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sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

CHEGOU AO RECIFE UMA DAS VÍTIMAS DE LAMPIÃO


Material do acervo do pesquisador José João Souza

O trem vinha de Rio Branco (hoje, Arcoverde). Dentro dele, entre os passageiros com destino ao Recife, um morador do Sítio Catimbau, nos arredores de Buíque. Localizado pelo repórter do Diário de Pernambuco no do vagão de segunda classe, ele teve a sua triste história estampada no jornal no dia 26 de maio de 1936. Aos 22 anos de idade, vestindo camisola branca e calças de brim comum, o sertanejo sangrava nas partes baixas e vinha buscar socorro médico na capital depois de ter sido vítima do bando de Lampião.

Solteiro, noivo, dono de uma pequena propriedade rural, ele acabou emasculado como represália a um possível informante da polícia. A malvadeza foi praticada por Virgínio, cunhado de Virgulino, que usou um trinchete – faca grande e muito afiada com cabo de madeira – para castrar o coitado. O relato, feito de forma entrecortada pelos espasmos, é um raro registro em primeira pessoa de uma das mais bárbaras punições realizadas pelos bandoleiros das caatingas.

O Diario havia voltado a dar destaque às ações do bando de Lampião em Pernambuco. Para colher o depoimento do castrado, o repórter do jornal embarcou no trem em Vitória de Santo Antão. A medida tinha uma ordem prática. Como estava perdendo muito sangue, era possível que a vítima não chegasse com vida ao Recife. O sertanejo estava prostrado em um banco no fim do vagão. O mau cheiro já indicava quem era o desgraçado pelos cangaceiros entre todos os passageiros.

Dentro do trem, depois de ouvir “pilhéria” do condutor por estar em um vagão de classe menor, o repórter do Diario coletou outros depoimentos sobre as ações de Lampião. São histórias de mortes por tiro e sangramento, ameaças, roubos e sequestros. O bando comandado por Virginio era composto por sete homens e duas mulheres, uma das quais Maria Bonita, que trajava calça culote, com dois parabelluns – apelido da Pistola Luger P08 – à cinta e cartucheira.

Quanto ao emasculado, a reportagem encerra informando que ele foi internado no pronto-socorro e apresentava “algumas melhoras”. Uma testemunha viva do cangaço. Acima, o texto na íntegra.


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COM TODO RESPEITO AOS QUE NÃO GOSTAM, MAS ACHO QUE QUEM NÃO ADMIRA E NÃO RESPEITA A CULTURA POPULAR, TEM UM SÉRIO DESVIO CULTURAL.


 Por Chico Filho

Vejam que belezura que é essa composição:

FLOR DO MUCAMBO

Dedico a você que está me ouvindo,
E talvez sentindo saudade também,
Óh flor do Mucambo vestida de luto,
Herança de um fruto dos beijos de alguém.

Foi de madrugada, quando eu te beijei.
Parti e chorei vendo a imagem sua.
Poeta boêmio sem felicidade,
Cantando saudade aos raios da lua.

Você flor divina, tão simples, tão bela.
Óh flor amarela do meu pé de jambo.
Sou triste poeta cativo, mas amo e
Por isso lhe chamo de Flor de Mucambo.

Não tenho riqueza pra lhe ofertar,
Navio e nem mar em Copacabana.
Só tenho a viola, a vida e o mulambo,
Óh flor do Mucambo da minha choupana.

Lhe dou as estrelas, a lua, cascatas,
O campo e a mata, o riso e o pranto,
Estrela cadente, luz de vagalume.
Venha dar perfume aos versos que eu canto.

Ateio os guerreiros da vil raça humana
E o homem que engana ao seu fiador.
Eu morro brigando no céu e na terra
E até faço guerra pra ter seu amor.

Me dou um peixinho que morre na areia,
A voz da sereia que canta escondida.
Eu só quero apenas que os dias seus
Se unam aos meus nos dramas da vida.

