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quarta-feira, 28 de julho de 2021

NOVO LIVRO NA PRAÇA LAMPIÃO E SEUS PRINCIPAIS ALIADOS

  Por José Mendes Pereira

 

Recentemente o escritor e pesquisador do cangaço Guilherme Machado lançou o seu trabalho sobre o mundo dos cangaceiros com o título "LAMPIÃO E SEUS PRINCIPAIS ALIADOS". 

O livro está recheado com mais de 50 biografias de cangaceiros que atuaram juntamente com o capitão Lampião. 

Eu já recebi o meu e não só recebi, como já o li. Além das biografias, tem fotos de cangaceiros que eu nem imaginava que existiam. São 150 páginas. Excelente narração. Conheça a boa narração que fez o autor. 

Pesquisador Geraldo Júnior

Prefaciado pelo pesquisador do cangaço Geraldo Antônio de Souza Júnior. Tem também a participação do pesquisador Robério Santos escritor e jornalista. Duas feras no que diz respeito aos estudos cangaceiros.

Jornalista Robério Santos

Não deixa de adquiri-lo. Faça o seu pedido com urgência, porque, você sabe muito bem, livros escritos sobre cangaços, são arrebatados pelos leitores e pelos colecionadores. Então cuida logo de adquirir o seu! 

Pesquisador Guilherme Machado

Adquira-o através deste e-mail: 

guilhermemachado60@hotmail.com

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“PAJEÚ EM CHAMAS: O CANGAÇO E OS PEREIRAS”

Recebi hoje do Francisco Pereira Lima (Professor Pereira) lá da cidade de Cajazeiras no Estado da Paraíba uma excelente obra com o título "PAJEÚ EM CHAMAS O CANGAÇO E OS PEREIRAS - Conversando com o Sinhô Pereira" de autoria do escritor Helvécio Neves Feitosa. Obrigado grande professor Pereira, estarei sempre a sua disposição.


O livro de sua autoria “Pajeú em Chamas: o Cangaço e os Pereiras”. A solenidade de lançamento aconteceu no Auditório da Escola Estadual de Educação profissional Joaquim Filomeno Noronha e contou com a participação de centenas de pessoas que ao final do evento adquiriram a publicação autografada. Na mesma ocasião, também foi lançado o livro “Sertões do Nordeste I”, obra de autoria do cratense Heitor Feitosa Macêdo, que é familiar de Helvécio Neves e tem profundas raízes com a família Feitosa de Parambu.

PAJEÚ EM CHAMAS 

Com 608 páginas, o trabalho literário conta a saga da família Pereira, cita importantes episódios da história do cangaço nordestino, desde as suas origens mais remotas, desvendando a vida de um mito deste mesmo cangaço, Sinhô Pereira e faz a genealogia de sua família a partir do seu avô, Crispim Pereira de Araújo ou Ioiô Maroto, primo e amigo do temível Sinhô Pereira.

A partir de uma encrenca surgida entre os Pereiras com uma outra família, os Carvalhos, foi então que o Pajeú entrou em chamas. Gerações sucessivas das duas famílias foram crescendo e pegando em armas.

Pajeú em Chamas: O Cangaço e os Pereiras põe a roda da história social do Nordeste brasileiro em movimento sobre homens rudes e valentes em meio às asperezas da caatinga, impondo uma justiça a seus modos, nos séculos XIX e XX.

Helvécio Neves Feitosa, autor dessa grande obra, nascido nos Inhamuns no Ceará, é médico, professor universitário e Doutor em Bioética pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (Portugal), além de poeta, escritor e folclorista. É bisneto de Antônio Cassiano Pereira da Silva, prefeito de São José do Belmonte em 1893 e dono da fazenda Baixio.

Sertões do Nordeste I

É o primeiro volume de uma série que trata dos Sertões do Nordeste. Procura analisar fatos relacionados à sociedade alocada no espaço em que se desenvolveu o ciclo econômico do gado, a partir de novas fontes, na maioria, inéditas.

