isaías e seu cunhado Zé Cardoso, mandam que o vaqueiro lhes sirva comida envenenada, coloquem fogo no canavial barrando a via de fuga e, por último, cedem seus jagunços para juntarem-se ao contingente de uma volante cearense a fim de cercarem e atacarem conjuntamente para acabarem de vez com o Capitão cangaceiro. As baixas foram enormes, porém, por incrível que pareça, Lampião consegue se safar dessa grande emboscada juntamente com parte de seus homens e segue para o Pajeú das Flores, seu torrão natal, lambendo suas feridas.

Logicamente a traição do coronel coiteiro não poderia ficar impune. Aí aparece outra forma, maneira, de agir do pernambucano chefe cangaceiro Virgolino Ferreira. Segundo o pesquisador/historiador Frederico Pernambucano de Melo, em seu livro “Guerreiros do Sol”, 5ª edição de 2011, Lampião usa dos serviços de pistolagem para resolver certos assuntos pendentes e um deles era exatamente a traição do coronel Isaías Arruda.

Havia uma família denominada ‘os Paulino’, que era composta por três irmãos: Antônio, Francisco e João, este último sendo o mais velho. Em determinada data o coronel Isaías Arruda envia seus jagunços para darem cabo dos ‘Paulino”, e esses assassinam o irmão mais velho, chamado de João. Sabedor dessa rixa, Virgolino, aproveitando a intriga de sangue, fornece dados e dinheiro para que os dois irmãos matem o coronel. Assim, de uma única jogada, Lampião queria fazer com que Isaías pagasse por sua traição, ocorrida um ano antes, e, ao mesmo tempo, os irmão ‘Paulino’ teriam sua tão sonhada vingança. Apesar do inquérito oficial referir que “os paulinos vingaram o assassinato do irmão mais velho João, morto numa emboscada no serrote d’Aurora pelos jagunços de Arruda no ano anterior. A verdade é que ocorreu um ótimo plano para o assassinato do traidor, “... o assassinato uma vingança de Lampião pela traição do coronel um ano antes, durante a célebre tentativa de envenenamento do bando lampiônico e o histórico cerco de fogo do sítio Ipueiras, propriedade de Arruda em Aurora em cujo local Virgulino se arranchara por diversas vezes. Ocasião em que o rei do cangaço fugia das volantes após o fracasso da invasão de Mossoró, arquitetada sob as estratégias de Massilon Leite e financiada pelo próprio Isaías.” (José Cícero).

Lampião, nessa época, segunda metade do ano de 1928, não tinha condições de retornar ao cariri cearense devido à força de quatro Estados nordestinos, Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte, conjuntas, estarem no seu encalço dia e noite. No Estado da Paraíba, particularmente, ele há muito não fazia suas incursões devido o atrito criado com o coronel José Pereira, chefe político da cidade de Princesa Isabel, outro coiteiro que o traiu usando o ataque a cidade de Souza em 27 de julho de 1924 pelos cangaceiros de seu bando, o qual ordena aos seus jagunços, em número maior do que o contingente militar daquele Estado saírem em campo para acabarem com ele.

No ocaso do ano de 1928 ele é obrigado a migrar para o Estado baiano tendo consigo apenas cinco cangaceiros “Ponto Fino II” que era seu irmão caçula Ezequiel, “Moderno” seu cunhado Virgínio Fortunato, “Caititu” o Luiz Pedro de Siqueira, “Mergulhão” que era Antônio Juvenal e “Mariano”, Mariano Laurindo Granja. O restante do bando foi abatido, outros se entregarem as volantes para não morrerem e ainda tinha aqueles que desertaram e entraram no meio do mundo sem darem mais notícias... Nas quebradas do Sertão.


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