Bem veio a inocência que tem no seu riso.
Eu fico indeciso sem saber o que faça.
Você é poema de felicidade cantando
Saudade na alma da raça.

Quando a mocidade voar, for embora,
O romper da aurora sem saber por quê.
Aí chorarei já quase no fim,
Com pena de mim, pensando em você.

Termino o poema olhando pra lua,
Linda deusa lua, que sente ciúme.
Óh flor do Mucambo dos meus desenganos,
Com passar dos anos não perca o perfume.

Do Poeta e Advogado Paraibano, APOLÔNIO CARDOSO (In memoriam)

Enviado pelo professor, escritor e pesquisador do cangaço e gonzagueano José Romero de Araújo Cardoso

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O VERDE DA POMBAL DO MEU TEMPO


Por Jerdivan Nóbrega de Araújo

Na casa em que nasci, na Rua de Baixo, e vivi até mil novecentos e setenta e um, lembro-me apenas de dois pés de cocos, um de seriguelas e outro de Cuités, além da cerca verde feita de Algodão do Pará. Mas, a Pombal dos anos sessenta era pródiga em verde, o que fazia da cidade, mesmo em meio aos seus 34 ou 38 graus, (à noite, quando soprava o vento do Aracati, baixava para 25 ou 27 graus) agradável e até despertava a preguiça convidativa à cesta do meio dia, às sombras dos Fícus Benjamin que rodeavam a Praça Getúlio Vargas. 

A Praça do Centenário era de um arvoredo tão esplendoroso e de copas tão fechadas que mal deixava à luz do sol chegar ao chão. Eram tamarineiras, marizeiras, trapiás e muitas cácias Ferruginea, além de uma árvore espinhosa, cujo nome foge-me a memória, mas que a chamávamos de “mata fome” por nos oferecer uma vargem de polpa avermelhada que era gostosa de se comer. Acredito ser também uma variação das mil e duzentas variações de Acácias existentes no mundo.
As Palmeiras Imperiais só vieram a ser plantadas no inicio dos anos oitenta. Outra árvore de igual espécie havia no pátio do João da Mata, onde hoje está instalado o Hospital Distrital de Pombal e muitas outras sombreavam as calçadas das Ruas: Nova, Joubert de Carvalho e do Comércio, alterando-se com Acácias amarela e ferrugina. Como estas plantas vivem dezenas de anos, ainda deve existir remanescentes naquelas ruas.

“Meu flamboyant na primavera, que bonito que ele era dando sombra no quintal” .

Sempre que escuto esta música, lembro-me do grande flamboyant da casa de Doca de seu Mizim. Na primavera as flores pareciam sangrar em carne viva e no verão as suas vagens, em forma de facão, que usávamos para brincar de guerra de espada. 

Em mil novecentos e setenta e dois foi construída uma praca defronte à Prefeitura, Hoje, Praça Hermínio Monteiro Neto, ornamentada só com palmeiras Imperiais e Jambeiros. Este último não se adaptou ao clima a ponto de produzir frutos, porém as suas copas deram uma beleza especial ao local. 

Nas roças de tia Mila, Bozó e dona Porcina, valia a pena nos arriscarmos para roubar Mangas, Carnaúbas, Trapiás e Pinhas ou Fruta do Conde, como preferir. 

No centro da cidade, exceto na Rua Padre Amâncio Leite, Leandro Gomes de Barros e Jerônimo Rosado, poucos jardins havia.

Porém, havia nestes, muitas rosas vermelhas, bogaris brancos, Boa noite, Boa tarde, Bom dia e raramente Girassóis. Na casa de Doutor Atêncio um outro flamboyant e, na lateral um pé de Araçá, além do Jasmineiro-branco que perfumava toda a rua nos finais de tardes. 

Do jardim da casa de seu Saturnino, na Coronel José Avelino, peço que me mandem pelo menos um cheiro daquele Alecrim.