Não se trata da monumentalização da história de matutos e sertanejos, mas da utilização de uma ótica sustentada em elementos esclarecedores capaz de descontrair algumas das versões oficiais acerca de determinados episódios perpassados nos rincões nordestinos.
Tentando se afastar do maniqueísmo e do preconceito para com o regional, o autor inicia seus estudos a partir de dois desses sertões, os Inhmauns e os Cariris Novos, no estado do Ceará, sendo que, ao longo de nove artigos, reunidos à feição de uma miscelânea, desenvolve importantes temas, tentando esclarecer alguns pontos intrincados da história dessa gente interiorana.

É ressaltado a importância da visão do sertão pelo sertanejo, sem a superficialidade e generalidade com que esta parte do território vem sendo freqüentemente interpretada pelos olhares alheios, tanto de suas próprias capitais quanto dos grandes centros econômicos do País.

Após a apresentação das obras literárias, a palavra foi facultada aos presentes, em seguida, houve a sessão de autógrafos dos autores.

Quem interessar adquirir esta obra é só entrar em contato com o professor Pereira através deste e-mail: franpelima@bol.com.br
Tudo é muito rápido, e ele entregará em qualquer parte do Brasil.

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"O PATRIARCA"

 Por Sálvio Siqueira


No dia 3 de setembro de 2016 será lançado, em Serra Talhada - Pe, mais uma obra prima da literatura sertaneja, intitulado 'O PATRIARCA', o livro nos traz a notória história do cidadão "Crispim Pereira de Araújo", que na história ficou conhecido como "Ioiô Maroto", contada pela 'pena' do ilustre amigo venicio feitosa neves

Crispim Pereira de Araújo (Ioiô Maroto) 

Sendo parente de Sinhô Pereira, chefe de grupo cangaceiro e comandante dos irmãos Ferreira, conta-nos o livro, a história que "Ioiô Maroto" foi vítima de invejas e fuxico. Após sua casa ter sido invadida por uma volante comandada pelo tenente Peregrino Montenegro, da força cearense.

Sinhô Pereira

Sinhô Pereira deixa o cangaço, não sem antes fazer um pedido para o novo chefe do bando, Virgolino Ferreira da Silva o Lampião e o mesmo cumpre o prometido.


Além da excelente narração escrita pelo autor, teremos o prazer e satisfação de vislumbrar rica e inédita iconografia.

Não deixem de ter em sua coleção particular, mais essa obra prima literária.

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NINGUÉM NASCE LIVRE DE NECESSIDADE DE AMOR...

Por João Filho de Paula Pessoa

Ninguém nasce livre da necessidade de amor, afeição e de respeito, esta necessidade repousa na base da existência humana, não importa quão vigoroso e independente possa-se se sentir nos períodos mais prósperos da vida, quando se está sem amor, se está doente, sem amor, a vida é triste, os planos são mínguos, as aventuras são frágeis. 

O Amor é necessário, é vital, sem amor, morre-se dolorosamente. O amor nos aproxima de Deus e nos torna feliz. O amor é a fonte de tudo: da paz, saúde, felicidade e prosperidade.

https://www.facebook.com/joaofilho.depaulapessoa?comment_id=Y29tbWVudDozOTE4Nzg4NTE4MjMyMzAzXzM5MTkxNzg5MTE1MjY1OTc%3D

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OLEONE COELHO FONTES

Há 83 anos, Lampião, Maria Bonita e outros nove cangaceiros eram mortos em uma emboscada policial na Grota de Angicos, em Poço Redondo - SE. Um importante estudioso do Cangaço, em especial sobre as passagens de Virgulino e seu bando pela Bahia, é o jornalista e escritor Oleone Coelho Fontes.

Natural de Senhor do Bonfim, Oleone Coelho é formado em História pela Universidade Federal da Bahia e atuou por décadas como como colaborador do jornal A Tarde. Em 1965, venceu o concurso da revista Cadernos Brasileiros, com um conto em homenagem ao quarto aniversário da cidade do Rio de Janeiro. Em 1970, ganhou o prêmio de melhor conto do Departamento do Ensino Superior e da Cultura da Bahia, além de ter recebido a menção honrosa no concurso de contos para universitários promovidos pela Esso.

Autor de livros como "Lampião na Bahia", "O Treme-Terra", "Uauá - Terra dos Vaga-lumes", "Guerra de Canudos em Quatro Atos", "Canudos - A 5ª Expedição" e "Euclides da Cunha e a Bahia", Oleone Coelho é considerado um dos principais estudiosos e conhecedores da história do sertão, além de ser membro da Academia de Letras e Artes da Bahia e da Academia de Cultura da Bahia.

#minhacidade #senhordobonfim #bahia #nordeste #brasil #historia #memoria #cultura #arte #literatura #cangaço #lampião

Foto: Mauro Coelho

Fonte: Silvio Batalha

 https://www.facebook.com/josemendespereira.mendes.5/

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" C A P I T Ã O - L A M P I Ã O " - 83 ANOS DA MORTE DE VIRGULINO FERREIRA DA SILVA " LAMPIÃO ".

Por Luís Bento

28/07/1938/ - 28/07/2021/. - Capitão- Virgulino Ferreira da Silva- Lampião.

Nenhum brasileiro é tão discutido, ele tão odiado e também tão de afeto. Se discute se é herói ou bandido. Nascido no sertão do Pageú, no sítio passagem de pedras município de Serra Talhada Pe, sem dúvida uma " figura controvérsia ", de aparições terríveis.

Expurgou-se do convívio humano, desamou a terra, os seres e a natureza. Esmagou poderosos e destruiu humildes. Apesar da imagem negativa de crueldade que centralizou em torno de si, mesmo assim é o brasileiro mais biografado do país, a segunda personalidade mais biograda da América Latina e o mais comentado das redes sociais.

Por LUÍS BENTO.

JATI 28/07/21/.

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SEMANA DA RESISTÊNCIA LAMPIÔNICA.

Por Paulo Dias Pereira

Mistérios:

Havia certas transações nebulosas que enriqueciam muitos militares, quer fornecendo informações privilegiadas, quer desviando munição para vender aos cangaceiros.

Dadá ao ser entrevistada por o escritor e pesquisador Oleone Coelho garantiu que João Bezerra não era apenas amigo de Lampião, mas amigo intimo, e que os dois se encontravam a miúde, ocasião que prosavam descontraídos, e não foi pouca às vezes em que jogaram baralho nos acampamentos, com apostas em dinheiro.

Isso foi atestado também pelo famoso coiteiro Bié das Emendadas, grande fazendeiro da beira do rio São Francisco no lado alagoano, em depoimento a José Lucena, na presença do Padre Bulhões e sua mãe, dona Sofia.

"Muitas e muitas vezes Lampião chegou a minha casa com o estado-maior dele, se senta dum lado da mesa, e do outro se senta o tenente João Bezerra, e se esquecem do mundo ate altas horas, no carteado, é um jogo de baralho sem fim, e minhas criações, bode, galinha, indo embora para eu dar comida a cangaceiros e soldados, eu não agüento mais tanta humilhação, a família no sobressalto, com risco de se acabar na mão de um ou de outro".

Antonio Vilela de Souza escritor e pesquisador atribue a Optato Gueiros a censura de que João Bezerra era um dos maiores fornecedores do rei do cangaço. Audálio Tenório, João Bezerra e Lampião, muitas vezes passavam a noite jogando baralho na fazenda Riacho Fundo, fazenda de Audálio.

Lampião costuma dizer brincando com João Bezerra:

"Eu num tenho medo de boi, quanto mais de bizerra".