Ao lado da Igreja Matriz, na casa de Cícero Gregório, um enorme Fícus Benjamim nos divertia: a idéia era fazer com que os desavisados olhassem para cima, para encher os olhos de "micuim" ou incensar as vestes com o fedor dos percevejos. Mas, o mais engraçado eram os seis mudos de João Josias, que se aproveitavam da sombra para gozar dos transeuntes com as gargalhadas marcantes. 

O corredor do rio era ladeado por cercas vivas de Melão de São Caetano, Jerimuns, Algodão do Pará e muita Marizeiras, Trapiás e Cajazeiras, Canafístolas e muitas Oiticicas que outrora fora a redenção financeira da cidade de Pombal. As matas ciliares do Rio Piancó eram formadas por Ingazeiras e Mufumbos, em sua maioria, onde o passaredo se agasalhava. 

No campo de futebol o aveloz, de tão abundante que era, emprestou-lhe o seu nome que, apesar de batizado “Estádio Vicente de Paula Leite”, para nós, porém, sempre foi o bom “Avelozsão”, das nossas tardes futebolísticas, assistidas dos galhos das Avelozes. 

Depois, e só depois, vieram as Algarobas que substituíram os Fícus Benjamim por se tratarem de plantas resistentes aos ventos fortes na temporada das chuvas e ventos de inverno e por resistir à seca quando da escassez da água. 

Deixei para o fim a grande castanholeira do João da Mata. Animais e gente disputavam as sombras desta Árvore, porém, o mais gostoso para os moleques era se esconder em suas frondosas copas e, de lá atirar castanholas maduras nas pessoas que passavam nas suas imediações. 

Era uma árvore enorme, cuja copa sombreava os dois lados da rua, e o tronco não era abraçada senão por três homens de mãos dadas. Por ficar na esquina das duas ruas e um pouco fora da calçada era comum motoristas bêbados baterem com seus veículos no tronco da grande árvore. Lembro-me que seus galhos chegavam até o chão.

Hoje as ruas de Pombal continuam arborizadas e não poderia ser diferente. Não há outra forma de suportar o calor dentro de casa e uma árvore na calçada continua sendo necessário. 

O que nos falta hoje é tempo e disposição para uma boa cadeira preguiçosa à sombra destas árvores, onde poderíamos prosear, jogar ludo ou baralho, numa boa conversa, acalentada pelas difusoras do “Lord Amplificador’ ou sintonizando um rádio de pilhas no programa “Terreiro da Fazenda” da “Rádio Alto Piranhas” de Cajazeiras.

Enviado pelo professor, escritor e pesquisador do cangaço José Romero de Araújo Cardoso

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A SOBRINHA DA CANGACEIRA LÍDIA



Lídia Pereira de Sousa, a cangaceira companheira do cangaceiro Zé Baiano, chefe de subgrupo do bando do “Rei do Cangaço”, foi morta a pauladas pelo companheiro.

Citam os pesquisadores que Lídia seria a mulher mais encantadora, bastante charmosa e bonita, dentre todas aquelas que fizeram parte do bando de Lampião.


Registros fotográficos da cangaceira não existem ou, pelos menos até o momento, não fora divulgado em nenhum meio de comunicação social.

Porém, seguindo a sua gênese podemos fazer uma comparação, uma avaliação, de como seria a cangaceira de Salgadinho, Paulo Afonso, BA, vendo sua sobrinha, a amiga Liliane Pereira, que registrou uma visita que fez a antiga casa da tia, nos registros abaixo.

Simplesmente SENSACIONAL!!!
Liliane, VOCÊ ARREBENTOU COM A BOCA DO BALÃO! Obrigado amiga.

https://www.facebook.com/groups/545584095605711/?multi_permalinks=958157104348406&notif_id=1516970141935662&notif_t=feedback_reaction_generic&ref=notif

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A SECA DE 1958 NA FAZENDA ARACATI