(FONTE, "LAMPIAO, A RAPOSA DAS CAATINGAS")

https://www.facebook.com/groups/471177556686759

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JOÃO FERREIRA DA SILVA OU SANTOS, IRMÃO DE LAMPIÃO

 Por José Mendes Pereira

Este é o João Ferreira da Silva irmão de Virgolino Ferreira da Silva, o cangaceiro Lampião. Dos cinco filhos homens de José Ferreira da Silva apenas o João não quis entrar para o cangaço. Mas muitos historiadores afirmam que ele tentou entrau no mundo do cangaço, mas Lampião não deixou, dizendo que ele fosse cuidar das suas irmãs e do Ezequiel que ainda era menino. 

Mas mesmo não tendo participado da empresa do irmão, João chegou a ser preso, judiado, humilhado, maltratado, e mesmo assim, quando saiu da cadeia, não quis usar nenhum tipo de vingança, como faziam alguns cangaceiros que entraram para o cangaço, devido judiações que os policiais faziam com os seus pais, parentes e aderentes. 

João Ferreira não quis ser chamado de gatuno, ladrão, salteador, larápio, ou outra coisa parecida, e por isso, decidiu seguir o mundo desejado pelos bons, ser um homem do bem, honesto, apesar de que na época do cangaço era favorável aos malfeitores. Livrando-se de balas enviadas pelas volantes, ou sendo capturados, não respondiam severamente pelos seus atos, e depois, estava na rua novamente, o que não podia era repetir a dose. Tudo era "mar de rosas". Os únicos cangaceiros que passaram muitos tempos na cadeia, foram Antonio Silvino e Volta Seca. 

Também àquela vida embrenhada às maltas não era o seu desejo, correndo a todo o momento, castigado pelo o sol, poeiras, dormindo sem nenhum conforto, fome e mais fome. Sob um teto, já não levava uma vida boa, vivendo num mundo de sofrimentos, sem nenhuma ajuda de governo, só problemas e mais problemas. E no cangaço? O melhor seria mesmo seguir o que muitos sertanejos querem na vida, que é tranquilidade, ser honrado, paz e mais nada. 

Este era o desejo do irmão do cangaceiro capitão Lampião, trabalhar e viver honestamente, sem ser preciso ter que ficar sob os olhares da justiça ou da polícia militar. Construir uma família e ensiná-la a viver com dignidade, amiga de todos e do mundo. Seguir os conselhos em forma de ensinamentos do velho Ferreira, seria o mais importante para o João Ferreira dos Santos. O mundo dos horrores não era a sua praia e nem uma boa opção.

João Ferreira ainda não tinha perdido nenhum irmão na guerra cangaceira, mas sabia, que quem entra para o crime, um dia chegará a sua hora, de ser assassinado, ou preso pelas forças do governo, ou até mesmo ser morto pelos seus próprios companheiros, causado por fuxicos, rixas, ódios, mentiras, invejas, intrigas etc.

E o João bateu o martelo! Vontade tinha, mas não iria ser cangaceiro. Os seus irmãos que não souberam suportar as críticas e as pressões dos seus perseguidores, por último eram alvos da justiça, da desgraça, da infelicidade, da intranquilidade, das perseguições policiais etc. 

O João via o passado naquele pequena fazenda do pai, sentia na pele tudo o quanto o Zé Saturnino fez com contra toda a família, mas maiores eram os poderes de Deus. Mesmo constrangido interiormente com os desafetos do seu vizinho, não iria perder o rumo da vida.

Uma das coisas que muito lhe incomodava, era a maneira que os seus irmãos tentavam calar a boca dos perseguidores, além das mortes, usando a desonestidade. E ele não nascera para esta prática. Não iria manchar o seu nome, fazendo roubos, assaltos e mortes, que muitas vezes eram desnecessários.

Finalmente, o João escolheu o que era bom para ele. Viver com dignidade era o seu lema. Mesmo estando mortos, não iria envergonhar os seus pais José Ferreira da Silva e Maria Sulena da Purificação, a Maria Lopes, os quais sofreram muito para criá-lo, e tinha que retribui-los, fazendo o bem, e não o mal. Com toda pobre, ele tinha que ser um homem da paz e honesto. Os horrores não lhes satisfaziam".

Nota: Alguns fatos são verdadeiros, mas outros que escrevi não tem nenhum valor para a literatura cangaceira. É apenas na minha imaginação.

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1921 – OS PRIMÓRDIOS DA SAGA DE LAMPIÃO

 

O cangaceiro Lampião nos primeiros momentos de sua vida no Cangaço.

AINDA VIVE O HOME M QUE EM 1921 SEPULTOU O PAI DE LAMPIÃO

Diário de Pernambuco , 29 de março de 1973, Terceiro Caderno, Página 3.

Pesquisa – Tadeu Rocha / Fotos José Valdério

Diário de Pernambuco, 29 de março de 1973, Terceiro Caderno, Página 3.

Num velho casarão alpendrado de uma fazenda sertaneja, em plena caatinga pernambucana do Município de Itaíba reside o ancião Maurício Vieira de Barros, que em maio de 1921 sepultou o pai de Lampião, morto por uma força volante da Policia alagoana. Nos seus bem vividos e muito sofridos 86 anos de idade, ele viu e também fez muita coisa, por esse Nordeste das caatingas e das secas, dos beatos e dos cangaceiros, dos soldados de verdade e dos coronéis da extinta Guarda Nacional.

O Sr. Maurício Vieira de Barros nasceu em 2 de abril de 1886, Na casa dos seus 30 anos, foi Subcomissário de Polícia no Estado de Alagoas e, na dos 40, chegou ao posto de Sargento na Polícia Militar de Pernambuco. Depois, respondeu a dois júris por excesso de autoridade e, desde 1955, está vivendo uma velhice descansada no Sítio dos Meios, em companhia de sua filha Dona Jocelina Cavalcanti de Barros Freire.

Se não fossem as ouças, que já estão fracas, o velho Maurício não aparentaria os seus quase 87 anos, pois ainda caminha com passo firme e guarda boa lembrança dos fatos de sua mocidade e maturidade. Ele é, agora, a derradeira testemunha viva do início de uma tragédia sertaneja: a transformação do cangaceiro manso Virgulino Ferreira em bandido profissional que convulsionaria os sertões nordestinos durante 17 anos.

Casa do Sítio do Meio em 1973.

UM ATOR NO PROSCÊNIO

A primeira indicação do Sr. Maurício Vieira de Barros como a autoridade policial que sepultou o pai de Lampião nos foi dada, há mais de 20 anos, pelo Major Optato Gueiros, no segundo capítulo do seu livro sobre Virgulino Ferreira. O autor das “Memórias de um oficial ex-comandante de forças volantes” ouviu o relato da morte de José Ferreira da boca do próprio Virgulino, nos começos da década de 1920, quando Lampião ainda era um simples cabra de Sinhô Pereira. Optato Gueiros também informa que, anos mais tarde, Lampião poupou a vida de Maurício, no povoado de Mariana, em gratidão pelo sepultamento de seu pai.

Maurício Vieira de Barros sendo entrevistado pelo professor e escritor Tadeu Rocha e acompanhado de Bruno Rocha.

Nos meados de dezembro do ano passado, após concluirmos que não foi feito, absolutamente, o registro dos óbitos de Sinhô Fragoso e do pai de Lampião (mortos na primeira “diligência” da volante do Tenente Lucena), julgamos necessário ouvir o Sr. Maurício Vieira de Barros, que nos constou ainda estar vivo e residir para os lados das cidades de Águas Belas ou Buíque. Somente o antigo policial que sepultou os dois cadáveres poderia revelar-nos a data precisa da morte de José Ferreira.