Por Benedito Vasconcelos Mendes

A Fazenda Aracati, de propriedade do meu avô paterno, José Cândido Mendes, localizada no Semiárido cearense, nas cercanias do distrito sobralense de Caracará, a 60 quilômetros da cidade de Sobral, sofreu, em 1958, uma das piores secas de todos os tempos. A severa e catastrófica seca de 1958 teve duração de apenas um ano, que na prática correspondeu a 20 meses totalmente sem chuvas, começando em julho de 1957 e se prolongando até março de 1959. Seus efeitos foram devastadores, matando de fome e sede quase todo o rebanho bovino e grande parte das cabras e ovelhas da Fazenda Aracati. Até os bichos de pena (galinhas caipiras, capotes, patos, marrecas nativas e perus) escaparam muito magros desta terrível seca, pois nem milho para comprar se conseguia, já que os grãos produzidos em outras regiões do Brasil não eram trazidos para o Nordeste, por falta de caminhões e de condições de tráfego das poeirentas estradas carroçáveis.

Naquela época não se preparava e guardava silagem nem feno e nem tão pouco se plantava capim irrigado. A imprevidência era total. As bicheiras eram curadas com  creolina e óleo queimado (óleo lubrificante usado). As pontas dos chifres eram aparadas com serrote. O vermífugo dado aos caprinos, ovinos e bovinos era a batata de purga e o remédio para empanzinamento era o vinagre. Comida concentrada (industrializada) para o gado só tinha o resíduo (torta de algodão mocó), que era escassa e cara, o que a tornava de uso inviável para a grande quantidade de gado existente na Fazenda Aracati. Um tipo de alimento volumoso industrializado, mais barato do que a torta, que existia no comércio de Sobral era o piolho de algodão (resto de linter e de casca das sementes de algodão herbáceo que era coletado no descaroçador de algodão). O milho e o feijão de uso na fazenda eram armazenados em tambores de ferro de 200 litros (tambores de transportar combustíveis). Às vezes, aparecia para venda, umas batatas de cipó, mais fina e maior do que as raízes de mandioca, de casca preta e miolo branco, trazidas das praias das proximidades das cidades de Camocim e Acaraú. Dois tipos de alimentos volumosos, de péssima palatabilidade e de baixa qualidade nutritiva, levados em caminhões para oferecer ao gado era a palha de carnaúba e a casca do fruto da oiticica (subproduto da indústria de óleo de oiticica).

O cavalo “Estrela” do meu avô e a égua “Lua” da minha avó eram milhados diariamente, pela manhã e à tarde, com uma mancheia de milho colocada na mochila de couro. O cavalo Estrela, utilizado para derrubar boi brabo no mato garranchento e espinhento, quase não era mais usado, pois o tipo de manejo alimentar do rebanho, dando comida na boca e a fraqueza orgânica das reses, tornava o gado dócil e submisso. O mais bonito e famoso touro da fazenda, de nome “Dione”, azebuado, de porte avantajado, com peso aproximado de 40 arrobas, de pescoço e corpo volumosos, de chifres grossos, grandes e arqueados, de pelagem acinzentada, com peito e castanha carnudos e quase pretos, de barbela e bainha extensas, foi salvo da seca pelos cuidados especiais dispensados pelo meu avô. À medida que os meses foram se passando e a seca se tornando mais severa, foi ficando muito triste assistir a morrinha do gado, que amanhecia urrando de fome, enquanto os agregados saiam desesperados, com foice e machado no ombro, rumo aos poucos Juazeiros, canafístulas, macambiras, xique-xiques e mandacarus, para derrubar para o gado comer.

As cactáceas (mandacaru e xique-xique) e a bromeliácea (macambira) eram arrancadas e levadas, em lombos de burros e de jumentos, para o terreiro da casa. Lá, os espinhos eram queimados em fogueiras improvisadas e os cladódios das cactáceas fatiados, para alimentar o gado. Depois da queima das folhas espinhentas das macambiras, as cabeças (caule subterrâneo desta planta, riquíssimo em amido) eram cortadas em pequenos pedaços e ofertadas ao gado. Estes alimentos eram jogados no chão, pois não havia disponibilidade de cochos para o numeroso rebanho.