NO RASTO DA TESTEMUNHA

Após consultarmos inúmeras pessoas sobre o paradeiro do ancião Maurício de Barros, afinal soubemos do Sr. Audálio Tenório de Albuquerque que esse seu compadre estava morando na fazenda Sítio dos Meios, no Município de Itaíba. Rumando para Águas Belas, entramos em contato com os nossos parentes do clã dos Cardosos, entre os quais fomos encontrar o jovem veterinário Ricardo Gueiros Cavalcanti, neto do velho Maurício, por parte de pai.

Notícia do ataque dos cangaceiro ao lugar Pariconha em 1921, hoje município alagoano distante 354 km de Maceió.

Na tarde quente do dia 17 de janeiro, em companhia do veterinário Ricardo Gueiros Cavalcanti, do fotógrafo José Valdério e do jovem estudante Bruno Rocha, deixamos a cidade de Águas Belas pela rodovia PE—300, na direção de Itaíba. Após cruzarmos o rio Ipanema e o riacho Craíbas. Pegamos uma estrada vicinal, por onde atingimos, dificilmente, o Sítio dos Meios, a uns 2.5 km de Águas Belas, a outros tantos de Itaíba e a 9 da cidade alagoana de Ouro Branco.

Fomos encontrar o velho Maurício no alpendre do casarão da fazenda de sua filha, jovialmente vestido de blusão de mangas compridas c calçado com sandálias havaianas. A presença do seu neto Ricardo e a delicadeza de sua filha Dona Jocelina permitiram-nos conversar longamente com o Sr. Maurício Vieira de Barros. O fotógrafo Jose Valdério documentou a nossa visita e o estudante Bruno Rocha gravou a nossa conversa.

Lampião nos primeiros anos.

SUBCOMISSÁRIO SEPULTA DOIS MORTOS

O Sr. Maurício Vieira de Barros  já exercia o cargo de Subcomissário de Polícia da cidade de Mata Grande, em maio de 1921, quando o Bacharel Augusto Galvão, Secretário do Interior e Justiça de Alagoas na segunda administração do Governador Fernandes Lima, enviou ao sertão uma força volante da Polícia, sob o comando do 2º Tenente José Lucena de Albuquerque Maranhão, a fim de dar combate ao banditismo. Antes que essa força chegasse ao sertão, os cangaceiros saquearam o povoado de Pariconha, na tarde de 9 de maio. Logo que a volante do Tenente Lucena atingiu seu destino, cuidou de prender os participantes desse saque, entre os quais estavam os irmãos Fragoso e os irmãos Ferreira, residentes no lugar Engenho Velho. A volante cercou a casa dos Fragoso e do tiroteio resultou a morte de José Ferreira e Sinhô Fragoso, ficando baleado Zeca Fragoso e saindo ileso Luís Fragoso.

Avisado em Mata Grande das mortes ocorridas no Engenho Velho, o Subcomissário Maurício de Barros dirigiu-se a esse lugar e fez transportar, em redes, os dois cadáveres para a povoação de Santa Cruz do Deserto, em cujo o cemitério os sepultou. O fato de José Ferreira e Sinhô Fragoso terem sidos deixados mortos por uma “diligência” da Polícia Militar de Alagoas levou o Subcomissário de Mata Grande a enterrá-los no cemitério mais próximo.

DATA DA MORTE DO PAI DE LAMPIÃO

Na breve história de 17 anos, qual foi a do cangaceiro Virgulino Ferreira (que se fez bandido profissional em 1921 e foi eliminado em 1938), existem erros de datas de mais de um ano, como no caso da morte de seu pai pela volante do Tenente Lucena. Tem-se escrito que esse fato aconteceu em abril de 1920, o que não corresponde, em absoluto, à verdade histórica.

Ao que apuramos no Arquivo Público e Instituto Histórico de Alagoas, 2º Tenente José Lucena de Albuquerque Maranhão foi nomeado Comissário de Polícia da cidade alagoana de Viçosa em 10 de abril de 1920, assumiu o exercício do cargo logo no dia 15 e permaneceu nessa comissão até princípios de maio do ano seguinte. Ele ainda assinou ofício na qualidade de Comissário de Viçosa em 28 de abril de 1921. No dia 4 de maio esteve no Palácio do Governo, em Maceió. E no dia 10 desse mês, deixava Palmeira dos índios “com destino ao sertão”, estando “acompanhado de um contingente de 24 praças”, conforme registrou o seminário palmeirense O Índio, de 15 de maio, em seu número 16, página 3.