 O extenso pátio da fazenda era sombreado por numerosos Juazeiros e grande número de árvores de oiticica. O sofrimento causado pela fome e a agonia da morte dos animais eram triste de se ver, principalmente daqueles que, de tão fracos, não conseguiam mais ficar de pé. A vaca “caída”, ou seja, aquela rês que não tinha mais força para se levantar era colocada “nas correias”, que era uma armação de quatro estacas fincadas no chão, para sustentar as tiras de couro cru, forradas com surrões de folhas de carnaubeira, que mantinham a vaca em pé.

As reses caídas tinham o privilégio de se alimentar de rama verde, por ser mais nutritiva (folhas de juazeiro ou de canafístula) e os outros animais, que ainda podiam caminhar, alimentavam-se de cabeças de macambira ou de cladódios de mandacaru e de xique-xique. Os animais que caiam dificilmente escapavam, de modo que, no final da seca, do numeroso plantel de aproximadamente 1.000 reses salvaram-se pouco mais de uma centena de bovinos. Uma das cenas chocantes daquela seca, que ficou gravada na minha mente, foi a enorme quantidade de carcaças de bovinos, espalhadas no pátio da fazenda, após a seca.

Os animais se concentravam no terreiro da casa grande, onde eram fornecidos as ramas das forrageiras arbóreas e os cladódios dos cactos. Eles não saiam para o campo, pois o chão estava limpo, sem pasto. Só se alimentavam daquilo que os vaqueiros ofereciam. No pátio, as reses extremamente desnutridas caiam, eram colocadas nas redes (correias), recebiam a pouca e grosseira ração de plantas nativas e, com o passar do tempo, a debilidade aumentava e depois morriam.

A alimentação da família do meu avô, que antes era farta e baseada na carne de boi e no leite de vaca, como coalhada, leite cozido, nata, manteiga de garrafa e queijo de coalho, foi substituída por produtos lácteos derivados do leite de cabra. O caprino, por produzir leite, ser de menor porte e mais resistente à seca, foi escolhido para fornecer a alimentação básica da família. O leite de cabra era também fornecido para as famílias dos agregados (trabalhadores meeiros que moravam na propriedade). Com o passar do tempo, as reservas de pastagens nativas da fazenda foram minguando, de modo que, ao chegar no mês de outubro de 1958, o estoque de alimentos ficou muito reduzido e o gado começou a morrer.

Outubro foi o mês da desesperança, o mês que meu avô se convenceu que não restava mais nada a fazer, a não ser esperar a morte de todo o rebanho. Ele não cruzou os braços, continuou na luta inglória de alimentar o gado, mas com o único objetivo de diminuir o terrível sofrimento das reses, provocado pela fome e pela sede. Meu avô se condoía com o urro lamurioso e triste do gado com fome e, muitas vezes, ia às lágrimas. Foi interessante observar que uma seca desorganiza o calendário das tarefas que são realizadas em uma fazenda de criar gado bovino, pois os eventos anuais de apartação dos garrotes das mães, da castração dos novilhos e da ferra do rebanho não são realizados nos anos de seca catastrófica.

Na casa grande, minha avó não mais fazia os grandes e saborosos queijos de coalho, coalhada e manteiga da terra com leite de vaca. Naquele ano de seca, só se usava leite de cabra. Às seis horas da tarde, depois da labuta exaustiva de alimentar o rebanho, meu avô tirava o chapéu e o gibão de couro, chamava minha avó e meus tios e os agregados da fazenda com suas famílias para a sala da frente do casarão da fazenda, onde situava-se o santuário (oratório), para rezar, suplicando a Deus força e entusiasmo para continuar o estafante trabalho de tentar salvar o gado. Pedia a São José que mandasse chuva, o quanto antes, para fazer rama (brotos e folhas novas) e salvar o rebanho. Pedia a Deus esperança e ânimo, para não esmorecer diante da brutal dificuldade.

No espaçoso alpendre da frente da casa grande da Fazenda Aracati, havia três tornos de armar rede ocupados com os arreios e cela do cavalo de meu avô e com o cilhão e arreios da égua de minha avó passear. Um dos tornos era usado para pendurar o chapéu, a véstia (gibão, perneira, guarda-peito, luvas e guarda-pés) e o chicote de pimba de boi usados pelo meu avô. A natureza tornara-se ingrata, a caatinga caducifólia, totalmente desfolhada e seca, exibindo aqui e ali poucas plantas perenifólias, como alguns Juazeiros ou umas poucas canafístulas, porém podados pelos vaqueiros, exibindo pouquíssimas folhas verdes; o chão desnudo, sem nenhuma cobertura de vegetação herbácea verde ou seca; o Rio dos Patos (que corta a fazenda) e as lagoas da propriedade, totalmente secos; a cacimba cavada na areia do leito do rio, com pouca água; o céu azul, sem nenhuma nuvem para abrandar o calor estafante, provocado pelo sol incandescente.

No período da seca, os animais nativos e os domésticos não se reproduziram devido à limitação de alimentos. A natureza viva parecia morrer e as rochas dos serrotes e os solos ressequidos, sem vegetação, refletiam, com muita força, a luz e o calor do sol brilhante. A tristeza dos animais magros e famintos contagiava os moradores da fazenda. A desgraça estava generalizada. Tudo estava reduzido a um fio de esperança de se ter um bom inverno (período chuvoso) no próximo ano. O sofrimento, que alterou tudo na rotina da propriedade, só não diminuiu a fé em Deus dos habitantes da Fazenda Aracati, pois quanto mais diminuía o rebanho, mais se aumentava as rezas. Depois desta terrível seca, veio a fartura, a bonança e a multiplicação do rebanho por seguidos anos chuvosos até a próxima seca de 1970.

Enviado pelo autor

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HISTÓRIAS DO CANGAÇO MARCHA A RÉ



João Palangana (Alguns dizem Calangana) era Chofer profissional. A cada vez que tentava subir a ladeira do Mato Verde, próxima à Fazenda Santana, solicitava a ajuda de populares. O aclive íngreme dificultava a manobra. O esforço humano era indispensável.

No dia 12 de junho de 1927, João se deslocava a Mossoró. Ao descer a ladeira foi parado por alguns sitiantes da região. Avisaram-lhe que Lampião e seu bando se deslocavam para aquele setor.

Um calafrio percorreu-lhe a espinha. Rápido – Temendo encontrar a horda pelo caminho – João engatou uma marcha ré. De uma única acelerada, subiu a ladeira, em meio a grossa nuvem de poeira.

O medo do terrível cangaceiro gerou potência adicional ao motor do velho Willys Night.

Fonte: Livro LAMPIÃO E O RIO GRANDE DO NORTE – A HISTÓRIA DA GRANDE JORNADA de Sérgio Augusto de Souza Dantas.

Geraldo Antônio de Souza Júnior 

https://cangacologia.blogspot.com.br/2018/01/historias-do-cangaco.html?spref=fb

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FORÇA EXPEDICIONÁRIA BRASILEIRA - FEB E A COBRA FUMOU!!!



"Panfleto feito pelo General Mascarenhas de Moraes, durante a Segunda Guerra Mundial, pedindo o empenho dos soldados brasileiros, na busca pela Vitória!"

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TRÊS LIVROS


Três livros importantes. O livro "Política e Parentela na Paraíba: Um Estudo de Caso da Oligarquia de Base Familiar" de Linda Lewin,(432 p.) importante para compreender a História política da Paraíba. O livro "O Feudo: A Casa da Torre de Garcia D'Avila: da conquista dos Sertões a independência do Brasil" de Luiz Alberto Moniz Bandeira,(695 p.) importante para compreender a História da conquista e colonização do interior do Nordeste. O livro "Os Donos do Poder: Formação do Patronato Político Brasileiro", de Raimundo Faoro (911 p.), importante para compreender a História política Brasileira. 

Quem desejar adquirir estes e outros livros. franpelima@bol.com.br e whatsapp 83 9 9911 8286.

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