Nota sobre a volante do Tenente Lucena no seminário palmeirense O Índio, de 15 de maio, em seu número 16, página 3.

Viajando a pé, a volante do Tenente Lucena só alcançou o sertão ocidental de Alagoas uma semana mais tarde. Por isso mesmo, sua “diligência” no Engenho Velho somente pode ter ocorrido nos começos da segunda quinzena de maio de 1921. O Sr. Mauricio de Barros não se recorda mais da data do sepultamento dos mortos pela “diligência” no Engenho Velho. Lembra-se, porém, que foi numa quinta-feira. Ora, a primeira quinta-feira da segunda quinzena de maio de 1921 caiu no dia 19, o que permitiu ao Correio da Tarde, de Maceió, publicar no fim desse mês uma carta de Mata Grande, sobre os acontecimentos do Engenho Velho. A esse tempo, os estafetas do Correi levavam, a cavalo, três dias entre as cidades de Mata Grande e Quebrangulo, de onde as malas postais seguiam de trem para Maceió.  

Detalhe da carta enviada de Mata Grande e publicada no final do mês de maio de 1921 pelo jornal Correio da Tarde, de Maceió, sobre os acontecimentos do Engenho Velho.   

EPISÓDIO MUITO CONTROVERTIDO

Sempre foram muito controvertidas as circunstancias da morte do pai de Lampião. Na primeira entrevista que concedeu a um jornal (o recifense Diário da Noite, de 3 de agosto de 1953), o Sr. João Ferreira, irmão de Virgulino, declarou o seguinte sobre a morte de seu pai: “Findo o tiroteio, seguido pelo abandono do local pela tropa, eu o fui encontrar sem vida, caído sobre um cesto, tendo às mãos uma espiga de milho, que estava debulhando, ao morrer”.

Por seu turno, parentes e amigos do Cel. José Lucena de Albuquerque Maranhão costumam dizer que o velho José Ferreira resistiu à Polícia, atirando de dentro da casa dos Fragoso. Parece-nos que há engano em ambas as versões, pois o Sr. Maurício Vieira de Barros nos disse que encontrou o cadáver do pai de Lampião no terreiro da casa dos Fragosos.

O Tenente José Lucena de Albuquerque Maranhão, comandante da desastrada volante que matou o pai de Lampião.

Este depoimento se harmoniza com o informe que nos deu o Sargento reformado Euclides Calu, residente em Mata Grande, e a história que contava o velho Manoel Paulo dos Santos, Inspetor de Quarteirão no Engenho Velho, ao tempo da morte do pai de Lampião. História que nos foi transmitida por seu filho Gabriel Paulo dos Santos e pelo magistrado alagoano Dr. Dumouriez Monteiro Amaral.

O informe do velho Calu e a história contada pelo velho Manoel Paulo referem que José Ferreira foi morto durante o tiroteio do Engenho Velho, quando ia tirar leite em um curral. De fato, o cerco da casa da casa dos Fragosos foi feito ao amanhecer do dia 19 de maio de 1921. E o tiroteio que se seguiu e vitimou José Ferreira ocorreu “antes do café da manhã de um dia muito chuvoso”, como declarou, textualmente, João Ferreira, na citada entrevista a um jornal recifense. E não há dúvida que o Inspetor de Quarteirão Manoel Paulo dos Santos foi a testemunha mais isenta de paixões no episódio da morte do pai de Lampião.

Extraído do blog Tok de História do historiógrafo e pesquisador do cangaço Rostand Medeiros.

https://tokdehistoria.com.br/tag/pai-de-lampiao/

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